29 de julho de 2013

Inverno da alma

O inverno não é minha estação favorita, ainda mais nos dias em que o sol não aparece. Colocar várias camadas de roupa, comer coisas gordas e sentir aquele vento frio cortando o rosto não é das sensações mais gostosas.

E o frio desse ano chegou ainda mais intenso para mim. Talvez eu precise mesmo ficar mais reflexivo para entender tudo o que vem acontecendo e o que precisa acontecer. Tenho chegado no meu limite de cansaço e desânimo com o rumo que minha vida tomou, mas quando em penso no que preciso mudar parece haver uma névoa no caminho que quero seguir, impedindo minha visão.

Hoje o sol já aparece um pouco e, apesar de fraco, deu uma esquentada nesse monte de camadas de roupa. Preciso mesmo derreter esse monte de coisas desnecessárias na minha vida.

25 de julho de 2013

Retomada

A vida está em um desses picos de tédio em que o trabalho ocupa a maior parte do dia e me sobram ali três horinhas de noite para descansar e ser feliz antes de desmaiar na cama de cansaço.

Mas chega de reclamar e de me sentir a pessoa com o emprego mais sem graça e sem possibilidade de mudar tão cedo.

Então decidi escrever, tirar fotos e ler. Voltar à minha rotina de criar pequenas coisas, mesmo que apenas para mim. Quero de novo me sentir vivendo e não apenas levando essa vida de gado.

Quero entender o que está acontecendo comigo nesses quase trinta anos. Desânimo eterno alternado por alguns poucos momentos de diversão? Chega.

23 de julho de 2013

Mãos

Eu ainda não sei exatamente o que eu quero fazer. Eu percebi que nunca gostei realmente de nenhum emprego que tive e nem tenho idéia do que eu sou bom. Não sei se realmente existe algo como um talento inato para fazer algo e, claro, se eu posso ganhar dinheiro com isso. Afinal de contas é preciso pagar o aluguel e comer. 

Seria ótimo fazer algo artesanal e com um valo interessante. Algo que poucas pessoas quisessem ou soubessem fazer. Bem, eu ainda não encontrei. Gosto de cozinhar, tirar fotos, editar, recortar, colar, escrever, criar. Mas não cozinho bem, não tiro fotos bem e não escrevo exatamente bem.

Gosto de arte. Gosto de música. Gosto de meio ambiente. Gosto de livros. Gosto de tecnologia. 

Não consigo montar um frankstein com tudo isso. Mas posso achar algo que eu consiga fazer bem.

Plantar verduras e frutas? Criar abelhas? Produzir blends de chá? Chocolate artesanal? 

Pesquiso bem, não sei falar em público, escrevo direito, aparento ter menos idade, não passo muita segurança, sou tranquilo, cumpro prazo, sei trabalhar em equipe, não imponho minhas idéias, não desisto, me relaciono bem com as pessoas, sou criativo, sou inseguro, me desmotivo com facilidade, não tenho muita autoestima, me comparo aos outros. 

Ok, respira. E continua a pesquisa que vai chegar uma idéia. Ou um começo.

Respira.


1 de julho de 2013

Pra você ver

Eu nunca havia trabalhado tanto, algo como pelo menos umas nove horas por dia. E ganhando bem menos do que no antigo emprego. Mas dai pensei, um ano de firma, quase trinta anos na cara, capaz de me promoverem. Que nada! Aumentaram ali o salário em uns trocados e lá fui eu ver que na vida nada é certo. Comecei a pensar em voltar pra Brasília, em simplesmente não voltar mais para o escritório. Mexi no currículo, atualizei, rescrevi, mas não mandei para nenhuma empresa. Não sei para onde mandar, não sei o que quero realmente fazer. Pensei em faltar hoje, quase como matar aula na época do colégio. Eu ainda não sei o que fazer, tenho uma viagem, tenho contas e o tempo passando. Não sei o que fazer. Mas sei que estou obrigado a mudar.

26 de junho de 2013

Hã!?!

Esse monte de protestos pelo país, bombas de gás, balas de borracha, cartazes. Os trinta anos batendo ali na porta. E eu aqui com essa sensação de que minha vida nunca vai começar. Sempre essa promessa de vida, esse "agora vai". Mas quando?! Ou mesmo, o quê?! Vamos lá. 

24 de junho de 2013

Dias estranhos

Dias estranhos com um cansaço que eu nunca havia sentido. Dias que voaram sem que quase eu percebesse. Dias de comidas ruins, de preguiça e de desânimo. Larguei muitas coisas que eu fazia e me afastei de mim. Mas isso tudo me fez encontrar uma força, quer dizer, um comecinho de força. Ainda tenho de encontrar mais força e encontrar esse caminho. Parece que está começando. Melhor do que ficar parado...

6 de maio de 2013

(Descreva-se na terceira pessoa - sua aparência física e personalidade - como se fosse um personagem em um livro

Ele tem cabelos pretos já com alguns fios brancos que ele ainda não sabe se lhe dão um charme ou se apenas o envelhecem. Os olhos são um pouco grandes, negros e desiguais, com pestanas grandes e sobrancelhas grossas. Ele acha que seus olhos lhe dão um ar meio bobo, meio bonzinho demais. Algumas marcas de expressão, algumas manchas, algumas cicatrizes indicam a passagem do tempo. A pele é meio bege e com muitos pêlos negros, quase uma lembrança do paleolítico. Uma altura legal, nem muito alto, nem muito baixo. Maior que muita gente, mas não muito alto pra sobressair na multidão. Calmo, sossegado e zen por fora. Nervoso, desesperado, ansioso por dentro. Mas sonhador, idealista e criativo de vez em quando. A voz não passa muita segurança, mas tem aprendido com a vida a não gaguejar tanto, a não ter tanto medo de tudo. Um jeito exterior de coadjuvante, mas um potencial interior para ser protagonista, só que ele ainda não sabe...

2 de maio de 2013

(Escolha um objeto para ser entregue a seu tataraneto. Escreva uma carta a essa criança para explicar porque escolheu esse objeto)

Eu não tenho muitas coisas de valor e provavelmente eu não terei filhos, netos ou tataranetos. Mas caso tivesse, daria um escapulário antigo que meu pai me deu um dia. Apesar de eu não ser religioso, acho lindo os desenhos e as letras góticas.

Querido tataraneto,

Eu não te conheço e talvez você nunca venha a existir. Caso você exista eu não serei nada além de algumas fotografias e memórias contadas a você por outras pessoas. Mas eu já gosto de você, meio que de cara. Talvez a gente não tenha nenhuma relação genética, mas quem liga para isso. Você só vai ler essa carta muitos anos depois que a escrevi! Aliás, como estão as coisas aí no futuro? Ok, não precisa responder, essa é apenas uma pergunta retórica.

Junto a essa carta está um pequeno envelope e nele há um escapulário. Escapu-o-quê? Bem, é essa cordinha com duas imagens de santos. Uma vez me contaram que quem morresse usando um escapulário teria algum benefício sobre aquele pobre coitado que morreu sem um desses. Acredita nisso? Era quase uma previdência social. Eu não acredito nessas coisas, mas gosto do significado.

Meu pai me deu quando eu era pequeno e me explicou algumas coisas que eu já esqueci. Mas sempre guardo comigo. Acho bonito e me lembra meu pai. E, claro, minha mãe, pois ela sempre gostou de escapulários e sempre usava um, talvez pra ter o tal benefício.

Então agora esse escapulário é seu. Eu sei, você provavelmente queria outra coisa. Mas é o que temos para hoje. Aliás, eu não devia era te dar nada. Mas eu sou legal e te dou isso, já que dinheiro eu quero gastar o máximo que puder antes de morrer.

Espero que você seja legal, bisneto. E que tenha uma vida bacana. E que chegue a ter um bisneto também, mesmo que de mentira, assim como você.

Um beijo,
Seu tataravô que nasceu no final do século XX, antes dos telefones celulares populares e da internet comercial.

24 de abril de 2013

(Você engoliu seu orgulho e fez algo que não queria. Seu amigo quer saber o porquê. Vocês dois estão dirigindo em um estacionamento quase cheio procurando uma vaga para a caminhonete enorme do seu amigo)

Eu tenho dificuldade de dizer não. Posso até dizer, mas acabo mudando de idéia, principalmente se for um amigo fazendo lobby para algo que não quero. Eu não queria mesmo ter vindo aqui nessa porcaria de show de axé.
"Saco!"
"O quê?"
"Nada não..."
"Não é possível que não tenha nenhuma vaga."
"A gente devia ter vindo de taxi..."
"Há! Ali uma vaga!"
"Ah, que ótimo..."
"E bem na hora que vai começar o show..."
"Essas bostas sempre atrasam pra caralho..."
"Oi?"
"Nada não..."

Eu só queria que uma bomba explodisse, que um terremoto acabasse com tudo e um furacão varresse os escombros pra bem longe. Mas não, lógico que isso não ia acontecer...

"É sério que você tava achando que a gente ia pra esse show de merda?"
"Ué, claro, né? Você insistiu tanto."
"Hahahahahahhaah! Era só pra saber até onde você iria"
"Puta que pariu!"
"Partiu cerveja e pizza!"
"Fechou!"

21 de abril de 2013

(Conte a um desconhecido uma tradição de sua família)

Por morar longe dos meus pais e irmãos, de vez em quando sinto um saudosismo de pequenas memórias de infância e que marcaram minha vida. Outro dia estava sentado em café depois do almoço, tentando me distrair um pouco dos relatórios de auditoria e processos judiciais antes de voltar pra labuta e uma senhora começou a falar com a moça do caixa sobre sua família, de como sente falta de sua filha que foi morar no sul e abriu também um café e que sentia muita falta dela e contou algumas coisas que sempre faziam juntas.

Eu continuei calado em minha pequena mesa e com minha xícara de espresso já quase no final. Pensei na minha família na mesma hora. Lembrei dos costumes que carrego comigo, mas que parecem tão singelos. Minhas palavras nordestinas, apesar de nunca ter morado no nordeste, minhas leituras diárias, mesmo que apenas de algumas páginas, minha fixação em tomar sempre muita água e os conselhos sobre como evitar ou curar gripes e dores de garganta com remédios caseiros. Algumas outras, apesar de terem sido muito presentes, hoje parecem um passado distante, como a religiosidade do meu pai e as idas aos mais variados especialistas médicos que minha mãe até hoje pratica.

O engraçado de termos sido um núcleo familiar distante da maioria dos parentes talvez tenha nos privado de criarmos tradições. Não consigo me lembrar de algo típico da minha família. Talvez o fato de não sermos típicos. Nunca tivemos faz-de-conta com Papai Noel ou Coelho da Páscoa e isso desde sempre foi muito tranquilo. E não tivemos grandes festas ou comemorações. A nossa casa raramente ficava cheia de convidados.

Pensando bem, essas não-tradições também continuam na minha casa. Não comemoramos nenhum feriado religioso, não trocamos presentes de Natal ou Páscoa. Gosto mais dessas tradições que não são rígidas.

Não contei essas histórias para a senhora que falava sobre sua filha. Mas foi bom ter pensado na minha família e percebido essas características.

18 de abril de 2013

(Diálogo com uh-huh, umm, urrrr, mm-mmm)

Outro dia li uma notícia estranha, não lembro bem em qual jornal ou revista. Aliás, não lembro bem com era, apenas que um casal estava namorando em um parque quando foram rendidos e, por não terem nem dinheiro e nem objetos de valor, foram amarrados de costas ao outro, amordaçados e deixados apenas de roupas de baixo. Eles conseguiram se comunicar de forma a coordenarem os movimentos para se libertarem das cordas:
"uh-huh!"
"umm?"
"urrrr!"
"mm-mmm..."

A partir desse dia, não se sabe bem a razão, o casal parou de se comunicar por palavras, usando agora o que, para nós, alheios a esse arranjo, parece apenas uma série de grunhidos primitivos.

17 de abril de 2013

(Personagem segurando objeto azul)

Sentou no banco da praça durante seu intervalo de almoço. Havia almoçado sozinho como que para escapar do barulho e da monotonia do escritório e agora estava ali na praça. Precisava de um pouco de sol, vento e tranquilidade. Segurava uma caderneta azul marinho e uma caneta. Na primeira linha da primeira página escreveu: "chega!".

15 de abril de 2013

(Roomates do passado)

Uma japonesa, um suíço, outra japonesa, um argentino, dois franceses, um coreano, outro suíço e eu, um brasileiro, dividindo uma casa simples e antiga num subúrbio australiano. A casa era de uma velha e solitária senhora que talvez quisesse fugir da solidão alugando quartos para estudantes estrangeiros. Eu tinha uns dezoito anos e era a primeira vez que eu morava fora da casa dos meus pais. E longe deles! E com roomates. Alguns mais reservados, outros amigos instantâneos. Comidas diferentes, risadas, filmes, baladas, escola. Mas hoje não me imagino dividir a casa com tanta gente. Só eu e ele na nossa própria bagunça.

E não tenho a menor idéia de onde eles estejam ou o que fazem atualmente, mais de dez anos depois. Até tenho o email de alguns, mas já não temos mais nada em comum, apenas lembranças boas de uma vida já tão distante.

13 de abril de 2013

(Algo roubado)

Trocamos nossos livros favoritos. Um Gabriel Garcia Marques por um Saramago. A idéia era lermos e depois discutirmos os dois livros favoritos de cada um. Mas perdemos o amor, o contato, cada um pra um lado. Levei embora os cem anos de solidão, deixando o ensaio sobre a cegueira para trás. Não costumo reler livros e gostei mais do realismo fantástico de Macondo do que da cegueira branca. Roubei um livro e não me arrependo. Roubei um livro favorito de alguém. Agora é meu favorito. Aliás, um dos favoritos. Não gosto de ter apenas uma opção.

Temps

Não tenho tantas responsabilidades, não tenho filhos, casa própria, emprego dos sonhos. Não tenho financiamento, não tenho carro, não tenho barriga avantajada, mas tenho quase trinta anos.

Os anos começam a pesar. Rugas, cabelos, barba e pelos brancos, entradas. Um pouco de mau humor, de preguiça, de medo de parecer ridículo. Distanciamento, silêncio, livros, música, casa.

Comprei meus primeiros cosméticos para rugas, marcas e olheiras. Inevitáveis sinais do tempo, mas gosto da vaidade de me cuidar. Relógio correndo, morte mais próxima, perda de tempo. Aliás, perder tempo? O tempo continua passando, independente do que eu escolha fazer. Mas o tempo acaba uma hora, independente do que eu faça.

Fecho os olhos caminhando na calçada de volta ao escritório. Vento no meu rosto, calor do sol. Pisco e estou numa praia, qualquer praia. Abro os olhos, calçada, carros, terno. Fecho os olhos, praia.

Deixei a barba crescer. Duas semanas. Ninguém fala nada, mas vejo que pareço mais velho. Alguns pêlos e cabelos brancos, rugas. Me sinto ainda adolescente. Me sinto imaturo, longe de estar no lugar que quero estar. Alguns amadurecem mais tarde, talvez. Será que vou ter mais tempo para ser velho? Me chamam de senhor, não sei se por causa do terno ou da barba. Tem dias que quando estamos juntos no fim de semana nos chamam de meninos.

O tempo passa tão depressa. O fim de semana ainda mais rápido. De repente isso tudo não é para nada. Mas já que estou por aqui, devo ter de fazer algo antes que tudo acabe. Penso em coisas malucas, idéias estranhas, algo para mudar tudo de novo, uma eureka para eu chegar nos quarenta e me sentir mais pleno, mas perto do que eu quero ser.

Enquanto isso passo meus cremes para tentar não parecer tão acabado quando chegar lá.



9 de abril de 2013

Um ano de caos

Quando pedi uma licença do meu trabalho antigo, devolvi as chaves do apartamento que a gente morava e comprei a passagem de avião só de ida pra São Paulo eu não tinha a menor ideia do que ia acontecer.

Ao escrever assim parece apenas uma forma poética, mas a verdade é que eu não tinha mesmo a menor ideia do que iria acontecer comigo dali a alguns dias. Eu poderia ter virado professor, vendedor de livros, freelancer, mas acabei virando advogado.

Mandei uns currículos para um tipo de trabalho que nunca tinha feito e passei meus dias caminhando pela cidade, conhecendo lugares e levando uma vida gostosa de dona-de-casa, apesar de não ter casa e estar meio que morando de favor no apartamento que meu namorado dividia com um amigo.

Pensava sempre em voltar para minha segurança. Chorei alguns dias, achei que não ia dar certo.

Bem, mais ou menos um mês de vida tranquila, apesar de uma certa autosabotagem, e depois de enviar centenas de currículos e preencher vários formulários, recebo um email de um escritório que eu nem havia enviado currículo por achar que nunca me contratariam. E me contrataram.

Nesses meses todos achamos uma casinha que ainda não tem muita coisa e criamos uma São Paulo pequenininha formada pelo caos da Rua Augusta, a liberdade da Frei Caneca e o movimento da Paulista, com as coisas boas e ruins de morar no centro.

Um ano sem carro, um ano mais magro e talvez mais saudável, apesar do pulmão provavelmente estar pior! E um ano que sofri pra caralho em trabalhos que eu não tinha nenhuma experiência, mas que dei um jeito de aprender, sem contar as longas horas do expediente. Um ano que aprendi a me virar com pouca grana, mas sem deixar de me divertir. Um ano que aprendi a me vestir de um jeito mais legal e menos monótono.

E o melhor, sem ter a menor ideia do que vai acontecer daqui a um ano. Sem ter a certeza esmagadora de um emprego público, sem ter a segurança de morar perto dos pais e amigos queridos. E convivendo com tanta coisa diferente de mim, que me tira da zona de conforto.

Onde será que vou estar daqui a um ano?

(Pedido de resgate)

"Estou com seu sonho, leve uma mala com 500$ para a praça perto da sua casa. Venha sozinho ou eu acabo com seu sonho".

Ele nem havia reparado que já tinha alguns dias que andava sem sonho. Achou que o sonho estava descansando ou pensando em novos sonhos. Somente ao ler o pedido de resgate colado em sua janela percebeu que já não sonhava há muitos dias.

Não tinha como juntar esse dinheiro. Por mais que não fosse muito, pouca grana entrava ultimamente. Pensou em desistir daquele sonho e tentar arranjar outro, mas já havia se afeiçoado com esse sonho antigo e meio desgastado, mas ainda assim um sonho ainda não realizado. Não que fosse difícil realiza-lo, mas a partir do momento que conseguisse concretizar o sonho, aquele desejo já não existiria mais. Daí porque quis manter aquele sonho.

Mas como será que alguém conseguiu seqüestrar aquele sonho? Achou que cuidava bem dele, se bem que andava meio descuidado, ocupado demais para pensar em sonhos.

E então acordou.

7 de abril de 2013

(Você é um astronauta, descreva seu dia perfeito)

Os dias andam meio iguais por aqui, sempre essas mesmas estrelas, essa órbita monótona ao redor de algum planeta e esses computadores monitorando e fazendo de tudo. Meus dias favoritos são aqueles em que levanto da minha cápsula, tomo minhas proteínas e carboidratos desidratados, faço meu xixi numa garrafinha especial, afinal de contas essa falta de gravidade é um saco, e em seguida fico olhando de perto alguma estrela, alguma bola de gases grande e luminosa, lembrando das manhãs na Terra. Olho por horas, como que hipnotizado, sentindo o calor, os raios ultravioleta, a luminosidade que me cegaria se não fossem todos esses filtros e proteções na janela. Gosto do silêncio daqui, desse marasmo de ser levado por alguma órbita, até achar uma outra órbita para me levar. Os dias andam tranqüilos, sem surpresas, cheios de introspecção. Penso sempre na Terra, mas tenho receio de não mais me adaptar a toda aquela gravidade

6 de abril de 2013

(Uma atualização de rede social em 2017)

Nem acredito que a gente completou dez anos de namoro! Como passa rápido! Bem, as coisa estão boas apesar da água custar mais que uma garrafa de champanhe. Alias, já tem carta de água nos restaurantes para podermos escolher algumas safras e coletas diferentes. Mas tudo bem, a coca cola custa só alguns centavos.

5 de abril de 2013

(Uma planta está morrendo)

Não tenho muito dom com plantas. Rego, coloco no sol e até converso, mas na maioria das vezes eu acabo com um vaso de folhas secas. Nada de dedos verdes. Gosto mesmo é de comprar flores cortadas na feira livre, afinal elas já estão mortas e apesar de lindas e cheirosas, dali a alguns estarão secas e no lixo.