16 de dezembro de 2016

a mar é / amar é / a maré

Sempre fui alucinado pelo mar. Claro que morar a mais de mil quilômetros de distância do litoral não ajuda em nada. Eu vejo o mar e me sinto tão bem. O cheiro, o som das ondas ao quebrar na costa, os respingos de água, a espuma, a areia. Só de olhar já fico feliz. Morei seis meses numa cidade de praia e ia quase todo dia, mesmo no inverno. Aliás, eu fiquei com a pele numa cor tão maravilhosa que me perguntavam se eu era indiano. Lembro que era meu antidepressivo também, pois quando ficava triste ou sentia saudades era só ver o pôr do sol na beira da praia. 

Morar numa cidade sem praia é muito difícil, mas talvez eu não conseguisse fazer mais nada a não ser ir para o mar em todo o meu tempo livre, caso eu morasse no litoral. 

Peroá

Na praia a gente não precisa de muita coisa. Pode ser um peixinho frito assim inteiro e uma cerveja gelada. O peixe não tem muito gosto não, parece um nugget de frango, mas é uma delícia. E lá se vão algumas cervejas, alguns mergulhos no mar, mais umas cervejas e pronto. Não precisa de muito nao...

13 de dezembro de 2016

Férias na praia

Tinha tanto tempo que eu não viajava de carro, acho que desde pequeno. E entao pegamos o carro, alugamos um apartamento no Espírito Santo e um quarto em Belo Horizonte e fomos. 

Dois dias de viagem. O primeiro bem tranquilo, quase que só uma reta em uma rodovia privatizada, cheia de pontos de apoio com banheiro e bebedor. E pegadio de cinco reais. E uma noite em Belo Horizonte pra continuar a viagem ao litoral.

No segundo dia muitas curvas, serras e neblina. Mas chegar no mar foi maravilhoso! O apartamento é tipo o nosso. Não fica na beira da praia, mas é perto. E fazemos muita coisa a pé. Acordamos, tomamos café da manhã em casa (misto quente e café), caminhamos para a praia, sentamos numa barraca (a praia é tranquila, quase não tem gente nessa época) e tomamos cerveja antes das dez da manhã. E depois almocamos num restaurante de quilo, voltamos pra casa pra dormir e ficar de bobeira na tv do quarto com o ar condicionado ligado. Férias sossegadas! 

Amanhã talvez role Guarapari. Já tem dias que nem pegamos no carro. Aliás, impressionando com o Palio. Um ponto zero, já tem sete anos de uso e quase cem mil km rodados. E foi ótimo na estrada!

Quando Iran acordar talvez a gente dê mais uma volta na praia pra ver o pôr do sol. 

Férias na praia devia ser obrigatório ao mesmo um vez a cada ano. 

8 de dezembro de 2016

Então é Natal...

Esse ano maluco voou e já está na época do Natal. Aliás, esse boneco de neve sustentável é a cara do natal de 2016. O ano todo fudido e o boneco com um leve sorriso na cara...

Só penso que daqui a alguns dias a gente vai fazer uma viagem de carro até a praia! Ufa!

1 de dezembro de 2016

Presente

Eu havia me descolado, não estava mais por aqui. Mas ao mesmo tempo não sabia onde estava. Tudo virou um borrão, sem forma, sem cheiro, sem gosto.

Achei um jardim, sentei em um banco embaixo de uma árvore e coloquei o relógio para despertar em dez minutos. Fechei os olhos e prestei atenção nos barulhos ao meu redor, no vento que tocava minha pele e balançava meus cabelos, nos carros longe daqui, no aparelho de ar condicionado perto daqui, nos pássaros que voavam e cantavam e as folhas e galhos balançando com o vento. Respirei fundo, esqueci do resto do mundo. Notei minha pele, meus pêlos, minha respiração, meus ossos, meu corpo.

Eu já não pensava mais no que eu tenho que fazer. E nem no que eu fiz ou deixei de fazer. Pensei em mim. E pensei no agora. Quando ouvi uns pássaros longe daqui eu me lembrei que costumava parar e ouvir os pássaros quando chegava na escola de manhã cedo. Eu quase não ouço mais pássaros, não sei se eles diminuíram ou eu quem ficou surdo para esses sons. E deixei de ouvir tanta coisa ultimamente. Coisas que estão próximas a mim foram silenciadas por um barulho que me anestesiou. Mas se eu prestar atenção consigo ouvir tudo.

Quem sabe até eu consiga me ouvir também...

28 de novembro de 2016

Trem

Tem dias que parece que o trem ja passou e eu fiquei pra trás. Dias em que não se dá vontade de fazer nada, absolutamente nada. Até mesmo não fazer nada parece ser muita coisa.

Mas é preciso vir ao trabalho. É preciso existir. É preciso...

Mesmo com a cabeça longe. O corpo aqui e a cabeça na praia. Nem o corpo parece estar aqui, muito menos a cabeça.

Ao menos não tem reunião, não tem prazo, não tem urgência. Não tem nada. Nem eu hoje.

O trem passou e eu fiquei na estação para tomar una xícara de café com leite.

11 de novembro de 2016

Pela cidade

Fui de metrô pra um evento de trabalho no centro da cidade. Vi a torre de TV assim que saí e decidi subir para o mirante. Tinha muito tempo que não subia lá, acho que mais de dez anos. Final de tarde, dia de semana, poucos turistas. A vista é incrível. Dá pra ver até o lago lá longe. De cima parece tudo tão silencioso na maquete da cidade.

Nem lembro direito o que eu pensei lá em cima. Lembrei das excursões com os colégios, os passeios com os parentes de longe. Tudo parece tão distante agora, já não sei se vivi aquilo. Mas a vista é linda.

Entrei no elevador e parece que eu havia descido de uma nave. Que cidade estranha, não tem quase ninguém a pé. Fui até a rodoviária pela ciclovia sem bicicletas.

Desviei de alguns ônibus e cheguei no terminal. Tem um verdurão lá dentro, lotado de gente que fazia compras antes de seguir pra casa. Andei mais um pouco, lojas de eletrônicos, salões, engraxates, fotos 3x4 na hora, pedintes, pessoas que vivem na rua. Pastel. Pedi um trio (dois pastéis e um caldo de cana). Delícia! Mas mais tarde uma azia danada. Tô velho pra comer na rodoviária.

Segui pro outro evento, mas agora da faculdade. Curador da Pinacoteca no museu nacional. O diálogo do velho com o novo, a resignificação dos monumentos com o passar do tempo.

Voltei com vários colegas para a rodoviária para pegar o metrô. Parece que nesse dia voltei a ter 18 anos. Metrô, palestras, caminhadas, conversas. Cheguei em casa já mais de 10 da noite. Mais de 15 horas depois do primeiro metrô do dia.

E de novo eu tinha 33 anos.

No dia seguinte segui de carro, de volta à rotina...

10 de novembro de 2016

Neném

Logo cedo recebi a notícia de que não havia mais batimentos cardíacos naquele neném que eu nem cheguei a conhecer, mas que eu já tinha um grande amor.

Não consigo nem imaginar o tamanho da dor que minha irmã tem sentido. Mas estamos juntos! Se depois houver outra gravidez, vamos todos torcer muito.

O mundo anda tão complicado ultimamente, quem sabe até lá melhora um pouco.

31 de outubro de 2016

SP - BSB

Há dois anos a gente colocou nossas coisas num caminhão de mudança e voltou pra Brasília, depois de alguns anos em São Paulo.

Saudades das feirinhas que tinham lá perto pra gente comprar verduras, flores e tomar caldo de cana com pastel. Saudades de descer no metrô da Consolação depois de um dia de trabalho e caminhar na Augusta até chegar no comecinho da Frei Caneca. Saudades de ir a pé pra uma balada no centro. Saudades de não ter carro e conseguir chegar a todo lugar. Saudades da Benedito Calixto, do Sesc Pompéia, do Parque Buenos Aires, do Ibirapuera, das coisas da Augusta, de ir a pé ao cinema e voltar pra casa discutindo o filme, saudades de tanta coisa lá.

Mas já tem dois anos que voltamos e realmente foi uma ótima decisão. Uma vida mais simples, mais sossegada, mais perto da familia.

Tem dias que imagino como seria se tivéssemos continuado por lá. Eu ainda estaria no escritório? Eu estaria ainda mais gordo? Não tenho ideia. Mas o importante é que estou feliz aqui.

25 de outubro de 2016

Café livre

Sempre que tenho que resolver alguma coisa fora do trabalho tento também tirar ali alguns minutos para tomar um café e curtir um pouco do ar e dos barulhos da cidade, antes de voltar para a realidade dentro do escritório. Ou será que a realidade é aqui fora?

O café nem é tão gostoso assim, mas a sensação é ótima!

19 de outubro de 2016

Cansaço e salada

Depois de ver e viver tanta coisa interessante, voltar para o trabalho e para a rotina é quase como uma ressaca daquela bebida mais barata que parecia ser a sua melhor amiga na noite anterior. Aquelas ressacas em que a gente esquece que tem fígado e bebe muito além da conta.

Ainda estou no automático. Não consigo raciocinar direito e tenho muito sono o tempo todo.

Eu cheguei e já olhei o calendário. Tem feriado na semana que vem e na outra. E mais alguns por perto. Ufa!

Desci para comer uma salada e matar um pouco do tempo. Fingir que se trabalha faz o dia passar ainda mais devagar.

E tenho pouca vontade de ir pra faculdade, apesar das aulas serem interessantes. Minha vontade era de ir pra casa, comer besteira e ver séries e filmes a noite toda com meu marido.

Mas venho para o trabalho sem me atrasar e vou pra faculdade.

Hoje fui nadar na hora do almoço, também sem vontade. Duas semanas sem me exercitar me deixaram enferrujado. Senti umas dores leves no corpo e meus olhos agora ardem de sono.

Penso no final de semana, na festa que vai ter sexta. E no sábado que só quero pode descansar.

Penso na viagem de Portugal. No vinho, no bacalhau, no pastel de nata, nos passeios pelas ruas estreitas e antigas, no bondinho, nos barcos, no sotaque. Portugal nunca havia passado pela minha cabeça e agora não paro de pensar sobre esse país.

Vou terminar de comer minha salada e subir para minha sala...

18 de outubro de 2016

Volta pra realidade

A volta das férias nunca é fácil, mas dessa vez tenho sentido de forma mais forte. Talvez porque quando passa a gente esquece. Mas de qualquer forma, estou quase um zumbi aqui no escritório. Vontade zero de estar aqui, de fazer os trabalhos. Queria estar de novo em Portugal, queria estar na praia, queria, claro, estar de férias para sempre.

Tenho dormido pouco, ainda estou no fuso de lá. Acordo quatro da manhã e não consigo mais dormir. Mas foi tão boa a viagem!!!

Quero ver se consigo aplicar algumas das coisas da viagem na minha vida, tipo procurar ser mais leve, beber mais vinho, cozinhar mais...

15 de outubro de 2016

Tchau, Portugal!

Nem lembro onde tirei essa foto, mas tô com o coração apertado e quero voltar logo aqui pra Portugal pra conhecer com mais calma. Tem tanta coisa por aqui que eu nem imaginava...

14 de outubro de 2016

Portugal - último dia

Eu não imaginei que fosse gostar tanto daqui. A gente tem uma ligação, afinal rolou uma colonização portuguesa, mas ao mesmo tempo não perdemos a ligação com essa origem em comum.

No último dia de viagem teve Aveiro com as salinas, os passeios de moliceiros (barcos que parecem as balsas de Veneza e que eram usados para pegar o moliço, umas algas). Aliás, Aveiros parece mesmo com a imagem que se tem de Veneza com os canais e as balsas. E Aveiro tem ovos moles, tipo um quindim doce. Alguns vem embalados em uma massa tipo uma hóstia e com formatos relacionados ao mar.

Alcobaça tem um mosteiro em que estão os corpos de Inês de Castro e Dom Pedro I de Portugal (o Dom Pedro I do Brasil é o V de Portugal). Teve algo parecido com Romeu & Julieta, mas mais dramático e, pior, aconteceu de verdade. Inês ficou conhecida como a Rainha Morta, pois só foi coroada depois que morreu (só então entendi a expressão "agora Inês é morta", quando alguém faz algo depois que já não adianta maís). Enfim, o sogro dela mandou a assassinar. Ela e Pedro haviam se casado secretamente. Pedro descobriu quem eram os assassinos e mandou arrancar seus corações. Depois revelou seu casamento secreto e mando coroar Inês e que todos lhe beijassem a mão e a enterrou com honras de rainha. Mandou construir um túmulo para ela e outro para ele, um de frente pro outro, no Mosteiro de Alcobaça, para que no juízo final eles se reencontrassem. Drama, hein.

Amanhã saio de madrugada para o Brasil. Quero voltar com mais calma para viver mais de Portugal.

Mas já estou com muita saudade da minha casa! E do meu marido!

Foi otima a viagem, conviver com minha mãe, conhecer várias pessoas da terceira idade, conhecer mais de Portugal e comer tanta coisa gostosa. E beber vinhos bons que se pode pagar com poucas moedas.

Ja estou com saudades!

Portugal - dia 7

Rolou Braga e Guimarães, duas cidades bem antigas daqui. Guimarães tem um dos castelos mais antigos de Portugal e a igreja maia antiga. E Braga tem um portal bem bonito e um doce chamado tíbia, que é com a massa de éclair e um recheio bem suave.

De noite teve uma apresentação de tango e danças típicas. As danças parecem muito com as danças típicas do sul do país. E o fado é maravilhoso mesmo! Bem dramático, bem cheio de emoção.

Já tá quase no final da viagem...

12 de outubro de 2016

Portugal - dia 6

Eu ainda tô impressionado com a Universidade de Coimbra. A primeira de Portugal e até hoje em funcionamento. E os estudantes usam capas pretas e terno, como no Harry Potter. Aliás, a J. K. Rowling morou em Portugal na década de noventa e muita gente diz que ele se inspirou em Coimbrã para vários elementos da série. Fomos na biblioteca real da universidade e é uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida, só queria poder folhear algum livro daqueles. Não podia tirar fotos e as estantes eram todas feitas com madeira e ouro do Brasil. E é habitada por morcegos. A faculdade é pública, mas cobram uma taxa anual de uns novecentos euros. Deu vontade de fazer um curso lá... qualquer um! Coimbra é muito bonita, tem a cidade alta e a baixa, como quase todas as cidades portuguesas. E tem muitas igrejas. Depois fomos ao Porto e a Gaia (a junção do nome dessas duas cidades deu o nome ao país: Porto + Gaia = Portugal. Fomos numa cave, que é o lugar que as vinícolas armazenam os vinhos para envelhecerem, e uau, como é gostoso vinho do Porto, que aqui é devia se chamar apenas vinho. E depois um passeio de barco pelo rio Douro. Porto parece uma maquete de tão bonita, com os prédios antigos e baixinhos com as fachadas coloridas e dispostos um ao lado do outro na beira do rio. E duas pontes feitas pelo escritório do engenheiro que fez a Tour Eiffel (uma delas foi desenhada pelo próprio Eiffel).

11 de outubro de 2016

Portugal - dia 5

Saimos de Évora e aquele templo romano lindo e fomos para Estremoz, uma cidade pequena e medieval, com os milagres de Santa Izabel. Depois Tomar (que nome, né?) com os Templários e o Mosteiro de Cristo. É enorme lá e bem bonito, cheio de obras de arte cristãs medievais. Mas é muito ônibus. E como muito! Estou sempre com a barriga repleta... Comida, ônibus, passeios turísticos. Estou numa canseira que só! Mas a viagem tem sido bem legal!

10 de outubro de 2016

Portugal - dia 4 (continuação)

E então no almoço a gente conversou. E foi bom. Expliquei várias coisas e ela me disse pra não tão a sério a opinião das pessoas da família. E seguir mais minha intuição. E foi ótimo ouvir isso.

Depois teve passeio por Évora (não achei a Cesárea, mas achei uma cidade da antiguidade clássica). Tem ruínas de um templo romano do século I d.C., uma Nossa Senhora grávida que chocou a sociedade medieval e uma capela construída com ossos de umas cinco mil pessoas e que nos recebe com uma frase certeira: "nós que aqui estamos por vossos esperamos". Ou seja, uma hora vocês que estão aí vivos vão ficar iguais a nós que estamos aqui pregados na parede. E engraçado é que todos os ossos são iguais, não importa se são de pobres, ricos, gordos, magros, feios, bonitos.

Mas ainda tô chocado com o templo romano. Que coisa maravilhosa. As colunas que sobraram são lindas. Achavam que era de Diana, a deusa da caça e mulher fodona, mas era um templo para o imperador Augusto, de acordo com escavações de trinta anos atrás. Mas o povo na rua ainda fala que é o templo de Diana, muito mais legal. Ruína é ruína. E a gente que dá um sentido pra tudo isso.

Portugal cada dia me surpreende mais, até bacalhau e Vieira eu comi e gostei. Estou a gostar imenso da viagem...

Portugal - dia 4

Saimos de Lisboa em direção ao sul, vamos ficar hospedados em Évora (será que tem a ver com a Cesárea?). Hoje o dia está mais frio, passamos numa cidade chamada Setúbal (Ishtúbal, como dizem aqui). Tive uma briga feia com minha mãe, coisas guardadas há muito tempo, mágoas antigas dos dois lados. Não sei se nos conhecemos. Ela me perguntou o que ela fez comigo que há meses estou distante. E me disse que se arrepende de ter me trazido com ela, não sabe se me convidou ou se achei que estava obrigado a vir com ela. Realmente estou introspectivo e alguns passeios eu não curto mesmo, afinal o foco da excursão é a terceira idade. Ela pagou minha viagem e minha hospedagem. Só gastei com os euros para minha alimentação e para minhas compras. Ela me ajuda muito financeiramente, pagou mais da metade do meu apartamento e me deu seu antigo carro quando voltei a Brasília. Sei que ela faz de bom coração e não me cobra, mas acho essa situação opressora, apesar de me acomodar e não fazer esforço para mudar.
Ganho pouco para os padrões de Brasília, não atuo no ramo que me formei e comecei a estudar uma nova graduação que não tem uma utilidade prática a não ser me dar prazer de voltar a estudar. Eu tenho 33 anos e me sinto tão pequeno e infantilizado. Não vou conseguir aprovação dos meus pais e sei que nunca vou conseguir. Não dou conta de me adequar aos padrões deles, sei que não fazem por mal, mas simplesmente tenho que me dedicar e tomar as decisões de minha vida de acordo com os meus ideais. Mas no fundo quero a aprovação deles e, claro, me frustro com isso.
São tantas coisas juntas que nem sei me expressar. Somos muito diferentes, temos ideais, visões da vida, planos completamente opostos. Não sei se vamos conseguir realmente nos conhecer. Não sei se vamos conseguir isso. Não há errados, simplesmente diferentes. Ela não me entende e eu não a entendo. E essa convivência diária tem sido bastante difícil, cada um em seu iPad, cada um em seu mundo. Não dialogamos. E quando tentamos o fazer acabamos por brigar. É melhor não ter expectativas. Já nem sei porque não me sinto confortável perto dela. Sou muito grato por tudo que ela fez para mim e sei que ela me ama, assim como eu a amo. Mas não sei como me aproximar. E ela não sabe como se aproximar de mim. Isso tudo é muito incômodo. Espero que a gente consiga se entender.
Na foto está uma estátua de Botero que representa a maternidade. Fica na praça Amália Rodrigues, em Lisboa.

9 de outubro de 2016

Portugal - dias 2 e 3


Portugal realmente tem sido bem bom comigo, consigo entender bem o português daqui. E fico impressionado com a antiguidade daqui. Tudo é sempre tão antigo, tão cheio de histórias. Fomos num palácio bem antigo em Sintra (assim "S" mesmo, pois no Brasil a gente escreve com "C" - e descobri que significa lua em homenagem a uma deusa romana) e esse palácio deve ter uns quatrocentos anos. Muitas coisas feitas com madeiras vindas do Brasil, muitos azulejos em paredes inteiras. E uma cozinha em que se podia assar um cervo inteiro. Imaginei como devia ser morar ali há alguns séculos. Não consegui, claro. E fomos ao Estoril e Cascais, no litoral de Portugal. Cascais parece uma cidade de praia tipo Búzios. Gostei mesmo de Sintra com seu travesseiro de periquita e os outros doces maravilhoso. Hoje rolou Óbidos, uma cidade medieval e murada, bem antiga mesmo, de uns vinte séculos atrás, tem até aquedutos romanos. Como será que a água passava nessas construções. E depois Fátima, onde realmente parecia que estava preso na programação da Rede Vida. A basílica é bonita, toda branca por dentro, bem sóbria. E bem geladinha. Tenho gostado daqui, mas sinto falta do Brasil. Estou cansado do esquemas de excursão, entrar no ônibus, ficar meia hora na cidade, voltar pro ônibus. Mas é sempre preciso fazer concessões, pois não é possível conhecer tantos lugares de outra forma. E é uma excursão da terceira idade, estou bem perdido no meio disso tudo. Tem sido bom conviver com minha mãe, conversamos um pouco e tento ter paciência. Estou com o corpo bem cansado do ônibus e de dormir pouco... tenho saudades da minha casa, do meu amor e do Brasil.