8 de novembro de 2024

Um pedaço de cada vez



Todos os dias um monte de coisas improváveis acontecem. Mesmo se a gente se preparar não tem como prever esses problemas. Nos últimos dias aconteceram vários e eu tomei a única decisão possível: respirei fundo e tentei resolver o que dava, uma coisa de cada vez. Pedacinho por pedacinho. Não consegui resolver tudo, mas ao menos não gastei energia com hipóteses e cenários terríveis em que tudo o que poderia dar errado. No final das contas não houve nenhuma bomba atômica e tudo se ajeitou da forma que foi possível. E acho que essa é a lição mesmo. Um monte de coisas vai acontecer e o jeito é respirar fundo e resolver o que for possível.

1 de novembro de 2024

Acabou o ano


Começou novembro e já vejo decoração de natal em muitos lugares, inclusive aqui no prédio. E isso só me mostra que o ano já acabou. Daqui a pouco chegou 2025. Aliás, será que no que vem já vai ser mais aceitável falar: "Em 25 vai ser meu ano!", como nas décadas de 80 e 90 em que era bem normal ouvir "Em 95 viajei para a praia"? Talvez eu já comece a adotar. É cansativo falar sempre "dois mil e....". O ano já praticamente acabou e percebi que não tenho grandes planos. Meu foco nos últimos tempos é sobreviver e ter saúde, um dia de cada vez. Não planejei viagens, grandes compras ou mesmo mudanças na minha vida. Depois de passar pelos anos de pandemia percebi que não dá para controlar o que ocorre a longo prazo. Tenho focado no pequeno, no dia-a-dia, e certamente me sinto minúsculo. Cada dia que passa encolho mais, mas numa visão minha sobre mim. Como uma ilusão de ótica em que algo parecia enorme e a câmera se aproxima para mostrar que na verdade se trata de um objeto bem pequeno. Não que eu me sentisse um gigante, mas é bom perceber como somos pequenos em relação a tudo que nos cerca. E ano praticamente acabou...

25 de outubro de 2024

Tempo, tempo



O tempo tem passado muito ligeiro e é difícil ver os pais envelhecerem. A velhice não é fácil. Dores, remédios, médicos e a consciência de que se viveu mais tempo do que há para ainda se viver. E se não é fácil para quem vivencia o envelhecimento, também não é fácil para quem está próximo. De qualquer forma, é o caminho de todos e isso tem me confortado. Fico feliz de ter meus pais e ouvir suas histórias, conversar, rir, chorar juntos. Acho que o importante é isso, aproveitar o tempo, pois ele não é para sempre.

18 de outubro de 2024

Nuvens na cabeça



Tem dias que parece que uma nuvem negra paira sobre a cabeça e demora a se dissipar. Dificuldade de se concentrar e de pensar em algo bom, fica apenas aquela vontade de não fazer nada e de se fixar em cenários terríveis, mesmo que hipotéticos. Mas parece que da mesma forma que a nuvem se materializa, ela mesma se dissipe, sem que seja necessário fazer algo. O jeito é ter paciência e seguir a vida. Ao menos é assim que tenho buscado lidar com essas questões climáticas internas. Uma caminhada perto de casa, alguns minutos de brincadeiras com os cachorros, um abraço apertado em quem se gosta são alguns dos remédios homeopáticos para essa condição de céus cinzentos dentro da cabeça. E isso tem me ajudado a seguir em frente, um dia após o outro. Tenho percebido que não há um caminho, não uma resposta, a vida simplesmente é, assim verbo intransitivo. A vida é. Ou será que a vida está? Não, acho que a vida é. E ao mesmo tempo a vida não permite controle, apenas uma ilusão de "condições normais de temperatura e pressão", quando na verdade tudo pode acontecer o tempo todo, até mesmo o que nem sequer se pode imaginar. Aliás, costuma ser exatamente assim.

4 de outubro de 2024

Competição interna



Tenho pensado muito em uma competição interna que não tem me feito bem. Como se eu precisasse ler vários livros, escutar vários podcasts, saber dos lançamentos de músicas, séries e filmes e ficar por dentro das notícias e dos assuntos mais importantes. E então percebi que não tenho que competir com ninguém e que posso fazer as coisas no meu ritmo. Parece uma besteira, mas me fez bem só entender isso. Posso não saber de várias coisas. E não preciso pensar em uma pessoa fictícia que leu, escuta e sabe de tudo. Posso ser apenas eu. Simples e nada extraordinário.

2 de outubro de 2024

Quase fim do ano


Chegou outubro e o ano praticamente acabou. Daqui a pouco começam as decorações de natal nas lojas e aqui no prédio. E daqui a uns dias vai completar dez anos que estamos aqui nesse apartamento. Desde que saí da casa dos meus pais aqui é o lugar que vivi por mais tempo. O tempo passa ligeiro é um dos meus mantras nos últimos meses. 

Tenho repensado várias coisas. Mas ainda não cheguei a nenhuma conclusão. Sigo meio sem rumo. Vejo cursos, pesquiso, mas não encontro nada que me interesse. Então acho que preciso mesmo ficar quieto até entender o rumo a seguir. Não sei ainda e acho que está tudo bem. Enquanto isso me preparo de alguma forma, não sei bem para o que. Nem tudo precisa ter um significado ou uma razão. Às vezes é preciso apenas viver mesmo.

E a vida segue.

27 de setembro de 2024

Shakshuka



Tenho pensado em como o tempo passa ligeiro e como eu fico por muito tempo. Tem vezes que eu me sinto como essas pedras que ficam praticamente paradas e que criam musgo ao redor. Eu fico. Tudo para mim costuma ser devagar. Não acho que seja algo ruim, é apenas o jeito que sou. Gosto de tranquilidade e de previsibilidade. Sei também que não dá pra controlar a vida, quando for pra chegar um turbilhão ele chega e bagunça (ou ajeita) tudo. Mas se não tiver turbilhão, gosto das coisas como estão. A vida simples, acomodada mesmo. E por enquanto estou bem com isso. Minha vida não é só trabalho, mas é o monte de coisa que acontece por fora também. É tudo junto, como esse shakshuka que mistura ovos com tomate e fica uma delícia.

20 de setembro de 2024

Ainda cumple



O aniversário foi bem comemorado e eu não planejei praticamente nada. Ganhei um churrasco das minhas amigas, uma tarde maravilhosa na casa nova. Gosto da simplicidade, aliás acho que esse é um dos aprendizados de envelhecer. O simples, o autêntico. Ainda sobrou um pedaço de bolo, congelei e acabou de ser comido. Agora só ano que vem!

13 de setembro de 2024

Aniversário



O aniversário foi tranquilo e é sempre bom receber carinho de tanta gente. Não planejei nada muito elaborado e no dia mesmo fomos jantar em um restaurante peruano e chinês que estava muito bom e depois um cinema, que só fui descobrir que dão de presente um ingresso no dia do aniversário. Tinha tempo que eu não ia no cinema e foi bom assistir ao documentário da Fernanda Young em uma sala pequena e aconchegante no centro da cidade. Envelhecer tem sido bom, tenho gostado mais de mim e das minhas escolhas. Na frente do prédio perto do meu aniversário tem a floração desse ipê rosa lindo, gosto de pensar que também é pelo meu aniversário.

6 de setembro de 2024

Manhãs de setembro



Chegou setembro. Meu mês favorito, pois tem meu aniversário. Eu sei, é meio infantil, mas adoro meu aniversário. Lembro de ainda na época da escola abrir a agenda do ano seguinte para ver em qual dia da semana seria o dia 10 de setembro. Não importa mesmo o dia da semana, mas era importante saber. Nunca fiz muitas comemorações ou grandes festas, mas sempre consegui celebrar de algum forma. Agora estou na beira dos 41 e esse número tem me conquistado. Não é aquele impacto dos quarenta anos, já um passo além. E setembro chegou quente e fumacento, mas cheio de ipês. E sempre lembro da música da Vanusa sobre as manhãs de setembro.

30 de agosto de 2024

Fumaça



Esses dias tivemos uma pequena prévia de viver no fim dos tempos. Queimadas criminosas sincronizadas em vários lugares do país, o clima seco e de repente parecia que a cidade era um Mad Max, um filme noir ou uma grande fotografia de um livro de geografia dos anos 90 sobre poluição. Um clima horrível e as pessoas na bicicleta ou em suas corridas como se nada ocorresse. Eu só conseguia sentir raiva da ignorância de terem criado um dia do fogo. Foram três dias de fumaça, cheiro de queimado e pequenos pedaços de fuligem que apareciam em vários lugares da casa e das ruas. Entendi um pouco a depressão com o clima que as pessoas sentem em lugares frios. Hoje o clima continua seco, mas ao mesmo o céu está limpo. É possível ver as cores, respirar um pouco. É muito doido viver no capitalismo tardio. Mas é o jeito. Ainda tenho esperança que as coisas vão melhorar. Coisas assim no geral mesmo.

23 de agosto de 2024

Zona de conforto


Eu sou uma pessoa acomodada. Gosto da minha zona de conforto e trabalho muito para ficar nela. Não gosto desses papos de gurus da inovação. Sei que poderia estar em outro emprego com um melhor salário ou morar em um lugar mais valorizado, mas gosto das coisas como estão. Não sou ambicioso. Não tenho necessidade de mostrar para os outros como estou bem de vida. Aliás, sou o oposto, não gosto muito de falar da minha vida. Não sou o meu trabalho, não sou o lugar que eu moro. Gosto de ter uma vida simples, sem muitas surpresas e cuido das minhas coisas para que durem. Mas então recebo um telefonema com uma proposta de mudar algumas coisas. Já fico com frio na barriga, mas começo a me planejar e vejo que pode ser uma boa. A vida é assim, quando menos se espera acontece algo bom.

16 de agosto de 2024

Coisas simples



Tenho pensado nas coisas simples, como uma merenda no final da tarde. Um croissant de mercado e um café feito na hora. Não precisa de muita coisa. Aliás, a vida no final das contas é simples mesmo, tento não complicar. Talvez envelhecer seja perceber que as coisas são simples e tendem a se ajeitar. Como uma merendinha no final da tarde. Eu nem estava com fome, mas é sempre bom parar um pouco, respirar, olhar o tempo.

9 de agosto de 2024

Pequenas reflexões sobre a vida profissional



Tenho pensando na minha vida profissional. Eu sempre gostei de trabalhar, mas nunca fiz de trabalho ou estágio o principal aspecto da minha vida ou o fator determinante da minha personalidade. Gosto de fazer um trabalho bem feito, gosto de pesquisar e sou muito organizado. Mas sei que não sou alguém ambicioso e que quer crescer profissionalmente a qualquer custo. O trabalho para mim é um dos aspectos da minha vida e não o principal. Preciso ter tempo para mim. Um respiro no cotidiano para ler, passear, viajar, rir, ir a shows, exposições, peças de teatro, encontrar amigos, passear com os cachorros, jogar. Entendi cedo que não iria me matar de trabalhar. Além disso, não gosto de estar nos holofotes e entendi que sou alguém dos bastidores. E que bom, pois não dá para todo mundo ficar na frente do palco. Gosto da vida tranquila e de um trabalho tranquilo e por isso escolhi o trabalho que eu faço. Fico assustado quando penso que já tenho 16 anos no mesmo trabalho. Como o tempo passa ligeiro. Ao mesmo tempo gosto de trabalhar no meu setor e não penso em mudar de lotação ou mesmo ir para outro lugar. 

2 de agosto de 2024

Reflexões

Já chegou agosto e daqui a pouco é meu aniversário. Não tenho ainda a menor ideia do que eu vou fazer, mas penso em algo menor, mais íntimo. Quarenta e um não é nada assim grandioso e que bom. Não dá para toda idade ser enorme e significativa. Aliás, acho que gosto mais dessas mais simples, mais tranquilas. A vida não pode ser apenas grandes comemorações. E no 41 a nova década já deu uma assentada, já é não é mais novidade. Os cabelos brancos se multiplicam, a gordurinha localizada continua ali. Mas no geral eu tenho gostado de envelhecer. Tenho gostado mais de mim e da minha vida. Não tenho saudade da juventude, mas sei que não estou ainda na velhice. 

26 de julho de 2024

Amor, amor



Já faz tempo desde o primeiro beijo depois daquela primeira caipirinha. Mudanças de casas, de cidades, voltas, recomeços, risadas, choros, angústias, alegrias. Muitos quilos de sal. Eu não pensava muito em namoro ou casamento, mas não me imagino mais longe de você. Gosto do clima tranquilo da nossa vida. Manias, rotinas, calmaria. Um porto seguro para sempre retornarmos. Um colo quando for preciso. Alguém que me conhece melhor do que qualquer outra pessoa. E muitas conversas, sempre tem papo. Muitas histórias, muitas viagens. Você me faz feliz e isso é tão raro. É um dos tesouros da minha vida.

22 de julho de 2024

Cafeteira vulcão



Tenho pensado no dia-a-dia, no desgaste, na passagem do tempo. O café de todos os dias na cafeteira italiana de anos. O envelhecimento. O tempo. De como gosto do barulho do teclado enquanto digito e vejo as letras aparecerem na tela. O cheiro de café. Todos os dias coloco o café moído mais vagabundo com a colher medidora. Ou nos dias especiais uso café em grãos mais caro, também com a colher medidora. O caro e o barato. O caro demora mais, o barato é mais rápido, para os dias de semana. A medida da vida e a medida de café. O barulho do moedor de café e o cheiro de café. O barulho da água borbulhante que passa por dentro da cafeteira e transborda pelo pequeno cano como um mini vulcão que cospe o líquido preto. A cafeteira como um pequeno poço de petróleo com fumaça e barulho. Os arranhões na parte externa do alumínio. Todo dia o café. Café brasileiro tipo exportação. Café para um. Para família é preciso de garrafa térmica antiga, dessas de girar a tampa. Mas para mim não precisa. Cafeteira italianinha falsa. Cafeteira brasileirinha no fogo. A pontinha do puxador de plástico derreteu um pouco. São coisas da vida. Penso no copo sujo com restos de pó de café e café evaporado no fundo. O café de todo dia. O café plantado aqui, torrado aqui. Não precisou viajar o mundo todo. Penso na passagem do tempo. Cada dia um pouco mais velho. Um pouco de café.

19 de julho de 2024

Desgaste



Tenho pensado no desgaste das coisas. Tento cuidar bem, mas não tem jeito, pois uma hora tudo se desgasta e se esgarça. E gosto de usar até não ser mais possível. E isso se reflete em vários aspectos da minha vida e até em mim mesmo. Minhas coisas, relações, amores, amizades duram. Não sou de muitas mudanças, gosto do que eu já conheço. E tenho feito as pazes comigo e com a vida. Acho que isso é envelhecer. É entender e ter paciência. Eu me sinto também desgastado, mas gosto de ver as marcas no meu rosto e no meu corpo.

12 de julho de 2024

Ao menos é sexta


Tem vezes que tudo fica igual ao redor, mas o que muda é dentro. Não aconteceu nada específico ou grave, mas sinto que mudou algo, um clique. Perda de cor, de brilho, cansaço. Ao menos é sexta. Pode ser cansaço, pode ser depressão, pode ser tristeza. Ao menos é sexta. A vida em ciclos de sete dias. É o jeito, é  o mundo, é o capitalismo. Ao menos é sexta. Ao menos...


4 de julho de 2024

Meio do ano



O meio do ano é minha época favorita. Além do frio e da seca, nesses meses do meio do ano em qualquer lugar dá para comprar canjica e curau. Tem festas em vários lugares e a gente celebra o milho, que é um dos melhores alimentos que existem. Sério, as comidas feitas com milho podem ser doces, salgadas, cremosas, firmes e até crocantes. E é um alimento aqui das Américas. Outro dia comi um pote de canjica no café da manhã. Como não amar o meio do ano?