Adoro comer, sentir os vários gostos e texturas se misturando em minha boca, mas tem dias que seria melhor ter comido um sanduíche de ovo frito. Bem, era um belo jantar em família e de prato principal um risoto de bacalhau. Eu desde pequeno dei trabalho para comer peixe, mas de alguns anos para cá comecei a gostar de sushi e sashimi. Mas entre peixe cru e peixe seco e salgado há muita diferença.
O risoto havia sido feito com todo o cuidado e de tanto bacalhau não se via o arroz. Me serviram logo uma colher generosa e a primeira garfada quase virou uma leve gorfada. Respirei fundo, coloquei bastante azeite e queijo parmesão, mas nada aliviava o terrível, ao menos para mim, gosto de bacalhau. Servi uma boa taça de água para afogar cada pedacinho de bacalhau.
Por fim venci minha Moby Dick seca e salgada, terminando depois de todo mundo. Minha testa suava, mas um leve orgulho estampava meu rosto. Consegui!
2 de abril de 2013
1 de abril de 2013
(O que pode acontecer em um segundo)
O tempo dos relógios digitais parece tão silencioso. Gosto mais do tic e tac dos ponteiros e engrenagens. Entre um tic e um tac o tempo pode quase parar, entre uma e outra batida do coração, uma inspiração e uma expiração e ainda nem se passou um segundo. Tempo em câmera lenta, tudo quase parado, passando preguiçosamente. Um segundo. E tudo ficou diferente. Há um segundo eu já sabia isso? Mais um segundo...
Exercícios de escrita
Comprei um livro aparentemente besta com 642 sugestões de temas ("642 things to write about", San Francisco Writter's Grotto), mais ou menos como aquelas aulas de redação da escola, mas sem as professoras chatas e as malditas dissertações e fichas de correção. Não sei se vou dar conta de escrever todos esses seiscentos e quarenta e dois temas, mas vou fazer o tanto que me der vontade, sem tanta pressão. Vou tentar separar os textos escritos espontaneamente por mim daqueles sugeridos pelo livro. Quem sabe eu volto a gostar de escrever.
31 de março de 2013
Por lá
Não achei que queria ir, mas percebi o quanto me fez bem ter ido pra Brasília. Dias de descanso, de carinho, de presentes. Dias leves com chocolate, com risadas, com peixes e quibes. Cidade verde, passarinhos, chuva fina, memórias. No caminho para o avião parecia que tinha uns oito anos e meu pai me levava ao colégio. Ele dirigia tanto o carro que me levava ao aeroporto como o carro dos anos oitenta, passeando pelo Eixinho enquanto eu olhava tudo pela janela: prédios, carros, janelas, gente e cachorros. Alternava como um pisca-pisca de Natal o eu de agora com aquele eu-criança. E qual desses eus seria mais eu? De longe é mais fácil entender.
Um pouco antes de seguir para o aeroporto fui ao quintal de casa. Descalço, senti a grama, o sol, a enorme árvore. Estava ainda mais novo, uns três, quatro anos de idade. Mas já tenho quase trinta. Acordo, pego as malas e sigo para São Paulo.
Um pouco antes de seguir para o aeroporto fui ao quintal de casa. Descalço, senti a grama, o sol, a enorme árvore. Estava ainda mais novo, uns três, quatro anos de idade. Mas já tenho quase trinta. Acordo, pego as malas e sigo para São Paulo.
23 de março de 2013
E se?
Uma frase martelou minha cabeça um dia voltando pra casa depois do trabalho: e se dinheiro não fosse importante? Quer dizer, não pensei em viver em uma sociedade sem moeda, mas sim o que eu queria realmente fazer se eu não focasse apenas no salário no fim do mês. Essa pergunta sempre está ali como a tal da pulga atrás da orelha (não que eu tenha pulga!), mas pela primeira vez eu consegui estruturar algo que seria ao me os possível.
Bem, eu teria um bistrô, esquema dois pratos por dia, alguns bolos, tortas, salgados, café tirado na hora, sucos naturais, chás a granel. Aliás, chá seria uma grande coisa, já que ando viciado. Eu aprenderia a fazer misturas, a entender de chá preto, chá verde, misturaria com umas ervas brasileiras, uns mates, infusões, plantas de norte a sul, colocaria chá nos bolos e até nas receitas dos pratos. Teria opções pra quem tem restrições alimentares, aliás eu teria de pesquisar mais sobre isso. Comida gostosa, saudável sem ser chata.
E o ambiente não seria arrogante ou pretensioso. Faria com cara de antigo, mas sem ser vintage-fofinho. Antigo com cara de feito pra durar. Faria um clima meio escuro, mas aconchegante, com cara de que sempre existiu naquele lugar,.
O mais importante é que não seria pretensioso. E eu não enganaria meus clientes servindo coisas que eles poderia facilmente fazer em casa. Eu só faria comidas e bebidas que surpreendessem as pessoas de alguma forma positiva. Estou cansado de pagar caro pra comer algo que eu faria melhor na minha casa. E, claro, não cobraria um preço exorbitante.
Venderia alguns livros legais, pouca coisa. Talvez eu aprendesse a fazer chocolate caseiro, sem ser essas barras cheias de açúcar e gordura hidrogenada. E teria umas cervejas gostosas, diferentes.
A linguagem gráfica com cara de carimbo, lambe-lambe, com aquelas falhas de impressão. Com muito papel cru, daqueles usados antigamente nos embrulhos. E cordinhas de sisal. E letra cursiva ou inspirada nas revistas antigas como Cruzeiro. E seria bem brasileiro e urbano, sem ser caricato. Algo meio samba antigo, meio música de rádio velho, meio no espírito de mesmo nas crises econômicas e planos furados as pessoas sempre deram um jeito de se virar e se divertir.
Talvez nunca saia do papel, mas pela primeira vez pensei nisso de uma forma mais estruturada, sem ficar tão com cara de impossível.
Bem, eu teria um bistrô, esquema dois pratos por dia, alguns bolos, tortas, salgados, café tirado na hora, sucos naturais, chás a granel. Aliás, chá seria uma grande coisa, já que ando viciado. Eu aprenderia a fazer misturas, a entender de chá preto, chá verde, misturaria com umas ervas brasileiras, uns mates, infusões, plantas de norte a sul, colocaria chá nos bolos e até nas receitas dos pratos. Teria opções pra quem tem restrições alimentares, aliás eu teria de pesquisar mais sobre isso. Comida gostosa, saudável sem ser chata.
E o ambiente não seria arrogante ou pretensioso. Faria com cara de antigo, mas sem ser vintage-fofinho. Antigo com cara de feito pra durar. Faria um clima meio escuro, mas aconchegante, com cara de que sempre existiu naquele lugar,.
O mais importante é que não seria pretensioso. E eu não enganaria meus clientes servindo coisas que eles poderia facilmente fazer em casa. Eu só faria comidas e bebidas que surpreendessem as pessoas de alguma forma positiva. Estou cansado de pagar caro pra comer algo que eu faria melhor na minha casa. E, claro, não cobraria um preço exorbitante.
Venderia alguns livros legais, pouca coisa. Talvez eu aprendesse a fazer chocolate caseiro, sem ser essas barras cheias de açúcar e gordura hidrogenada. E teria umas cervejas gostosas, diferentes.
A linguagem gráfica com cara de carimbo, lambe-lambe, com aquelas falhas de impressão. Com muito papel cru, daqueles usados antigamente nos embrulhos. E cordinhas de sisal. E letra cursiva ou inspirada nas revistas antigas como Cruzeiro. E seria bem brasileiro e urbano, sem ser caricato. Algo meio samba antigo, meio música de rádio velho, meio no espírito de mesmo nas crises econômicas e planos furados as pessoas sempre deram um jeito de se virar e se divertir.
Talvez nunca saia do papel, mas pela primeira vez pensei nisso de uma forma mais estruturada, sem ficar tão com cara de impossível.
13 de março de 2013
Cafezin
Meus dias de semana são bem cinza, principalmente no horário de trabalho. Mas ultimamente tenho adorado sair para almoçar sozinho e depois passar em um café simpático, pedir um espresso e ficar tranquilo por alguns minutos, lendo um livro no meu celular, escrevendo algo.
Essas pausas têm me relaxado muito e acabaram virando um hábito, apesar de me isolar das pessoas do meu trabalho.
Tenho me tornado muito mais seletivo, já que sobram poucas horas do meu dia para fazer coisas que me dão prazer.
Então continuo com meu cafézinho, minhas leituras, meu recreio...
Essas pausas têm me relaxado muito e acabaram virando um hábito, apesar de me isolar das pessoas do meu trabalho.
Tenho me tornado muito mais seletivo, já que sobram poucas horas do meu dia para fazer coisas que me dão prazer.
Então continuo com meu cafézinho, minhas leituras, meu recreio...
7 de março de 2013
A doida debaixo do branco
Eu finalmente entendi como enlouquecem as noivas com essa história de casamento, como no livro e na exposição da Fernanda Young.
Bom, a gente já mora junto há uns bons anos, mas do nada começamos a pensar em casamento civil.
Tranquilo, né? Não! Comecei a ter um milhão e meio de idéias sobre quem chamar, onde fazer, os preços, fotos, roupas e me vi completamente desesperado com esse monte de pressão que eu mesmo me coloquei.
Já tinha na minha cabeça que queria apenas chamar dois amigos para serem testemunhas, ir no cartório e depois sair para almoçar e de lá ir viajar para algum lugar.
Claro que eu acho bacana responder como "casado" nos status civil desses formulário. Afinal de contas, não me sinto solteiro. E também ia adorar ter minha carteira de dependente no SESC.
E então veio a melhor frase: "a gente não tem nem sofá, imagina pensar em casamento". Eu sei que sofá não tem nada a ver com casamento e por isso mesmo a frase fez tanto efeito e me fez repensar no porquê daquela loucura toda.
Eu amo o que a gente tem junto. E do jeito que é. Depois se formos nos casar que seja algo natural e sem pressão.
Ufa!
Bom, a gente já mora junto há uns bons anos, mas do nada começamos a pensar em casamento civil.
Tranquilo, né? Não! Comecei a ter um milhão e meio de idéias sobre quem chamar, onde fazer, os preços, fotos, roupas e me vi completamente desesperado com esse monte de pressão que eu mesmo me coloquei.
Já tinha na minha cabeça que queria apenas chamar dois amigos para serem testemunhas, ir no cartório e depois sair para almoçar e de lá ir viajar para algum lugar.
Claro que eu acho bacana responder como "casado" nos status civil desses formulário. Afinal de contas, não me sinto solteiro. E também ia adorar ter minha carteira de dependente no SESC.
E então veio a melhor frase: "a gente não tem nem sofá, imagina pensar em casamento". Eu sei que sofá não tem nada a ver com casamento e por isso mesmo a frase fez tanto efeito e me fez repensar no porquê daquela loucura toda.
Eu amo o que a gente tem junto. E do jeito que é. Depois se formos nos casar que seja algo natural e sem pressão.
Ufa!
5 de março de 2013
Adultecer
Eu nunca me vi como um adulto, mas também não acho que eu seja adolescente. Talvez existam mais gradações entre essas duas categorias.
Bem, pago minhas contas, trabalho, moro a mais de mil quilômetros dos meus pais, divido um apartamento alugado com meu namorado. Mas isso não faz de mim um adulto. Aliás, para mim um adulto é alguém chato, sério e ocupado. Alguém que só fala de política, das cotações da bolsa, de concursos, de crimes e de futebol, do financiamento do apartamento, de trocar de carro e dos restaurantes e vinhos chics.
Eu tenho quase trinta anos e não me considero adulto. Eu sou outra coisa. Acho que não existe um marco no qual a partir daquele momento você não é mais isso, mas sim aquilo. Eu vejo meu amadurecimento, percebo como tenho atitudes diferentes das que eu tinha antes, mas mesmo assim não me sinto um adulto.
Mas ainda gosto de assistir besteiras na tv e na internet, ainda tenho ressacas, ainda saio para dançar, ainda uso tênis e camiseta, ainda escuto Smiths.
E talvez isso seja algo bom!
Bem, pago minhas contas, trabalho, moro a mais de mil quilômetros dos meus pais, divido um apartamento alugado com meu namorado. Mas isso não faz de mim um adulto. Aliás, para mim um adulto é alguém chato, sério e ocupado. Alguém que só fala de política, das cotações da bolsa, de concursos, de crimes e de futebol, do financiamento do apartamento, de trocar de carro e dos restaurantes e vinhos chics.
Eu tenho quase trinta anos e não me considero adulto. Eu sou outra coisa. Acho que não existe um marco no qual a partir daquele momento você não é mais isso, mas sim aquilo. Eu vejo meu amadurecimento, percebo como tenho atitudes diferentes das que eu tinha antes, mas mesmo assim não me sinto um adulto.
Mas ainda gosto de assistir besteiras na tv e na internet, ainda tenho ressacas, ainda saio para dançar, ainda uso tênis e camiseta, ainda escuto Smiths.
E talvez isso seja algo bom!
1 de março de 2013
Fashionismos
Eu sempre fui uma pessoa que não ligava muito pro jeito que me vestia. Pegava ali a primeira calça jeans, a primeira camiseta e aquele tênis velho. Até o cabelo era eu que (mal) cortava. Ou seja, uma desgraça.
Mas a idade vai chegando, alguns quilos de gordura vão saindo e de repente me vi alucinado em lojas de roupa. Quase uma versão individual desses programas de televisão que transforma o visual das pessoas. Arrumei umas roupas mais bacanas, cortei o cabelo num salão estiloso, comprei uns tênis e sapatos mais diferentes.
Não que tenha mudado muita coisa, mas eu prefiro o jeito que estou hoje. Sem essa de nostalgia com o passado. Gosto muito mais de mim na versão 2013 com quase trinta anos do que eu lá com vinte e poucos.
E o pior que descobri que gosto de coisas diferentes e que não necessariamente estão na moda, meio misturando coisas antigas e novas.
O lado bom de se trabalhar de terno e gravata é que não preciso esquentar com o que vestir durante a semana, mas daí chega o fim de semana e sinto essa vontade louca de vestir coisas diferentes.
Mas a idade vai chegando, alguns quilos de gordura vão saindo e de repente me vi alucinado em lojas de roupa. Quase uma versão individual desses programas de televisão que transforma o visual das pessoas. Arrumei umas roupas mais bacanas, cortei o cabelo num salão estiloso, comprei uns tênis e sapatos mais diferentes.
Não que tenha mudado muita coisa, mas eu prefiro o jeito que estou hoje. Sem essa de nostalgia com o passado. Gosto muito mais de mim na versão 2013 com quase trinta anos do que eu lá com vinte e poucos.
E o pior que descobri que gosto de coisas diferentes e que não necessariamente estão na moda, meio misturando coisas antigas e novas.
O lado bom de se trabalhar de terno e gravata é que não preciso esquentar com o que vestir durante a semana, mas daí chega o fim de semana e sinto essa vontade louca de vestir coisas diferentes.
26 de fevereiro de 2013
Not getting any younger (e isso é bom!)
O mais engraçado é perceber que uma parte de você sempre sabe. Eu nunca achei que ia me dar bem como advogado, mas aqui estou trabalhando de terno e gravata todos os dias nesse calor. E ralando para defender gente que eu nem conheço. Eu já sabia de tudo isso, mas, bem, sempre fica aquela voz meio idiota que te faz acreditar no "e se...?".
Eu adoro aquela expressão americana "I'm not getting any younger". Não, não estou. Ela expressa exatamente essa sensação de pressa e ansiedade que tenho sentido. Na verdade os trinta já estou ali me dando um "oi". E eu não estou ficando mais jovem. E isso é bom!
E então hora de dar mais uma mexida na vida, né? Aproveitar que estou aqui nessa cidade maluca e que tenho de aproveitar para fazer mais coisas malucas.
Vamos lá, 2013. Seja legal comigo. Ou ao menos continue sendo interessante. Nada de me passar uma rasteira. Ou me passe uma rasteirona que me deixe sem chão, me mude de órbita e me faça deixar de ser tão medroso.
Parece que voltei a me sentir eu mesmo depois de tanto tempo.
Eu adoro aquela expressão americana "I'm not getting any younger". Não, não estou. Ela expressa exatamente essa sensação de pressa e ansiedade que tenho sentido. Na verdade os trinta já estou ali me dando um "oi". E eu não estou ficando mais jovem. E isso é bom!
E então hora de dar mais uma mexida na vida, né? Aproveitar que estou aqui nessa cidade maluca e que tenho de aproveitar para fazer mais coisas malucas.
Vamos lá, 2013. Seja legal comigo. Ou ao menos continue sendo interessante. Nada de me passar uma rasteira. Ou me passe uma rasteirona que me deixe sem chão, me mude de órbita e me faça deixar de ser tão medroso.
Parece que voltei a me sentir eu mesmo depois de tanto tempo.
14 de fevereiro de 2013
Carnavalia
Eu nunca fui muito de curtir o carnaval. Para mim era como um fim de semana bem grande em que eu não fazia nada de especial além de dormir até mais tarde, ir ao cinema e curtir alguma festa nada carnavalesca.
Mas de alguns anos para cá tenho curtido cada vez mais o pré, o pós e o carnaval em si. Blocos de rua, marchinhas, fantasias, músicas bregas, cerveja, whisky e gim tônica. Só depois de quase trinta anos fui realmente entender que o carnaval é uma época para extravasar, pra sair do eixo, curtir sem pensar muito.
Demorei para entender isso e agora só penso em curtir esse tal de carnaval, mas que nada! Foram carnavais maravilhosos!
O difícil mesmo é voltar pra realidade depois de tantos dias de folia.
Mas de alguns anos para cá tenho curtido cada vez mais o pré, o pós e o carnaval em si. Blocos de rua, marchinhas, fantasias, músicas bregas, cerveja, whisky e gim tônica. Só depois de quase trinta anos fui realmente entender que o carnaval é uma época para extravasar, pra sair do eixo, curtir sem pensar muito.
Demorei para entender isso e agora só penso em curtir esse tal de carnaval, mas que nada! Foram carnavais maravilhosos!
O difícil mesmo é voltar pra realidade depois de tantos dias de folia.
11 de fevereiro de 2013
Familae
Tirei o dia para ficar com meus pais e foi a melhor coisa que poderia fazer. Almoço no restaurante natureba que minha mãe adora, sobremesa na sorveteria de frutos do cerrado, café e conversas sobre a vida, sobre o passado, sobre os bailes de carnaval antigos, as matinês que eles me levavam e eu não tenho a menor lembrança. E andar de carro na cidade semideserta, quase ninguém na rua.
Dormi assim que cheguei em casa. De repente parecia que eu tinha de novo uns doze anos. Não sonho, pois quase nunca sonho. Acordo com um cafuné da minha mãe me chamando para ir almoçar na casa da minha irmã. A vida é boa e simples aqui em Brasília.
E meus pais são mesmo meus maiores tesouros!
Dormi assim que cheguei em casa. De repente parecia que eu tinha de novo uns doze anos. Não sonho, pois quase nunca sonho. Acordo com um cafuné da minha mãe me chamando para ir almoçar na casa da minha irmã. A vida é boa e simples aqui em Brasília.
E meus pais são mesmo meus maiores tesouros!
9 de fevereiro de 2013
Nem lá nem aqui
Chegar em Brasília é uma mistura de várias sensações e sentimentos. São lembranças de quase trinta anos vivendo aqui, memórias da família, amigos, festas, trabalhos, estudos, mas também é uma sensação estranha de não mais caber aqui. Não que eu ame morar em São Paulo, mas já não me sinto parte de nenhum lugar, nem lá nem aqui.
Chegar em Brasília, especialmente depois de quase seis fora é ter exata noção da passagem do tempo. É ver como meus pais envelheceram nesses meses, como eu envelheci. Como o tempo passa mais rápido do que se pode acompanhar.
Chegar em Brasília é perceber como eu mudei. Ver minhas coisas antigas e não ter vontade de trazê-las de volta para minha vida.
Tão bom estar de volta.
Chegar em Brasília, especialmente depois de quase seis fora é ter exata noção da passagem do tempo. É ver como meus pais envelheceram nesses meses, como eu envelheci. Como o tempo passa mais rápido do que se pode acompanhar.
Chegar em Brasília é perceber como eu mudei. Ver minhas coisas antigas e não ter vontade de trazê-las de volta para minha vida.
Tão bom estar de volta.
8 de fevereiro de 2013
Disfarce
Eu me lembrei de um filme antigo da Geena Davis (Despertar de um Pesadelo, 1996) em que ela interpreta uma dona de casa que descobre ter uma habilidade com facas e então se lembra que na verdade ela é uma espiã internacional que se disfarçou de dona de casa para uma missão, mas acabou perdendo a memória e se achou que o disfarce era sua vida real. Não que eu seja uma dona de casa ou uma espiã, mas e quando sua vida profissional parece um disfarce? E se eu tiver me disfarçado de advogado, mas na verdade eu sou, sei lá, um fotógrafo? Preciso logo descobrir se isso tudo é ou não um disfarce! Será que eu tenho que cortar cenouras muito rápido? E depois cortar meu cabelo no banheiro e descolorir e ser perseguido pela máfia? Na verdade acho que é ainda mais complicado que isso!
7 de fevereiro de 2013
Se vira nos trinta
Vou fazer trinta anos daqui a alguns meses. Tento levar numa boa o fato de estar caminhando para a zona dos tios, dos cabelos brancos, da falta de cabelo. Mas eu não me sinto velho e na verdade me acho melhor hoje. Aprendi a me vestir melhor, a me cuidar, aliás, meu corpo está melhor hoje do que nos meus vinte e poucos anos.
Mas a idade vem chegando e ao invés de me acomodar fico cada vez com mais questionamentos. Eu juro que achei que com trinta eu estaria em um emprego legal, não me preocuparia tanto com grana e, bem, acho que não pensei mais em nada.
Mas não, aos trinta eu ainda não me encontrei profissionalmente e ainda faço malabarismos para pagar todas as contas do mês.
Claro, me orgulho de ter mudado de cidade, de ramo, de emprego, mas preciso mudar mais coisas ainda, talvez mesmo antes de chegar nos trinta. E depois também.
Fico sempre pensando se o cara que eu fui lá com meus dez, quinze anos pudesse olhar pra mim hoje odar um murro? Ia ficar tranquilo que apesar de tudo as coisas deram certo? Não sei se seríamos melhores amigos, mas acho que a gente ia se divertir. Fico feliz com as decisões que eu tomei na vida.
Mas a idade vem chegando e ao invés de me acomodar fico cada vez com mais questionamentos. Eu juro que achei que com trinta eu estaria em um emprego legal, não me preocuparia tanto com grana e, bem, acho que não pensei mais em nada.
Mas não, aos trinta eu ainda não me encontrei profissionalmente e ainda faço malabarismos para pagar todas as contas do mês.
Claro, me orgulho de ter mudado de cidade, de ramo, de emprego, mas preciso mudar mais coisas ainda, talvez mesmo antes de chegar nos trinta. E depois também.
Fico sempre pensando se o cara que eu fui lá com meus dez, quinze anos pudesse olhar pra mim hoje odar um murro? Ia ficar tranquilo que apesar de tudo as coisas deram certo? Não sei se seríamos melhores amigos, mas acho que a gente ia se divertir. Fico feliz com as decisões que eu tomei na vida.
1 de fevereiro de 2013
Tentativa e erro
Todo mundo tem um talento. Ou ao menos um talento, certo? Ainda não sei exatamente qual é o meu. Aliás, não tenho a menor ideia. E por não saber isso me sinto completamente inadequado em minha vida profissional. Não sei no que sou bom, mas sei que sou péssimo no que faço. Advogado, jura? De onde tirei isso? E o duro que não tenho um plano B. Sinto falta de mais arte e criatividade na minha vida, mas será que tenho talento pra isso. Gostar de ir a exposições de fotografia, pintura, escultura e grafitti não me qualifica para ser artista. E gostar de ler e escrever não me faz um escritor. E ir ao cinema e ao teatro não me torna um ator. E sinto que tenho me boicotado. Sério, um autoboicote. Tenho cometido uma série de pequenos erros em coisas simples no trabalho. Eu quero encontrar o MEU trabalho, quero saber para que tipo de trabalho eu sou bom. Enquanto isso vou fazendo minhas coisas e espero que um dia eu consiga ver qual é o meu trabalho. De repente o importante é não ficar parado. Meio tentativa e erro.
23 de janeiro de 2013
Ciclos
Reencarnação não é só em outras vidas. Na própria vida a gente morre e reencarna várias vezes. Muda tudo e na verdade tudo fica igual. Morre mais algumas vezes, reencarna um pouco diferente, mas ainda assim sendo você. E então aprende que não adianta mudar, fugir, fingir. E quando você começa a se conhecer, então morre de verdade, reencarna e tenta recomeçar até finalmente botar nessa cabeça dura que é preciso fazer aquilo mesmo que se tinha de fazer. E então não precisa mais voltar. Afinal de contas morrer, reencarnar e renascer dói pra caralho e dá muito trabalho, mesmo que seja na mesma vida.
21 de janeiro de 2013
E se dinheiro não fosse uma questão?
Esses dias vi um discurso do Allan Watts sobre a possibilidade do dinheiro não ser uma questão na hora de escolher uma profissão e fiquei com aquelas palavras ecoando na minha cabeça por dias.
Mas como assim? Desde a escola nós somos bombardeados para pensar primeiro na parte prática, isto é, ganhar dinheiro, ter uma casa, um carro, ter um emprego respeitável e, claro, deixamos nossos talentos para as horas vagas. Afinal de contas, sem dinheiro não fazemos nada.
Mas e se fosse possível primeiro pensar no que gostamos de fazer para depois focarmos em uma profissão? Eu, por exemplo, gosto de tirar fotos, de cozinhar, de escutar música, de ir a exposições de arte e de ler. Mas acabei me tornando advogado da área ambiental.
Claro que sempre me questiono se estou na profissão certa. Será que tenho aptidão para outras coisas? E se eu trabalhar em algo mais artístico e criativo? E se minha carteirinha de advogado virar apenas uma linha de descrição numa orelha de livro, num pôster de exposição ou no cardápio de um bistrô?
No meio de auditorias ambientais, andamentos processuais e defesas administrativas fica ali um pulguinha atrás da minha orelha.
Para ver o discurso de Allan Watts, acesse: http://goo.gl/qr9AJ
Mas como assim? Desde a escola nós somos bombardeados para pensar primeiro na parte prática, isto é, ganhar dinheiro, ter uma casa, um carro, ter um emprego respeitável e, claro, deixamos nossos talentos para as horas vagas. Afinal de contas, sem dinheiro não fazemos nada.
Mas e se fosse possível primeiro pensar no que gostamos de fazer para depois focarmos em uma profissão? Eu, por exemplo, gosto de tirar fotos, de cozinhar, de escutar música, de ir a exposições de arte e de ler. Mas acabei me tornando advogado da área ambiental.
Claro que sempre me questiono se estou na profissão certa. Será que tenho aptidão para outras coisas? E se eu trabalhar em algo mais artístico e criativo? E se minha carteirinha de advogado virar apenas uma linha de descrição numa orelha de livro, num pôster de exposição ou no cardápio de um bistrô?
No meio de auditorias ambientais, andamentos processuais e defesas administrativas fica ali um pulguinha atrás da minha orelha.
Para ver o discurso de Allan Watts, acesse: http://goo.gl/qr9AJ
14 de janeiro de 2013
Sabe, as coisas vão bem...
Esses dias ao sair do trabalho, depois de caminhar um pouco, pegar o metrô e descer na Avenida Paulista ouvindo minhas músicas antigas no fone de ouvido, percebi como gosto daqui.
Gosto de não ter carro, de andar de ônibus, taxi e metrô. Gosto de ir ao cinema a pé, de ir na feira e na padaria charmosa onde o pessoal já conhece a gente. Gosto de ir pra alguns bares lá perto de casa. Da preguiça que dá no fim de semana. Gosto de me sentir adolescente e ir ver vários shows em um festival de música, gosto de comprar umas roupas diferentes por um preço bacana. Gosto de morar no centro meio decadente, meio charmoso. Gosto de acordar cedo e ir pra academia descuidada e também meio decadente (pra combinar com o Baixo Augusta!). Gosto do tanto de gays, rockeiros, malucos, modernos e descolados que transitam pelo meu caminho de volta ao trabalho. Gosto de poder comprar um café caro (mas gostoso!) naquela cafeteria americana. E to curtindo meu trabalho também, apesar de sentir que comecei meio tarde nessa vida de advogado. Mas enfim, vale a experiência.
Gosto de morar nessa cidade maluca. E gosto do que eu to me tornando.
Gosto de não ter carro, de andar de ônibus, taxi e metrô. Gosto de ir ao cinema a pé, de ir na feira e na padaria charmosa onde o pessoal já conhece a gente. Gosto de ir pra alguns bares lá perto de casa. Da preguiça que dá no fim de semana. Gosto de me sentir adolescente e ir ver vários shows em um festival de música, gosto de comprar umas roupas diferentes por um preço bacana. Gosto de morar no centro meio decadente, meio charmoso. Gosto de acordar cedo e ir pra academia descuidada e também meio decadente (pra combinar com o Baixo Augusta!). Gosto do tanto de gays, rockeiros, malucos, modernos e descolados que transitam pelo meu caminho de volta ao trabalho. Gosto de poder comprar um café caro (mas gostoso!) naquela cafeteria americana. E to curtindo meu trabalho também, apesar de sentir que comecei meio tarde nessa vida de advogado. Mas enfim, vale a experiência.
Gosto de morar nessa cidade maluca. E gosto do que eu to me tornando.
7 de janeiro de 2013
Constipação mental
Não sei se é a maturidade, a endorfina dos exercícios físicos ou eu simplesmente tenho deixado de ser mané, mas a vida tem ficado mais simples.
Cansei de perder oportunidades. Reflito muito, calculo cada passo e isso tudo fode a espontaneidade. E, claro, tudo fica chato, eu fico mal humorado e deixo de curtir um monte de coisa.
Chega de arrastar pedras, correntes e esqueletos por aí, quero levar uma vida mais leve, mais tranqüila, sem tanta ansiedade, tanto planejamento. Ao invés disso, linhas gerais.
Depois de meses de constipação mental, acho que agora comecei a relaxar.
E coisas simples alegram minha ida ultimamente, como a cama que chegou no sábado. Depois de oito meses dormindo em um colchão no chão, uma cama simples de madeira mudou minha vida.
Bem, e chega de preguiça e gordices. Quem diria que agora acordo às seis da manhã pra ir na academia.
Em 2012 minha única preocupação era sobreviver em São Paulo. Agora to afim de curtir mais, de viver mais. Chega de apenas sobreviver.
Cansei de perder oportunidades. Reflito muito, calculo cada passo e isso tudo fode a espontaneidade. E, claro, tudo fica chato, eu fico mal humorado e deixo de curtir um monte de coisa.
Chega de arrastar pedras, correntes e esqueletos por aí, quero levar uma vida mais leve, mais tranqüila, sem tanta ansiedade, tanto planejamento. Ao invés disso, linhas gerais.
Depois de meses de constipação mental, acho que agora comecei a relaxar.
E coisas simples alegram minha ida ultimamente, como a cama que chegou no sábado. Depois de oito meses dormindo em um colchão no chão, uma cama simples de madeira mudou minha vida.
Bem, e chega de preguiça e gordices. Quem diria que agora acordo às seis da manhã pra ir na academia.
Em 2012 minha única preocupação era sobreviver em São Paulo. Agora to afim de curtir mais, de viver mais. Chega de apenas sobreviver.
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