25 de março de 2020

Teletrabalho


Acho engraçado esse nome teletrabalho, pois parece algo relacionado à trabalhar com telefone, sei lá. Mas com essa pandemia os chefes do meu escritório decidiram mandar a gente para casa para trabalhar remotamente. Engraçado que já havia todas as ferramentas: o VPN, o acesso remoto, a rede, os processos eletrônicos, tudo pronto, só faltava um grande cataclisma para colocar em prática.

Por enquanto tudo tem corrido bem, consigo fazer todas as atividades, consigo gerenciar meu tempo. E gosto muito de ficar em casa com meu marido. A casa tem um tamanho bom e a gente não tem brigado nenhuma vez. Fizemos umas duas compras grandes, enchemos o congelador, a geladeira e a despensa e temos feito comida em casa.

Tenho gostado da rotina de acordar, jogar um pouco de videogame, esperar meu marido acordar pra tomarmos juntos o café da manhã, dai olho os e-mails, processos e tudo mais, trabalho um pouco, coloco as coisas em dia, quando vejo já é hora do almoço. Dai a gente esquenta a comida, almoçamos e eu passo um café. Descanso um pouco e volto para o trabalho. E de repente já é final da tarde e pronto. Não tem que pegar carro, não tem estresse. E é ótimo estar o dia todo ao lado do meu marido. Geralmente a gente divide a mesa de jantar, cada um no seu notebook

Hoje rolou minha primeira videoconferência e foi estranho no começo. Orientaram a gente a deixar o microfone desligado e só habilitar quando for falar algo. Quem fala fica com a imagem grande. Correu tudo bem e foi interessante ver a casa das pessoas atrás.

Comprei um suporte para notebook e um teclado USB baratinho. Eu já tinha um mouse velhinho, mas que ainda funciona, pois quase não uso. De repente parece que estou trabalhando num computador tradicional. Tudo isso custou uns 80$ e chegou em quatro dias. Mudou minha forma de trabalhar. O notebook é ótimo, mas trabalhar o dia inteiro nele cansa muito. Coloquei uma almofada na cadeira de madeira também.

Alguns dias tenho ido para o hospital para ficar com meu pai, daí levo o notebook e o mouse e consigo trabalhar de lá também com o wifi. Tudo certo.

Não tem previsão de acabar essa pandemia, então vão ser algumas semanas assim. Espero que as pessoas em geral vejam que o home office é uma boa e pode ser usado alguns dias por semana.

22 de março de 2020

Quarentena

A vida não tem sido fácil depois da pandemia. Muito álcool e sabão. Lavar sempre as mãos, desinfetar tudo, tomar muito banho, trocar a roupa toda que foi pra rua, lavar mais as mãos, e de novo. Sair nas ruas vazias parece algo de Chernobil. As roupas da rua carregam um pouco dessa radioatividade, algo invisível que faz mal. 

Meu pai está no hospital há alguns dias, mas nada relacionado à pandemia. Foi uma isquemia, um passar mal, não sabemos ainda. Mas ele está melhor, temos conversado muito, apesar do meu medo de ter essa vírus e não ter sintomas. Tomei um banho de álcool antes de vir ao hospital ficar com ele. A alta vai ser só daqui a dois dias e ele me prometeu que não vai sair de casa. 

Momentos malucos nesse março. Parece um filme de ficção científica. Mas uma hora vai passar. 

17 de março de 2020

Pandemia


Muita gente achou que era só uma gripe, apesar de várias pessoas morrerem por gripe todos os anos. Mas gripes não fecham cinemas, festas, teatros, eventos esportivos, não fazem as pessoas ficarem em casa e nem impedem viagens de avião. Até as aulas foram suspensas. Eu nunca imaginei que nós todos passaríamos por algo parecido com essa pandemia e é muito difícil não ficar com ansiedade em relação a todas essas notícias.

No meu trabalho liberaram o trabalho remoto alguns dias por semana e tem sido muito bom não precisar pegar trânsito e ficar quieto em casa. Tenho aproveitado esses dias para pensar em mim e pensar em tudo o que tem acontecido.

Tenho lavado tanto as mãos, tenho evitado beijar ou abraçar pessoas. Por enquanto não tenho sintomas, mas qualquer espirro ou tosse já fico com receio. E a gente tem assistido muita coisa na televisão e jogado videogame. E tenho lido também.

Uma hora isso tudo vai passar e espero que a gente como um todo consiga aprender várias coisas com esse colapso do capitalismo, a necessidade de saúde pública e geral, esses governantes inaptos para lidar com crises e aprenda a ajudar mais os outros.

Vou já lavar minhas mãos de novo...

6 de março de 2020

Resumão


Tanta coisa aconteceu nesse período do carnaval. Pra começar bateram no meu carro. Eu paradinho no semáforo e um rapaz com cara de adolescente (hoje todo mundo com menos de 30 parece adolescente) bateu na traseira do meu carro. Ele não tinha seguro e parecia que não tinha acontecido nada. Claro que aconteceu: cheguei em casa e a porta do maleiro não abria. E depois abriu e não fechou mais. No dia seguinte, fui trabalhar e quase todos os motoristas me buzinaram para avisar que a porta do maleiro estava aberta. Sim, eu sabia. E assim que o carro parava em um semáforo ou engarrafamento eu descia e fechava, só para repetir essa mesma rotina alguns quilômetros pra frente. Se um dia eu estiver carente vou andar com a porta do maleiro aberta para receber muitas buzinadas e joinhas.

O carnaval foi bom, bloquinhos, cervejas, confetes. Sempre é divertido. Escolhemos bem os lugares, voltei com celular e sem nenhum estresse todos os dias. O melhor é ficar velho e se tornar precavido. Fizemos bastante comida em casa e tivemos almoço pré-bloco todos os dias (e comida pra larica da volta): arroz de pato e butter chicken, num encontro entre Pará e Índia, afinal é Carnaval e a gente precisa fazer algo diferente. E um arsenal de pães, queijo, presunto e tomate para o bauruzinho na chapa para o café da manhã. Aliás, descobri que não faço muitas coisas gostosas, mas o meu sanduíche na chapa é sensacional, tem até crosta de queijo na parte de fora do pão. Melhor que o de padaria.

A volta para o trabalho e o começo efetivo do ano foi bem doloroso. Ando me arrastando, mas talvez esse seja meu novo ritmo pós-36. Melhor me acostumar. Não está bom nem ruim, só é o que é.

Meu marido viajou a trabalho e eu estou há uma semana sozinho em casa. Não tenho feito quase nada, só jogado um pouco de videogame, assistido alguma besteira na TV, esquentado minha comida e dormido. Sinto muita falta dele, a casa fica gigante e silenciosa demais. E eu só faço o mínimo necessário para sobreviver. É legal ficar sozinho por um tempo, pensar na vida, ficar tranquilo, mas eu prefiro a vida com ele.

Ontem ou alguns dias atrás meu celular trincou o vidrinho da câmera. Já imaginei que teria que comprar um aparelho novo, que preciso ter uma câmera, mas o celular ainda está bom para redes sociais e livros. Levei numa loja de reparos perto de casa e deu trinta reais o conserto, mas a câmera tinha parado de focar. Pesquisei na internet e dei uma batidinha na lateral do celular, funcionou. Essa foto aí de cima foi tirada com o vidro quebrado. Gostei do efeito, parece uma câmera antiga com filme vencido.

Agora é sexta, não vou ter o nosso tradicional happy hour em que a gente faz drinks, ouve música e conversa. Vou ficar em casa e talvez jogue, leia, veja TV e durma. Domingo ele chega, amanhã vou fazer compras e faxina pra deixar a casa bem gostosa.

Semana que vem volta a faculdade, dessa vez sem minha amiga que me chamou para fazer o curso. Ainda não sei como vai ser e se estou empolgado, mas falta tão pouco para acabar o curso. Quem sabe as matérias me empolguem.

Eu sei que esse desânimo vai passar, o negócio é seguir em frente. Tenho achado bom ficar recolhido nesses último dias.

5 de fevereiro de 2020

Rotina e respiro


Eu tenho vivido em ciclos semanais. Segunda a sexta, depois sábado e domingo. Repete. Não é um ciclo ruim, consigo organizar algumas coisas, repito outras e a passagem do tempo fica mais digerível e menos fácil de gerenciar.

Meus cafés da manhã são quase sempe os mesmos (frutas, iogurte, cuscuz ou tapioca ou pão e um chá para tomar no caminho para o trabalho), o almoço é geralmente o mesmo de segunda a sexta com minha boa e velha marmita feita no domingo. Na quinta a noite rola uma faxina na casa. Na sexta compro algumas frutas e verduras na feira orgânica do meu trabalho. Depois temos nosso happy hour com a casa limpa e é o melhor momento da semana. Sábado vamos na feira a pé e tomamos café da manhã na padaria que fica no caminho ou então na própria feira (pastel frito ou bolo e salgado). Na feira tem uma rotina também nas mesmas barracas (feijão a granel; queijo e pão de queijo; verduras, frutas e capim santo; linguiça, bacon e alguma outra carne artesanal; sabonetes; suco de cupuaçu). De vez em quando vamos para algum bar ou festa com os amigos (geralmente Beirute e alguma festa de música brasileira) no sábado à noite. No domingo eu almoço com meus pais e a família da minha irmã, geralmente em um restaurante perto da casa dos meus pais ou então um de comida natural seguido de um sorvete artesanal. Quase sempre durmo no sábado a tarde e no domingo de tarde, um sono leve enquanto escuto tv. Domingo de tarde a gente faz a comida para a semana e de noite pedimos pizza e vemos algum filme ou série na tv. E então começa tudo de novo.

Eu tinha muita ansiedade quando era mais novo, principalmente no final dos domingos. O passar do tempo me agoniava, mas aos poucos moldei essa rotina e fiz as pazes com o tempo. E tenho gostado do passar do tempo, da rotina. Talvez isso seja envelhecer. Tem sido bom.

Depois de alguns anos vou querer reler esse texto para ver se a rotina se manteve ou o que mudou.

Esses dias me bateu uma leve tristeza, mas então olhei o restinho de sol pelo janela da sala, respirei e tirei essa foto. E me senti muito feliz por ter essa vida e poder ver esse céu tão bonito, respirar. Ouvi meu marido que fazia alguma coisa no quarto e vinha para a sala. E então só o abracei bem demorado.

A gente não é acostumado a ser feliz. Alguma parte da nossa mente fica em um constante jogo de "falta isso ou aquilo". Uma insatisfação crônica. Claro que tudo pode melhorar e nada é constante, mas é bom respirar e calar um pouco essa voz de insatisfação. Tem tanta gente na merda. Preciso parar e respirar mais vezes.

28 de janeiro de 2020

Verão?


O verão daqui nunca é muito verão. Chove bastante e até faz um pouco de frio. Aliás, as estações em Brasília são só duas: chuvosa e seca. Mas é engraçado ver o resto do país na praia e piscina e a gente aqui de casaco.

14 de janeiro de 2020

Rép


Uma das melhores decisões que a gente tomou foi instituir nosso happy hour semanal. Só nós dois em casa, compramos vinho e cerveja, queijos e alguma comidinha leve. Colocamos uma som para tocar e até estabelecemos algum tema para as próximas músicas na fila (em geral cada um coloca duas músicas por vez) e conversamos sobre tudo: nós, o país, nossa família, nossa casa, planos. É um momento só nosso pra que a gente se conecte e se conheça mais, para sabermos o que tem passado com o outro e para falarmos besteiras. Um ritual só nosso de quase todas as sextas. O final de semana ganhou um novo tom, já com a preparação do nosso encontro.

E é tão simples, talvez por isso mesmo tenha vingado. Não é um peso. Eu não lembro bem como começamos a fazer, mas já tem alguns meses. Parece até que é algo que sempre foi feito, desde os tempos antigos, desde antes de nós.

Mal posso esperar para o próximo!

13 de janeiro de 2020

Sentir-se em casa


É a primeira vez que a gente mora há tanto tempo em um mesmo apartamento, já faz mais de cinco anos que estamos no Guará. No final do ano começamos a reformar algumas coisas e só agora terminou tudo. Eu chego em casa e me dá uma sensação tão boa de casa, de aconchego. E é interessante ver o quanto a gente mudou nesses anos. Há mais plantas e menos coisas. E não vejo a gente morando em outro lugar tão cedo. Tão bom sentir-se em casa.

Essa parede foi pintada por nós mesmos, deu um super trabalho, mas adorei o resultado. Eu gostei também da estante de quadros, fica mais fácil mudar os quadros e objetos, sem precisar furar a parede. A melhor aquisição dos últimos tempos foi a parafusadeira e que também é furadeira.

E acho que quando envelhecemos ficamos com mais vontade de ficar em casa. Tomar um vinho, ver filme, ler, ouvir música.

6 de janeiro de 2020

Livros de 2019


Ano passado foi o que eu mais li na minha vida toda. Acho que finalmente engrenei nesse negócio de leitura. Eu sempre tento ler dois ao mesmo tempo, um de ficção e outro de não-ficção, mas às vezes o de ficção acaba se sobressaindo. Praticamente todos os livros foram lidos pelo celular, somente nas férias de dezembro que consegui ler alguns de papel. Claro que o de papel é bem melhor de ler, mas a praticidade de estar sempre com vários livros no bolso é imbatível. Ainda mais quando se quer escapar das rolagens eternas nas redes sociais. Aprendi muita coisa com os livros desse ano, não teve nenhum que não gostei, mas outros me surpreenderam. Não tenho muito critério para a escolha dos livros, alguns vieram de indicação de amigos outros de sites. Os livros estão na ordem em que terminei a leitura.

[Sapiens - Yuval Noah Harari]
Ouvi uma entrevista com Yuval em um podcast do James Altucher e gostei muito do que ele falou sobre o ser humano. Nesse livro ele se baseia em diversas pesquisas e remonta a trajetória do homo sapiens, passando pela caça e coleta, a agricultura, a colonização, a industrialização e a atualidade. É ótimo poder rememorar as aulas de história e entender de forma mais cadenciada. Muito bom de ler e com várias teorias interessantes (como a do trigo ter domesticado o ser humano e não o contrário).

[Contos completos - Caio Fernando Abreu]
Eu adoro Caio Fernando desde a adolescência. Um dos primeiros livros dele que li foi o Morangos Mofados e virei fã. Ler todos os contos em ordem cronológica foi ótimo. Os primeiros, claro, são mais simples e juvenis, mas é muito bom poder ver a trajetória do escritor no decorrer do tempo. E me fez voltar para esse Vinicius da adolescência.

[A obscena Senhora D - Hilda Hilst]
Eu adoro tudo o que li sobre Hilda Hilst, mas nunca tinha lido nada que ela escreveu. Comecei com um dos mais famosos e fiquei completamente sugado pela escrita fluida, simples e complexa ao mesmo tempo. Não consigo nem explicar direito, é preciso ler. A escrita é maravilhosa.

[Você tem fome de quê? - Deepak Chopra]
Um ótimo livro sobre alimentação com base em filosofia indiana, mas que é um pouco difícil de colocar em prática. Há algumas receitas no final, mas não fiz nenhuma.

[Dance dance dance - Haruki Murakami]
Eu já sou fã do Murakami, então peguei esse aqui pelo título. Maravilhoso e que já fisga nas primeiras páginas. Depois que li descobri que ele é a continuação do livro abaixo, mas que podem ser lidos como livros independentes. Como em vários livros dele, há um pouco de sobrenatural.

[Caçando carneiros - Haruki Murakami]
Murakami, né? Nunca me deixa na mão. A primeira parte do livro acima, mas que funciona como história independente. Explica mais do personagem Rato, que é mencionado no Dance dance dance.

[Um coração ardente - Lygia Fagundes Telles]
Eu adoro a relação da Lygia com a Hilda. O único livro que tinha lido de Lygia foi o As meninas, talvez o único livro que li obrigado na escola e que realmente gostei. Um coração ardente são de contos e todos são ótimos.

[Me poupe - Nathalia Arcuri]
Livro de finanças de um jeito bem fácil e descontraído. Eu li após ver alguns vídeos da Nathalia no YouTube. Bem simples, mas não coloquei muita coisa em prática.

[Não me abandone jamais - Kazuo Ishiguro]
Kuzuo ganhou um Nobel há alguns anos e nunca tinha lido nada dele. O livro é bem tocante, lento e distópico e fala bastante sobre humanidade. Depois descobri que foi adaptado ao cinema, mas não vi o filme. Muito bom, depois quero ler outros livros dele. Mas gosto mais de Murakami.

[A mágica da arrumação - Marie Kondo]
Isso me traz alegria? O livro me surpreendeu e coloquei em prática alguns ensinamentos, principalmente a forma de dobrar camisetas na gaveta. A série da Kondo na televisão me incomodou um pouco pelo modo infantilizado em que ela foi retratada, mas o livro mostra sua verdadeira voz, bem mais engraçada e adulta.

[Variações enigma - André Aciman]
Depois de me apaixonar por Me chame pelo seu nome quis ler outro livro de Aciman. É muito bom, mas não tão bom quanto o Me chame. Muitos amores de um homem que se apaixona por homens e mulheres, mas que os troca constantemente, sempre buscando estar apaixonado.

[As águas vivas não sabem de si - Aline Valek]
Sou fã de Aline há algum tempo, leio seus textos em blogs e newsletters e agora escuto também seu podcast. O livro é muito bom. Uma expedição ao fundo do mar, mas que poderia ser a outro planeta.

[Pós-F - Fernanda Young]
Ainda chocado com a morte de Fernanda Young, que li muito na adolescência. O livro é ótimo e polêmico, seu último lançamento. Ela discute o feminismo.

[Akira - Katsuhiro Otomo]
Eu vi o anime do Akira quando era pequeno e não entendi nada. Revi há pouco tempo e fiquei com vontade de ler o mangá, que é bem diferente. Adorei.

[Tudo o que você não soube - Fernanda Young]
Outro livro de Fernanda Young. Bem ácido. Uma filha que nunca se relacionou bem com seu pai escreve um livro para que ele leia antes de morrer numa cama de hospital. Mas muito mais para que ela consiga entender mais de sua própria vida. O livro é delicioso.

[Quarto de despejo - Carolina Maria de Jesus]
Eu nunca tinha ouvido falar de Carolina, uma das primeiras escritoras negras a ter destaque. O livro é um diário, escrito em um português real e narra a fome e as dificuldade de uma mulher que cria três filhos e mora em uma favela de SP na década de 1950. Um dos livros que mais me impactou no ano.

[Vozes de Tchernóbil: A história oral do desastre nuclear - Svetlana Aleksiévitch]
Depois de terminar a série de TV, quis saber mais e ler o livro em que ela é baseada. O livro é dificílimo de ler, não pela escrita, mas sim pelos relatos de pessoas que viveram tudo aquilo. Várias vezes precisei parar e respirar. Também me impactou muito.

[My year of rest and relaxation - Odessa Moshfegh]
Eu adorei esse livro. Uma moça rica e linda decide ir numa psiquiatra mequetrefe para conseguir vários calmantes e passar o ano meio desligada da realidade e poder processar o luto e vários perrengues que ela havia passado. O livro se passa entre 1999 e 2001, na explosão das torres gêmeas. É muito doido sentir raiva e empatia por essa personagem. A escrita é muito fluída e é bem fácil de ler.

[Sobre o autoritarismo brasileiro - Lilia Moritz Schwarcz]
Livro essencial para entender mais o país. Descobri que o país foi cagado desde o começo. As raízes de tudo o que a gente passa hoje vem desde o século XVI. Que beleza. Adoro o trabalho da Lilia e esse livro é essencial para todos.

[Patti Smith - Devotion]
Sou devoto de Patti. O show dela ano passado foi sensacional. No aquecimento li o Devotion, sobre o processo de escrita, criatividade e tem um conto bem interessante sobre uma patinadora. É um livro curto e bem fluído. Não é meu favorito da Patti, mas é um livro muito bom. E aprendi muitas palavras novas em inglês, pois tive que pesquisar várias.

[Ricardo e Vania - Chico Felitti]
Eu já tinha lido a reportagem do Chico Felliti que saiu no Buzzfeed sobre o Ricardo, mais conhecido como Fofão da Augusta. Quando morava em SP (entre 2012 e 2014) eu vi algumas vezes na rua o Ricardo e sempre me questionei se o seu rosto era uma doença ou se foi congênito, mas lendo a reportagem entendi que foram várias aplicações caseiras de silicone industrial. O livro retoma a reportagem e dá andamento também à vida de Vânia. Muito bem escrito e um soco no estômago.

[Eu, travesti - Luísa Marilac e Nana Queiroz]
Comprei o livro do Chico Felitti junto com o da Luísa Marilac e acabei lendo um seguido do outro. Há muitos paralelos entre as vidas de Luísa, Ricardo e Vânia, personagens sempre à margem da sociedade e que vivenciam diariamente o preconceito. O livro da Luísa e da Nana é muito bom. É narrado em primeira pessoa, num misto entre Luísa e Nana.

[Patti Smith - Year of the monkey]
Apenas maravilhoso esse livro! Uma mistura de sonho e realidade do que foi o ano de 2016, com a eleição do presidente dos EUA. Uma delícia de ler. E me lembrou um pouco o Linha M, um livro anterior da Patti.

[Fernanda Montenegro - prólogo, ato e epílogo]
Devorei esse livro que conta a vida de Fernanda Montenegro. E as fotos são lindas também. Não é à toa que ela é a atriz brasileira mais famosa.

[Albert Camus - o estrangeiro]
Sempre fiquei curioso com o livro que inspirou a música "killing an arab" do The Cure. Eu li quando estava na praia ainda e a primeira metade do livro se passa no litoral da Argélia, com vários banhos de mar. A segunda parte é só a prisão e o julgamento. O livro é muito bom e realmente um clássico. Depois eu vi que o The Cure tem cantado "kissing an arab" para evitar essa fobia que as pessoas ocidentais têm dos árabes.

[Me encontre - André Aciman]
Eu amei o Me chame pelo seu nome e desde que soube que teria uma continuação fiquei com vontade de ler. O livro é muito, mas frusta e surpreende bastante. Metade do livro é sobre o pai do Elio, mas depois de passar essa ansiedade por Elio e Oliver, curti bastante saber mais sobre o pai. Não é o que eu esperava e isso é ótimo. O encontro de Elio e Oliver é narrado em umas dez páginas e acho que se conclui bem. No capítulo dedicado ao Elio e gostei muito do novo romance dele e do mistério (que não é resolvido no livro). 

2 de janeiro de 2020

Começou


A volta para a realidade não é fácil, mas está menos complicada do que nos outros anos, talvez seja o amadurecimento. De qualquer forma, uma hora a gente precisa voltar. Hoje não paro de lembrar das nossas tardes tomando vinho, escutando música e conversando na varanda daquela casinha. E isso me enche de alegria por ter vivido tanta coisa boa nessas férias. Agora quero trazer um pouco da maresia para cá, buscar ser mais leve e me estressar menos. Bom que a semana já começa numa quinta.

A festa de final de ano foi uma delícia. Apesar do cansaço da viagem de volta, organizamos uma festinha com alguns amigos lá em casa. Festa pequena só com gente que gostamos. E meia noite um dos vizinhos das casas perto do prédio fez um super show pirotécnico, os fogos explodiam quase que na nossa janela e durou mais de 20 minutos. Foi lindo! Todo mundo dormiu lá em casa e ainda almoçamos o que havia sobrado da ceia (e ainda trouxe para comer aqui no trabalho hoje e amanhã).

O ano vai ser bom. A gente amadurece todos os dias, aprende a viver. Tenho gostado bastante de envelhecer.

28 de dezembro de 2019

Último dia de praia

Nossa vida aqui é tão gostosa e parecia que nunca ia chegar ao fim. Último dia de praia e ela parece mais perfeita do que nunca, apesar da saudade de casa. Mas praia é praia! Queria morar no litoral e ao mesmo tempo não queria. A praia sempre me fascina e sempre me alegra. Eu me sinto limpo e renovado, sempre, ao mesmo tempo a maresia me enche de alegria. Amanhã voltamos para a estrada! E eu adoro a estrada também! Viajar é muito bom! Chegar em casa também....

27 de dezembro de 2019

Rotina na praia

Os dias aqui têm sido bem gostosos. Acordar, fazer o café da manhã (café pra mim e coca pra ele, maçã ou banana e um misto quente ou bauru na sanduicheira elétrica). E então a gente lê um pouco, olha o celular e se arruma para ir pra à praia. Na praia eu fico na cerveja (levei meu copo de plástico desses de festa) e Iran fica na caipirinha (cacau, abacaxi ou maracujá, nunca limão, pois mancha). Nas barracas não vende comida, então algumas pessoas vendem um bolinho feito de purê de batata com vários recheios ou então bolinho de mandioca recheado, geralmente comemos esses, mas tem ainda camarão, tapioca, açaí, nunca pedimos. E então voltamos pra casa, tomamos uma bebidinha (ele no vinho branco e eu no tinto ou gin), ele faz um narguilé. Às vezes uma soneca. Depois vamos comer algo na rua (moqueca de polvo, esfirras) ou cozinhamos algo simples (macarrão ou arroz com linguiça, tomate e tal). Passeamos um pouco e voltamos pra casa. Tudo a pé, tanto ir pra praia ou para a rua principal. A vida é simples e boa. Posso me adaptar fácil, mesmo nos dias de chuva... Nossa vida é boa!

25 de dezembro de 2019

Dia de chuva

O dia após o natal é meio de preguiça. E olha que ontem a gente fez um jantar super simples e ficamos só com música e conversas, além de alguns drinks. Só nós dois, sem família, sem toda essa bagagem de natal. Amo minha família, mas natal pode pesar uma tonelada. Prefiro esse natais leves e não natalinos. Hoje é só preguiça, comer as sobras, ficarmos tranquilos. O dia está nublado e chuvoso. Esse quintal maravilhoso, essa casa meio barco, meio chalé, meio praia, meio montanha. Passarinhos, saguis, mosquitos e lagartixas. E muita planta!

24 de dezembro de 2019

Nada natalino

Nunca curti muito o Natal. Só gostava mesmo dos presente (e rabanada!), mas nada da neve falsa, do inverno falso, do Papai Noel e tudo mais. Então nada melhor do que passar na praia, longe de tudo isso e sem nada natalino no cardápio! Nossa casinha hippie perto da praia. Só nós dois! E mais tarde uma jantinha simples e vinho!

21 de dezembro de 2019

Casinha hippie

Mudamos de casa. Era para termos chegado hoje em Itacaré, mas conseguimos adiantar em alguns dias. Agora estamos mais perto do centro da cidade e das praia. A casa é mais simples e antiga, mas super arborizada e bem hippie. Ela é muito aconchegante, parece muito com as casas da Chapada. Nova fase em Itacaré e ainda uma semana de praias e nordeste. Que alegria! Vamos passar o natal aqui nessa casa, mas provável que seja zero natalino. Nem vi quando Iran tirou essa foto!

20 de dezembro de 2019

Dia de calmaria

Hoje não teve praia, mas se bem que ela sempre esteve ali pertinho, da janela do quarto. O dia quase todo foi de chuva e nublado, além de uma dorzinha que Iran sentiu no ombro (a gente acha que é gases, uma dor anual que ele tem, que vem e vai). O dia foi uma delícia com livros, soneca e internet. Só saímos para almoçar em um quilo aqui perto. O sol abriu de tarde, mas nem compensava ir pra praia, melhor relaxar em casa. 

Eu adoro praia, cidade de praia, maresia. Talvez um dia eu more no litoral, quem sabe. Tão bom ter a praia ali na janela. Meio marinheiro, sei lá. A praia ali, a maresia que entra pela janela, pelas frestas, por qualquer buraquinho da casa. E a Bahia, né? Adoro o sotaque daqui, adoro o clima geral daqui, não só a temperatura, mas o gosto da Bahia. Aqui tem um algo a mais. 

Um dia inteiro pra relaxar. E li feito uma traça. Devorei já dois livros desde que cheguei (depois escrevo sobre os livros do ano, meu recorde de leitura). 

Amanhã tem mais praia, tem mais uma fartura de dias na praia. 

A foto é do final da tarde, a vista da janela, depois de fazer o nosso jantar, bem simples (arroz com linguiça, cebola, alho e tomate, tudo numa panela só). Gosto tanto dessa vida simples, posso me acostumar com praia, uma casa pequena e a gente juntos. Quem sabe levo um pouco de praia pra minha vida no Planalto...

Amo praia demais, nem sei explicar!

E a dor do Iran melhorou agora no final do dia. Ufa!

19 de dezembro de 2019

Praia!

Hoje foi dia de praia de verdade! E de andar muito! Tão bom chegar na praia, pegar cadeira e guarda-sol e pedir uma cervejinha bem gelada. Não precisa de muita coisa pra ser bom. Praia e meu amor...

18 de dezembro de 2019

Road Trip to Bahia

Eu adoro viajar de carro, pois me lembro das viagens pro Nordeste com meus paia quando era pequeno. Com os preços absurdos das passagens de avião, resolvemos arriscar vir de carro pra Bahia. 1.500 km, um dia e meio de viagem. E foi tudo tranquilo, pegamos um roteiro na internet com dicas e quais cidades passar, mas no segundo dia resolvemos usar o GPS e acabamos em uma estrada de terra que levou quase uma hora, mais ou menos um rally dos sertões. Tirando isso as estradas estavam muito boas e o hotel de beira de estrada foi ótimo.

Mas a viagem de carro tem muitas vantagens em relação ao avião. Dá pra montar várias playlists, dá pra conversar sobre tudo com seu marido, dá pra rir e se irritar muito. E agora com o carro 1.5 e ar condicionado foi bem melhor, ainda mais com um bagageiro imenso pra levar várias quinquilharias (no avião agora só a bagagem de mão!). E dá pra comprar várias comidas e bebidas (estamos com várias caixas de vinho!), além de muitos lanches pra comer na viagem. 

Primeiro dia de praia hoje, chegamos meio tarde e só conseguimos ir na praia mais sem graça. Amanhã começa de verdade!

Itacaré pela segunda vez no ano!

Praia, praia e mais praia. E agora com o meu amor (pela primeira vez aqui!).

5 de dezembro de 2019

Consertos


A nossa casa fez cinco anos e, claro, tem alguns desgastes. Coloquei metas nesse começo de férias para dar um jeito em algumas das coisas que nos incomodam.

A primeira foi a cama, troquei os pés por outros um pouco maiores, ajeitei uma madeira que estava solta usando a maravilhosa parafusadora elétrica. Gastei 60$ e mais umas duas horas para deixar a cama como nova. Agora ela está quase uns 10 cm mais alta e sem madeira solta. E as roupas de cama, toalhas e travesseiros dentro do baú estão organizados.

As outras coisas não teria como arrumar sozinho, então contratei um marido de aluguel. Ele está agora ajeitando algumas coisas, espero que fique bom. Mas só de circular essa energia, deixar a casa mais gostosa, já fico mais feliz.

Por último é arrumar os armários e tirar aquilo que não precisamos mais, mas só na semana que vem.

Depois é só pensar na viagem para a praia!

E após a praia tudo pronto para 2020.

P.S. deu tudo certo! E ainda pintamos nós mesmos as paredes de cimento queimado, chamamos o instalador do ar condicionado e só falta o gesseiro fazer o acabamento!

4 de dezembro de 2019

Férias

O ano demorou demais pra passar. Mas foram tantas coisas que parece ter sido uns cinco anos. Todos os dias várias notícias terríveis. Passei o ano cansado e desanimado. Finalmente chegou o final do ano e tirei o mês todo de férias. Eu nem consigo descrever a alegria de não ter que trabalhar nesse mês e só ajeitar as coisas em casa, ir pra natação, cozinhar sem pressa. Acaba que ainda tenho acordado cedo, mas só de não ter que pegar trânsito e ficar horas na frente do computador, o dia já ganha outra cara. 

Não preciso de muito pra ser feliz!