O dia tá tão bonito hoje. Parei e fiquei olhando, como há tempos não fazia. Nuvens de formas doidas, barulhinhos bons e o calorzinho entrando na pele. Ok, parei com vibe "Lua de Cristal" da Xuxa. Quero é me acabar no fim de semana, mesmo que não tenha quase nada na minha conta! Aliás, aceito dinheiro, cartão, o que vier!
Eu sou o rei da procrastinação. Provas e mais provas e o 'mais tarde eu estudo melhor' impera na minha vida. Só que amanhã tem mais um teste e eu estudo? Ok, já vou!
Sabe quando as férias não chegam nunca? Quer dizer, eu digo férias, mas não vou tê-las, já que essa vida de gente-que-faz é uma merda mesmo. Quero ao menos não precisar mais ir às aulas, o que já seria um grande alívio para a minha pessoa. E será que um dia vou receber todas aquelas coisas trabalhistas como décimo terceiro, abono, férias, acordo coletivo e qualquer bosta além do salário? Será que dormir e comer bem vai deixar de ser um luxo? Será que vai demorar pra eu encher a cara de Stella Artois? Enfim, dúvidas existenciais não levam a nada mesmo... Te odeio, Sartre!
tirei há algum tempo:
Seria ótimo se a vida tivesse o recurso "alguns meses depois". Imagina chegar logo pra parte boa (no meu caso, pula logo o finzinho da graduação e corta pra parte do emprego bacanudo e mais tempo livre pra fazer minhas coisitas), pois sinceramente com essa vida de faculdade e estágio não tá sobrando muito tempo pra viver as coisas boas da vida (e nem sobra muito dinheiro pra fazê-las!)
Já fiz estragos (ou melhor, revoluções) no cabelo aos cinco anos. Mini-franja, franja irregular, cabelo irregular, tudo irregular. Daí você cresce e esquece que o cabelo é seu e você faz o que quiser com ele. Bom, mês passado fui no meu salão de costume e paguei o preço meio caro de sempre. Ele geralmente faz maravilhas na minha peruca, mas acho que dessa vez acordou de mau humor e fez uma bosta. "Daqui a uma semana melhora", pensei. Passaram-se cinco e a bosta continuava lá, só pra implicar comigo e me deixar de mau humor. Ontem olhei pra bosta e falei: "Vai embora, desgraçada". Peguei a tesoura e comecei a cortar loucamente. Quando o acesso de fúria passou veio o remorso. Olhei bem, pensei, peguei a tesoura. Parei. Gostei. A bosta foi embora e ficou um cabelo meio esquisito que eu mesmo cortei!
Eu havia comprado um jeans na loja daquele rapaz que adora caveiras, quando a moça me vem com uma sacolinha de pano de brinde, estampada com pássaros. Ok, né? Ecologicamente correto, eu pensei. Mas comecei a usar, por que não? Afinal de contas a mochila já estava meio velha e aquela bolsa de carteiro nem se fala. No começo é meio estranho, sei lá, parece que estava indo à feira ou ao mercado, mas a praticidade é gigantesca. Sujou? É só jogar na máquina e rapidinho tá seca. E é incrivelmente resistente: bugingangas, livros e mais livros e nada dela rasgar (mas fica um pouquinho desconfortável). Piadinhas? Claro, muitas. Mas alguém além de mim paga minhas contas?
Será que alguém além de Audrey Hepburn, Jack Nicholson, Tom Cruise (nos anos oitenta), meu pai e praticamente todas as adolescentes italianas, francesas e suecas dos filmes europeus dos anos cinqüenta fica bem num Wayfarer?
Esses dias me deu uma vontade de jogar aquelas coisinhas toscas da infância. Mas como, se nem videogame eu tenho? Bem, comprei um controle baratinho e baixei alguns programinhas e rapidinho tinha um Super Nintendo, um Mega Drive e um fliperama no meu computador. E foi só diversão! Mario, Yoshi, Sonic, Ryu e Chun-Li invadiram aquele domingo que parecia ser chatinho, mas que no final eu só conseguia gritar "Mata ela! Mata ela", pro mocinho que jogava videogame como se fosse de novo um guri.
Já percebeu o quanto a galera tenta enganar a gente? Pra ter uma idéia é só dar uma olhadinha no mercado da esquina: sabe aquele leite baratinho de uma marca desconhecida? Então, provavelmente aquilo lá não é leite, mas sim uma bebida láctea. Tá, você pode achar que é a mesma coisa, mas 'bebida láctea' é algo que não conseguiu atingir o patamar de leite (ele pode ter mais água do que o aceito, por exemplo). Vixi, tem vários outros exemplos: o requeijão que não é requeijão atende pelo nome esquisito de 'cremoso' e vem no mesmo potinho que o requeijão de verdade. E olha só, o perfume geralmente não é perfume, mas sim deo-colônia ou "eau de toilette", ou seja, não atingem o padrão internacional de concentração para "parfumes" (a Boticário, por exemplo, entre todos os seus produtos só tem um que se aproxima ao perfume). Tá vendo? Tenta economizar e acaba levando cano! Ok, baixou a dona de casa em mim!
Imagina se o mundo fosse um clipe de hip hop: as mulheres seriam todas peitudas, haveria rios de ouro e diamante pra fazer os bling-blings (aquele monte de jóias de gosto duvidoso que a galera se amarra em usar), além, é claro, dos fantásticos grillz (as dentaduras de - adivinha - ouro, platina, prata e, claro, diamante). Os carros ou seriam conversíveis ou caminhonetes gigantes, as roupas ou extremamente largas e esportivas ou totalmente alta-costura. E, lógico, tudo ia ter 'yo', 'da pimp' e 'modafucka'. Yo, ia ser do caralho! Só sei que quero minha dentadura de ouro cravejada diamantes já!
É tosco sim, mas eu quero fazer meu palhaço. Ainda estou pensando no jeito dele, na maquiagem, nas tosquices. Mas vai rolar de qualquer jeito, mesmo se a festa for cancelada por causa das chuvas. Imagina eu sentado no boteco com minha cara de palhaço, indo pro cinema ou comprando bebida no mercado?
Começo de mês, começo de semana, começo do dia e eu resolvo então deixar a moleza de lado e recomeçar as tais atividades esportivas. Saio da aula e sigo para o parque para dar umas voltinhas de patins. Roupas confortáveis, óculos escuros, músicas no fone de ouvido, alongamento e... chuva? Depois de mais de cem dias de uma seca estonteante, São Pedro resolve jogar água no dia que acordo esportista? Tudo bem, refrescou e foi uma delícia sentir aquele cheirinho de chuva. Durou pouquinho, mas o bastante para dar uma amenizada nesse Sahara.
Acho uma delicia essa onda de produtos naturais, orgânicos, ecológicos, sustentáveis, biodegradáveis, bonitinhos, cheirosos e tudo mais. Tudo bem que eles são um pouquinho mais caros, mas as embalagens são tão legais. O gosto é uma delícia também e é bom saber que a maioria investe em comunidades carentes dos cafundós, revitalizam técnicas antigas de agricultura (não tão devastadoras ao ambiente). E, claro, tiram um pouco do peso da nossa consciência!
Não me importo que todo mundo esteja usando os tais skinny jeans. E daí? Eu já achava demais os punks do fim da década de sessenta com aquelas calças coladinhas, com os pins e bottons dando aquele visual tosco. É isso que eu quero: tosquice. Mas daí a gente vai na lojas da moda e vê aquelas tosquices (no mau sentido!): lavagens incrementadas, rasgões de mentira e muito elastano. E, claro, o pior de tudo são os preços exorbitantes. Alguém ai tem um vintage?
Acabo de descobrir que um dos meus livros favoritos está virando filme. Claro que sinto um pouco de medo. Como não? Mas ao mesmo tempo me dá uma vontade danada de ver como vai ficar, pois não imagino como vão transpor todas aquelas sensações de agonia, decadência humana e falta de perspectiva que Saramago (e seu estilo delicioso em que ninguém tem nome, os lugares podem ser quaisquer um e os diálogos não tem qualquer diferenciação do corpo do texto!) coloca em seus últimos textos. Mas parece que o processo de filmagem está dando certo!
Apanhei o fim de semana inteiro, mas não saí do meu trono. Saía e voltava. E voltava. E voltava. E quando percebi já estavam colocando agulhas na minha veia. Mas mesmo assim ainda não saía do meu trono. E mais porrada. E apanhava, apanhava. E aprendi a dar valor para algumas coisas. E só assim consegui parar de reinar!
(proporcionalmente à necessidade de: formar, arranjar um bom emprego, comer menos chocolate, beber menos e discutir política). Mesmo assim é uma delícia ouvir o 'parabéns', abrir aquela caixinha cheia de coisas gostosas e receber os beijinhos na bochecha. É isso, parabéns pra todo mundo!
(foto de Flávio Cruvinel Brandão)