28 de março de 2025

Trabalho e casa



Já são cinco anos que trabalho de casa. Sento aqui no escritório em frente ao computador e resolvo várias coisas, converso com colegas, escrevo textos, faço análises, sem que precise pegar trânsito ou comer algo na rua. Nesse período contratei dois estagiários caninos, que adoram tirar uma soneca perto dos meus pés e que me lembram das horas de comer. Eu gosto de tudo de trabalhar de casa. Adoro passar o dia por aqui. Não sinto solidão, não falta de ir na firma. Nunca imaginei que poderia trabalhar de casa e realmente me dói ver o tanto de empresas que voltaram às jornadas inteiramente presenciais. Só posso mesmo torcer que aqui no meu trabalho continue tudo remoto, pois minha qualidade de vida mudou completamente. Adoro esse novo jeito de trabalhar.

17 de março de 2025

Pai



Meu pai completou 90 anos. Ele está lúcido e relativamente saudável, mas é um senhor de 90 anos. Às vezes a fala fica embolada, esquece algumas coisas, tem dificuldade para se locomover e parece cada vez mais frágil. Minha mãe tem se dedicado a proporcionar uma boa vida para o meu pai, mas sei que ele está no final da vida e já tenho preparado minha cabeça para a sua despedida. Grande parte das pessoas que meu pai conheceu já se foram. Ele nasceu em um mundo tão diferente, quase medieval. Trabalhou na infância no sítio do meu avô no interior do Ceará e aos doze anos saiu de casa para viver no seminário e se tornar padre, não sei se por vocação ou por vontade de seu pai. Ele foi padre em algumas cidades pequenas do Ceará e veio para Brasília no começo dos anos 70 para trabalhar em uma igreja. Ele veio de férias com dois irmãos em uma viagem enorme em um carro que já era antigo na época (um DKW ou "decavê") e gostou tanto que disse meio brincando que iria se mudar para a capital do país. Aos 40 anos deixou a igreja e se casou com minha mãe, uma moça recém formada na faculdade de letras. Sempre moramos aqui em Brasília. Ele é um ótimo pai, temos boas conversas e ele me ensinou muitas coisas (trocar pneu de carro, escolher legumes e frutas no mercado, conversar com todo mundo e ter a certeza de que tudo vai se ajeitar). Temos uma relação boa, mas sei que ele não entende várias coisas da minha vida. Não sei se vou chegar aos 90 anos. Como vai ser o mundo em 2073? Espero ter uma boa velhice e que o mundo ainda esteja habitável. Não quero ser idoso em um mundo Mad Max. Que bom poder comemorar mais um aniversário do meu pai, não sei quantos aniversários ainda poderemos comemorar

14 de março de 2025



Eu adoro ficar em casa. Posso ler, ouvir música, brincar com os cachorros, ver televisão, jogar. Mas é bom sair também. É uma sensação boa ver música ao vivo, encontrar amigos e finalmente ver de perto alguém que se admira. Assim que descemos do carro na frente do museu encontrei a curadora responsável pela programação musical das noites de show. E por acaso ela também é a apresentadora de vários programas que gosto de escutar e de ver. Perguntei se ela era mesmo quem eu pensava, pois vai que é apenas uma pessoa parecida. Então eu apenas agradeci o trabalho maravilhoso que ela tem feito na escolha dos artistas e disse que sou fã dos programas que ela apresenta no rádio e na TV. Não pedi foto, não abracei, mas me senti tão bem de finalmente ver de perto e agradecer um trabalho que tem apresentado tantos livros e artistas. Sou fã do Som a pino, Clube do Livro Eldorado, Cultura Livre e, claro, do Night Lab, todos organizados pela Roberta Martinelli. Mais tarde encontrei também uma artista que gosto muito, a Letrux, que foi super simpática. É bom poder agradecer e reconhecer essas pessoas que fazem diferença na nossa vida, mesmo que elas não tenham ideia de como fazem bem para a nossa vida.

7 de março de 2025

Carnaval



O carnaval foi uma maravilha. Caminhar na rua, dançar, encontrar os amigos, tomar cerveja, usar fantasias simples, voltar com a perna dolorida e repetir tudo no dia seguinte. Aparelhinho, Vassourinhas, Charretinha Tropicaos, Divinas Tetas e Calango Careta. Um carnaval em março e sem chuvas. Não imaginei que me tornaria alguém que planeja fantasias, organiza a agenda e gosta tanto do carnaval de rua. E eu levei anos para realmente entender o carnaval. Ocupar a rua, dançar, encontrar pessoas e se divertir por ao menos quatro dias. Claro, a quarta de cinzas é sempre estranha e complicada. E é estranho voltar para a vida normal, mas a vida volta de outra forma, um pouco mais colorida e com confetes e purpurina.