Tem dias que parece que uma nuvem negra paira sobre a cabeça e demora a se dissipar. Dificuldade de se concentrar e de pensar em algo bom, fica apenas aquela vontade de não fazer nada e de se fixar em cenários terríveis, mesmo que hipotéticos. Mas parece que da mesma forma que a nuvem se materializa, ela mesma se dissipe, sem que seja necessário fazer algo. O jeito é ter paciência e seguir a vida. Ao menos é assim que tenho buscado lidar com essas questões climáticas internas. Uma caminhada perto de casa, alguns minutos de brincadeiras com os cachorros, um abraço apertado em quem se gosta são alguns dos remédios homeopáticos para essa condição de céus cinzentos dentro da cabeça. E isso tem me ajudado a seguir em frente, um dia após o outro. Tenho percebido que não há um caminho, não uma resposta, a vida simplesmente é, assim verbo intransitivo. A vida é. Ou será que a vida está? Não, acho que a vida é. E ao mesmo tempo a vida não permite controle, apenas uma ilusão de "condições normais de temperatura e pressão", quando na verdade tudo pode acontecer o tempo todo, até mesmo o que nem sequer se pode imaginar. Aliás, costuma ser exatamente assim.
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