22 de julho de 2024

Cafeteira vulcão



Tenho pensado no dia-a-dia, no desgaste, na passagem do tempo. O café de todos os dias na cafeteira italiana de anos. O envelhecimento. O tempo. De como gosto do barulho do teclado enquanto digito e vejo as letras aparecerem na tela. O cheiro de café. Todos os dias coloco o café moído mais vagabundo com a colher medidora. Ou nos dias especiais uso café em grãos mais caro, também com a colher medidora. O caro e o barato. O caro demora mais, o barato é mais rápido, para os dias de semana. A medida da vida e a medida de café. O barulho do moedor de café e o cheiro de café. O barulho da água borbulhante que passa por dentro da cafeteira e transborda pelo pequeno cano como um mini vulcão que cospe o líquido preto. A cafeteira como um pequeno poço de petróleo com fumaça e barulho. Os arranhões na parte externa do alumínio. Todo dia o café. Café brasileiro tipo exportação. Café para um. Para família é preciso de garrafa térmica antiga, dessas de girar a tampa. Mas para mim não precisa. Cafeteira italianinha falsa. Cafeteira brasileirinha no fogo. A pontinha do puxador de plástico derreteu um pouco. São coisas da vida. Penso no copo sujo com restos de pó de café e café evaporado no fundo. O café de todo dia. O café plantado aqui, torrado aqui. Não precisou viajar o mundo todo. Penso na passagem do tempo. Cada dia um pouco mais velho. Um pouco de café.

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