Conheci Caio Fernando Abreu meio por acaso. Minha mãe havia ganhado uma coletânea dos “Cem melhores contos brasileiros do século XX”. Peguei emprestado e lia um conto todas as noites antes de dormir. Estava lá o “Aqueles Dois”, que imediatamente me fez buscar mais textos do Caio, sempre tão ácidos, surpreendentes e modernos. Devorei vários livros dele (Morangos Mofados, Estranhos Estrangeiros, Ovelhas Negras e Pequenas Epifanias). E ultimamente fiquei fascinado com a biografia escrita por Paula Dip, “Para Sempre Teu”. Uma vontade danada de ter nascido alguns anos antes para realmente curtir os anos oitenta (provavelmente nem estaria vivo até hoje!). E soube agora, diretamente da Argentina, que há uma campanha para transformar a casa que Caio passou os últimos anos de sua vida em um centro cultural. Mal posso esperar para que essa idéia se concretize.
11 de agosto de 2010
3 de agosto de 2010
Necessidades
Tem dias que preciso de quadros, desenhos, esculturas, por do sol, lago, passeios, risadas, livros, grafitti, sorvete, café e pão de queijo. E lasanha, macarronada e mousse. Principalmente em um domingo ensolarado.
2 de agosto de 2010
Bolhas
Durante mais de um ano fomos vizinhos de porta. Um 'bom dia' no elevador, um 'boa noite' na portaria, eventuais conversas sobre o tempo. Ou seja, nada. Não sei nem sequer seus nomes. Há alguns dias foram embora. Pintaram as paredes, encaixotaram e se foram. Provavelmente nunca mais vamos nos ver. Não deixam saudade, pois nem ao menos os conhecia. Deixam algo como uma perda de oportunidade. Um “e se...”. Mas bem, culpo pequenas bolhas de sociabilidade?
31 de julho de 2010
Sombras
Quase não vem sol na varanda. Quer dizer, vem aquele resto, aquela luz meio indireta, um sol meio sovina. O ruim foi matar tantas plantas até descobrir isso (bem, mas tudo tem sua hora, aprendi a desapegar). As plantas de sombra me cativaram: são mais escuras, mais simples e quase nunca dão flores. Quase. Outro dia estava aqui regando e conversando com algumas, quando percebo uns botõezinhos na flor-de-maio. Já era julho. Devo ter uma flor-de-julho ou uma flor-de-quando-ela-quiser. Percebi que sou meio planta de sombra, fico ali na minha, sem aparecer muito e não preciso de muito sol pra viver.
30 de julho de 2010
Não sei
Uma angústia, um desconforto permanente. O cotidiano anda massacrante e a melhor hora do dia é quando finalmente chego em casa, como alguma coisa -- ando me alimentando tão bem, quem diria --, ponho uma música antiga, deito na rede da varanda e leio um pouco. Leio bastante na verdade. Livros eletrônicos e tradicionais, contos e crônicas de Caio F., sobretudo. Mas fora a questão literária, quase todo o restante anda um pouco desencaixado. Não sei. Aliás, é exatamente isso que me incomoda: não saber o que fazer, qual caminho seguir, o que estudar, onde ir. Não sei. Ainda, é verdade. Já sinto um fiozinho de lucidez ali querendo me encontrar. Danado que só ele...
29 de julho de 2010
Pés
Os sapatos de couro negro brilham. Cascos de cavalo: duros, pesados, formais. Graxa, escovas e de vez em quando um engraxate aparece, ajoelha-se e cobra algumas moedas. Prefiro os tênis casuais: macios, informais, confortáveis. Escolhas de vida.
28 de julho de 2010
Arrumar a casa, lavar a roupa, aguar as plantas, levar o lixo para fora, cozinhar, consertar. Isso tudo depois do meus oito-às-dezoito na firma. Não reclamo. Mentira, às vezes acho um saco os afazeres domésticos, mas acho que me humaniza. Podia contratar uma faxineira e ela faria toda a mágica: roupas, louças, chão milagrosamente limpos. Mas é minha sujeira, minha imundice, meus cabelos no ralo e meus restos da pasta de dente na pia. Então eu mesmo faço. E reclamo. Mas sinto lá no fundo um gostinho de independência...
27 de julho de 2010
Dois sempres e um nunca
Sempre tive medo. De não dar certo, de não conseguir, de me frustrar, de machucar, de ser menor. Talvez em alguns momentos a falta de coragem tenha sido tão grande que me ausentava de mim mesmo e percebia toda aquela cena de fora, olhando-me assim de terceira pessoa do singular. Quando me dava conta, havia deixado a covardia de lado e resolvia minha vida. Foi assim ao sair de casa. Chorei, tive medo, não queria magoar meus pais, mas precisava zarpar, mesmo que não fosse para muito longe. Zarpei em um lampejo de calmaria e lucidez.
Sempre fui chorão. Desde criança. Lembro que não conseguia segurar o aperto seco que me dava na garganta. Um dos piores momentos foi o primeiro dia na escola. Mas até hoje ainda deixo escapar algumas lágrimas em filmes ou textos, e também quando a saudade resolve se instalar. Aliás, mesmo sem útero ou oscilações hormonais bruscas, alguns dias me sinto mais triste e fragilizado. Em um desses dias, especificamente na semana passada, foi a primeira vez que chorei ao telefone. Doeu de verdade. Chorei até me sentir vazio. Chorei um rio, como na música da Ella Fitzgerald.
Nunca me encaixei. Tudo parece tão diferente. Gosto de coisas que quase ninguém gosta, meu temperamento é completamente diferente do da maioria das pessoas e frequentemente presto atenção em coisas que ninguém dá valor. Não gosto de futebol, não assisto novela, não chamo atenção, não reclamo, não brigo, não me destaco, não gosto de roupas sociais - sou o único de jeans e allstar no trabalho. Não sei o que quero fazer no futuro e não sei especificamente qual o meu talento.
Dois sempres e um nunca, quem sabe eu ainda consiga me conhecer. Prazer, meu nome é Vinicius.
Sempre fui chorão. Desde criança. Lembro que não conseguia segurar o aperto seco que me dava na garganta. Um dos piores momentos foi o primeiro dia na escola. Mas até hoje ainda deixo escapar algumas lágrimas em filmes ou textos, e também quando a saudade resolve se instalar. Aliás, mesmo sem útero ou oscilações hormonais bruscas, alguns dias me sinto mais triste e fragilizado. Em um desses dias, especificamente na semana passada, foi a primeira vez que chorei ao telefone. Doeu de verdade. Chorei até me sentir vazio. Chorei um rio, como na música da Ella Fitzgerald.
Nunca me encaixei. Tudo parece tão diferente. Gosto de coisas que quase ninguém gosta, meu temperamento é completamente diferente do da maioria das pessoas e frequentemente presto atenção em coisas que ninguém dá valor. Não gosto de futebol, não assisto novela, não chamo atenção, não reclamo, não brigo, não me destaco, não gosto de roupas sociais - sou o único de jeans e allstar no trabalho. Não sei o que quero fazer no futuro e não sei especificamente qual o meu talento.
Dois sempres e um nunca, quem sabe eu ainda consiga me conhecer. Prazer, meu nome é Vinicius.
26 de julho de 2010
1095
Lembro que tomei uma caipirinha quando cheguei no subsolo. Um rock dos anos oitenta tocava e eu disse que me sentia um caipira. Antes disso foram três Stellas na laje que me fizeram vomitar conversas toscas por horas. As coisas eram diferentes em dois mil e sete...
23 de julho de 2010
Observo
Prefiro um sanduíche rápido do que o almoço com o pessoal da firma. Sento na sombra, perto de um espelho d'água e como enquanto observo as pessoas do centro da cidade. Imagino suas vidas, a falta de brilho em seus olhos, seus desejos. Sinto muito medo de me tornar mais um. Observo. Ando pelos setores centrais, bancos, comércios populares. Penso na minha vida no caminho. O sol, os pichos, os grafites. E os pombos...

21 de julho de 2010
Proximidade
A casa anda tão vazia de você. Sinto que a gente está cada vez mais próximo com toda essa distância, mas é uma proximidade menos física e mais, sei lá, psíquica. Sua voz, quando não é reproduzida nos filmes da minha memória, chega pelo sinal do celular e me enche de mais saudade, mais amor, mais vontade de estar perto.
19 de julho de 2010
Nem sei
Cada dia conheço um novo aspecto de mim mesmo. Um novo olhar, um novo desejo. Cada dia sou um pouco diferente - por vezes completamente diferente, chegando a ser, mesmo, incompatível. Essa vida é louca demais. Ou talvez eu seja um pouco menos lúcido do que imaginava. A vida continua. Amanhã acordo e nem sei como vai ser.
14 de julho de 2010
Olhos
Comecei a me enxergar um pouco melhor depois de cair na estrada e parar nessa casinha cheia de cor, quase no meio mato.
13 de julho de 2010
Nonstop
Ainda é o segundo dia? O tempo anda tão devagar que às vezes parece em câmera lenta. Vagaroso, arrastado, quase em pausa. A casa está silenciosa e escuto os ruídos lá de fora. Carros, uma sirene de polícia, pessoas conversando no boteco ali de baixo e aqui meus dedos ricocheteando nesse teclado. Não tem você. Nem suas roupas jogadas na mesa da sala, o embrulho do lanche da padaria, o copo de coca zero pela metade, nem seu drink de vodka com canudinho e o cigarro de menta pela metade no cinzeiro da varanda. Não tem você. Mas tem sua voz, seu cheiro, seu toque, sua risada e até suas reclamações, tudo isso em um filme projetado em mim, rodando sem parar... nonstop.
26 de junho de 2010
Hippie
Esses dias parecem ter ocorrido há uns dez ou vinte anos, dias de hippies loucos. E como eu precisava disso tudo!
24 de junho de 2010
Cafezal
A vida está como um café instantâneo misturado com leite em pó. Está sem graça, sem gosto e extremamente rápida. Por favor, um capuccino, um chai, um espresso ou mesmo um mochachino, qualquer coisa que me dê um pouco mais de sabor está valendo!
23 de junho de 2010
Respiração
Acordo sempre um pouco atrasado, aliás, não sei mais o que significa ser pontual em algum compromisso. Talvez seja porque os relógios sempre mostram horas diferentes, nunca sei mais qual está certo. Ou então porque meu cotidiano parece ser de outro, de um autômato de horário comercial. Vivo nas pausas e intervalos, busco inspirações, saídas, chaves, mas ainda não sei quem quero ser, pois alguns desejos e ambições alheios ainda se impregnam aos meus próprios anseios. Mas ontem resolvi sair um pouco desse modo automático, encontrei um pouco de arte, um pouco de literatura, um pouco de rebeldia, algumas ideias. Achei um pedaço do passado/futuro no caminho de volta e agora estou aqui, lutando para entender tudo e para conseguir respirar. Inspiro, respiro. Falta ar...
15 de junho de 2010
Tele-visión!
Um ano e meio se passou e o televisor funcionou apenas para ouvir músicas e ver filmes em dvd. Nada de programas de auditório, novelas, comerciais. E tudo ia muito bem, já que não somos assim tão televisivos. Na verdade acho que ficamos um pouco mal acostumados com a programação que podemos fazer pela internet, ao escolher filmes, shows e programas para vermos quando quisermos. Mas aí chega a copa e o streaming ainda não é assim uma maravilha (e bem, ganhei uma antena). Pronto, agora temos a maravilhosa televisão brasileira em nosso lar. E tudo continua do mesmo: vemos filmes e shows em dvd ou no computador e, vai, um jogo ou outro pela recepção da antena.
14 de junho de 2010
Novo-nós
Os últimos dias foram absolutamente surpreendentes. Nós dois, boas conversas e muita comida gostosa. Talvez tenha sido o vinho, a carne ou os murros na batata, mas aprendi um pouco mais sobre mim mesmo e, principalmente sobre nós.
A casa depois de tantos momentos bons e tantas conversas deliciosas na varanda acabou um pouco esquecida. Bom que a faxina me ajudou a organizar um pouco mais a cabeça. Agora sou só saudades...
Descobri que não adianta mesmo seguir na linha normal, no esperado. Preciso de mais que isso! Tenho certeza que eles não entenderão, mas no fim das contas quem precisa entender mesmo sou eu, nós. E sinto que a gente está mesmo no caminho certo. Finalmente!
Meus vinte e seis já estão quase no fim, mas somente agora comecei a me conhecer um pouco mais. E quero tudo diferente. Não quero mais esse modelo, que não me serve de nada.
A cama sozinha, a cidade silenciosa e a madruga antes do início da semana não me espera.
Saudade de nós. Mal posso esperar para que aquele avião pouse de vez, quero você aqui comigo. Quero esse novo-você e esse novo-eu. Novo-nós!
A casa depois de tantos momentos bons e tantas conversas deliciosas na varanda acabou um pouco esquecida. Bom que a faxina me ajudou a organizar um pouco mais a cabeça. Agora sou só saudades...
Descobri que não adianta mesmo seguir na linha normal, no esperado. Preciso de mais que isso! Tenho certeza que eles não entenderão, mas no fim das contas quem precisa entender mesmo sou eu, nós. E sinto que a gente está mesmo no caminho certo. Finalmente!
Meus vinte e seis já estão quase no fim, mas somente agora comecei a me conhecer um pouco mais. E quero tudo diferente. Não quero mais esse modelo, que não me serve de nada.
A cama sozinha, a cidade silenciosa e a madruga antes do início da semana não me espera.
Saudade de nós. Mal posso esperar para que aquele avião pouse de vez, quero você aqui comigo. Quero esse novo-você e esse novo-eu. Novo-nós!
11 de junho de 2010
Cup
Começou a copa, né? Ok, devo confessar que até hoje não entendo nada de futebol. Bom que pelo menos vou ter folga no trabalho nos dias de jogo...
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