30 de agosto de 2024

Fumaça



Esses dias tivemos uma pequena prévia de viver no fim dos tempos. Queimadas criminosas sincronizadas em vários lugares do país, o clima seco e de repente parecia que a cidade era um Mad Max, um filme noir ou uma grande fotografia de um livro de geografia dos anos 90 sobre poluição. Um clima horrível e as pessoas na bicicleta ou em suas corridas como se nada ocorresse. Eu só conseguia sentir raiva da ignorância de terem criado um dia do fogo. Foram três dias de fumaça, cheiro de queimado e pequenos pedaços de fuligem que apareciam em vários lugares da casa e das ruas. Entendi um pouco a depressão com o clima que as pessoas sentem em lugares frios. Hoje o clima continua seco, mas ao mesmo o céu está limpo. É possível ver as cores, respirar um pouco. É muito doido viver no capitalismo tardio. Mas é o jeito. Ainda tenho esperança que as coisas vão melhorar. Coisas assim no geral mesmo.

23 de agosto de 2024

Zona de conforto


Eu sou uma pessoa acomodada. Gosto da minha zona de conforto e trabalho muito para ficar nela. Não gosto desses papos de gurus da inovação. Sei que poderia estar em outro emprego com um melhor salário ou morar em um lugar mais valorizado, mas gosto das coisas como estão. Não sou ambicioso. Não tenho necessidade de mostrar para os outros como estou bem de vida. Aliás, sou o oposto, não gosto muito de falar da minha vida. Não sou o meu trabalho, não sou o lugar que eu moro. Gosto de ter uma vida simples, sem muitas surpresas e cuido das minhas coisas para que durem. Mas então recebo um telefonema com uma proposta de mudar algumas coisas. Já fico com frio na barriga, mas começo a me planejar e vejo que pode ser uma boa. A vida é assim, quando menos se espera acontece algo bom.

16 de agosto de 2024

Coisas simples



Tenho pensado nas coisas simples, como uma merenda no final da tarde. Um croissant de mercado e um café feito na hora. Não precisa de muita coisa. Aliás, a vida no final das contas é simples mesmo, tento não complicar. Talvez envelhecer seja perceber que as coisas são simples e tendem a se ajeitar. Como uma merendinha no final da tarde. Eu nem estava com fome, mas é sempre bom parar um pouco, respirar, olhar o tempo.

9 de agosto de 2024

Pequenas reflexões sobre a vida profissional



Tenho pensando na minha vida profissional. Eu sempre gostei de trabalhar, mas nunca fiz de trabalho ou estágio o principal aspecto da minha vida ou o fator determinante da minha personalidade. Gosto de fazer um trabalho bem feito, gosto de pesquisar e sou muito organizado. Mas sei que não sou alguém ambicioso e que quer crescer profissionalmente a qualquer custo. O trabalho para mim é um dos aspectos da minha vida e não o principal. Preciso ter tempo para mim. Um respiro no cotidiano para ler, passear, viajar, rir, ir a shows, exposições, peças de teatro, encontrar amigos, passear com os cachorros, jogar. Entendi cedo que não iria me matar de trabalhar. Além disso, não gosto de estar nos holofotes e entendi que sou alguém dos bastidores. E que bom, pois não dá para todo mundo ficar na frente do palco. Gosto da vida tranquila e de um trabalho tranquilo e por isso escolhi o trabalho que eu faço. Fico assustado quando penso que já tenho 16 anos no mesmo trabalho. Como o tempo passa ligeiro. Ao mesmo tempo gosto de trabalhar no meu setor e não penso em mudar de lotação ou mesmo ir para outro lugar. 

2 de agosto de 2024

Reflexões

Já chegou agosto e daqui a pouco é meu aniversário. Não tenho ainda a menor ideia do que eu vou fazer, mas penso em algo menor, mais íntimo. Quarenta e um não é nada assim grandioso e que bom. Não dá para toda idade ser enorme e significativa. Aliás, acho que gosto mais dessas mais simples, mais tranquilas. A vida não pode ser apenas grandes comemorações. E no 41 a nova década já deu uma assentada, já é não é mais novidade. Os cabelos brancos se multiplicam, a gordurinha localizada continua ali. Mas no geral eu tenho gostado de envelhecer. Tenho gostado mais de mim e da minha vida. Não tenho saudade da juventude, mas sei que não estou ainda na velhice.