30 de novembro de 2014
Dolce Vitta
13 de outubro de 2014
Tempo temp tem te t
O tempo tá passando depressa demais. Andar as 7 estações do metro demoravam uma eternidade. Agora pisco o olho e já chegou minha estação. O metro tá andando mais depressa ou sou eu que estou mais devagar?
26 de setembro de 2014
Agora sim
As coisas estão cada vez mais certas. Minha quase ex-chefe me chamou pra almoçar. Frio na barriga.
Mas tudo transcorreu bem. Ela falou da minha rápida curva de aprendizagem, de meu amadurecimento nesses quase três anos e de como é preciso pensar em si, afinal ninguém é insubstituível.
Ainda falta decidir qual vai ser o último dia, mas está cada vez mais perto.
Frio na barriga é uma sensação que tem me acompanhado nos últimos tempos. E é bom sentir-se assim. Mudanças obrigatórias.
E exatamente como eu esperava, começo a sentir um amor sem tamanho por São Paulo. Pelo estresse, pelo engarrafamento, pela quantidade quase desumana de trabalho. Mas amo isso aqui e sinto um pouco de medo de não me readaptar a Brasília. O que vou fazer com o tempo extra, com a calmaria e com a vida cultura mais tranquila?
Nos últimos dias me acostumei a trabalhar mais de 12 horas por dia, comer alguma porcaria na rua, tomar banho e ficar uma hora vegetando nas besteiras da Internet até dormir um sono sem sonho no qual pareço despertar apenas alguns minutos depois de fechar os olhos para então ouvir o alarme tocar e começar tudo de novo. Dia após dia.
E os dias cheios de trabalho agora voam. Nem percebo quando são 18h e meu dia ainda está longe de acabar. E minha lista de pendência não para de crescer, apesar de riscar cada vez mais itens.
A vida vai perdendo significado. Desenvolvo competências, recebo elogios pelo trabalho. E não me enxergo mais nessa avalanche. Será que um dia eu viraria sócio? Será que eu gostaria de virar sócio? Eu até hoje me sinto uma farsa jurídica.
Abrir uma lojinha? Comprar um food truck? Fazer trabalho voluntário? Ser freelancer? Sair do sistema?
Sei lá. Preciso pagar contas familiares que assumi sem nem mesmo saber direito o que estaria me comprometendo.
Mas é isso. Sinto cada vez mais que estou me encontrando exatamente por me sentir ainda mais perdido.
15 de setembro de 2014
Quase lá
As coisas estão ficando mais concretas. Sentei e conversei com minha chefe sobre a volta pra Brasília. Três opções: demissão, licença ou transferência. Frio na barriga.
Logo estarei em Brasília. E não tenho muita ideia de como será. Mas estarei de volta. Frio na barriga.
7 de setembro de 2014
Late bloomer
Brasília é uma cidade seca, cinza e áspera. Mas na pior época da falta de chuva, dos lábios ressecados e da poeira vermelha, surgem os ipês. E por mais que os ipês por si só não mudem mais nada além de colocar um pouco de cor na paisagem esturricada, parece que tudo melhora. Aos poucos a chuva começa a ficar mais frequente, a grama volta a ficar verde e fica mais fácil até de respirar.
Essa lógica funciona também em outros aspectos da vida da cidade (ou da vida de quem é de lá, que carrega essa secura e essas flores de ipês consigo).
Minha vida andou seca nos últimos meses. Claro, tinha ali uma flor de ipê e outras flores safadas de vez em quando. Mas a paisagem continuava seca. De repente parece que todos os ipês dentro de mim estouraram numa floração exuberante. Não mudou muito coisa, mas ao mesmo tempo mudou tudo. Agora eu sinto uma exuberância de quem carrega em si umas flores de ipê. De quem sabe conviver com a estiagem, com a falta de água, mas não se embrutece. De quem sabe que pode parecer alguém seco e morto, mas que de repente explode em flores coloridas. Que demora a florescer, quando parece que todas as outras plantas já estão com flores e frutos.
E então eu acordo, endireito minha postura e falo com a voz de quem há muito tempo não usa as cordas vocais. Olho no espelho e vejo que o tempo passou, mas que verei passar ainda bastante tempo. E muitas outras secas e florações. E muita água.
Minha espécie de árvore é daquelas que não colocam sempre suas flores. Mas as flores estão lá de alguma forma. Um gérmen de flor já está comigo.
E daí que tem seca? Sempre vai ter seca. Mas uma hora ela acaba. E depois volta. E acaba novamente, num ciclo eterno.
4 de setembro de 2014
Frio e na barriga
Eu ando com um frio na barriga. Tudo vai mudar e eu ainda não avisei quase ninguém. Aliás, como se fala que tudo vai mudar? Simplesmente solta de uma vez ou vai com calma? Tudo muda o tempo tempo. Mas além de mudar eu vou me mudar. Encaixotar tudo e desencaixotar em outro lugar. E mudar. E o frio na barriga. Irreversível. Tudo muda. Mas pode voltar. Pode ir. Mas sempre diferente. Frio.
27 de agosto de 2014
Emaranhado
Engraçado que a tão pouco tempo de mudar minha cabeça esteja tão emaranhada. Penso em como vai ser legal essa volta, das possibilidades de ter mais qualidade de vida, de abrir novas possibilidades profissionais, de estar perto da minha família. Mas ao mesmo tempo sinto uma preguiça de começar a efetivamente fazer a mudança, vender o que não poderei levar, morar em outro lugar, avisar no trabalho.
Eu sei que as coisas não estão exatamente boas pra mim por aqui. Mas também não estão ruins. Acho que se fosse algo mais forte, tanto para o lado bom quanto para o ruim, talvez esse processo todo seria mais fácil.
Não tenho muita ideia de como vão ser os próximos meses. Penso só nas férias que eu vou ter. No sossego e tudo mais. E, claro, na novidade. Mas sinto também muito medo de ser um retrocesso. Mas não tem como saber tudo isso de antemão.
O que me tranquiliza é que nada é pra sempre. Claro, tem o desgaste físico, emocional e financeiro, mas sempre é possível mudar.
Enquanto isso, segue esse emaranhado na minha cabeça. Sei que não vou conseguir desatar tudo nunca, mas ao mesmo quero desembaralhar um pouco.
E quero mais dias sossegados. Gosto tanto dos sábados e domingos aqui. Talvez se os dias de semana não fossem tão puxados.
Talvez, talvez, talvez....
A única certeza que tenho por enquanto é que meu contrato de aluguel termina no final de outubro.
3 de agosto de 2014
Livro, sol e parque
2 de agosto de 2014
Floresta
Engraçado achar que hoje em dia nos afastamos da selva. Ela apenas mudou de forma. A vida continua selvagem. Precisamos caçar pra comer, competir uns com os outros, correr sempre, seja atrás de alimento, seja fugindo do perigo.
Mas ainda gosto de voltar pra selva tradicional. Quer dizer, a floresta domesticada. Aquela com árvores, bichos e tudo mais. Venho aqui pra relaxar um pouco da outra selva, aquela de concreto.
A gente se acostuma com a selva. Com o estresse, a poluição, o barulho. Com a tristeza, a apatía, a insatisfação. Elas viraram minhas amigas nos últimos meses, ou anos.
Eu já nem sei mais como viver sem reclamar de tudo, sem achar motivo pra brigar, sem a vontade de chorar até dormir. Já nem sei mais quem eu sou, se sou esse de agora ou o outro de antes. Eu nem sei mais caracterizar esse de antes, nem mesmo se ele existiu.
Eu vim aqui pra floresta domesticada no meio da cidade. Eu vim pensar. E tentar fazer uma fotossíntese. Sei lá, vai que ajuda. Talvez seja a tal de deficiência em vitamina d.
Tô topando tudo.
21 de julho de 2014
Água e seca
A vida tava seca. Ainda está, na verdade. Cada um em um canto tentando curar os próprios machucados. Mas não precisa ser assim, afinal os arranhões não vão se curar sozinhos.
A vida continua seca. A Cantareira já no fim do volume morto. As roupas secam de um dia pro outro no varal.
Cavando mais fundo talvez tenha água. Mas é preciso ter forças pra cavar e encontrá-la. Ou pode ser que se achem mais coisas que estavam escondidas embaixo de tantas camadas. Talvez lá embaixo esteja a gente. Lá no fundo, embaixo de tantas camadas.
Mas o importante agora é cavar. E encontrar alguma água que ajude com essa secura da vida. Nem precisa ser água líquida. Pode ser um vapor de algo que um dia ajudou a umedecer essa secura da vida.
A pior coisa é chorar seco. Já nem tem água mais pra lágrimas. Nem cor. O choro nem sai. E nem fica.
Ontem encontrei um pouquinho de água, umas gotinhas só. Até ri um pouco, acredita? Ri assim de falar besteira. E foi bom rir. E o riso parecía uma bomba de água, puxando lá do fundo algo legal. E puxando. Não puxei tudo pra não secar.
Parece que vou encontrar mais água lá embaixo. Talvez plantando até dê um jardim legal nesse deserto. Lembro que um dia já teve um jardim bem bonito que foi morrendo aos poucos por falta de cuidado. Mas devem ter sobrado no fundo umas sementes danadas, dessas que não morrem nem com fogo.
E elas vão germinar.
12 de julho de 2014
Viaj
Eu viajo tão pouco. Minhas viagens ficam todas no futuro. Macchu Picchu, sei lá como escreve. E tantos outros lugares. Tenho que começar a viajar mais!
Sabe
É igual quando se toma um chá. Ou um banho de mar. A gente não sabe bem onde está. Uma hora tudo parece estar em outro lugar. E então todo mundo fica com um rosto diferente. Há pouco era outro rosto, mas agora parece que consigo enxergar mais nítido e vira outro rosto, mais velho, mais real. Mas é o mesmo. Eu já nem sei mais o que estou fazendo. As letras andam igual desenho animado. E eu quero voltar pra pista.
Tava assim
Eu tava aqui pensando em alguma coisa, mas esqueci. A noite, hein.
Já nem penso mais. Engraçado isso. Mas é bom sair da cabeça de vez em quando. Sair mesmo.
Não me concentro em nada, não foco. Mas é tão leve.
Tava precisando. Tão bom!
7 de julho de 2014
Decisões
Eu não tenho muito costume de receber elogios. Não mesmo. Reunião de avaliação. Elogios, melhora significativa no último ano, crescimento profissional, amadurecimento.
E eu não sei o que vou fazer.
Decisões difíceis na vida. Não tem resposta certa ou errada, por isso mesmo fica tão dificil. Eu nao sei ainda. Mas calma, né? Decisões nunca foram o meu forte.
3 de julho de 2014
Simples
As coisas não precisam mesmo ser assim tão complicadas. Aliás, não tenho a menor idéia de como tudo vai se desenrolar nos próximos meses, mas não me sinto tão preocupado. Talvez quando estiver mais perto eu tenha ali um ataque de ansiedade, uma crise de estresse, mas por enquanto tudo bem.
Comecei a procurar viver um dia de cada vez, bem simples, bem tranquilo. O dinheiro agora até sobra um pouco. A vida não está com muita novidade ou mesmo com alegria, mas tá bem. Sem fortes emoções, nem ruins, nem boas.
OK, não vou mentir que sinto falta de emoção, de taquicardia, de novidade, mas deixa como está.
Simples.
30 de junho de 2014
Bandeirinhas
E então a gente resolveu ir no arraial dos alternativos. Percebi que to precisando ficar mais colorido, mais leve, mais simples, mais tosco. A vida não precisa ser tão pesada, cinza. Tava precisando arejar minha cabeça. E arejei.
29 de junho de 2014
Promo
24 de junho de 2014
Fwd: Cucina
Eu ando gostando de cozinhar, de pesquisar receitas, olhar livros. E nunca imaginei que fosse gostar tanto. Às vezes a comida sai completamente estranha, outras vezes não sai exatamente como eu queria, mas fica bom, e outras vezes sai perfeito e me dá aquele orgulho.
E então penso em todos aqueles cafés e restaurantes cobrando super caro por uma fatia cheesecake xexelento que com o preço da fatia eu consigo fazer quase que um x-bolo inteiro. Ok, tem vezes que a gente só quer uma fatia mesmo e não passar horas triturando biscoito, fazendo a base e batendo cream cheese, além da calda de frutas.
Mas o fato é que nos livramos do delivery de comida. Tudo bem que não estamos nos alimento assim de forma tão saudável, mas tudo bem, uma hora a gente recomeça com os sucos verdes, os smoothies, as comidas sem glúten e tudo mais.
Enquanto isso tem dadinhos de tapioca com geleia de pimenta (ambos feitos em casa!), cheesecake, bolo de cenoura ralada e até bouef bourguignon (ou cozidão de carne de segunda no vinho!).
23 de junho de 2014
Na Copa, na cozinha
Eu não sou uma pessoa do futebol. Nunca torci pra nenhum time, nunca acompanhei campeonatos, era sempre o último a ser escolhido nos times de futebol na Educação Física e nunca tive álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro ou da Copa. Mas adoro esse clima de Copa do Mundo.
Não sei as regras direito e nem presto muita atenção no jogo, mas adoro sair mais cedo do trabalho e poder beber de dia, de vez em quando vendo o jogo e gritando.
E apesar de todas as previsões catastróficas para a Copa do Mundo no Brasil, tudo parece estar correndo bem. Estádios, estrangeiros, carnaval, botecos. E folgas!
21 de maio de 2014
Cadarço
Sentei e fui amarrar o cadarço do meu sapato. Um sapato preto social de couro e bem gasto. Na hora tive a mesma sensação de quando aprendi a amarrar o cadarço do meu tênis, quase como se a minha perna de criança houvesse se sobreposto à minha perna de adulto. Não lembro como era tênis, mas devia ser pequeno, colorido e gasto e alguma meia colorida e com bichinhos, ao menos foi assim que enxerguei no meu flashback.
Como aquele tênis virou esse sapato? Como foram passar quase trinta anos desde aquele momento. Como fui aceitar usar esse sapato. Ninguém me avisou.
Qual será o próximo sapato?