8 de setembro de 2025

Aniversário logo ali



Meu aniversário está logo ali, daqui a alguns dias. Já tive vários sentimentos diferentes. Há um mês resolvi organizar uma festa para a comemoração, coisa pequena, poucas pessoas, algo como vinte convidados. Escolhi o quintal da casa dos meus pais, um lugar cheio de significados para mim, a casa de minha infância, a casa em que meus pais vivem até hoje. Meus pais que já estão idosos. eu não sei até quando meus pais estarão bem, então quero celebrar também a vida dos meus pais. Comecei a planejar, organizar tudo, comprar bebidas, encomendar a comida, o bolo, os doces. Minha mãe e meu marido me ajudaram muito. Enviei os convites muitos não poderão comparecer. Tentei pensar em amigos antigos, mas algumas amizades não têm mais a mesma liga. Não consegui completar a lista de vinte, mesmo que metade dos pessoas são família, aliás uma pena que meus irmãos morem tão longe e não vão poder estar por aqui com suas famílias. Acho que idealizo uma família grande dessas de novela e comercial de margarina. Mas o melhor mesmo é não se perder nessa idealização e valorizar a família real, a que existe de verdade. No final dos contas acho que a festa vai ser legal e tenho curtido o clima de aniversário. Aqui na frente do meu prédio tem um ipê rosa muito lindo e que sempre floresce perto de meu aniversário. Então acabei por adotar esse ipê como meu ipê de aniversário. Sempre que saio de casa nessa época ele está lá todo florido e sempre fico feliz de ver essa árvore tão bonita e que floresce mesmo nessa seca tão severa. E logo vai chegar meus 42.

22 de agosto de 2025

Tudo muda o tempo todo



O mundo está sempre em mudança. É como olhar para o céu: uma hora aparece um céu azul lindo em um dia ensolarado, mas pouco tempo depois tudo fica diferente. A vida é do mesmo jeito. Semana passada tudo parecia tranquilo e em uma boa caminhada. De repente tudo ficou diferente. Estou com pouca energia e muito cansado. E gastei muita energia para tentar colocar um pouco de ordem na cabeça. Ao menos estou melhor. A vida continua, ao menos. Aliás, que bom que a vida continua, o céu muda e tudo caminha mais ou menos rápido.

15 de agosto de 2025

Leve



Tenho tentado levar a vida de uma forma mais leve. Não foi nenhum estalo, não mudou nada significativo, mas fiquei com essa sensação de tentar viver de forma mais tranquila. Continuo com meus afazeres, com as minhas limitações e a parece que tudo está menos pesado. Tenho parado para olhar o por do sol, brinco com meus cachorros quando termino o dia de trabalho, presto atenção nas plantas e tento comer de forma melhor. Não tem muito segredo. Tem várias coisas e situações que não consigo mudar e me deixam triste, mas como não posso mudá-las o jeito é seguir em frente e focar no que eu posso realmente alterar. A vida não precisa ser tão complicada. As pequenas coisas, aquelas questões insignificantes é que tem me dado mais força. Afinal de contas eu também sou pequeno e insignificante e isso é ótimo!

8 de agosto de 2025

Já é agosto?



Agosto já é tão perto do meu aniversário. É um mês que eu costumo gostar, apesar da fama ruim que ele tem. Claro, a secura por aqui fica pesada, pois já não chove muito desde maio, mas ao mesmo tempo a cidade está cheia de ipês floridos, agora são os amarelos. A vida segue, sinto que tenho mais energia, mais planos, mais vontade de fazer programas diferentes. Mesmo com todas as complicações, a vida está boa. Tenho sentido mais necessidade de natureza. Sempre olho para as árvores e plantas enquanto caminho aqui por perto de casa ou enquanto dirijo pela cidade e isso me dá um alento tão grande. O céu também é um maravilhoso nessa época, principalmente o nascer e o por do sol. E que bom que finalmente chegou o final de semana!

30 de julho de 2025

18



Eu nunca pensei que fosse casar, morar junto, dividir a vida com alguém. Quando eu era criança e adolescente não havia nenhum referencial de casal entre pessoas do mesmo gênero. Mas como não havia referencial, então não tinha um modelo para seguir e criamos o nosso. Gosto da nossa rotina, nossa vida juntos. Passamos por vários perrengues e sempre conseguimos superar tudo. É uma vida tranquila, uma vida boa de se viver juntos. Nem parece que já são 18 anos juntos. Te amo! Aliás, eu nem sabia que ainda existia macarrão de letrinhas, que foi usado em várias sopas que fiz para a recuperação da cirurgia de vesícula.

16 de julho de 2025

Modo sobrevivência



Com os últimos acontecimentos de saúde na minha família entrei em um modo sobrevivência. Não penso em mais nada além da recuperação das pessoas que amo. Sinto saudades de quando minha vida não era só pensar saúde, mas é isso, a vida simplesmente acontece, não depende da vontade de ninguém. Estar no modo sobrevivência me fez perceber como várias coisas são supérfluas e como é bom quando se tem boas notícias, corre tudo bem na cirurgia e finalmente podemos voltar para casa, para a vida mais ou menos normal, com alguns cuidados, mas já uma versão mais próxima da rotina normal, se é que existe realmente uma rotina normal. Meu corpo e minha cabeça estão cansados, mas é bom estar de volta à casa. Essas vivências nos mudam, mas estou com saudades de coisas bestas como sair para tomar um café e comer algo gostoso, ir a um show, encontrar minhas amigas, rir. O jeito é ter calma e paciência. Aos poucos tudo volta a algo que parece o normal.

9 de julho de 2025

Cuidar



Família é algo tão complexo, cheio de altos e baixos, brigas e alegrias, mas é bom estar dentro dessa rede de cuidado. Como deve ser difícil a vida sem ter alguém para nos cuidar e também para cuidarmos. Nessas últimas semanas tenho cuidado da minha mãe no que ela precisa após passar por uma cirurgia que a deixou com menos autonomia. Ela sempre foi alguém muito independente e por causa da cirurgia precisa de ajuda para várias situações, além de não poder dirigir. E nos últimos dias meu marido sentiu dores no abdômen e está internado. Estou craque na função de acompanhante das pessoas da minha família. Já é o terceiro hospital que durmo e ajudo no que for necessário, além de conversar, acolher e até mesmo tentar melhorar o humor de quem não está bem de saúde. Não é fácil, mas realmente é muito mais tranquilo cuidar do que se cuidado, principalmente porque quem cuida em geral não sente dores físicas ou perdeu a autonomia. Quem bom que existe hospital e profissionais da saúde, mas o ambiente hospitar é sempre muito complicado. Muita espera, muita incerteza, muita dificuldade. E é bom perceber que somos mais fortes do que pensamos e que logo tudo se adapta. A vida dentro do hospital se desenrola de outra forma e aos poucos vira uma habilidade aprendida para quem acompanha e para quem está internado. Espero que essa fase hospitalar passe e logo chegue a fase da saúde. Não tem lugar melhor do que a nossa própria casa.

4 de julho de 2025

Caraminholas



Tem tanta coisa na minha cabeça e no meu corpo que fiquei duas noites sem dormir direito. Eu sempre tive o sono bom, de deitar a cabeça no travesseiro e apagar, mas nos últimos dias tenho dores no corpo e caraminholas na cabeça. Já estou melhor, afinal é sexta e vou ter o final de semana para descansar, mas as caraminholas continuam aqui agitadas dentro da minha mente. São várias preocupações e muitas que estão fora do meu alcance. Eu sei que não adianta esquentar minha cabeça, mas não é racional. Ela já está quente. Espero que o remédio que eu precise seja uma garrafa de vinho, músicas e conversas com meu marido.

27 de junho de 2025

Junho quase no fim



Eu gosto do mês de junho. Tem as festas juninas, as comemorações do orgulho, o clima mais frio e seco, as florações de ipê. Junho foi um mês bom, correu tudo bem. Passei alguns dias mais difíceis, mas fiquei feliz de conseguir vencer algumas maratonas, tipo a cirurgia da minha mãe, os médicos e tudo mais. Cuidar não é fácil, ainda mais quando grande parte da família mora longe. De qualquer forma, tudo se ajeita. De algum jeito. 

18 de junho de 2025

Hospital



Mais uma cirurgia que acompanhei minha mãe em uma cirurgia. Três dias direto no hospital. Cochilos na poltrona reclinável, barulhos e bipes o dia todo, a fragilidade da minha mãe no pós-cirúrgico e conviver em um ambiente de ficção científica como o de uma UTI. Camas futurísticas, aparelhos, cilindros de oxigênio, pessoas com uniformes de cores diferentes para designar sua função. Muitos idosos sozinhos em seus quartos, alguns inconscientes. Pensei muito na velhice. Espero ter alguém para me acompanhar em cirurgias ou ao menos que eu tenha dinheiro para pagar por cuidadores. Minha mãe ainda sente dores, mas a cada dia que passa se sente melhor. Logo ela voltará a caminhar normalmente. Admiro muito a força da minha mãe. Que bom que eu pude ajudá-la e uma pena que meus irmãos estão longe e não podem compartilhar esse cuidado.

4 de junho de 2025

Mar infantil



Ando com muita saudade do mar. Recebi uma foto antiga de família justamente das férias na praia. Um pequeno barco na cidade natal da minha mãe. Durante minha infância e adolescência nós íamos todos os anos passar as férias na casa dos meus avós. E com muitos passeios de barco. Algumas vezes havia passeios pelo alto mar e nunca vou esquecer a sensação de me sentir tão pequeno no mundo. Água por todos os lados, pequenas ondas que pareciam se transformar o mar em uma grande gelatina azul com um pequeno brinquedo em cima, um barco tão frágil, tão pequeno. E nós dentro desse brinquedo, isolados de todo o resto do mundo. A nossa dose anual de maresia e sal. Eu quase sempre enjoava, então precisava ficar com um limão cortado para me ajudar a não ficar tão mareado. Talvez era a falta de costume com o vai-e-vem das ondas, afinal minha vida era a mais de dois mil quilômetros de lá, bem no centro do país. Eu sempre gostei do mar. Lembro também de estar em uma praia com minha mãe, ondas fortes. Não dava mais pé para mim e eu não consegui mais chegar perto da areia nem da minha mãe. O mar me levava para cada vez mais longe. Mas não senti medo e nem nervosismo. Não consegui avisar minha mãe, mas ela sentiu e gritou socorro. Pensei que iria morrer, mas eu tinha uma vida boa até então e estava tudo certo, não era uma forma ruim de morrer. Eu sou uma pessoa medrosa, mas ali naquele momento não senti medo e nunca mais esqueci dessa sensação. O salva-vidas me resgatou e voltamos para a areia. Eu não tinha engolido água, nem havia me afogado, mas fiquei feliz de poder continuar minha vida. Não foi uma grande transformação e nem mudou o rumo da minha história, mas sempre lembro dessa coragem, certeza e resignação. E o mar gigante, as ondas, e eu não conseguia alcançar o chão e voltar.

22 de maio de 2025

Uma coisa de cada vez



Tenho pensado em formas de encontrar novamente aquela minha versão de uns vinte e poucos anos, que gostava de pesquisar, fazer coisas diferentes e não tinha medo de quase nada. Quando penso naquela época sinto uma sensação boa. Com o passar dos anos é difícil não enrijecer e ter mais medo. Nem sei porque tenho medo de tanta coisa, nada muito concreto, mas é um medo de coisas que realmente vão acontecer e não há nada que posso fazer. Meus pais estão idosos e sinto medo de como vai ser a vida sem eles por aqui, sem poder conversar com eles, abraçar apertado, ouvir histórias. Tenho medo até da burocracia terrível com a partida deles. E não adianta, a única certeza é que não somos eternos. Em seguida fico com medo da minha partida. Espero que seja daqui a muitos anos. Tenho medo de ser um idoso solitário e que só descobrem da partida dias ou semanas depois. Mas não tem o que fazer. O que me conforta é que para tudo se dá um jeito. Respiro fundo e então me acalmo um pouco. Realmente, tudo se ajeita de alguma forma, mesmo que não tenha jeito, o que também é uma solução. Respiro. Não adianta ter medo ou sofrer por antecedência. O jeito é viver. Cada dia. Um dia pós o outro. Pequenas coisas. Como arrumar o registro do banheiro que desgastou e gira sem fechar ou abrir. Quebrei a cabeça, fui em uma loja de material de construção aqui do lado de casa e consegui consertar. Talvez seja isso. Começar com os problemas mais fáceis de resolver e aos poucos resolver o que for possível. Por enquanto isso tem me ajudado muito.

16 de maio de 2025

Natureza



Tenho sentido mais vontade de natureza. Mas sem precisar pegar a estrada para algum lugar afastado. A natureza aqui do dia-a-dia, da gente. Tenho prestado atenção nas copas das árvores, nos saguis, nas borboletas, nas abelhas, nas frutas, nos líquens. Gosto de caminhar e olhar ao meu redor, sentir que faço parte de tudo isso. E que bom viver em uma região arborizada. Gosto de ser bicho, de ver o verde, respirar. E me encantar com essas pequenas alegrias, a alameda que se forma do encontro das copas de árvores, os jardins plantados pelos vizinhos. Natureza é a gente também. E está ao redor, nos pequenos detalhes. Espero não perder esse olhar de encantamento e continuar a voltar feliz pra casa depois de ver essa simplicidade. Aliás, essa complexidade da vida ao meu redor.

9 de maio de 2025

Nada



Não tenho conseguido pensar a logo prazo. Minha vida ultimamente tem sido conseguir vencer o dia, vencer a semana. Engraçado isso de vencer, talvez seja uma guerra mesmo. Mas de qualquer forma tenho essa sensação, cada dia é uma vitória. Não que realmente a vida esteja tão difícil assim, de qualquer forma não dá para relativizar, afinal eu só tenho minha própria vida como parâmetro. A vida está arrastada, mas é gratificante chegar no final do dia e ter aquelas poucas horas para não fazer nada. Aliás o que mais tenho gostado de fazer é ficar à toa. Isso, sem preocupação em ser útil ou mudar o mundo. Tenho gostado de me sentir um nada, apenas flutuando no universo junto com essa rocha gigantesca. Respirar, olhar as nuvens e as estrelas lá fora, olhar meus cachorros tirando uma soneca perto de mim, escutar os barulhos da cidade, escutar meus pensamentos. Parece que meu corpo e minha mente pedem esse nada. A vida já é tão cheia de estímulos ué não fazer nada parece ser uma riqueza sem tamanho. Meu desejo é essa vida mais devagar, mais besta, mais simples. Cansei de ser complexo e cheio de referências. Quero ser simples. 

30 de abril de 2025

Sozinho



Meu marido viajou a trabalho e estou só há alguns dias. Quer dizer, estou com os cachorros. Eu gosto aqui de casa e sempre acho coisas para fazer. Escutar música e podcasts, ler livros, assistir a um filme, novela, série ou algum programa de TV ou na internet. Passear com os cachorros. Brincar, conversar e apertar os cachorros. E muitas mensagens diárias para o meu marido, minha mãe e minhas amigas, mas falar mesmo só com o pessoal do prédio quando desço com os cachorros. Muitos "bom dia!", "pois é, ele late bastante mesmo!". Gosto de cozinhar para mim também. Preparei bastante comida para a semana e esquento no meu micro-ondas improvisado, uma frigideira pequena de ferro fundido, minha guerreira de todos os dias. Aliás, nela faço minha panqueca de tapioca, banana e aveia ou um ovo estrelado (com um cuscuz de peitinho), em dias alternados. E esquento meu almoço e meu jantar nela, afinal não é muita comida. Minha vida solitária é boa e tenho a impressão de que se eu vivesse sozinho seria assim quase sempre. Tenho uma tendência a ficar em casa mesmo, afinal aqui tem tudo o que gosto. Eu nunca imaginei que casaria e isso é maravilhoso. Afinal é ótimo ter alguém que sempre traz coisas diferentes para a vida e eu costumo topar tudo. Já são tantos anos juntos e eu estou aqui com muitas saudades. Ele acabou de mandar mensagem que já embarcou e daqui a duas horas estará aqui. E ainda vai ter feriado!

25 de abril de 2025

Monstro do pântano



Tinha tempo que não me sentia tão desanimado. Sinto que uma série de pequenas coisas chatas se juntaram e me derrubaram. Situações que sozinhas não me deixariam chateado, mas que ao se combinarem se transforaram em um grande monstro do lago, como naqueles filmes americanos dos anos 50.. Não tem muito o que fazer. Tente me distrair um pouco, dormir (sempre lembro dos livros do romantismo do século XIX em que as mocinhas simplesmente dormiam por horas quando tinham problemas) e conversar um pouco. Mas o que me ajudou mesmo foi fazer uma boa faxina na casa, limpar aqueles cantos difíceis, usar produtos cheirosos. Sei que os problemas que tenho ultimamente não vão se resolver, talvez sejam simplesmente a vida mesmo. De qualquer forma é bom poder desacelerar um pouco, deitar, deixar o desânimo tomar conta. Não tem muito o que fazer. E bom que hoje é sexta!

4 de abril de 2025

Ontem e hoje



Há 12 anos eu chegava em SP para uma grande mudança na minha vida. Passei quase três por lá e vivi muita coisa boa e também complicada. Foi a primeira vez que me virei mesmo, sem ter apoio de praticamente ninguém. Foi uma experiência ótima e terrível ao mesmo tempo, dessas que marcam a vida. Não me arrependo de ir e nem de voltar. Minha vida é uma antes de SP e outra após. Mas estou muito feliz agora aqui em Brasília. Não sei quais outras mudanças vão acontecer na minha vida, afinal não tem mesmo como saber. De qualquer forma envelhecer tem me feito bem. E sinto um abraço entre o meu eu de hoje e aquele rapaz de vinte e tantos anos. Como diz a maravilhosa Fernanda Torres, a vida presta. 

28 de março de 2025

Trabalho e casa



Já são cinco anos que trabalho de casa. Sento aqui no escritório em frente ao computador e resolvo várias coisas, converso com colegas, escrevo textos, faço análises, sem que precise pegar trânsito ou comer algo na rua. Nesse período contratei dois estagiários caninos, que adoram tirar uma soneca perto dos meus pés e que me lembram das horas de comer. Eu gosto de tudo de trabalhar de casa. Adoro passar o dia por aqui. Não sinto solidão, não falta de ir na firma. Nunca imaginei que poderia trabalhar de casa e realmente me dói ver o tanto de empresas que voltaram às jornadas inteiramente presenciais. Só posso mesmo torcer que aqui no meu trabalho continue tudo remoto, pois minha qualidade de vida mudou completamente. Adoro esse novo jeito de trabalhar.

17 de março de 2025

Pai



Meu pai completou 90 anos. Ele está lúcido e relativamente saudável, mas é um senhor de 90 anos. Às vezes a fala fica embolada, esquece algumas coisas, tem dificuldade para se locomover e parece cada vez mais frágil. Minha mãe tem se dedicado a proporcionar uma boa vida para o meu pai, mas sei que ele está no final da vida e já tenho preparado minha cabeça para a sua despedida. Grande parte das pessoas que meu pai conheceu já se foram. Ele nasceu em um mundo tão diferente, quase medieval. Trabalhou na infância no sítio do meu avô no interior do Ceará e aos doze anos saiu de casa para viver no seminário e se tornar padre, não sei se por vocação ou por vontade de seu pai. Ele foi padre em algumas cidades pequenas do Ceará e veio para Brasília no começo dos anos 70 para trabalhar em uma igreja. Ele veio de férias com dois irmãos em uma viagem enorme em um carro que já era antigo na época (um DKW ou "decavê") e gostou tanto que disse meio brincando que iria se mudar para a capital do país. Aos 40 anos deixou a igreja e se casou com minha mãe, uma moça recém formada na faculdade de letras. Sempre moramos aqui em Brasília. Ele é um ótimo pai, temos boas conversas e ele me ensinou muitas coisas (trocar pneu de carro, escolher legumes e frutas no mercado, conversar com todo mundo e ter a certeza de que tudo vai se ajeitar). Temos uma relação boa, mas sei que ele não entende várias coisas da minha vida. Não sei se vou chegar aos 90 anos. Como vai ser o mundo em 2073? Espero ter uma boa velhice e que o mundo ainda esteja habitável. Não quero ser idoso em um mundo Mad Max. Que bom poder comemorar mais um aniversário do meu pai, não sei quantos aniversários ainda poderemos comemorar

14 de março de 2025



Eu adoro ficar em casa. Posso ler, ouvir música, brincar com os cachorros, ver televisão, jogar. Mas é bom sair também. É uma sensação boa ver música ao vivo, encontrar amigos e finalmente ver de perto alguém que se admira. Assim que descemos do carro na frente do museu encontrei a curadora responsável pela programação musical das noites de show. E por acaso ela também é a apresentadora de vários programas que gosto de escutar e de ver. Perguntei se ela era mesmo quem eu pensava, pois vai que é apenas uma pessoa parecida. Então eu apenas agradeci o trabalho maravilhoso que ela tem feito na escolha dos artistas e disse que sou fã dos programas que ela apresenta no rádio e na TV. Não pedi foto, não abracei, mas me senti tão bem de finalmente ver de perto e agradecer um trabalho que tem apresentado tantos livros e artistas. Sou fã do Som a pino, Clube do Livro Eldorado, Cultura Livre e, claro, do Night Lab, todos organizados pela Roberta Martinelli. Mais tarde encontrei também uma artista que gosto muito, a Letrux, que foi super simpática. É bom poder agradecer e reconhecer essas pessoas que fazem diferença na nossa vida, mesmo que elas não tenham ideia de como fazem bem para a nossa vida.