29 de abril de 2020

Café e água


Na quarentena não tem mais o filtro de água em que as pessoas se encontram quando vão encher suas garrafas ou aquele cafézinho simples que fica na garrafa térmica gigantesca na copa do escritório. Em uma vida agora distante, nesses lugares sempre tinha um "você ficou sabendo da última?" ou "tem tempo que não te vejo, você viajou?".

Aqui no meu escritório de quarentena sempre tem uma garrafa de água (que um dia foi uma garrafa de gin), um copinho térmico pra café e chá (uso praticamente todos os dias há um bom tempo, ele é de porcelana com tampa de silicone e imita esses descartáveis de cafeteria). Virou meu ritual fazer o chá pra tomar enquanto vejo meus e-mails de manhã e o café logo depois do almoço. Comprei até um café mais simples pra fazer na semana de trabalho, desses em pó mesmo. E tenho tomado duas garrafas de um litro de água, uma de manhã e outra de tarde. Minha mania é deixar um vídeo bem demorado de música clássica ou jazz clássico passando enquanto trabalho. Ou então se não precisar de muita concentração, deixo minha fila gigantesca de podcasts (a fila está atrasada em quase um mês).

Tenho gostado do sol do final da tarde no meu rosto, preciso um pouco de vitamina D, já que não tenho saído de casa. Não sei o que são calças, camisas ou sapato. Na outra vida eu só vinha pra casa pra dormir durante a semana, saía às 7 e voltava às 23h. Tem sido bom ficar em casa, ver a rotina do bairro pela janela, os barulhos, as nuvens, as árvores.

Nas video-conferências deixo também baixinho música clássica ou jazz. E tenho tirado quase todos os dias uma foto com a webcam antes de começar a reunião, meio que pra documentar minha vida em época de corona.

Já tenho seis semanas de trabalho remoto. Até que consegui me adaptar e fazer uma rotina, mas pensando bem o ser humano se adapta a tudo, mesmo ao corona.

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