19 de agosto de 2011

Maldita margarina

Nunca havia chorado na frente de alguém estranho. E então estava lá sentado e chorando. Eu chorava por sentir que ela havia desistido de mim, por não me entenderem. Tentei entendê-los. Achei que assim tinha finalmente conseguido recuperar nossa ligação, o elo social, umbilical e afetivo. E vi que nada é assim tão simples. Eu havia lutado, mas agora tudo isso parecia sem importância. Talvez eu quisesse lutar apenas por mim mesmo, num sentimento egoísta de querer o bem-estar de todos. Nós não somos comercial de margarina. Nós não precisamos nos entender simplesmente por termos nossa ligação. Somos diferentes e é isso que torna tudo mais fácil de compreender. Chega de idealização.

18 de agosto de 2011

Ainda sobre mudanças

Percebi o tanto que mudei nos últimos meses, mesmo fisicamente. Vi que tinha muita coisa ali embaixo do tapete e não estava bem. Tentei colocar os pingos nos is, baguncei, ajeitei e, enfim, não adianta, vai ficar bagunçado mesmo. Talvez esse seja o sentido: bagunça nas relações sociais. Eu sei que sou fechado, que não compartilho quase nada, mas não sei fazer de outra forma. Mas ao menos agora consigo me colocar mais no papel de sujeito. Um resujetificação. Eu sei, isso nem é uma palavra. Ou uma desobjetivação? O que importa é que invisto mais em mim.

16 de agosto de 2011

Ciclos

Nunca senti tão próximos os fechamentos de vários ciclos. Curso, trabalho, cidade, viagem. Claro, me dá um frio na barriga começar do zero, mas o que mais me sufocou foi a sensação de encerramento, de como é tranquilo aguentar o tranco, mas ao chegar na proximidade da linha de chegada bate aquele desespero. Pior quando essa sensação chega antes de sequer avistar a tal linha de chegada. Mas os ciclos terminam, outros começam, tudo ao mesmo tempo. E tudo caminha mais tranquilidade de novo. E a ansiedade volta. E depois a tranquilidade. E os ciclos. E tudo de novo...

15 de agosto de 2011

Criatividade

Ultimamente tenho me mantido em um estado de acriatividade. Aliás, nem sei se isso é exatamente uma palavra, mas o fato é que o cotidiano tem me sugado de uma forma que a vida se tornou quase um autômato. E quando percebo lá se foram várias idéias deixadas para depois, lá se foram momentos não aproveitados. Acho até que isso é uma das causas da minha angústia crônica. De qualquer forma, o que me ajudou foi encontrar essa listinha com trinta e três formas de manter-se criativo. Vou ver se isso me faz reacender a vontade de escrever, produzir e curtir, saindo um pouco do preto-e-branco do dia-a-dia.


Infelizmente não sei quem é o autor dessa listinha. Enfim, coisas perdidas pela internet. Já estou no número três, a tal da escrita livre, afinal de contas não paro de fazer listas e sempre tenho um caderno ou o bloco de notas do celular a mão!

1 de agosto de 2011

Seguindo

O mês de julho foi tenso, mas agosto já chega aí cheio de graça. Ainda falam que é o mês do desgosto, do cachorro louco e, sei lá do que mais. Ah, do meu inferno astral. Ok, que liga pra esses agouros?! O importante é que depois de hibernar no último mês, consegui começar a resolver vários problemas pessoais. Após uma série de pequenas crises, finalmente consegui reencontrar o rumo da minha vida. Pude me reaproximar da minha família, pois mesmo que próximos fisicamente, estávamos meio distantes. E dei os primeiros passos para ano que vem. Tudo isso na última semana do mês. E agora quero um mês mais leve, mais produtivo e mais intenso!

15 de julho de 2011

Seco

Estou completamente seco. Rachaduras, fissuras, cascas. Nasci aqui, deveria estar acostumado com os meses de deserto, mas talvez nunca me acostume...

14 de julho de 2011

Não sei

Os dias têm sido leves. Comecei a escrever a monografia da pós-graduação e o que me ajuda é fingir que sou um escritor e a mono é na verdade um livro que me encomendaram. E aos poucos vou escrevendo e saio, tomo minha cerveja com as amigas. Fico levemente alcoolizado como agora, mas tudo bem. E só penso no fim de semana que vem, pois estaremos juntos. Aliás, os dias que estamos juntos parecem faz-de-conta, de tão incríveis que são. Já faz quatro meses que você se mudou e um pouco mais de um mês que a gente se vê. A vida continua e a gente precisa se redescobrir todos os dias. Sempre uma coisa nova, um novo aspecto, uma nova realidade. A vida é mais fácil do que parece.

I

13 de julho de 2011

Figuração

Eu nunca gostei das luzes em minha direção, fico bem ao estar no canto, um pouco fora do foco principal. Não sou muito de aparecer, chamar atenção. Sempre o figurante, no máximo um coadjuvante. E aí que se minha vida fosse uma série, talvez fosse a hora de meu personagem ganhar um spin-off, um série só dele. Pode não ser tão divertida quanto a série principal e quem sabe não chegue nem à segunda temporada, mas vai ser legal e desafiador assumir o papel protagonista. Quem sabe até me surpreenda!

5 de julho de 2011

Se eu fosse eu

Lembrei dos Mutantes e da música "meu refrigerador não funciona". Porém, meu refrigerador vai muito bem obrigado, o que não funciona é a lavadora de roupas. Houve barulho, houve fumaça e, por fim, silêncio. Eu podia surtar, mas fiquei tranquilo, numa calmaria que nem eu mesmo entendi. E continua comigo. Uma calmaria que nada tem que ver com máquinas, refrigeradores ou essas coisas. Sinto como se eu simplesmente tivesse girado uma chave na minha cabeça e escolhido o modo suave da vida. Mudei de perspectiva, tirei várias toneladas das costas. Simples assim. Como se eu descingisse como ser eu mesmo.

27 de junho de 2011

Cegueira

Não consigo ver direito. Desde pequeno uso óculos, aliás não apenas uso, mas sou completamente dependente deles, pois colocá-los é a primeira coisa que faço ao acordar e a última antes de dormir. E mesmo assim consegui perder meu par de óculos. Eu sei, tenho lentes de contato e óculos de sol com grau, mas não é a mesma coisa. Mas o que me deixou mais intrigado foi dilatar minhas pupilas no oftamologista para fazer uma nova receita para levar à ótica. Aumentou um pouco, ok, era de se esperar. Mais tarde eu tinha um compromisso, então coloquei minhas lentes, apesar dos meus olhos parecerem o olho escuro do David Bowie, e fui. Não sei bem a razão ou o risco que corri, mas eu havia perdido a habilidade de enxergar de perto, apesar de ver perfeitamente de longe. Algo como uma "vista cansada" antecipada e fulminante. Não enxergava as horas no telefone, os números da máquina do Visa ou mesmo qual era o número da minha poltrona no teatro. Fiquei horas nessa cegueira, realmente com medo de não voltar a enxergar. Mas voltei. E isso me fez pensar em outro tipo de deficiência visual, quer dizer, na minha dificuldade de enxergar minha própria vida, minhas habilidades e como eu quero meu futuro. Isso além de me cegar, me angustia e paralisa. Hoje precisei parar tudo e tentar me focar. Ainda não enxergo muito bem, mas acho que logo logo terei uma visão melhor. Ou ao menos uma visão menos restrita da minha vida. Sabe, diminuir um pouco o zoom e prestar atenção na figura como um todo.

22 de junho de 2011

Tecer

Estou em um momento artesanal da minha vida. Crio, recrio, destruo, reconstruo e faço tudo de novo. Sinto que ao arrumar a bagunça que estava a minha casa, depois de umas duas semanas sem qualquer tipo de faxina, depois de algumas pequenas viagens, bem, precisei mesmo parar e reorganizar, ou melhor, ajeitar, quer dizer, dar meu jeito às coisas ao meu redor. Sinto que ao ajeitar, jogar fora o que não mais me servia e fazer uma faxina braba com minhas próprias mãos, redescobri a vontade de criar. E me redescobri. Encontrei um furacão, desses que são capazes de destruir pequenas cidades, desses que juntam céu e mar numa imensa tromba d'água. E me refiz, me reencontrei, me reanimei. E enxerguei que sim, pode rolar um futuro legal. E o fluxo de criação segue e não sei aonde vai dar. E isso é ótimo! Livre...

18 de junho de 2011

Imaterial

Desapegar tem sido mais fácil do que eu imaginava. Na verdade não se trata de um desapego, mas de uma troca: do material para o imaterial, do analógico para o digital. Não escuto mais cds, mas sim os arquivos em mp3. Quase não revelo mais as fotografias e ainda digitalizo as antigas. Comecei a ler alguns livros em pdf, mas ainda não consigo abandonar meus livros de papel. Tudo fica digital, mas ao mesmo tempo mais leve, mas fácil de carregar. Alguns arquivos nem estão mais no computador, mas sim, sei lá, na nuvem, como dizem agora, fácil de acessar por qualquer notebook ou telefone ligado à internet. Seria um desapego material ou um apego imaterial?

16 de junho de 2011

Nós

Ele ficava no quarto quando pequeno, pois sua mãe sentia um pouco de vergonha de sua aparência. Deitava e pensava na vida. O fato de sua mãe o achar feio não o incomodava. Sempre foi meio introspectivo. Ela ficava também em seu quarto, gostava de ler. Tinha coleções de clássicos e lia sem parar. Sua mãe sempre gostou mais dos filhos do que da filha, mas isso não a incomodava muito. Eu sempre fui mais introspectivo, desde pequeno. Não chorava muito, de acordo com meus pais. Sempre fui calado. Gostava de ler, de ouvir música no quarto. Meu avô uma vez disse que eu não fui um bebê bonito e isso nunca me incomodou.

Alguns aspectos da vida sempre se repetem.

2 de junho de 2011

Medo

Tenho medo. De falhar, de não conseguir mudar de vida, de não crescer, de estagnar na vida, de não exercer todo o meu potencial. Esse medo me paralisa, sinto um frio na barriga, penso em desistir de tudo. Mas não paro, não desisto, pois a minha vida chegou em um ponto em que não é mais possível ficar do jeito que está. Então de um lado aquela montanha de medos, de outro um enjôo, uma náusea da situação atual. E aí? Fico embaixo da cama em posição fetal ou tento mudar? Já planejei - claro, sempre planejo tudo! -, mas quando vou colocar em prática? Ainda não achei o equilíbrio e talvez isso seja bom. Ao menos é o que eu quero acreditar.

30 de maio de 2011

Festa

 
Enchi balões na noite anterior, fiz cartazes. Foi uma festa simples, só nós e gostei de preparar, pensar, imaginar sua expressão quando entrasse em casa. Agora sou somente eu, alguns estados de distância. E ao sair restaram os balões na sala, que só tirei alguns dias depois, quase como uma quarta-feira de cinzas. As fantasias voltaram para o barracão, mas o próximo carnaval daqui a pouco chega.

24 de maio de 2011

Photographia

E daí resolvi começar as aulas de fotografia, afinal de contas o curso é aqui perto de casa e bem, eu precisava ocupar mais meu tempo. Entendi foco, exposição, velocidade, iso e todas essas coisas. Além, é claro, de pela primeira vez fotografar com uma câmera semiprofissional (ou profissional, sei lá!). Sei que era uma dessas enormes e pesadas, cheias de funções, fotômetro e tudo mais. E, claro, uma lente gigantesca. Agora olho pra minha camerazinha amadora, aquela que tanto me acompanhou para todos os lados, e só penso que quero logo comprar uma dessas grandonas. Droga!

16 de maio de 2011

La famiglia

E então a gente cresce, sai da casa dos pais e já se acha muito adulto, afinal pago as contas, faço faxina, lavo minha roupa. Mas não importa, quando a gente precisa, vira de novo criança. Essa semana aconteceu isso. Estava ali todo cheio de maturidade, quando resolvi beber demais. No dia seguinte não sabia quem eu era e nem onde estava. Não encontrava minha carteira, não lembrava de quase nada. Ufa, minhas amigas me trouxeram de táxi pra casa. Mas minha cabeça continuava a girar. Na hora arranjei forças não sei de onde, entrei no carro com tudo girando e fui direto para a casa dos meus pais. Mal tive tempo de falar 'oi' pro meu pai, já caí direto na minha antiga cama. "Bebeu, né? E imagino que você não comeu nada...". Meu bafo de álcool oxidado, ou melhor, de aldeído, não me deixava mentir. E quando vi meus pais já me traziam remédio para enjôo, água de coco e todo aquele mimo que só os pais podem fazer. "Meu filho, da próxima vez como algo forte antes de beber...". Beber? Não tão cedo! E o melhor foi voltar a ter quinze anos: dormir no meu antigo quarto, ver televisão até mais tarde, acordar com café na cama. Eu tenho vinte e sete. Em alguns dias tenho quarenta, cinqüenta, mas ontem tinha quinze de novo. E foi tão bom sentir todo aquele amor, toda aquela compreensão. Sério, a gente tem de aproveitar muito os pais. É tão bom esquecer da idade cronológica por algumas horas...

8 de abril de 2011

Limões

Os anos passam e eu continuo a acreditar que um salvador ou salvadora irá chegar e me oferecer uma ótima proposta de emprego, de vida, de viagem, de qualquer coisa. Claro, eles nunca vêm e talvez nunca virão. Ok, eu sei, somente eu poderia me salvar. Sim, eu sei. Mas às vezes cansa dar tanto murro em ponta de faca, cansa fazer de um tudo e continuar da mesma forma, cansa ter sempre um futuro tão distante em mente. Com esse tanto de limões na vida, fiz caipiroscas, tortas, limonadas, michelada... Bem, terei de inventar novas receitas.

23 de março de 2011

Abalos

Senti como se o reator da minha própria usina nuclear tivesse tido problemas com o sistema de resfriamento. E nem precisou acontecer um abalo sísmico. De qualquer forma, já dei uma jeito de começar a operação de resgate e parece que tudo caminha de novo para uma reestruturação. Espero que dessa vez dê certo!