5 de novembro de 2013

Australianas

O vôo para chegar até aqui, como era de se esperar, foi bem complicado. Muita gente, pouco espaço, longas horas. Mas chegar em Sydney vale a pena todo o esforço. Tranquilidade, conforto, pessoas diferentes, comida gostosa.

É legal ver a vida que meu irmão escolheu. Ele sai bem cedo de casa, deixa o carro na estação de trem e em 10 minutos chega no centro. Em geral às quatro da tarde já está de volta. Depois vai para academia ou uma corrida. E dieta com muita proteína e legumes, quase nenhum carboidrato e nada de leite ou derivados.

Eu larguei a dieta e os exercícios. Saio de casa cedo, levo quase uma hora pra chegar ao escritório e volto, no mínimo, às oito da noite. Mal tenho tempo de ler ou fazer algo depois do trabalho.

Ainda não sei o caminho que quero seguir ou qual vai ser meu futuro.

Morar aqui? Claro que sinto vontade. Mas não sei o que poderia fazer. E não tenho dinheiro para a mudança. De qualquer forma sempre sou atraído pelo botão "reset". Começar tudo de novo do zero. Fiz isso em 2012. Quem sabe trabalho com ciclos de dois ou três anos...

Enquanto não defino meu caminho, curto essas férias tranquilas com minha mãe. Sou de novo um adolescente. Ela paga tudo pra mim, me mima e sempre diz que é ótimo viajar comigo. A gente se dá bem. Saímos de trem, passeamos por lojas e pontos turísticos, voltamos cedo pra casa, tomamos um café ou chá, ficamos um pouco na internet (ela está apaixonada pelo novo iPad!), depois jantamos com meu irmão e minha cunhada em casa, vemos um pouco de tevê e dormimos.

Como já viemos outra vez, agora não fazemos tantas coisas turísticas. Não acho ruim, na verdade. Estava precisando descansar depois de tantos meses de muito trabalho.

Agora estou aqui em um avião para Melbourne. Dizem que é a São Paulo daqui. Sydney é o Rio de Janeiro. Acho que todo país tem uma cidade equivalente a RJ, SP e BSB.

Não sei direito o que vamos fazer por lá, mas vai ser legal. Férias até mesmo quando não acontece nada é legal.

Sydney está toda roxa com as árvores de jacarandá floridas. Me lembra um pouco Brasília com os ipês. Iran até me disse que as duas árvores são da mesma família. Gosto tanto dessas árvores quando estão floridas.

Em Melbourne está acontecendo um grande evento de corrida de cavalos. A cidade para e todo mundo de arruma de um jeito meio brega. As mulheres usam chapéus que não são chapéus (chamam-se "fascinators"). É basicamente um mini chapéu grudado na cabeça. Às vezes é um pedaço de tecido e arame. E dai vão beber, apostar em cavalos e usar roupas chiques. Vai entender. Eles devem achar estranho também a gente usar fantasias, sair na rua, encher a cara e torcer pra desfiles de carros enfeitados e mulheres nuas. E velhinhas com roupas de 40 quilos girando com bandeiras.

Sinto saudades de Brasília e de São Paulo. Incrivelmente sinto mais saudade de SP. Até mesmo meu caminho da estação até casa, passando pela Augusta até o centro. Queria que lá fosse tão segura quanto aqui. Não ter paranóia com assaltos é tão bom. E não ter tanta gente desconfiando da gente é maravilhoso. Tem máquinas de "self check in" para tudo: supermercado, tíquetes, aeroporto.

Bem, esse texto não tem tema e não segue nenhuma ordem. Vou apenas escrevendo o que me passa na cabeça. E do lado de fora da janela do avião não tem nada. Não tem casas, não tem estradas, não tem árvores. Só terra. Engraçado como não tem nada no miolo da Austrália, só nas bordinhas do país.

Será que eu vou achar meu caminho nessa viagem? De repente tenho de me perder para me achar...

28 de outubro de 2013

Mudanças e coincidências

Eu estava no avião voltando para São Paulo depois de passar alguns dias em Brasília, naquele misto de tristeza pelos rumos da minha vida e saudade de uma vida mais simples. Não sou a pessoa mais sociável dos aviões e em geral não passo do "bom dia", "com licença" e "até mais".

A pessoa da cadeira do lado parecia bem simpática e me perguntou sobre minhas tatuagens, dizendo que sempre teve vontade de fazer, mas hoje, por estar com um pouco mais de trinta anos, acha que já está velho para isso.

Conversamos mais um pouco e recebi uma proposta de emprego. Eu nunca havia combinado de jantar com uma pessoa que acabei de conhecer em um avião. Ainda mais em um contexto nada sexual.

A conversa foi ótima e já virou um almoço com outra pessoa da empresa. Não há nada certo e eu realmente não esperava por nada disso, mas pode ser que meus rumos profissionais mudem.

O engraçado é perceber que não estamos mesmo no controle da nossa vida. O tempo inteiro há coincidências que podem alterar tudo. Nada é permanente, nada é para sempre. É bom deixar um espaço para o acaso.

Ainda não sei se é o melhor caminho a seguir, mas ao menos é um caminho diferente. A vida já me levou para tantos lugares diferentes. Sinceramente, nunca achei que estaria onde estou (não que seja muito!). Mas sinto orgulho do caminho que escolhi, das opções que fiz quando apareceu alguma bifurcação. Claro, muita coisa poderia ter sido diferente, mas não adianta pensar no "e se...".

Frio na barriga. Não sei o que vai acontecer. Mas algo vai acontecer.

10 de outubro de 2013

Largar

Mas é claro que estou perdido na vida. Vi uma revista dessas semanais com a manchete de capa sobre como encontrar o trabalho da sua vida. Eu me iludo, claro. Daí comprei a bendita revista pela primeira vez na vida.
 
Vários exemplos legais e receitas de como facilitar esse processo de mudança de carreira. A moça que trabalhava com tecnologia e largou tudo para virar mecânica. A publicitária que largou tudo e foi virar professora de balé.
 
Eu adoro esse conceito de largar tudo e, inclusive, baseio minha biografia futura nessa frase. Larguei tudo e... Bem, só não sei para onde vou depois de largar tudo. Sempre penso em surpreender as pessoas no futuro contando que já fui servidor público, que já fui advogado, que já tive carteirinha da OAB, que já tive carteira de trabalho assinada. Na minha cabeça as pessoas ficariam bem supresas e responderiam com "Sério? Você? Nunca imaginei!".
 
Fiz um ensaio de "largar tudo". Ou melhor, de "largar". Deixei meu emprego público, minha cidade e vim morar em São Paulo, procurando um emprego que eu não tinha a menor experiência. Mas preciso largar de novo, depois de um ano e meio.
 
Não é bem que eu precise. Na verdade eu achei que eles me largariam, mas ainda estou por aqui. Não tenho coragem de pedir demissão e acho que não tenho aptidão para ser advogado. Mas venho todos os dias, faço alguns trabalhos, vou a eventos. Aprendo. E recebo um salário bem baixo em uma posição de recém-formado.
 
Gosto de meio ambiente. Sempre gostei, apesar de nunca ter me engajado. Aliás, eu nunca me engajei em nada. Nunca encontrei minha paixão na vida e isso tem me deixado tão insosso. Dias seguidos de outros dias e nada de emoção, nada de novidade, nada de nada. Pago as contas, leio algumas coisas, vejo um pouco de tevê, trabalho, namoro.
 
Minha grande emoção nos últimos dias foi quando chegou o sofá. Sim, um sofá, ou melhor, um sofá-cama. E um rack. Ou buffet, não me lembro. Nunca tive um sofá na minha vida. Já tive rack, mas não tão bonito como esse que compramos.
 
Eu sei que é um sentimento completamente burguês, mas acho linda nossa nova sala. Sofá, rack (ou buffet, não lembro!), mesa e quatro cadeiras. Uma sala em que pessoas podem sentar, conversar, escutar música.
 
Eu quero mais que uma sala. Quero paixão, loucura, ressaca, risadas, bebidas, música alta. Quero viver aqui de verdade, quero um emprego que eu me orgulhe do que faço, que eu possa ser mais sincero comigo mesmo.
 
Quero largar minha vida profissional e começar outra, do zero. Mas antes disso tudo, quero saber o que quero fazer. Ou então largar tudo e depois saber o que fazer? A pessoa tem trinta anos e contas para pagar e, claro, fica bundona. Cadê meus colhões? Quem é você, Vinicius? Tá na hora de (se) descobrir!

19 de setembro de 2013

Passion

Qual é a minha paixão, o que me move, o que me faz acordar todos os dias? A primeira coisa que me vem à cabeça é uma grande interrogação.

Acho que aos trinta anos já se deve saber qual é a paixão na sua própria vida e realmente é estranho não saber.

Gosto de fotografar, cozinhar, escrever, criar, mas será que é essa minha paixão?

Claro, paixão pode ser algo muito efêmero,  ideológico, meio que um sonho inalcansável. Mas pode ser também um norte.

Não me encaixo no meu atual trabalho e nem no anterior. E nem no antes desse. E não tenho ideia de qual será o próximo.

Talvez eu apenas queira um trabalho simples, com horas fixas e dinheiro no fim do mês. Um trabalho que não exija muito de mim para que eu possa me dedicar a outras atividades mais criativas e que não me trarão nenhum retorno financeiro, mas que, claro, me darão muita alegria. Um trabalho simples que me proporcione horas livres para fotografar o que eu quiser, escrever livremente, cozinhar pratos diferentes, pesquisar sobre comida, lugares, fazer cursos, ver filmes, peças, exposições, ir a shows, descobrir novos músicos e viajar. 

Não preciso de muito para viver e não tenho muitas ambições. Acho que nem todo mundo precisa ter sucesso profissional, ser reconhecido, ser um exemplo. Eu queria apenas um trabalho tranquilo com horas fixas e um salário ok, não precisa ser nada demais. Não preciso ter o carro do ano ou um super apartamento. Ou ter roupas de estilistas famosos, obras de artes caras, essas coisas grã-finas. Talvez um outro luxo de comer num restaurante mais caro, de comprar uma ou outra peça de roupa legal.

Eu quero uma vida tranquila. Não quero me comparar com os filhos dos amigos dos meus pais, com meus amigos da época do colégio ou da faculdade, nem com pessoas que tem uma década a menos do que eu e que ganham mais que o dobro do meu salário. E que já têm apartamento próprio, carro do ano, viajam para o exterior e que vivem em casas saídas de blogs de decoração.

Sempre fui devagar, sempre parei para olhar as flores, as nuvens, as coisas que não têm muito significado para as outras pessoas. Meio no mundo da lua. Sempre me interessei pelo diferente, pelo exótico, pelo esquecido, pelo desvalorizado. O ruim (ou o bom!) é que as coisas que eu gosto de fazer não dão dinheiro.

Desde pequeno quis ser alguém que meus pais tivessem orgulho. Fui criado para ser médico, juiz, promotor e quando meus pais perceberam que não teriam um filho que seguisse nessas áreas, desejaram apenas ter um filho funcionário público e com um apartamento próprio. Bem, atualmente não cumpri com nenhum desses requisitos.

Eu quero uma vida simples, um trabalho tranquilo. E admitir isso é perceber uma certa preguiça profissional. Talvez todo aquele potencial de tirar notas boas no colégio, ser aprovado numa das melhores faculdade e em um dos cursos mais difíceis não signifique exatamente a felicidade.

Não me enxergo como um sucesso profissional. Aliás, sempre me achei uma fraude, mesmo após a aprovação em tantas provas da vida (colégio, vestibular, diploma da faculdade, da pós, entrevista de emprego). Já fui elogiado pela minha inteligência, pela minha calma, pelo bom relacionamento com os demais profissionais. Mas não tenho ambição ou maturidade, tanto que mesmo com trinta anos as pessoas ainda me chamam de menino.

Talvez eu devesse procurar um trabalho tranquilo, mas que me proporcionasse algum retorno social. Atendimento jurídico para a população carente ou encarcerada, ONG ambiental, idosos, crianças orfãs, dependentes químicos. Não sei.

Ou um trabalho burocrático em um órgão público de meio ambiente ou social.

É estranho viver meio sem rumo na vida. Parece que estou esperando um sinal que nem sei bem qual é. Mas o tempo tem passado tão rápido ultimamente que sinto que talvez eu fique assim para sempre. Até ser demitido. Até aposentar. Até morrer. O cara que tinha um potencial bacana, mas que nunca soube utilizá-lo.

E tudo isso começou com a pergunta sobre qual é a minha paixão na vida. Eu, hein.

Mas ok, essa indefinição na vida já está um pé no saco. Preciso de prazos (advogado, prazos, sei...). Vou tirar umas férias forçadas daqui a alguns meses, viajar para bem longe (bem longe mesmo!) e tentar entender essa cabeça maluca.

Estou contando com você, Vinicius do Futuro. Espero que quando eu (ou você) reler(relermos) esse texto daqui a um tempo (não muito tempo, espero!), a gente esteja bem e tenha um rumo na vida. Só isso.

18 de setembro de 2013

Academia

Até agora eu não entendi como a gente conseguiu ficar tanto tempo pagando a academia e nem sequer pisar lá. Foram algo como três meses de preguiça e roupas ficando apertadas.

E depois de adiar muito, de colocar o alarme para seis da manhã, acordar e voltar a dormir até as sete e pouco, finalmente resolvemos colocar o tênis, o short e a camiseta e arriscar uma corridinha de leve na esteira.

Foi ótimo perceber que em poucos meses de academia e de dieta a gente conseguiu perder uns cinco quilos e vários centímetros.

Agora não tem muito mistério. É só seguir esses dois passos.

E engraçado que esses dois dias de treino já fizeram uma diferença na minha cabeça.

12 de setembro de 2013

Quase quase

Uma das minhas grandes angústias é dar certo na vida, mas o que seria exatamente esse dar certo? Tenho emprego, moro na cidade que escolhi e com a pessoa que amo, tenho saúde, como o que quero e me divirto às vezes. Isso é ótimo! Mas será que é suficiente? Quero mais dinheiro, quero mais tempo livre, quero um corpo mais magro... a lista é quase infinita.

É bom não estar satisfeito e querer mais, mas sinto que não valorizo o que já tenho, além de me comparar com pessoas que da minha idade ganham dez vezes mais e têm trabalhos mais interessantes.

E não sei bem para onde ir. Não sei qual caminho quero seguir, o que mudar e batalhar para chegar em qual lugar. Não sei meu talento, não sei o que realmente gosto de fazer. Mas sinto que não vai demorar muito para descobrir. A vida tem ma aprontado algumas coisas boas ultimamente. Talvez eu esteja exatamente onde eu deveria estar para começar uma mudança interessante em minha própria vida.

9 de setembro de 2013

Quase 30

Último dia na casa dos 20 anos. Olhando tudo isso dá pra perceber como já tem tempo que estou por aqui. Será que ainda fico mais 30? Acho que sim. Talvez até mais!

Foi tão gostoso passar esses dias em Brasília. Rever minha família, os amigos, rir, falar besteira e todo mundo dizendo o tanto que faço falta e como de voltar logo. Foi tão bom ficar lá esses dias. E tão difícil entrar no avião pra voltar pra cá, pra esse trabalho sem graça, pra essa cidade que ainda não sei se é minha.

Mas vamos pra frente, né? Alguma hora vou entender a razão de estar passando por todo esse perrengue.

6 de setembro de 2013

Eita

Não sei se é a chegada aos trinta, o ano já meio que acabando ou se é alguma outra coisa esotérica, mas
to querendo simplificar minha vida, mudar algumas prioridades. Ultimamente trabalho pra que gente muito rica fique ainda mais rica. Fusões, aquisições, SPA, reps & warranties... E fica aquela vontade de fazer algo mais significativo com meu trabalho. Ando refletindo sobre os próximos rumos. Ok, só um desabafo antes de voltar pra mais outra due diligence pra ajudar gente rica a ficar mais rica. Meu espirito hippie ta meio "chatiado" hoje. Afinal de contas foi ele que me ajudou a escolher trabalhar com Direito Ambiental.

2 de setembro de 2013

Quase nos trinta

É engraçado viver esses últimos dias ainda na casa dos vinte anos. Daqui a alguns dias entro com tudo nos 30. Apesar do peso de estar há três décadas por aqui, não acho ruim chegar nessa idade.

Talvez a principal mudança que quero pra essa nova fase é uma simplificação da vida. Quero um trabalho mais significativo. Não quero apenas ajudar gente muito rica a ficar ainda mais rica. Quero sim poder fazer algo que eu me orgulhe. E quero algo que o Vinicius de 1998, lá com 15 anos, se orgulhe de ver o Vinicius de 2013. No momento não é bem isso que acontece.

Quero ter mais arte na minha vida, quero um trabalho mais interessante e criativo, que me proporcione dar um retorno legal para a sociedade. Quero uma vida mais simples, mais saudável, mais tranquila.

Eu ainda olho no espelho e acho bacana o reflexo. Gosto de mim e acho que tenho melhorado com o tempo.

Passei uma fase muito complicada aqui em São Paulo, mas acredito que agora tudo está ficando melhor.

O ano acabando e eu já tenho que começar a me mexer para chegar em 2014 do jeito que quero. E já com os 30!

29 de agosto de 2013

Esses tais de 30


No início da semana tive um dos piores momentos da minha vida. Aqueles dias em que a única vontade é jogar-se em um precipício e desaparecer por sentir-me tão pequeno, incompetente e sem possibilidade de mudança. 

Mas a vida tem dessas coisas. Os dias tenebrosos são importantes, afinal de contas não dá pra viver feliz todos os dias. 

A vida não está legal. O trabalho é chato, cansativo e não é realmente minha praia. Mas não dá pra jogar tudo para o alto e desistir. Ele é chato, mas paga minhas contas e me permite morar aqui. O negócio agora é o próximo passo. Cozinha? Fotografia? Morar fora? Sim, um pouco de tudo.

Vamos lá planejar a nova fase da vida. Esses tais de 30 anos não estão sendo fáceis! Mas não é pra ser mesmo! Vamos lá agitar essa vida que nada tá perdido ainda!

22 de agosto de 2013

Criar

Uma das coisas que mais falta em minha vida atualmente é criatividade. Não crio nada. Nada de fotos, nada de textos, nada de nada. Quer dizes, depois do mixer eu até tenho feito alguns muffins, mas, bem, isso não conta. Tá, conta um pouco, mas dá pra fazer mais do que isso.

O fim de semana tá chegando e quem sabe consigo tirar umas fotos, escrever um pouco, pensar em um roteiro para um vídeo.

A vida está sem graça, mas sempre dá pra colorir um pouco.


15 de agosto de 2013

Tequilas e reflexões

Tinha tempo que eu não bebia até não lembrar do que havia feito na festinha do museu. Tequila tem dessas coisas. Ainda mais intercalada por doses de vinho, cerveja e não jantar.

Mas acordei na minha cama de pijama e banho tomado, mas com dores por todo o corpo e alguns pequenos roxos e machucados. Não lembro de nada. E durante meia hora ninguém sabe o que eu fiz, nem mesmo eu. E não lembro de ter vomitado no taxi de volta pra casa ou no chão da sala.

Sempre que subo a Rua Augusta de manhã cedo e vejo algumas pessoas com cara de balada desmaiados na calçada, lembro que poderia ser eu. Mas ufa, que bom que tenho amigos e namorado que me ajudam nas horas que a pomba-gira resolve baixar.

Mas a vida não está fácil. Aliás, está bem chata e cansativa. Muitas horas de trabalho, pouca grana, muita ralação e pouca diversão. Daí porque fui abraçar a tequila.

Mas agora quero me jogar em outras coisas. Cozinhar mais, criar mais pratos diferentes, investir em bugingangas gastronômicas (um mixer e um jogo de panelas decentes fez toda a diferença!). Quem sabe aprender a fazer blends de chá? Desenvolver receitas diferentes? Mais na frente quero muito abrir um café, um bistrôzinho com meu amor e alguns amigos. Algo simples, aconchegante, sem muitas pretensões.

No mais eu não sei mais nada da vida. Não sei se fico aqui, não sei se volto pra lá, não sei se mudo de trabalho, não sei se vou para um outro lugar.

Em menos de um mês completo as trinta primaveras. Continuo me achando com vinte e poucos, mas talvez um pouco mais tranquilo.

Ainda procrastino um pouco, ainda ando a pé, ainda gosto de usar roupas coloridas, barba, cabelo não tão curto (enquanto ainda me resta cabelo!). Mas quero resgatar outras coisas que ficaram pelo caminho. Quero tirar mais fotos, escrever mais, cozinhar, viajar, cuidar da casa, criar, desenhar, pintar, voltar pra academia, cuidar do corpo, ler mais.

Quem sabe uma vida mais tranquila!? Mas será que me acostumo?

Enquanto isso vou vivendo essa vida. Ela não é ainda como eu quero, mas também não é assim tão ruim.

31 de julho de 2013

Próximos passos

Eu sempre me perguntei como as pessoas aceitam fazer trabalhos que elas não gostam. Como elas podem vender tantas horas do dia para algo que não acreditam?

Ainda não sei a resposta. Mas me sobram poucas horas do meu dia para fazer o que realmente gosto. Aliás, nem eu sei mais o que realmente gosto de fazer.

Tenho sentido um desânimo tão grande e uma vontade de ficar apenas em casa dormindo e vendo tv. O despertador toca, toca de novo e só quando vai tocar lá pela quinta vez começo a me levantar.

Eu não quero mais esse modelo tradicional de trabalho. Preciso fazer algo que eu realmente acredite. Mas não tenho ideia do que seja. Ok, talvez eu tenha uma ideia. Algo mais simples, menos burocrático e formal, algo com mais arte, mais criatividade, mais leveza. Talvez algo com comida, com chá, café. Talvez fotos, filmes. Uma startup? Ok, meu problema é que não consigo focar no próximo passo, quero sempre mudar radicalmente sem pensar muito no depois.

De qualquer forma me dei um prazo. Tenho uma viagem em novembro e durante esse período de férias quero tentar esquematizar uma estratégia para mudar de vida.

Mas até novembro tem muito tempo ainda!

Quero logo entender o que eu quero fazer.

30 de julho de 2013

Lâmpada mágica

A gente tem exatamente o que quer da vida, mesmo que isso não seja bom para nós. Eu, por exemplo, queria ser advogado ambiental. Entrei na melhor faculdade da minha cidade, não fui o melhor aluno, mas me formei no tempo previsto, passei num concurso, fiz uma pós em meio ambiente, mudei de cidade, distribui currículo e comecei a trabalhar em um dos melhores escritórios da área, mesmo sem ter experiência. Era exatamente o que eu queria. Era esse o plano, não?

O universo tem dessas. Mais ou menos como o gênio da lâmpada mágica que nós concede três desejos. Ele concede exatamente o desejo que a pessoa pediu, assim ao pé da letra. E no final, quando a pessoa se fode completamente com o que pediu, ele simplesmente diz: "Não foi isso que você pediu?". Foi exatamente isso, mas quem disse que eu queria isso?

A vida não está fácil, mas se eu encontrasse com minha versão de 2011, esse outro Vinicius estaria completamente satisfeito. O de hoje não. Mas não é o mesmo Vinicius?

As coisas acontecem por algum motivo. Ou ao menos é o que dizem. Sim, acontecem. E acho também que nada é perda de tempo. Vivi, amadureci e percebi várias coisas nesse período. E sei (não sei como eu sei!) que isso tudo é necessário para que eu chegue num lugar bacana. Ou para que eu finalmente saiba fazer os tais pedidos para o gênio da lâmpada.

Bem, seguro a lâmpada e não consigo desejar. Então nem adianta esfregar. Enquanto isso penso nos desejos. Sei que esse último que fiz não deu muito certo. Mas o próximo, quem sabe?

29 de julho de 2013

Inverno da alma

O inverno não é minha estação favorita, ainda mais nos dias em que o sol não aparece. Colocar várias camadas de roupa, comer coisas gordas e sentir aquele vento frio cortando o rosto não é das sensações mais gostosas.

E o frio desse ano chegou ainda mais intenso para mim. Talvez eu precise mesmo ficar mais reflexivo para entender tudo o que vem acontecendo e o que precisa acontecer. Tenho chegado no meu limite de cansaço e desânimo com o rumo que minha vida tomou, mas quando em penso no que preciso mudar parece haver uma névoa no caminho que quero seguir, impedindo minha visão.

Hoje o sol já aparece um pouco e, apesar de fraco, deu uma esquentada nesse monte de camadas de roupa. Preciso mesmo derreter esse monte de coisas desnecessárias na minha vida.

25 de julho de 2013

Retomada

A vida está em um desses picos de tédio em que o trabalho ocupa a maior parte do dia e me sobram ali três horinhas de noite para descansar e ser feliz antes de desmaiar na cama de cansaço.

Mas chega de reclamar e de me sentir a pessoa com o emprego mais sem graça e sem possibilidade de mudar tão cedo.

Então decidi escrever, tirar fotos e ler. Voltar à minha rotina de criar pequenas coisas, mesmo que apenas para mim. Quero de novo me sentir vivendo e não apenas levando essa vida de gado.

Quero entender o que está acontecendo comigo nesses quase trinta anos. Desânimo eterno alternado por alguns poucos momentos de diversão? Chega.

23 de julho de 2013

Mãos

Eu ainda não sei exatamente o que eu quero fazer. Eu percebi que nunca gostei realmente de nenhum emprego que tive e nem tenho idéia do que eu sou bom. Não sei se realmente existe algo como um talento inato para fazer algo e, claro, se eu posso ganhar dinheiro com isso. Afinal de contas é preciso pagar o aluguel e comer. 

Seria ótimo fazer algo artesanal e com um valo interessante. Algo que poucas pessoas quisessem ou soubessem fazer. Bem, eu ainda não encontrei. Gosto de cozinhar, tirar fotos, editar, recortar, colar, escrever, criar. Mas não cozinho bem, não tiro fotos bem e não escrevo exatamente bem.

Gosto de arte. Gosto de música. Gosto de meio ambiente. Gosto de livros. Gosto de tecnologia. 

Não consigo montar um frankstein com tudo isso. Mas posso achar algo que eu consiga fazer bem.

Plantar verduras e frutas? Criar abelhas? Produzir blends de chá? Chocolate artesanal? 

Pesquiso bem, não sei falar em público, escrevo direito, aparento ter menos idade, não passo muita segurança, sou tranquilo, cumpro prazo, sei trabalhar em equipe, não imponho minhas idéias, não desisto, me relaciono bem com as pessoas, sou criativo, sou inseguro, me desmotivo com facilidade, não tenho muita autoestima, me comparo aos outros. 

Ok, respira. E continua a pesquisa que vai chegar uma idéia. Ou um começo.

Respira.


1 de julho de 2013

Pra você ver

Eu nunca havia trabalhado tanto, algo como pelo menos umas nove horas por dia. E ganhando bem menos do que no antigo emprego. Mas dai pensei, um ano de firma, quase trinta anos na cara, capaz de me promoverem. Que nada! Aumentaram ali o salário em uns trocados e lá fui eu ver que na vida nada é certo. Comecei a pensar em voltar pra Brasília, em simplesmente não voltar mais para o escritório. Mexi no currículo, atualizei, rescrevi, mas não mandei para nenhuma empresa. Não sei para onde mandar, não sei o que quero realmente fazer. Pensei em faltar hoje, quase como matar aula na época do colégio. Eu ainda não sei o que fazer, tenho uma viagem, tenho contas e o tempo passando. Não sei o que fazer. Mas sei que estou obrigado a mudar.

26 de junho de 2013

Hã!?!

Esse monte de protestos pelo país, bombas de gás, balas de borracha, cartazes. Os trinta anos batendo ali na porta. E eu aqui com essa sensação de que minha vida nunca vai começar. Sempre essa promessa de vida, esse "agora vai". Mas quando?! Ou mesmo, o quê?! Vamos lá. 

24 de junho de 2013

Dias estranhos

Dias estranhos com um cansaço que eu nunca havia sentido. Dias que voaram sem que quase eu percebesse. Dias de comidas ruins, de preguiça e de desânimo. Larguei muitas coisas que eu fazia e me afastei de mim. Mas isso tudo me fez encontrar uma força, quer dizer, um comecinho de força. Ainda tenho de encontrar mais força e encontrar esse caminho. Parece que está começando. Melhor do que ficar parado...