6 de setembro de 2012
Aerolineas
E ai estou aqui no aeroporto, vestindo um terno amassado e usado durante o dia todo. Me sinto com uns 40 anos, cansado, entediado. Trouxe minha malinha já de manhã pra vir direto do trabalho para cá. Trânsito, eu pensei. Afinal é véspera de feriado. O que houve comigo? Quando foi que fiquei tão velho. No espelho tem um cara com alguns cabelos brancos, olheiras, uma barba por fazer e um maldito terno usado o dia todo. É um caminho sem volta. Mas ok, vamos respirar um pouco, afinal de contas o ar seco do cerrado pode fazer bem pra esse pulmão cheio de poluição. Respiro e me sinto velho. Respiro e já nem sei quantos anos eu tenho. Pessoas de vinte e poucos anos com cara de velho e eu com quase trinta ainda me achava um jovem. Olá maturidade. Olá financiamento do imóvel, olá trabalhar e trabalhar e trabalhar pra ganhar mais um dinheiro que nunca vai ser suficiente. E ai, não adianta inventar. Você não é criativo, descolado, rico, bonito. Você é só um cara de terno e cansado em um emprego normal. Tem um plano b? Mas um plano b de verdade, desses que tem alguma chance de acontecer. Não tem, né? Pega seu terno, abaixa a cabeça e continua. E planeja direito esse plano b que eu sei que você não é desses que fica só no plano normal.
4 de setembro de 2012
Contagem regressiva
Eu estou contando os dias para chegar em Brasília. Tenho vontade de fazer as coisas mais simples na cidade, como andar no Eixão, dar uma volta no Parque da Cidade, no Olhos d'água, curtir meus pais, meus amigos e comemorar meu aniversário.
Sinto falta de uma Brasília que eu sei que só existe em minha cabeça, mas que mesmo assim é tão linda.
Parece que foi quase que em outra vida que morei lá. E isso me faz me sentir tão velho.
Sinto falta de uma Brasília que eu sei que só existe em minha cabeça, mas que mesmo assim é tão linda.
Parece que foi quase que em outra vida que morei lá. E isso me faz me sentir tão velho.
22 de agosto de 2012
10%
São Paulo secou. Já nem me lembro a última vez que vi chuva por aqui. E, claro, todos os paulistanos reclamam da secura, dos lábios racharem, da pele esbranquiçar, das tonturas e dores de cabeça. Eu, por outro lado, convivo com seca desde que nasci.
Em Brasília é super comum nessa época ficarmos uns quatro meses sem uma gota sequer cair do céu. Ou seja, desenvolvi resistência e hoje em dia acho ótimo esses períodos de estiagem.
E olhar para o céu e não ver nenhuma nuvem me faz sentir ainda mais saudade de Brasilia. Só me faltam os ipês floridos, as árvores retorcidas, a grama cinza e aquele céu gigantesco e azul.
Sou completamente retirante do cerrado. Adoro morar e trabalhar aqui, mas quando penso em casa, penso no quadradinho de Goiás.
E se não vou até Brasilia, ela vem até mim na forma dessa secura do ar tão familiar pra mim.
Em Brasília é super comum nessa época ficarmos uns quatro meses sem uma gota sequer cair do céu. Ou seja, desenvolvi resistência e hoje em dia acho ótimo esses períodos de estiagem.
E olhar para o céu e não ver nenhuma nuvem me faz sentir ainda mais saudade de Brasilia. Só me faltam os ipês floridos, as árvores retorcidas, a grama cinza e aquele céu gigantesco e azul.
Sou completamente retirante do cerrado. Adoro morar e trabalhar aqui, mas quando penso em casa, penso no quadradinho de Goiás.
E se não vou até Brasilia, ela vem até mim na forma dessa secura do ar tão familiar pra mim.
21 de agosto de 2012
Continue caminhando
Quando eu quis mudar pra cá eu já sabia que seria difícil. Mas eu não sabia que seria tão difícil. Nunca fiquei tão sem grana, nunca trabalhei tanto, nunca me senti tão esmagado, tão sem possibilidades, tão cansado, tão desafiado, tão exigido. Tem horas que penso em voltar a ter uma vida mais tranquila, mas sei que aquela vida tranquila já não é mais pra mim. E sei também que ta foda agora, mas tem muita chance de melhorar, de ganhar mais dinheiro, de conhecer coisas legais, de mudar ainda mais minha vida. Enquanto isso não acontece, respiro fundo e continuo caminhando.
6 de agosto de 2012
Juju Karen
Resolvi desencanar, afinal de contas eu cansei de ficar esperando algo dos outros. Claro que eu queria receber uma ligação, uma mensagem, uma carta de tanta gente que estou com saudade por estar longe, mas sei que todo mundo tem sua vida, seus problemas.
E não quero mais ser o chato, o carente que sempre liga e escreve pra dizer que está com saudades.
A vida tem sido corrida, mas tem sido tão boa.
E não quero mais ser o chato, o carente que sempre liga e escreve pra dizer que está com saudades.
A vida tem sido corrida, mas tem sido tão boa.
2 de agosto de 2012
Esporo
Cheguei na cidade e criei meu casulo, minha micro-cidade. Na verdade, menor ainda que isso. Lembro da época da escola, na aula de ciências ou biologia, quando um vírus, bactéria, planta ou fungo, não sei ao certo, chega em um ambiente inóspito, ele se reduz a um esporo ou algo assim, preservando apenas as necessidades básicas, aguardando condições mais favoráveis pra se desenvolver.
Bem, talvez eu ainda esteja um esporo. Mas já me sinto mais integrado a essa vida paulista. Ainda tem muito feijão com arroz pra comer, mas apesar de ainda me sentir bastante um rapaz do interior, consigo ver um pouco de amadurecimento.
Não estou mais na mini-SP que criei pra facilitar minha adaptação. Já estou numa SP-pequena. Será que chego na São Paulo de verdade!?
Bem, talvez eu ainda esteja um esporo. Mas já me sinto mais integrado a essa vida paulista. Ainda tem muito feijão com arroz pra comer, mas apesar de ainda me sentir bastante um rapaz do interior, consigo ver um pouco de amadurecimento.
Não estou mais na mini-SP que criei pra facilitar minha adaptação. Já estou numa SP-pequena. Será que chego na São Paulo de verdade!?
31 de julho de 2012
Trabalheira
Eu me lembro da sensação de ir me arrastando ao antigo trabalho. Mas era um lugar tranquilo de trabalhar, com pessoas agradáveis e com uma rotina que eu já dominava. Mas mesmo assim eu me arrastava.
No novo emprego me sinto bem perdido ainda e apesar de já estar formado há alguns anos acho que ainda me vejo como um estagiário.
Mas no geral, apesar de ter dia que continuo me arrastando no caminho para o trabalho, sinto um crescimento profissional. Espero que esteja no caminho certo.
No novo emprego me sinto bem perdido ainda e apesar de já estar formado há alguns anos acho que ainda me vejo como um estagiário.
Mas no geral, apesar de ter dia que continuo me arrastando no caminho para o trabalho, sinto um crescimento profissional. Espero que esteja no caminho certo.
26 de julho de 2012
Jamon
Já faz cinco anos desde aquela caipirinha numa balada de quinta-feira, no meu jeito jeca de não saber como dizer que queria te beijar, o que fez falar besteiras por toda a noite. Até chegar a caipirinha!
Nesse tempo já passamos perrengue, já moramos por um ano em cidades diferentes, já fomos modernos, já fomos clássicos, já fomos matutos, já quebramos uma vidraça, já viajamos pra fora.
Minha vida é com você. Nossos defeitos, nossas virtudes, tudo.
Cinco anos e ainda rimos como no comecinho.
Te amo!
Nesse tempo já passamos perrengue, já moramos por um ano em cidades diferentes, já fomos modernos, já fomos clássicos, já fomos matutos, já quebramos uma vidraça, já viajamos pra fora.
Minha vida é com você. Nossos defeitos, nossas virtudes, tudo.
Cinco anos e ainda rimos como no comecinho.
Te amo!
18 de julho de 2012
Modo hard
Eu fui sozinho receber a carteirinha de advogado. Por alguns momentos eu até que tivesse alguém da minha família ou amigos ali comigo, mas depois percebi que toda essa formalidade não passa de uma grande babaquice. Aliás, no mundo dos "adevogados" tudo parece ser feito para complicar ao invés de facilitar a vida. Para que dizer ou fazer de forma simples se pode fazer algo complicado, difícil de entender e, claro, burocrático.
O bom foi perceber que cheguei aqui, consegui meu emprego, minha carteirinha e to me mantendo aqui por meu próprio esforço. Sem dinheiro dos pais, sem favores da família, sem nada.
Essa é a vida no "modo hard". Mas ouvi dizer que as fases de bônus são melhores do que no "easy". Vai ver nem é, a gente só se fode de todo jeito, mas não custa pensar que mais na frente vai valer a pena esse perrengue.
Já levei tanto tapa na cara nesses poucos meses que já sinto uma diferença no jeito de encarar os problemas, me posicionar, falar com outros. Eu era aquele menino de interior sem quase vivência.
A vida tá hard, mas tá boa!
O bom foi perceber que cheguei aqui, consegui meu emprego, minha carteirinha e to me mantendo aqui por meu próprio esforço. Sem dinheiro dos pais, sem favores da família, sem nada.
Essa é a vida no "modo hard". Mas ouvi dizer que as fases de bônus são melhores do que no "easy". Vai ver nem é, a gente só se fode de todo jeito, mas não custa pensar que mais na frente vai valer a pena esse perrengue.
Já levei tanto tapa na cara nesses poucos meses que já sinto uma diferença no jeito de encarar os problemas, me posicionar, falar com outros. Eu era aquele menino de interior sem quase vivência.
A vida tá hard, mas tá boa!
15 de julho de 2012
Minha
Preciso parar com essa mágoa, essa carência. Eu me sinto um pouco exilado, mas tudo isso é decisão minha. Então chega de mimimi e vou curtir a vida aqui, sem me preocupar ou esperar nada dos outros. É minha vida.
9 de julho de 2012
5 de julho de 2012
Uma tonelada
E então tudo fica pesado, a vida anda arrastada, sem graça, cheia de picuinhas, de irritações. O engraçado é que se trata de uma tonelada fictícia, feita e carregada por mim mesmo. Então chega de "todo dia ela faz tudo sempre igual". Hoje decidi acordar, jogar a tonelada pela janela e sair pela rua. Tomei café-da-manhã na padaria, bem gordo e simples, café com leite no copinho americano, pão na chapa e pão de queijo. E o dia ficou mais leve, mais simples. E vai continuar assim...
1 de julho de 2012
Santismos
O navio é realmente lindo. Cada espaço é pensado, cada detalhe tem um propósito. Conheci todo mundo da tripulação e da equipe. De noite festinha, cerveja e até um pouco de discotecagem do meu marinheiro favorito.
É tão bom ter uma praia assim pertinho. Por mais que não dê pra tomar banho, só de olhar pro mar, escutar as ondas, sentir a maresia, só isso já me basta.
Eu tava precisando escapar um pouco do cotidiano paulista, tomar café da manhã de hotel, andar na praia.
Nem parece que é inverno. Sol, céu sem nuvens e praia.
No ônibus de volta só penso que vamos poder voltar de mãos dadas. E que não vai ter uma viagem longa a trabalho por algum tempo.
É tão bom ter uma praia assim pertinho. Por mais que não dê pra tomar banho, só de olhar pro mar, escutar as ondas, sentir a maresia, só isso já me basta.
Eu tava precisando escapar um pouco do cotidiano paulista, tomar café da manhã de hotel, andar na praia.
Nem parece que é inverno. Sol, céu sem nuvens e praia.
No ônibus de volta só penso que vamos poder voltar de mãos dadas. E que não vai ter uma viagem longa a trabalho por algum tempo.
30 de junho de 2012
Road trip
Subir a Augusta cedinho num sábado de manhã dá uma vontade de pegar uma cerveja e curtir o fim da balada com quem ainda está por ali. Mas eu não estava saindo de uma balada. Meu destino é Santos.
Depois de uma viagem de metrô até o fim da linha azul, bastava só torcer para que tivesse um ônibus partindo pro litoral na hora que eu chegasse no terminal.
E tinha. Não era da companhia que eu queria. Era um ônibus velho, lotado de velhinhas. Mas ok, tenho fones de ouvido, tenho uma seleção boa de músicas. Daqui a uma hora chego. Minha primeira "road trip" desde que me mudei pra cá.
Só quero ver o navio do Greenpeace, reencontrar meu amor e ver o mar.
E, claro, sair um pouco de São Paulo.
Daqui a uma hora espero estar de frente pro oceano!
Depois de uma viagem de metrô até o fim da linha azul, bastava só torcer para que tivesse um ônibus partindo pro litoral na hora que eu chegasse no terminal.
E tinha. Não era da companhia que eu queria. Era um ônibus velho, lotado de velhinhas. Mas ok, tenho fones de ouvido, tenho uma seleção boa de músicas. Daqui a uma hora chego. Minha primeira "road trip" desde que me mudei pra cá.
Só quero ver o navio do Greenpeace, reencontrar meu amor e ver o mar.
E, claro, sair um pouco de São Paulo.
Daqui a uma hora espero estar de frente pro oceano!
28 de junho de 2012
M-m-m-mudanças
Estou mudando. É a primeira vez que sinto isso tão concretamente. Mudando, crescendo, amadurecendo, envelhecendo, enrijecendo, endurecendo, tudo assim no gerúndio, num gradiente talvez meio cinza ou talvez apenas menos infantil, menos colorido e aromatizado artificialmente.
Sinto um potencial que eu não conhecia. Até mesmo uma força minha.
Tive de me afastar do meu cordão umbilical, do mundo rosa, das facilidades. Tive de cair em um lugar quase inóspito. Caótico. Incrível.
Não é um processo fácil. Não posso ficar doente, não posso me dar moleza, não posso parar de seguir. Talvez amanhã eu acorde e ache tudo isso uma bosta, o que é bem possível. Mas quem sabe no dia seguinte eu volte a achar que é esse meu caminho. Aliás, independente de tudo, pelo primeira vez é o meu caminho. Afastado de todos e de quase tudo que é tão querido por mim.
Fiquei lutando tantas semanas pra conseguir um pouco de apoio, tentar reafirmar que estou no rumo certo. Mas ninguém pode me dar esse apoio, ninguém pode reafirmar nada. Só eu. E às vezes nem mesmo eu consigo me apoiar.
Agora é engrossar a voz, levantar a cabeça e seguir dando cabeçadas nessa cidade de loucos. Agora é comigo mesmo!
Sinto um potencial que eu não conhecia. Até mesmo uma força minha.
Tive de me afastar do meu cordão umbilical, do mundo rosa, das facilidades. Tive de cair em um lugar quase inóspito. Caótico. Incrível.
Não é um processo fácil. Não posso ficar doente, não posso me dar moleza, não posso parar de seguir. Talvez amanhã eu acorde e ache tudo isso uma bosta, o que é bem possível. Mas quem sabe no dia seguinte eu volte a achar que é esse meu caminho. Aliás, independente de tudo, pelo primeira vez é o meu caminho. Afastado de todos e de quase tudo que é tão querido por mim.
Fiquei lutando tantas semanas pra conseguir um pouco de apoio, tentar reafirmar que estou no rumo certo. Mas ninguém pode me dar esse apoio, ninguém pode reafirmar nada. Só eu. E às vezes nem mesmo eu consigo me apoiar.
Agora é engrossar a voz, levantar a cabeça e seguir dando cabeçadas nessa cidade de loucos. Agora é comigo mesmo!
27 de junho de 2012
Argh!
Nunca me senti tão perdido e tão sozinho. Talvez seja parte do processo de amadurecimento. Talvez seja só um pouco de melancolia.
Tenho receio de me tornar frio, distante, engolido pela cidade.
Sinto falta de pequenas coisas familiares, de ter tempo para mim, fazer algum esporte, estudar, receber mimos e ter dinheiro para fazer mais coisas.
Mas conviver com todas essas restrições é necessário por enquanto. É bom ter me afastado da minha família e de quase tudo que estava sedimentado na minha vida. Eu precisava mesmo dar essa movimentada na vida, provar que sou capaz de passar por mudanças drásticas.
Só preciso não perder meu foco, não me abalar com esse monte de obrigações. Logo tudo vai estar mais claro.
Tenho receio de me tornar frio, distante, engolido pela cidade.
Sinto falta de pequenas coisas familiares, de ter tempo para mim, fazer algum esporte, estudar, receber mimos e ter dinheiro para fazer mais coisas.
Mas conviver com todas essas restrições é necessário por enquanto. É bom ter me afastado da minha família e de quase tudo que estava sedimentado na minha vida. Eu precisava mesmo dar essa movimentada na vida, provar que sou capaz de passar por mudanças drásticas.
Só preciso não perder meu foco, não me abalar com esse monte de obrigações. Logo tudo vai estar mais claro.
26 de junho de 2012
Pés entrelaçados
Depois de tantos dias da sua viagem a trabalho ainda acordo e fico te vendo dormir, só pra ter certeza de que você está realmente ali do meu lado.
E os pés entrelaçados na hora de dormir? E eu roubando toda a coberta? E você dormindo com um cachecol e um gorro boliviano? E chegar do trabalho e te encontrar em casa com o cabelo recém-cortado?
Ainda fico besta com nosso cotidiano juntos. Depois de tanto tempo ainda me vejo completamente apaixonado por você.
E os pés entrelaçados na hora de dormir? E eu roubando toda a coberta? E você dormindo com um cachecol e um gorro boliviano? E chegar do trabalho e te encontrar em casa com o cabelo recém-cortado?
Ainda fico besta com nosso cotidiano juntos. Depois de tanto tempo ainda me vejo completamente apaixonado por você.
22 de junho de 2012
Alguns anos a menos ou a mais
Eu devia estar mais ou menos com uns quarenta e cinco anos. Trabalhava o dia inteiro, ia pra casa, comia, via televisão e dormia cedo para acordar bem para mais um dia de trabalho, casa, comida, televisão. Então lembrei que eu não tinha nem trinta anos. Ou poderia ter ainda menos.
Um show assim no meio da semana, desses de bandas de garagem com o público reduzido a amigos dos membros da banda. Minha vontade era de ligar pra minha amiga, inventar uma desculpa e ir dormir cedo.
Contrariando todos os meus impulsos, tomei banho, me arrumei e fui. Cheguei lá e eu já estava com uns vinte e um anos. Tomei cerveja de balde, ri, lembrei da época de adolescência, ouvi músicos divertidos e que não estavam ligando para tocar bem, mas só se divertir.
Duas da manhã, levemente alcoolizado e feliz. Taxi pra casa, sozinho. O trânsito fluindo, a cabeça a mil, um sorriso. Por que eu fui perder isso de me divertir? Como fui envelhecer tanto?
Alarme toca às sete e pouco, a cabeça dói e a vontade é de ficar embaixo do edredon. Não estou mais com vinte e um, mas também não tenho quarenta e cinco.
Um show assim no meio da semana, desses de bandas de garagem com o público reduzido a amigos dos membros da banda. Minha vontade era de ligar pra minha amiga, inventar uma desculpa e ir dormir cedo.
Contrariando todos os meus impulsos, tomei banho, me arrumei e fui. Cheguei lá e eu já estava com uns vinte e um anos. Tomei cerveja de balde, ri, lembrei da época de adolescência, ouvi músicos divertidos e que não estavam ligando para tocar bem, mas só se divertir.
Duas da manhã, levemente alcoolizado e feliz. Taxi pra casa, sozinho. O trânsito fluindo, a cabeça a mil, um sorriso. Por que eu fui perder isso de me divertir? Como fui envelhecer tanto?
Alarme toca às sete e pouco, a cabeça dói e a vontade é de ficar embaixo do edredon. Não estou mais com vinte e um, mas também não tenho quarenta e cinco.
14 de junho de 2012
Click
Não tem porque ficar nesse esquema de casa ao trabalho, do trabalho pra casa. Hoje resolvi escapar, dei uma volta depois do expediente, cortei o cabelo e percebi como a cidade é bacana. Foi como se desse um click em minha cabeça, como se eu parasse de olhar pro chão e visse o céu, o horizonte.
3 de junho de 2012
60 dias
Dois meses de São Paulo. Dois meses longe de casa ou dois meses em casa? Aprendi a gostar daqui, com a multidão, o sotaque, a pretensão, os preços. Uma semana sozinho, um apartamento vazio e vazio. Vazio de móveis, vazio de você.
Mas até hoje gosto de abrir a janela e observar o horizonte cheio de prédios e luzes. Ainda me tira o fôlego. Gosto de abrir a porta e dar de cara com a porca, a cachorra e o veado. Gosto de falar com o porteiro e ele me desejar bom descanso. Gosto de descer do metrô e dar de cara com a Avenida Paulista, ver as performances, os executivos, os adolescentes, os trabalhadores. Gosto de descer minha rua, ver os casais de mãos dadas, os bares cheios, o shopping. Gosto de caminhar todo dia mais de meia hora na ida e outra meia hora na volta. Gosto de sentir que estou emagrecendo, mesmo sem estar na academia. Gosto de não precisar pedir dinheiro aos meus pais. Gosto de pela primeira vez trabalhar como advogado.
Mas, claro, uma série de coisas que não aprendi a gostar. A principal delas, a danada da distância. A distância da minha familia, dos meus amigos, dos lugares que vou desde pequeno, do desenho de avião, da seca, dos sorvetes de frutos do cerrado, do bar árabe, do eixão e dos eixinhos, das quadras, dos prédios de caixinha, do lago, das árvores tortas, dos ipês floridos.
Não fiz amigos paulistas ainda. Sou muito fechado e detesto me sentir pedindo favores. Fico na minha bolha, passeando sozinho pela cidade, assistindo filmes em casa, indo a pé para o cinema, para o museu, caminhando por ai, sem rumo, escutando músicas. Vou ao parque com um livro e me sinto um pouco como um aposentado lendo em um banquinho. Detesto ir sozinho a restaurantes, mas tenho ido a alguns aqui perto, escolho sempre algo diferente.
Sei que poderia estar ainda em Brasília. Poderia ter tentado mudar de emprego lá. Mas aqui a mudança faz ainda mais sentido. Estou feliz como resultado desses dois meses. Da dificuldade no começo, da alegria de ter conseguido um emprego em um escritório bacana, de aprender a andar pela cidade e entender os caminhos, não ter carro.
No fim acabo percebendo que tudo gira, tudo muda, mas acaba sendo a mesma coisa.
Mas até hoje gosto de abrir a janela e observar o horizonte cheio de prédios e luzes. Ainda me tira o fôlego. Gosto de abrir a porta e dar de cara com a porca, a cachorra e o veado. Gosto de falar com o porteiro e ele me desejar bom descanso. Gosto de descer do metrô e dar de cara com a Avenida Paulista, ver as performances, os executivos, os adolescentes, os trabalhadores. Gosto de descer minha rua, ver os casais de mãos dadas, os bares cheios, o shopping. Gosto de caminhar todo dia mais de meia hora na ida e outra meia hora na volta. Gosto de sentir que estou emagrecendo, mesmo sem estar na academia. Gosto de não precisar pedir dinheiro aos meus pais. Gosto de pela primeira vez trabalhar como advogado.
Mas, claro, uma série de coisas que não aprendi a gostar. A principal delas, a danada da distância. A distância da minha familia, dos meus amigos, dos lugares que vou desde pequeno, do desenho de avião, da seca, dos sorvetes de frutos do cerrado, do bar árabe, do eixão e dos eixinhos, das quadras, dos prédios de caixinha, do lago, das árvores tortas, dos ipês floridos.
Não fiz amigos paulistas ainda. Sou muito fechado e detesto me sentir pedindo favores. Fico na minha bolha, passeando sozinho pela cidade, assistindo filmes em casa, indo a pé para o cinema, para o museu, caminhando por ai, sem rumo, escutando músicas. Vou ao parque com um livro e me sinto um pouco como um aposentado lendo em um banquinho. Detesto ir sozinho a restaurantes, mas tenho ido a alguns aqui perto, escolho sempre algo diferente.
Sei que poderia estar ainda em Brasília. Poderia ter tentado mudar de emprego lá. Mas aqui a mudança faz ainda mais sentido. Estou feliz como resultado desses dois meses. Da dificuldade no começo, da alegria de ter conseguido um emprego em um escritório bacana, de aprender a andar pela cidade e entender os caminhos, não ter carro.
No fim acabo percebendo que tudo gira, tudo muda, mas acaba sendo a mesma coisa.
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