26 de janeiro de 2012

Desvios

Meu pai morou aqui na Argentina por alguns anos na década de sessenta. Imagino como seriam as coisas se ele tivesse decidido morar em Buenos Aires. Será que nossa vida seria muito diferente? Os planos econômicos teriam nos afetado muito? Eu leria mais Cortázar? Comeria mais empanadas? Gostaria de futebol? Teria seguido a mesma faculdade e a Pós que fiz? Ia ser ótimo se acontecesse como nos filmes e fosse possível ter uma idéia de como eu seria se tivesse nascido portenho!

25 de janeiro de 2012

Solo

Depois de morar algum tempo sozinho, me acostumei a ter momentos só para mim. Viajando em grupo e ficando quase todos no mesmo apartamento fica difícil me acostumar com tanta gente o tempo todo. Cada um de um jeito, cada um com seu passado, suas necessidades e aspirações. Mas entro no quarto de banho (aqui a privada e o chuveiro ficam em cômodos diferentes), coloco uma música e esqueço de tudo ao meu redor enquanto tomo banho e me arrumo.

Bons Ares

Ainda não dá pra dizer muito de Buenos Aires, mas pelo pouco que vi achei a cidade muito bonita, misturando São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e até Manaus! E o verão faz um calorão de dia, mas de noite venta muito e dá aquele friozinho! Ainda não comi uma parrilla, mas já já ela me aguarda. Ah, o apartamento é ótimo, parece uma casa de praia. Tem até um terraço!

24 de janeiro de 2012

Presos

Ficar mais de oito horas dentro do aeroporto e sem previsão de embarcar pra Buenos Aires! Ay, que horror! Só quero chegar logo...

Uruguayos

Não dá pra dizer muito de um país só pelo aeroporto, mas esse tal de Carazco é um dos mais legais que já vi. Pelo avião o Uruguai parece ser feito de grandes fazendas, muita plantação e gados, mas poucas pessoas. O aeroporto é mais ou menos assim, amplo, claro e com quase nada ao redor. Poucas pessoas e aviões, mas um freeshop gigantesco que aceita reais, dólares, euros, pesos argentinos e uruguaios. Quero chegar logo nessa tal de Argentina!

Arrentina!

As férias estavam naquele esquema de acordar tarde, pensar no que fazer no dia, sem muita pretensão. Férias sem viagem, revisitando vários lugares da cidade, aproveitando a falta de rotina, como uma boa "staycation". É uma delícia poder descansar! Mas surgiu um convite para Buenos Aires, ficar em um apartamento alugado, enorme e em uma região bacana da cidade. Por que não? E aquela companhia aérea desconhecida estava com preço bacana. Vamos? E o voo já é daqui a pouco. E quero ver aquelas coisas bem clichê de viagens portenhas, além de comer muito churrasco argentino, doce de leite, ojo de bife, chorizo, chimichurri. Quero logo chegar!

23 de janeiro de 2012

Velocidade

Claro que eu gosto de velocidade. Por mim eu clicava nas coisas e tudo já abriria no mesmo segundo. Mas tanto meu computador quanto meu celular têm três, quase quatro anos e já não estão assim essa maravilha de tecnologia. Mas isso não quer dizer que estejam ruins. Aliás, muito pelo contrário. Aprendi a conviver com esse atraso de alguns segundo e relaxar com esse negócio de querer sempre estar com o último modelo.

22 de janeiro de 2012

Eu já nem me lembrava como era dormir sem a boa e velha dor nas costas. Ela veio assim de mansinho e quando percebi já estava ali toda instalada, morando comigo, indo para todos os lugares, pro bar, pro mercado. Uma companhia bem incômoda e que não me deixava prestar atenção em mais nada. Era como se eu estivesse ali, mas minha cabeça bem longe, na terra das máquinas de dentista e das outras dores agudas, daquelas que não doem tanto, mas não passam. Dor muscular? Será? O Dr. passou um relaxante para os músculos. Será? De repente não tinha mais nada lá, apenas eu e meu corpo. Engraçado como só se dá valor a essa sensação de não sentir nada depois de um tempo sentindo dores. E então me vi como um viciado em morfina do começo do século passado. Ok, uma morfina light, aliás, uma não-morfina, no máximo um paracetamol, mas o importante era finalmente sentir-me relaxado. Até sorri assim sem motivo.

15 de janeiro de 2012

Conic

O Conic é um conjunto de prédios no centro de Brasília e é um dos lugares que mais tem cara de cidade, fugindo de toda aquela cara de planejamento estatal dos anos sessenta, comum a todo o restante do Plano Piloto. São prédios antigos, quer dizer, dos anos 60 e 70, o que é bem antigo por aqui. Esse conjunto de prédios abriga igrejas evangélicas (a maioria no lugar de cinemas antigos), lojas de skate, de quadrinhos, de instrumentos musicais, saunas gays, cinemas pornôs, teatro, faculdade de artes. Tudo misturado e convivendo relativamente bem, pertinho dos Ministérios e do Congresso Nacional. Sempre vale a pena dar uma volta ali, nunca se sabe o que se pode encontrar.

6 de janeiro de 2012

Amigdale

E da noite pro dia acordo sem garganta. Uma bola de pus e dor no seu lugar. E sem conseguir tomar nem água ou respirar. E podendo fritar um ovo na testa. Me senti instantaneamente transformado em um velhinho de 102 anos. Sorte que eu não estava sozinho! E fui cuidado, paparicado e medicado com antibiótico, antiinflamatório, antipirético e mais outros vários "anti". Eu só quero minha voz de volta. E minha garganta do jeito que ela era!

4 de janeiro de 2012

Seguir

Acordar, arrumar tudo, lavar os lençóis, as roupas e tudo, aproveitar o sol que depois de tanto tempo resolveu aparecer. Tenho dias que me sinto uma dona-de-casa daquelas de antigamente, só me falta colocar um lenço na cabeça, um avental e sair limpando tudo pelo caminho!

3 de janeiro de 2012

Caminho

Eu nunca me senti tão maduro. Nesse último ano escolhi fazer algumas coisas para o meu bem-estar. Nutricionista, terapeuta, academia, Pós-graduação. Foi a primeira vez que morei sozinho, que fiz minha comida, tive meus horários. Foi a única vez que tirei um dia inteiro pra ficar triste e não fazer nada. Aprendi a conviver com meu silêncio, com minhas vontades, com minha bagunça (e com a arrumação dessa bagunça). E tudo isso me serviu para me preparar para a grande mudança da minha vida até agora: a mudança de cidade, de trabalho, o desapego e o amadurecimento. Tem dias que acordo morrendo de medo. Mas tem outros que sinto que esse é o passo mais certo que devo tomar. De qualquer forma o frio na barriga é uma constante nesses dias, mesmo nessas férias tranquilas em que dormimos até mais tarde, assistimos filmes, tiramos cochilos de tarde, passeamos pela cidade. O frio na barriga talvez nunca passe, talvez seja o que me faça querer mudar sempre...

1 de janeiro de 2012

Recomeço

Como começar? O ano ainda está em seu primeiro dia e resolvi não fazer nada, nem abri a porta. Tudo o que vi do novo ano foi o sol, as pessoas lá embaixo, uma chuva leve. Havíamos preparado algumas coisas para comer hoje, já que tudo estava fechado. Dormi, dormi muito. E amanhã quero recomeçar minha vida saudável.

31 de dezembro de 2011

Trinta dias!

Eu nunca tirei trinta dias de férias. Quer dizer, na época da faculdade eram três meses. Mas, né? Bem, já foi uma semana. Alias, tem sido perfeito!

Esse tal de onze

E finalmente o ano chegou ao final. E é muito bom sentir o amadurecimento. O ano em que morei só, em que terminei a Pós, em que fiz novos amigos e em que aprofundei a amizade com as amiga, o ano em briguei, fiz as pazes, amei loucamente, fui no hospital, vi vidros quebraram, vi pontos, fiz malas, viajei, conheci São Paulo. Esse ano foi foda, mas foi muito bom. E to morrendo de frio na barriga pro próximo. Mas sei que vai ser ainda melhor!

23 de dezembro de 2011

Filho

Tinha muito tempo que eu não conversava com meu pai, quer dizer, mais do que um "oi, tudo bem? Como vão as coisas?". Resolvi puxar assunto com ele, como as plantas do jardim, que ele sempre cuida tão bem. E então ele me chamava pra ver uma que estava dando flor, outra que havia crescido muito, outra que estava quase morta e ele conseguiu fazê-la ficar forte. Quando percebi já estava comendo jabuticaba e pitanga, colhidas ali na hora. Eu me senti como se tivesse uns cinco anos de idade e vi como essas pequenas coisas são importantes para o meu pai. A jardinagem, a religião, as histórias de quando ele era pequeno e as viagens ao exterior. Sempre penso como vai ser difícil quando ele se for. A gente tem quase cinqüenta anos de diferença e mesmo assim nos damos bem, apesar das diferenças de ponto-de-vista. Ai, pai...

21 de dezembro de 2011

Natalino

Não está fácil evitar o mau humor nessa época de fim de ano. As pressões, as filas, os pedintes, as caixinhas dos flanelinhas, porteiros e entregadores, os presentes impessoais, a correria pra terminar tudo antes do recesso e o suposto clima de amizade e confraternização que invade todos os ambientes. A decoração brega por todos os lados também não facilita! O que me salva são as rabanadas, as desculpas pra tomar espumante sempre que possível e os vários dias de recesso. Pra mim Natal é isso: comer rabanada, beber espumante e dormir até mais tarde!

16 de dezembro de 2011

Game over

Não entendo muito esses jogos novos. Tudo cheio de efeitos especiais, roteiros elaborados, continuações, modos online. Eu fiquei parado no tempo, pois gosto mesmo da simplicidade, das histórias meio idiotas, da ingenuidade. Adoro os jogos antigos de quando eu era pequeno, de pegar moedinhas, pular em cima dos inimigos, escapar de buracos, salvar a princesa, de preencher os gráficos ruins com imaginação. E de jogar rapidinho, coisas de alguns minutos, de morrer no jogo e cansar, fazer outra coisa.

Eu já me sinto um velho ao saber que alguns dos jogos que mais curto tem mais de vinte anos.

E nunca chega o game over...

15 de dezembro de 2011

Baguncinha

Tenho aprendido a delícia que é poder deixar uma baguncinha pela casa. Eu moro só, não tenho empregada e sempre fui fanático por limpeza. Mas ultimamente resolvi curtir um pouco mais a preguiça e deixar umas canecas, copos e talheres sujos por um tempo. Antes tudo funcionava na base do sujou, lavou.

Nesse ano é a primeira vez que moro sozinho mesmo e foi quando eu me senti solitário, em que o silêncio, a calmaria e meu apartamento sempre limpo e impecável começaram a me incomodar.

E foi importante vivenciar tudo isso e perceber que eu dou conta. Que consigo viver sozinho e o apartamento não pegou fogo e eu não me joguei da janela. E nem fui encontrado duas semanas depois em avançado estado de decomposição (um dos meus maiores medos na velhice!).

Ok, ainda tenho mais alguns meses de solitude, mas vou dar conta! E cada vez com mais baguncinhas!

1 de dezembro de 2011

Existe amor em SP

São Paulo me ensinou muitas coisas. Resolvi passar duas semanas por lá, conhecer, ter uma ideia de como funciona a cidade e, claro, fazer uma visita especial. De dia eu dava uma volta pela cidade, de noite nos encontrávamos - aliás, termos de novo um cotidiano juntos foi algo que eu estava precisando.

Durante minhas andanças diurnas conheci tanta coisa. Vi várias exposições, fui a várias lojas, conheci o COPAN, o Edifício Itália, o MASP, o MAM, o MAC, a Choque Cultural, o Mercado Municipal, o Museu da Língua Portugues, a Pinacoteca. Andei várias vezes pela Avenida Paulista, pelo Trianon, pela Augusta. E assim a cidade foi deixando de ser um monstro pra se tornar cada vez mais, sei lá, aconchegante. Andar no metrô, sair, tomar um mate, tomar um chá de 500mL naquela cafeteria famosa, tudo isso foi se tornando mais familiar. E quem sabe um dia vira minha casa?

E São Paulo é realmente cheia de contrastes. Ao mesmo tempo que tem um mar de edifícios, também há muito verde pela cidade.