30 de abril de 2015

Cerrado

Nascer no Planalto Central deixa a gente impregnado de cerrado. Árvores pequenas e tortas, cascas grossas, folhas com pelinhos, poeira e seca por todos os lados, mas, ao mesmo tempo, perto dos rios tem umas árvores grandes e exuberantes.

Antes da construção de Brasília ninguém queria saber o que era o cerrado. Se não era litoral, era sertão. Derruba tudo, corta e transforma em pasto.

Depois da inauguração de Brasília não mudou muita coisa, mas trouxe muita gente pra cá. E mais pessoas começaram a se impregnar de cerrado.

Aliás, o próprio nome cerrado já é uma dificuldade: fechado,  instransponível. Savana é muito mais simpático e me faz sentir ali na África com girafas, elefantes e leões.

E o solo? Ácido e difícil. Mas a vida é meio assim! Então vamos encher de calcário pra equilibrar e poder plantar soja? Bem, quando a gente viaja de carro aqui pelo Centro-Oeste só se vê campos de soja, com uma árvore ou outra isolada.

Mas o cerradão tem me encantado. E encanta outras pessoas também! Nos últimos anos já é fácil encontrar sorvetes e sobremesas com frutas daqui: cagaita, pequi, baru. araticum, cajuzinho-do-cerrado.

Adoro esse diminutivo nos nomes de alguns frutos do cerrado, dá impressão que posso colocar tudo no cerrado, desde que sejam versões em miniatura: maçãzinha-do-cerrado, uvinha-do-cerrado, melanciazinha-do-cerrado (essa existe de verdade e chama cabacuí!).

E quem sabe os ingredientes daqui entrem nos pratos clássicos. Afinal de contas, será que não dá pra substituir um pinole por um baru no molho pesto? Um creme de araticum ao invés de um crème pâtissière tradicional no mil-folhas? Uma tarte tatin de pequi? Risoto de gabiroba? Sei lá, talvez alguns desses não rolem mesmo, mas dá pra sair do arroz-de-pequi e do frango-com-pequi. Arroz-de-baru? Frango-com-jatobá?

E tem gente pesquisando o cerrado, buscando inovar. Nessa semana fui numa palestra do Ossobuco (http://ossobu.co/) com o chef Agenor Maia do restaurante Olivae (http://www.olivaerestaurante.com.br) e ele falou exatamente sobre essa pesquisa e valorização dos ingredientes do cerrado. Tem castanha do pequi, tem baunilha-do-cerrado (na verdade um baunilhão-do-cerrado, ela é dez vezes maior que a outra), chocolate de jatobá, azeite de pequi, além de várias outros tesouros escondidos por aqui.

E eu com toda essa curiosidade tenho vontade de experimentar tudo! E de pesquisar e me impregnar cada vez mais com esse cerrado.

29 de abril de 2015

Chá chá chá

Um bom chá sempre me ajuda quando estou com algum problema. Acho que ferver a água, colocar o sachê ou a peneirinha na xícara e esperar o sabor de todas aquelas ervas se diluir no calor e nos vapores. E tomar com calma.

Quando eu era pequeno nunca fui fã de chás, pois era quase um sinônimo de remédio. Chá de boldo para dor de barriga, chá de limão para gripe, chá de gengibre para dor de garganta. Dessa época, o único que gostava era o chá de cidreira, porque não é remédio para nada e até hoje tem um arbusto enorme na casa dos meus pais.

Quando fiquei mais velho virei fã de chá mate gelado com limão. Depois fazia em casa e deixava em garrafas enormes na geladeira.

Um pouco depois disso virei o doido do chá. Sempre tinha uma caixinha em casa. E então fui para Buenos Aires e entrei na loja mais incrível de chás, a Tealosophy. Era quase como entrar em uma loja de brinquedos, só que de chá. Várias latas enormes com folhinhas e cascas secas e com nomes e aromas maravilhosos. O vendedor abriu muitas latas com toda a paciência. Acabamos com todos! Ainda bem que minha mãe foi há pouco para lá e me trouxe muitas latas, então ainda tenho um estoque. Sem dúvida naquele dia entendi realmente o que é fazer um chá, misturar sabores e a importância de preparar uma xícara de chá com calma, beber e relaxar.

Mas comecei a escrever porque estava naqueles dias em que tudo parece escuro e sem graça. Abri minha gaveta aqui no escritório e lembrei que tinha uma caixa de chá de gengibre com limão. Preparei uma xícara e as coisas continuavam escuras e sem graça, mas ao menos eu tomava algo saboroso e um pouco mais aquecido. Aos poucos foram surgindo ideias e inspirações.

Eu passo tanto tempo no trabalho e em casa e tenho produzido tão pouco. Leio alguns textos interessantes entre uma tarefa e outra, mas não coloco muito em prática. Um blog sobre Brasília e coisas do cerrado? Um blog com palestras do TED e de outros sites? Um blog sobre criatividade, inspiração?

Aos poucos tenho tentado fazer algumas coisas para melhorar minha criatividade. Tenho brincado com jogos de videogames antigos no celular, tenho lido todos os dias um livro sobre a Clarice Lispector e, bem, tenho tentado não enlouquecer. E tomado chás. E até meditei outro dia.

Então as coisas não estão assim tão ruins. O trabalho não me consome, ganho um salário razoável e tenho tempo para ler, pensar e ver besteiras na tv. Está pouco, eu sei. Mas aos poucos as coisas vão se encaixando. O importante é fazer, escrever, sem pensar muito.

27 de abril de 2015

Saudades, São Paulo!

São Paulo foi minha casa por quase três anos. Subi e desci tantas vezes a rua Augusta e a Frei Caneca, que mapeei os quarteirões em minha cabeça. E a mesma coisa para a Paulista.

Aliás, uma das experiências que mais gostei desse período foi não ter carro. Andar a pé, usar o metrô e ônibus e, claro, táxi de vez em quando.

E agora, quase seis meses depois de voltar de lá, sinto uma saudade imensa das ruas cheias de gente, das pixações, dos prédio e casarões do centro, do café da manhã na Casa Mathilde, de andar na Paulista, de assistir filmes no Reserva Cultura, no cinema da Livraria Cultura ou no Frei Caneca, de tomar cerveja no Barão de Itararé, de comer hambúrguer de madrugada no Rock'n'Roll ou na Bella Paulista, de descobrir lojas, restaurantes e bares. Sinto falta de ir ao MASP, à Pinacoteca, de descobrir coisas incríveis no centro. Sinto falta dos shows nos SESCs, nos parques.Sinto muita falta dos amigos que fiz lá. Dos happy hours, dos almoços. Sinto falta até da maluquice do escritório que eu trabalhava.

Mas eu sentia a mesma coisa em relação à Brasília. Acho que é uma eterna nostalgia do passado. Na hora tudo parece tão complicado, mas com um distanciamento de alguns meses, tudo se torna lindo e harmônico. Eu sei que passei por muitos perrengues na época paulista, mas hoje em dia só ficaram as coisas boas.

Eu preciso focar no presente. Em construir algo legal agora e parar de ficar idealizando o passado e com medo do futuro. Minha casa agora é Brasília e eu preciso fazer com que seja a melhor experiência possível.

Mas sinto falta de SP. Acho que preciso pegar um final de semana e ir lá matar a saudade. Vai ser bom rever minha versão de SP.

13 de abril de 2015

Molhar-se faz parte da vida

Viver um dia após o outro tem me deixado completamente desconectado de mim mesmo. Eu não tenho conseguido fazer nenhum plano para nada, seja para coisas simples como emegracer ou para mais complexos como mudar de trabalho.

Minha vida tem sido medíocre desde a volta para Brasília. O que parecia ser uma chance para me reinventar, virou uma prisão com as portas abertas, mas que não consigo sair.

Pensei em fazer mais uma pós, tentar um mestrado, estudar para um concurso, mas estou eternamente em uma estado de falta de motivação. Minhas únicas vontade são ler livros de literatura, comer besteiras, andar de bicicleta e assistir televisão.

Tem três anos desde o dia que peguei o diploma da minha pós e desde então nunca mais estudei. Nada. Não sei para que rumo seguir, não sei o que quero fazer, não sei qual trabalho ou curso procurar. E sinto que posso ficar nessa situação por anos.

Parece tão simples me matricular em um curso. Ok, o meu salário não é lá essas coisas, mas se eu apertar um pouco sobra o dinheiro da mensalidade. E o mestrado é de graça. Uma discipliana como aluno especial é bem barato. A questão é que não consigo me motivar.

Não tenho interesse para nada, estou sempre cansado e com sono. E as horas durante o dia demoram uma eternidade para passar. E de noite voam.

Hoje fez três meses que voltei ao meu trabalho antigo. E eu preciso dar um rumo para minha vida. Sempre interpretei como um passo para trás para dar dois pra frente. Mas ficar nessa indefinição tem me sufocado. Parece que estou em um  eterno moonwalk do Michal Jackson e ando sempre para trás. Preciso de algo para me trazer alegria. Preciso de um projeto. Preciso criar.

Ok, vamos lá. O que preciso fazer? Atividade física. Correr e caminhar já é um bom começo. Cozinhar mais em casa para me alimentar direito. Filé de frango, carne de panela, coisas assim, nada muito elaborado. Ler algums textos que me acrescentem e me ajudem. Deixar as redes sociais de lado. Criar mais, tirar mais fotos, escrever mais, passear, arejar a cabeça. Rir.

E do que eu gosto? Afinal de contas estou completamente desconectado de quem eu era/sou, né? Eu gosto de tirar fotos.  Gosto de ler, pesquisar, ouvir música e podcasts, escrever, cozinhar, ir a exposições de arte, ir ao cinema, ao teatro. Gosto de ler jornais e feeds. Gosto de andar de bicicleta, andar a pé, viajar. Gosto de ir a restaurantes e lanchonetes. Ok, não enxergo nada disso como um possível rumo para uma profissão.
Mas o que todas essas coisas tem em comum? Tudo isso tem a ver com criatividade, eu sei. E talvez não criar nada, não ser criativo, tem me causado tanta angústia. E não enxergar um crescimento na minha vida tem me esmagado.
Eu não tenho medo de trabalhar, mas preciso acreditar nesse trabalho. E não acredito que ficarei muito tempo por aqui. Acho pequeno para mim. Não me inspira. É só um quebra-galho até eu arranjar outro emprego. Mas esse outro emprego tem demorado tanto.

Então vamos lá. Uma coisa de cada vez. Vou tentar, ou melhor, vou sair desse marasmo e vou começar a fazer pequenas coisas. Correr depois do trabalho já ajuda (antes do trabalho não dou conta). E vou pesquisar algumas receitas para voltar a cozinhar. E tentar criar algo, seja um desenho, seja uma foto, seja um projeto.

Vou começar pequeno. Três tarefas para hoje: correr, pesquisar receitas e criar algo. Bora! Molhar-se faz parte da vida!

21 de março de 2015

O Mar

Moro a uns mil quilômetros do mar mais próximo, bem no meio do país. Não sei como seria viver perto do oceano, pois o máximo que morei na praia foi por seis meses.

Lembro que nessa época sempre que me sentia triste ia ver o por-do-sol em qualquer praia da cidade e de repente a tristeza já nem era mais tão importante. E fiquei com a pele tão queimada que muita gente achou que eu era indiano.

O mar me deixa hipnotizado com o barulho rítmico, as cores, o cheiro. Entro no mar e sinto uma ancestralidade, quase uma volta pra uma casa que saí há muito tempo, que já não me lembro muito bem. Como ver uma foto da casa dos avós, em uma cidade bem distante que a gente visitou quando era quase muito pequeno para lembrar.

Quando entro no mar procuro conversar, mas não com alguém, mas com algo muito antigo e muito grande. E ouço a resposta pelo barulho das ondas quebrando. Sinto o abraço da água, além de sentimento ou sensação. Fico tão insignificante que só me resta pedir ajuda para achar meu rumo, pra cortar essas amarras que me prendem a tanta coisas que já nem sei bem a que. Pulo por baixo das ondas e sinto a espuma passar forte por minhas costas. Escuto vários sons quando estou submerso.

Posso ficar horas olhando o vai e vem, a arrebentação, encho meus pulmões com esse cheiro salgado, úmido e antigo. Sinto uma melancolia, mas que não chega a ser triste.

Algumas vezes quando entro na maré baixa enxergo minha perna de criança de três, quatro anos entrando no mar. Daquela sensação de não saber se estou indo pra frente ou pra trás quando o mar puxa a areia embaixo dos pés.

Quase nunca sinto medo do mar. Uma vez tinha uns quinze anos e estava na praia com minha mãe. Já não dava mais pé e eu não conseguia voltar. Mas não senti medo e nem vontade de nadar para a costa. Achei que minha vida tinha sido boa e que não tinha problema ir embora. Não gritei, não ouvi minha mãe. Mas chegou um salva-vidas e me tirou de lá. Até hoje não entendo essa sensação.

Outra vez viajei de barco com meus pais para uma ilha perto da cidade da minha mãe. Na volta choveu e o mar estava muito bravo. Eu, minha mãe e meus irmãos conseguimos sair quando o barco chegou no porto. Meu pai ficou embarcado e teve que sair do pier junto com a tripulação para voltar só quando o mar ficasse mais calmo. Chovia muito e voltamos pra casa da minha avó com muita tristeza. Eu rezei muito ou o que eu achava que era rezar com cinco, seis anos. Achei que meu pai não ia voltar e fiquei com muita raiva do mar. Meu pai voltou e me arrependi de ter sentido raiva e medo do mar.

Um dia vou morar perto da praia. Não sei quando e nem por quanto tempo. Mesmo no inverno. Imagino uma casa pequena numa cidade tranquila, ouvindo as ondas quando dormir e acordar, abrir as cortinas e as janelas e olhar a praia. .

Um dia vou entender essa paixão oceânica.

2 de março de 2015

Charada

No começo de 2012, há quase três anos, eu havia pedido uma licença sem salário do meu emprego e tirei uma semana de folga antes de embarcar para São Paulo.

Lembro que fui quase todos os dias à Água Mineral, praticamente vazia, para ler "Cem Anos de Solidão", do García Marquez, nadar e pensar no que faria nos próximos meses. Além das expectativas de morar em uma nova cidade, minha meta era conseguir um emprego na área ambiental de algum escritório de advocacia, mesmo sem ter experiência profissional para isso. Não tinha angústia, nem nada. Simples assim.

Semana passada voltei para o mesmo lugar na Água Mineral, quase como para encerrar um ciclo. Consegui emprego em um grande escritório e fiquei por lá o tempo que morei em São Paulo. Mas três anos depois voltei para Brasília e para o mesmo emprego de 2012.

Diferente da época pré-SP, eu não tenho uma meta específica. Ainda não sei o que quero com a volta, além de fatores gerais como ficar mais perto da minha família e ter mais qualidade de vida.

Passar em outro concurso? Fazer outro curso? Fazer mestrado? Abrir uma empresa? Montar uma start-up? Criar um app?

Uma das metas específica é comer de forma mais saudável e fazer exercícios. Eu já não sou mais tão jovem e tenho abusado de frituras e açúcar. A barriga também não tem ajudado. E, claro, comprar uma bicicleta.

Agora na parte profissional, não tenho ideia. Não estou motivado no meu novo/velho trabalho. E não sei que rumo seguir. É uma situação cômoda, pois recebo um salário que paga minhas contas e consigo voltar pra casa em um horário bom, com uma carga de trabalho razoável.

Mas o que eu quero fazer profissionalmente? O que quero fazer nos próximos três anos?

Tento não me angustiar muito com isso. Continuo vivendo e procuro prestar atenção nos sinais, no acaso. Mas nada tem me chamado atenção. Não tenho mais paixões, não tenho mais ideias. Até inventei um cheesecake de cupuaçu que e vendi para um restaurante, mas nem isso me fez ter vontade de investir nesse ramo.

Vou continuar pesquisando, meditando e refletindo. Uma hora descubro a resposta da charada.

27 de fevereiro de 2015

Folga

Teve aniversário do órgão em que trabalho e foi como naquelas propagandas de supermercado: "o aniversário é nosso, mas quem ganha presente é você". E nada melhor do que ganhar um café da manhã e o resto do dia de folga.

E então ficamos eu e minha folga. Um dia inteiro só para mim. Nem lembrava como era isso. Nadei, fiz trilha, queimei no sol, aliás as minhas costas ardem até hoje, vi uma exposição de arte maluca, sentei num banquinho de praça pra ver o céu, dirigi sem rumo, meditei, respirei fundo e no final fui tomar uma cerveja com minha amiga.

Eu queria uma marmota pra fazer como no filme do Bill Murray em que ele repete o mesmo dia várias vezes.

Preciso diminuir minhas expectativas e curtir a simplicidade das coisas. A vida pode ser legal com pouca grana e sem pressão. Não é difícil ser feliz.

24 de fevereiro de 2015

Contando moedas pro salgado

Tinha tempo que eu não ficava tão sem grana. Como recebi os valores da demissão todos de uma vez, achei que o dinheiro fosse ser suficiente por um bom tempo. Bem, em dois meses sem trabalhar eu tinha gastado quase tudo que estava em minha conta.

O "passa no débito" parecia uma senha para uma conta inesgotável de dinheiro. Mas como não estou participando de nenhum golpe milionário, uma hora o dinheiro acabou.

Antes de entrar efetivamente no vermelho eu comecei a trabalhar, mas demorou para entrar dinheiro e, claro, entrou bem menos do que eu esperava, pois foi uma labuta de metade de mês.

Nesse período não teve nenhum luxo, nada que justificasse a saída tão rápida de grana. Mas "dinheiro na mão é vendaval". Aliás, é furacão, é tsunami. Não dura nada na minha mão.

O dinheiro que entrou já deu um belo tchau de Miss. Consegui pagar todas as contas e não sobrou mais quase nada. Nesse próximo mês, quem sabe, eu me equilibro.

Eu me sinto como aquelas donas-de-casa antes do real virar a nossa moeda. "Tudo está pela hora da morte" (faltou os bobs, lenço na cabeça e drama, muito drama). Gasolina, supermercado, alimentação, tudo caro. Eu sei, crise econômica, escândalos políticos, dólar alto. Parece que voltei de novo à década de 80, mas agora não preciso só do dinheiro para comprar álbum de figurinhas.

Na época de inflação galopante só entendi a crise quando todo dia era um preço diferente para comprar figurinhas do Snoopy e  chocolate Surpresa. E as maravilhosas máquinas de colar etiquetas de preço nos produtos, incansáveis. Tinha produto com uma crosta de etiquetas de preço, uma por cima da outra.

Desde o real a gente ficou mal acostumado com a estabilidade econômica e, claro, aquele monte de reportagem sobre o Brasil ser o país do futuro, os BRICS e tudo mais. Calma, galera. Não é assim. Vamos comer mais um capim aqui. Tá tudo bagunçado e acho que vai piorar ainda mais um pouco antes de melhorar.

Enquanto isso vou seguindo na economia, bem dona de casa. Menos restaurante, baladas mais baratas, menos compras. Contando moedas pro salgado.

18 de fevereiro de 2015

Carnavalizar

Carnaval é recente na minha vida. Imagina que passei anos achando que era só um feriadão no começo do ano com uns desfiles de escola de samba. Nessa época geralmente eu viajava com meus pais para alguma cidade aqui perto e de vez em quando assistíamos a um pedaço de desfile antes de dormir.

Depois virou um período de alugar vários filmes e ficar em casa. Ou colocar as leituras em dia.

E então há uns três anos descobri o carnaval de rua, desses de marchinha e fantasias simples lá em São Paulo. Afinal Brasília não tinha mesmo nada de carnavalesca e a cidade virava um cenário de filme de apocalipse nuclear.

Demorei quase trinta anos pra enteder realmente o que é carnaval. É sair na rua, usar roupas que normalmente não se usa e dançar até ficar com os pés doendo. É o escape da vida chata e certinha e é o marco para começar os planos do ano. Aliás, feliz ano novo!

E nesses últimos anos esse amor pelo carnaval vem crescendo. Agora a gente se prepara, compra acessórios, pensa na fantasia, olha a agenda dos blocos e escolhe o que parece ser mais legal no dia. E cansa, fica com os pés doloridos, dorme pouco, toma chuva, abraça desconhecidos, tira foto com gente que nunca viu na vida, encontra pessoas que não se via há anos e, claro, se diverte. E em Brasília! Sim, o cenário de filme apocalíptico descobriu o carnaval de rua.
Mesmo sem nenhum apoio de dinheiro público, a gente botou o bloco na rua, botou pra gemer, gingou, pra dar e vender.

E de repente, tudo isso acaba. Chega a quarta-feira de cinzas e que nome mais adequado pra esse sentimento pós-carnaval. Bom que o bom senso e a tradição carnavalesca deixa a manhã de hoje pra gente acordar tranquilamente, tomar um banho, varrer os confetes, guardar as fantasias, tomar um remédio pra ressaca e almoçar antes de vir ao trabalho pra fingir que faz alguma coisa. Ninguém faz nada.

Mas se não fosse assim eu certamente iria para outro bloco, mesmo com os pés doloridos e a cabeça avoada.

Eu não entendo quem não gosta de carnaval e, pensando bem, é um feriado de utilidade pública. É preciso mesmo extravasar, se fantasiar, sair da normalidade, sambar na rua. Cinco dias pra se divertir, uma manhã pra descansar antes de volta pra rotina chata. Ressaca, dor nas pernas, mas um sorriso.

E que mais pessoas curtam o carnaval. Afinal, "Eu, por mim, queria isso e aquilo / Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso / É disso que eu preciso ou não é nada disso / Eu quero é todo mundo nesse carnaval. (www.youtube.com/watch?v=PiCteoGZf7Q)

13 de fevereiro de 2015

Caminhos

No colégio só tem um caminho linear a seguir: uma série após a outra. Mesmo que se repita, é preciso cumprir todas aquele percurso Acho que foi a última vez que não me senti perdido na vida.

Aliás, quando passei no vestibular ainda tinha toda essa certeza do caminho linear, sempre em frente.

E então acabou ali minha paz. A faculdade abre um milhão de possibilidades e não tem nenhuma opção errada. E, claro, começa a comparação com as outras pessoas da faculdade e fora dela. Sempre aparece aquele prodígio que se destaca desde o primeiro semestre.

E só piora. Já tem quase seis anos que saí da faculdade e nunca me senti tranquilo. Sempre sinto que posso mais, que tudo isso é pouco pra mim. Mas será que é?

Eu queria me sentir tranquilo de novo, num caminho profissional legal, mas tudo anda tão bagunçado com esse vai e volta de cidade e emprego. E eu me sinto tão preguiçoso e medíocre. Cadê aquela coragem de mudar tudo e de buscar algo novo?

Por enquanto só penso que o carnaval começa hoje nessa sexta-feira 13. Na quarta-feira de cinzas eu penso no que fazer. Lembra que o prazo era janeiro? Bem, do final do carnaval, quando o ano finalmente começa, não passa.

9 de fevereiro de 2015

Ajeita

Eu ainda não tenho do que vai acontecer na minha vida e isso tem me deixado completamente imobilizado. Mas a gente nunca tem mesmo certeza do que vai acontecer. Pode ser que não aconteça nada. E nada é pior do que a possibilidade de acontecer algo. Tantas coisas que me incomodam que não tenho ideia de por onde começar a arrumar o domingo e os próximos dias.

E então comecei pela bagunça de casa, mais visível que a de dentro da cabeça. Dobrar roupas, jogar fora papeis velhos, arrumar a mesa. Dor nas entranhas, lágrimas caindo pelo rosto. Táboa e ferro de passar, roupas de trabalhar amarrotadas, vincos, vapor. Gosto amargo na boca. Organizar armários, jogar fora lixo, esconder tralhas em caixas. Leve dor de cabeça.

Aos poucos o desespero ameniza. Pegar o celular no final da tarde para ouvir a voz da mãe, saber como foi o dia. Voz de irmã depois de tantos dias sem se falar. Voz do pai preocupado. Respirar fundo para sair um pouco do lago congelado que se tornou a vida.

Cheiro de comida. Comer sem diálogo. Mais lágrimas. Mais arrumação de casa. Dizem que remédio bom é lavar louça suja. Talvez seja.

Filme de noite, aconchego no sofá. Primeira paz no dia. As coisas vão melhorar, não adianta ansiedade. Tudo tende a se encaixar. Respirar. Respirar. Respirar.

5 de fevereiro de 2015

Feliz Cidade

Não é fácil ser feliz. A vida é chata e o tempo todo aparecem coisas pra estragar o dia. E a grana anda curta, o tempo anda pouco e nada de comer direito e fazer esporte como se deve.

Mas na verdade, em tese, é fácil ser feliz. A vida não vai mudar de uma hora pra outra, os problemas não vão acabar. a felicidade precisa ser uma escolha: escolher não ficar mau humorado por causa dos pepinos. Escolher rir. Escolher comer bem. Escolher não adiar a alegria para quando aparecer um emprego melhor ou para quando juntar dinheiro para uma viagem. A felicidade precisa ser diária. Uma escolha consciente. E sempre relembrada.

É muito mais fácil ser triste. Motivos não faltam. E tristeza vai puxando mais tristeza. É gostoso ficar ali jogado no sofá vendo séries e comer um brigadeiro de panela porque o dia foi uma porcaria. E quando se percebe, já tem tanto tempo que a gente foi feliz que já nem se lembra como é.

Mas como é ser feliz? Vai de cada um. Pra mim é leveza. É não se preocupar tanto com cenários malucos que se vai montando na cabeça. É viver o hoje, sem idealizar o passado e sem se preocupar demais com as incertezas do futuro.

Eu preciso ser feliz hoje. Tô cansando de arrastar tantas correntes e carregar tantas pedras.

2 de fevereiro de 2015

Dia de festa no mar

Não sou uma pessoa religiosa e nem tenho ali uma religião pra chamar de minha. Aliás, já fui em várias cerimônias e cultos, mas não me liguei a nada espiritual.

Ok, quando as coisas apertam eu rezo na maior tradição católica.

Não conheço quase nada das religiões africanas, mas adoro esse mistério dos orixás. E do pouco que conheço, minha orixá favorita é a Iemanjá.

Sempre lembro da música na voz da Bethânia sobre a rainha do mar. E que dia dois de fevereiro é dia de festa no mar.

Acho que meu fascínio por Iemanjá é porque sou fascinado pelo mar. Como moro há mais de mil quilômetros da praia mais próxima, posso ficar horas só vendo e ouvindo as ondas, quase em um transe.

Aliás, água é algo muito forte pra mim. Mesmo o lago Paranoá já me deixa encantado.

Então, Odoyá, Rainha do Mar!!

31 de janeiro de 2015

Círculos

Fui então reler os posts de janeiro de outros anos. Eu comecei a escrever aqui há mais de sete anos e desde lá já tinha essa inquietação sobre os rumos da vida, inadequação no trabalho e não saber o que fazer profissionalmente.

Eu realmente achava que depois dos 30 as coisas iam se encaixando, mas até aparece, né?

Devo estar me fazendo as perguntas erradas, pois até hoje não cheguei a nenhuma conclusão. E a mesma inquietação. Talvez até piorada.

Mas foi ótimo reencontrar esses outros eus do passado. Continuo (quase) o mesmo.

29 de janeiro de 2015

Fitness

Definitivamente não sou uma pessoa fitness. Até tento ir à academia e comer de forma saudável, mas chega uma hora que simplesmente desisto e volto a comer besteiras e a ficar de frente à TV ou ao computador.

Condicionamento físico zero, pancinha e preguiça.

Mas então resolvi deixar de marasmo e dar uma corridinha de leve perto de casa. Quase morri, mas gostei da sensação de correr na rua.

Engraçado como uma coisa vai puxando a outra. Preguiça, desânimo, vontade de comer besteira, assistir programas ruins na TV e assim por diante.

Apesar de me achar ridículo ao usar shorts de corrida e tênis, além da pancinha de cerveja, fui lá correr na rua. E a perna doeu, a barriga formigou, minha respiração parecia não ser suficiente e eu pensei que ia deitar no chão e pedir pra morrer, mas consegui terminar os quatro quilômetros que me propus, usando o aplicativo de corrida que estava ali perdido no meu celular.

E mesmo todo dolorido e cansado, me senti feliz. Esse negócio de endorfina de atividade física é verdade mesmo.

Quem sabe agora engreno numa vida mais saudável!

Chega de todo mundo falando que eu engordei! Porra!

28 de janeiro de 2015

Internete

Sempre gostei de internet, desde a época do modem discado dos anos 90 com aqueles barulhos estranhos. Em pouco tempo o ouvido ficava treinado para ver se a conexão ia ou não acontecer.

Criei blogs, fotologs, entrei em várias redes sociais, encontrava sites desconhecidos de designers noruegueses, fotógrafos espanhóis, artistas japoneses, acompanhava blogs de pessoas em várias partes do mundo e que depois viraram livros, filmes e não voltaram mais a ser blogs.

Ultimamente sinto que as coisas estão mais chatas. Antes eu procurava um assunto e uma página me puxava para outra até eu nem saber mais o que estava procurando até esbarrar em um site incrível que me enchesse de ideias.
Hoje assino feeds e toda vez que aparece alguma atualização eu já recebo automaticamente, então filtro o que me interessa, salvo para ler mais tarde (e às vezes nunca leio). Virou algo quase burocrático.

Eu me sentia em uma biblioteca enorme com um milhão de possibilidades na qual procurava por assuntos que me interessavam. Hoje tudo me chega ali sem muito esforço, direto na minha caixa. Como se todo dia chegassem artigos e panfletos lotando a caixa de correio do meu apartamento.

Eu mudei meu jeito de lidar com a internet e a internet mudou. Outro dia fui visitar uns links de blogs que eu adorava. A maioria está sem atualização há anos. Anos! Talvez não haja mais espaço para blogs, tudo foi substituído por textos enormes nas redes sociais.

E então pensei em largar a mão desse meu blog. Eu nunca escrevi para ninguém, apenas para meu próprio histórico, para saber como eu me sentia em determinada época da minha vida. E eu adoro isso! Adoro poder escrever aqui sem pensar muito, sem ligar para o público e adoro reler o histórico de anos anteriores para tentar me reencontrar ali, para me lembrar de como eu sou/era, já que com o tempo a gente vai se esquecendo e vira quase outra pessoa.

Mas não, nunca vou deixar de escrever aqui. Pensei então em criar um outro site, menos pessoal. Mas de que? Culinária? Cinema? Design? Literatura? Fotografia? Meio Ambiente? Música? Eu nem tento, pois na primeira semana já estaria de saco cheio. Não encontrei nada que me motivasse a escrever em um site específico. Que merda! Nada. Eu ando uma pessoa muito chata e sem graça, frustrado com a vida, sem ver coisas novas, sem ter ideias diferentes, sem criar nada.

Cara, eu não crio nada. Eu tiro umas fotos aleatórias de coisas que me chamam atenção e publico em um site que replica em outros lugares e então as pessoas vão lá e colocam um "curtir" quando gostam.

Eu não crio, não me desafio, não me conheço. Virei essa pessoa que enrola no trabalho, que conta os minuos para dar a hora de ir embora e que não faz quase nada do tempo livre.

De vez em quando cozinho algo para mim e acho incrível. Fiz um bolo de banana cheio de coisas saudáveis.

Mas no geral não crio nada. Vamos mudar isso, né? Hoje começo um projeto.

27 de janeiro de 2015

Vergonha na cara

Tentei pensar como seria a primeira vez que se toma consciência na vida, naquele estágio quase não humano. Será que é algo como acordar depois de um sono bem longo? Um sono pesado, sem sonhos, sem preocupações, sem sentir nada. E então começam barulhos, movimentos, luzes, cheiros. E então a consciência.

Aliás, são várias as vezes que se toma consciência na vida, geralmente após um baque. A tendência é se acomodar, acostumar, adaptar, até que a não se reconhecer mais. Mas a essência está ali: a bagunça, a desordem, o desconforto, a insatisfação, tudo ali escondido só esperando o baque, que sempre vem.

E vem de várias formas: falta de grana, falta de saúde, falta de tempo, falta de amor. Nem sempre por falta, pode ser por excesso também.

O meu dinheiro está acabando e não fui atrás de outro emprego no mesmo ramo. Decidi voltar para um emprego antigo, que saí há quase três anos. E voltei, apesar de sentir um nó nas minhas entranhas. Preciso do dinheiro e preciso de um emprego que me proporcione ter um horário fixo e uma grana certa. Afinal de contas, dívidas e necessidades básicas (e não tão básicas) é o que faz a gente parte da engrenagem gostosa do capitalismo.

Mas então vamos pensar que paguei minhas dívidas, usufruí da jornada fixa e ainda guardei um pouco de dinheiro. E agora? Frio na barriga. Não sei. Estudo para conseguir outro emprego (qual?)? Faço mestrado (em que?)? Abro minha empresa (de que?). Não faço nada e continuo aqui com meu nó nas entranhas?

Eu sei que não se deve atrelar a felicidade a um futuro incerto, o negócio é ser feliz agora e tudo mais. Vou ser feliz quando eu emagrecer/arranjar um emprego melhor/viajar para o exterior/sei lá. Mas quem disse que dá pra ser feliz hoje com todos esses perrengues e dúvidas?

Tem vezes que quero fazer ioga, viajar para um retiro espiriual, fazer uma massagem tântrica, tomar um chá espiritual. Mas não adianta ficar procurando coisas externas, O negócio está aqui na minha cabeça. Preciso decidir o que quero, seguir com esse plano e entender que as coisas levam um tempo mesmo, mas que é preciso curtir de hoje.

Sei. Minha vontade é chegar em casa, comer algo gostoso e ver um filme. E ler um livro. Até quando eu vou ficar de férias na minha cabeça?

11 de janeiro de 2015

Três meses de férias



Meu último dia de trabalho foi em 24/10/2014 em um dos maiores escritórios de advocacia de São Paulo, onde eu nunca sabia ao certo que horas eu voltaria e para a casa e se eu teria ou não de trabalhar no final de semana e onde eu nunca achei que fosse capaz de trabalhar. Mas foi lá que eu aprendi o que é trabalho, a ter responsabilidade e a amadurecer profissionalmente.

E então meus pais me chamaram para voltar para Brasília, me ajudaram com um apartamento lindo e eu me dei a chance de ficar quase três meses sem trabalhar, usando o dinheiro da demissão do antigo trabalho até que eu finalmente descobrisse o que eu queria fazer. Parecia tempo e dinheiro de sobra para eu poder fazer isso. E uma proposta irrecusável.

Bem, meu dinheiro já está no final e eu não pensei ao certo o que eu queria fazer da minha vida. Ao invés disso eu decidi descansar, algo que eu não sabia o que era nos três anos de vida paulista. Descansei, dormi muito, curti o apartamento e a cidade.

Redescobri a cidade e revisitei vários pontos que eu não ia há muito tempo. O parque de diversões, o zoológico, o planetário, o Cine Brasília, o Parque da Cidade, Igrejinha, Ermida. Tomei sol, nadei, li, revi vários amigos, fiz novos amigos, curti minha família. Vi que a cidade está diferente, mais vibrante e com mais eventos ao ar livre e com uma sensação de identidade própria. E o tempo e o dinheiro voaram.

Decidi voltar para o meu emprego brasiliense antigo, no serviço público. Amanhã vai ser o primeiro dia dessa volta. Frio na barriga, sensação de retrocesso, mas ao mesmo tempo uma possibilidade de ter um emprego mais tranquilo e com um horário de trabalho razoável em que eu posso chegar em casa antes das 18h quase todos os dias.

Mas ok, a curto prazo tudo parece tranquilo. E a longo prazo? Não posso ficar nesse emprego o resto da minha vida. Estudo para outros concursos? Faço um curso? Começo um site? Cozinho para fora? Invisto na fotografia. Não tenho ideia. Amanhã começo o emprego velho-novo e por enquanto só quero focar nessa volta, na readaptação, voltar a fazer academia, me alimentar direito, preparar minha marmita e lanches saudáveis.

Sábado eu quero fazer minha metas. Eu sei, sempre adiando. Mas vai, um passo de cada vez.

Esses três meses foram maravilhosos. Não sei quando (e se) eu vou ter a chance de fazer isso de novo, mas foi essencial para colocar minha cabeça no lugar depois de me sentir tão cinza, tão arrastado.

Amanhã começa uma nova fase e a volta para a realidade e isso tudo não precisa ser ruim e cheio de idealizações e frustrações.

11 de dezembro de 2014

A gente não quer só comida

Voltei a gostar de cozinhar. Não sei se é esse monte de programa de televisão ou canais do YouTube sobre gastronomia, mas o fato é que temos ido mais pra cozinha.

Mesmo que a comida que a gente come não seja assim tão saudável, só de não ter conservante e tanto produto químico, já é uma super vantagem.

E, claro, tem dias que a comida não dá certo e não tem nada que se faça pra salvar, mas o negocio é não desistir e continuar cozinhando.

Pães, geleias, manteiga indiana, pesto, chutney, franguinho, bolo, cheesecake. E tem sido bom. Uma trabalheira só, mas bom.

E não tem preço comer algo feito por si mesmo e que tenha ficado gostoso. Ainda fico apreensivo na hora de tirar do forno, mas quando vejo que ficou gostoso, nossa, aí é só alegria.

E depois que voltar a trabalhar vai que empolgo em fazer minha marmita saudável e uns lanches! E vai que no futuro vira uma fonte de renda. Vai que, né? Mas o principal é que estou me divertindo e ainda tento colocar umas sementes de chia, quinoa, farinha integral, açúcar mascavo e óleo de coco pra ficar um tanto mais saudável.

30 de novembro de 2014

Dolce Vitta

Foram quase três anos ali em SP, morrendo de trabalhar no escritório, passeando a pé pelo centro, curtindo várias baladas, feiras e exposições. Três anos que voaram e que me fizeram entender que dou conta de tudo isso.

E foi bom ser reconhecido no trabalho. Das conversas com as chefes, das portas que ficaram abertas inclusive para um trabalho remoto, dos colegas que conheci lá. Olhando pra trás foi tudo maravilhoso e até esqueci os sufocos de trabalhar até mais tarde, dos prazos malucos, da espera eterna pela revisão de alguma chefe é tudo mais. 

A última semana em Sampa foi incrível. Cerveja todos os dias, muitos passeios, outro bairro, outro apartamento e muitas conversas e despedidas.

Mas a chegada a Brasília foi excepcional. Um apartamento gostoso com uma cozinha daquelas americanas que dá vontade de cozinhar e fazer programas de culinária pra internet. 

Hoje tem um mês desde que o avião pousou. Um mês de passeios, de faxina, arrumação, festas para os amigos, almoços com a família e muitas horas curtindo o apartamento.

Mais um mês antes de voltar a trabalhar, mas sinto que minha cabeça está muito melhor e o corpo já se livrou de alguns dos muitos quilos da combinação de muita cerveja, pizza e falta de exercício e de sono.

Fazia tempo que não me sentia feliz assim. Sem ser aquela felicidade besta, mas sim aquela felicidade tranquila de que as coisas vão sim dar certo.