26 de julho de 2024

Amor, amor



Já faz tempo desde o primeiro beijo depois daquela primeira caipirinha. Mudanças de casas, de cidades, voltas, recomeços, risadas, choros, angústias, alegrias. Muitos quilos de sal. Eu não pensava muito em namoro ou casamento, mas não me imagino mais longe de você. Gosto do clima tranquilo da nossa vida. Manias, rotinas, calmaria. Um porto seguro para sempre retornarmos. Um colo quando for preciso. Alguém que me conhece melhor do que qualquer outra pessoa. E muitas conversas, sempre tem papo. Muitas histórias, muitas viagens. Você me faz feliz e isso é tão raro. É um dos tesouros da minha vida.

22 de julho de 2024

Cafeteira vulcão



Tenho pensado no dia-a-dia, no desgaste, na passagem do tempo. O café de todos os dias na cafeteira italiana de anos. O envelhecimento. O tempo. De como gosto do barulho do teclado enquanto digito e vejo as letras aparecerem na tela. O cheiro de café. Todos os dias coloco o café moído mais vagabundo com a colher medidora. Ou nos dias especiais uso café em grãos mais caro, também com a colher medidora. O caro e o barato. O caro demora mais, o barato é mais rápido, para os dias de semana. A medida da vida e a medida de café. O barulho do moedor de café e o cheiro de café. O barulho da água borbulhante que passa por dentro da cafeteira e transborda pelo pequeno cano como um mini vulcão que cospe o líquido preto. A cafeteira como um pequeno poço de petróleo com fumaça e barulho. Os arranhões na parte externa do alumínio. Todo dia o café. Café brasileiro tipo exportação. Café para um. Para família é preciso de garrafa térmica antiga, dessas de girar a tampa. Mas para mim não precisa. Cafeteira italianinha falsa. Cafeteira brasileirinha no fogo. A pontinha do puxador de plástico derreteu um pouco. São coisas da vida. Penso no copo sujo com restos de pó de café e café evaporado no fundo. O café de todo dia. O café plantado aqui, torrado aqui. Não precisou viajar o mundo todo. Penso na passagem do tempo. Cada dia um pouco mais velho. Um pouco de café.

19 de julho de 2024

Desgaste



Tenho pensado no desgaste das coisas. Tento cuidar bem, mas não tem jeito, pois uma hora tudo se desgasta e se esgarça. E gosto de usar até não ser mais possível. E isso se reflete em vários aspectos da minha vida e até em mim mesmo. Minhas coisas, relações, amores, amizades duram. Não sou de muitas mudanças, gosto do que eu já conheço. E tenho feito as pazes comigo e com a vida. Acho que isso é envelhecer. É entender e ter paciência. Eu me sinto também desgastado, mas gosto de ver as marcas no meu rosto e no meu corpo.

12 de julho de 2024

Ao menos é sexta


Tem vezes que tudo fica igual ao redor, mas o que muda é dentro. Não aconteceu nada específico ou grave, mas sinto que mudou algo, um clique. Perda de cor, de brilho, cansaço. Ao menos é sexta. Pode ser cansaço, pode ser depressão, pode ser tristeza. Ao menos é sexta. A vida em ciclos de sete dias. É o jeito, é  o mundo, é o capitalismo. Ao menos é sexta. Ao menos...


4 de julho de 2024

Meio do ano



O meio do ano é minha época favorita. Além do frio e da seca, nesses meses do meio do ano em qualquer lugar dá para comprar canjica e curau. Tem festas em vários lugares e a gente celebra o milho, que é um dos melhores alimentos que existem. Sério, as comidas feitas com milho podem ser doces, salgadas, cremosas, firmes e até crocantes. E é um alimento aqui das Américas. Outro dia comi um pote de canjica no café da manhã. Como não amar o meio do ano?