26 de novembro de 2024

Um pequeno "v"



Uma das coisas que parecem simples, mas que demorei a entender, é que não estamos em competição com ninguém. Eu costumava pensar sempre em alguém genérico que lia mais, ganhava mais dinheiro e tinha um trabalho mais significativo, ia para mais shows, via mais filmes e se divertia mais. Deve ser ótimo ser essa pessoa, ao menos de um ponto de vista externo e idealizado. Mas essa pessoa não existe. Percebi então que não existe competição e que o melhor é respirar fundo e fazer as coisas no meu próprio ritmo. Não deu pra terminar um capítulo do livro? Não tem problema, amanhã eu termino. Não deu pra ir para o show? Não tem problema, haverá outros. Parece algo tão simples, mas demorei a entender isso. Tenho então feito as pazes comigo, com meu ritmo e minhas escolhas. Não é fácil. E então respiro fundo.

Tenho buscado também estar mais presente, não viver tanto no futuro ou no passado. Outra ideia que parece simples, mas é muito complicada. Aliás, esse negócio de simples é difícil. Esses dias fui cuidar dos cachorros. Pentear, limpar as remelas, cortar as unhas. Dá um trabalho, mas gosto do processo e de ver que eles estão bem. Em alguns segundos de distração ao cortar a unha de uma das patinhas a tesoura cortou junto um pedaço da pele do meu dedo. Melhor que o machucado foi em mim do que no meu cachorro. O corte foi em formato de "v", a inicial do meu nome. Tentei ver como pequeno sinal para estar mais presente. E agora tenho um pequeno "v" no meu dedo e que deve sumir em alguns dias.

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