18 de novembro de 2019
Patti
Eu não lembro quando foi a primeira vez que ouvi Patti Smith, mas a figura e a voz dela sempre estiveram em algum lugar da minha mente. "Because the night" sempre tocava nas festinhas indie dos anos 2000 e pouco.
Mas então li o "Só Garotos" e me apaixonei pela história da Patti e do Robert Mapplethorp. Devorei cada página sobre a infância dela, sobre os anos no Chelsea Hotel, sobre os artistas vizinhos e sobre se descobrir artista e não se encaixar em um padrão.
O "Linha M" me fascinou também e me apresentou essa narrativa fluída, misturando pensamento, referências e histórias. E, claro, acabei conhecendo também o Haruki Murakami, citado por ela em diversos trechos do livro, e que virou um dos meus autores favoritos. E fiquei feliz em saber que Patti adora Roberto Bolaño também.
Estou terminando agora o "Devotion" e é muito bom, mas não tão legal quanto os anteriores. E mal posso esperar para ler o "Ano do Macaco", sobre o maluco ano de 2016.
E então finalmente chegou a oportunidade de ver a Patti ao vivo em SP. São pouquíssimos músicos que fazem a gente sair de casa, viajar, pagar caro e passar um dia inteiro no festival. Patti é uma delas. Assim que saíram as primeiras notícias compramos os ingressos e organizamos a viagem, ainda em julho. Quando chegou o show tudo já estava pago.
O festival em si foi maravilhoso, com vários amigos daqui de Brasília, muitos músicos desconhecidos (adorei a Little Sims) e outros veteranos (CSS foi maravilhoso, voltei para 2000 e pouquinho!) e Hot Chip foi ótimo!
E então chegou a hora do show da Patti. Uma mistura de doçura e aspereza. Uma xamã, uma bruxa, uma figura andrógina do século XIX. Ela falou sobre amor, sobre nossos antepassados, sobre meio ambiente, sobre florestas queimando. Ela disse que o Michel Stipes do REM pediu para ela mandar um beijo para o pessoal do Brasil. Eu senti uma conexão tão forte, fiquei completamente imerso em cada palavra e cada nota músical. Foi sem dúvida uma das melhores experiências da minha vida, seja em show ou não. Nunca vou esquecer.
E após o show fiquei pensando em como é importante ficar conectado na própria essência. Patti sempre foi a Patti, sempre se vestiu da forma como queria, deixou seus cabelos brancos e despenteados, fez as músicas que quis, escreveu, tomou seu café preto, visitou túmulos de poetas famosos. E agora com mais de 70 anos teve o reconhecimento merecido. Ela foi a atração principal de um festival em 2019, depois de mais de 40 anos de carreira, sendo que várias das atrações tem menos tempo de vida do que ela de carreira!
E como é bom poder fazer essas loucuras de viajar para outro estado para assistir alguém que a gente gosta!
Patti, que bom te ver ao vivo. Nunca vou esquecer!
31 de outubro de 2019
Fazer nada
A vida segue no automático e então o cansaço se acumula cada vez mais, até a gente se arrastar e pedir arrego. E nesse ano quase não houve feriados em dias úteis.
Finalmente nessa segunda caiu um feriado e aproveitei que tinha algumas horas no banco e pedi mais um dia. Quatro dias no total. Dias de acordar um pouco mais tarde, caminhar pelo bairro, tomar café na padaria, jogar, ver tv e tirar um cochilo no meio da tarde. Dias de não fazer nada.
Fazer nada na verdade é um dos maiores privilégios. E que bom que de vez em quando é possível não fazer absolutamente nada
18 de outubro de 2019
Retornei a ligação e antes que eu pudesse dizer alô escutei que ela estava chorando. E então me disse do resultado do laudo, pior cenário possível. Na hora não tem como não pensar nesse maldito pior cenário, mas respirei fundo, peguei o carro e fui para a casa dela. Quando cheguei ela ainda estava chorando. Eu não disse nada, só a abracei e ficamos alguns minutos juntos. Fiquei feliz de ter mantido a calma, a gente nunca sabe como vai reagir, não tem como se preparar de antemão. Continuamos juntos. Disse para ela que vamos dar um jeito, vamos lutar, vamos conseguir consultas, o diagnóstico é precoce, a medicina melhorou muito nos últimos anos. Dizia para ela e para mim também. Ela se acalmou um pouco e ficamos conversando mais um pouco. Nessas horas sobra apenas a essência, apenas o amor. Todo o resto vira detalhe se dilui. Ela disse então que iria tomar um calmante e dormir. Insisti para ficar mais, não tinha nenhum compromisso inadiável, mas percebi que ela queria ficar só, digerir tudo isso. Hoje liguei de novo para ela, a voz estava melhor, estava tentando marcar consulta com um especialista para ainda hoje. Fiquei tão feliz, ainda acho que pode ser apenas uma inflamação, ainda gosto de ser otimista. Tudo foi ressignificado, tudo está misturado. Esse laudo já virou um marco na vida de todos. E agora é ver quais serão os próximos desenvolvimentos...
16 de outubro de 2019
Chá caro
Ganhei esse chá caro de uma antiga chefe quando morava em SP, que ela comprou em uma viagem para Paris. O chá é apenas maravilhoso, com saquinhos de algodão, algo que nunca tinha visto. Fizemos algumas xícaras em eles, uma delícia. Nunca tinha experimentado chá de verbena antes, então era algo super especial. Trouxemos de volta pra Brasília, deixamos guardados no fundo da despensa e esqueci dele. Ainda tinha mais da metade dos saquinhos, mas fui pegar e a erva virou um pó no fundo da caixa, afinal já tem mais de 5 anos que voltamos. Fui ver quando custa uma caixinha: R$ 80. Moral da história: não dá pra ficar guardando as coisas, melhor aproveitar logo!
7 de outubro de 2019
Quase final do ano
Outubro começou e isso quer dizer que o ano já está no fim. Semana que vem já começam a aparecer as decorações de natal nas lojas, muita neve de algodão e senhores com roupa de inverno vermelhas, além das barbas enormes e brancas. Já é quase 2020!
A vida tem caminhado. Tem dias que é mais difícil, mas em geral tudo vai bem. Respiro fundo e continuo. Mas sempre é bom chegar na sexta-feira e poder fazer um happy hour em casa com meu marido. Conversamos, ouvimos músicas e bebemos. E sábado de manhã vamos a pé para a feira comprar frutas e legumes pra semana. Tenho gostado dessa rotina simples e isso tem me feito muito bem.
A vida tem caminhado. Tem dias que é mais difícil, mas em geral tudo vai bem. Respiro fundo e continuo. Mas sempre é bom chegar na sexta-feira e poder fazer um happy hour em casa com meu marido. Conversamos, ouvimos músicas e bebemos. E sábado de manhã vamos a pé para a feira comprar frutas e legumes pra semana. Tenho gostado dessa rotina simples e isso tem me feito muito bem.
12 de setembro de 2019
Ressaca
Passou o aniversário, os abraços, os carinhos e as mensagens, então chega uma ressaca de sentimentos. O pós foi dificílimo, talvez juntou a ressaca física com a mental. O dia passou arrastado. A idade parece ter chegado de uma vez. Hoje acordei um pouco melhor, mais leve. Mas ainda tem bastante peso. Só quero que chegue logo amanhã de tarde.
5 de setembro de 2019
Quase aniversário
Quase meu aniversário. Quase trinta e seis. O tempo tem passado bem depressa, mas é bom. Os dias têm sido cheios, mal posso esperar pelo final de semana. O clima está seco e quente, quase zero de umidade. Mas a vida está boa e eu gosto bastante de setembro.
28 de agosto de 2019
Fernanda Young
A morte de Fernanda Young me pegou completamente de surpresa e tem me afetado mais do que o falecimento de muitos dos meus parentes.
O primeiro de seus livros que li foi "Carta para alguém bem perto" e mesmo que bastante longo, a leitura foi bem rápida para alguém nos vinte e poucos anos. Lembro de ter curtido cada página e que me passava um filme enquanto lia.
Adoro o jeito desbocado, suas tatuagens, o cabelo por muitos anos raspado e depois longo, depois loiro, depois curto. As fotografias sensuais, os maravilhosos roteiros dos Normais, do Aspones e do Shippados. Adorava seus programas na tv também, principalmente o Irritando Fernanda Young.
Quando a gente morava em São Paulo fomos no lançamento de um curta inspirado no A Louca Debaixo do Branco, um livro de fotos em que ela aparece vestida de noiva, além de contos, entrevistas e histórias malucas sobre o dia de casamento. O curta era lindo, mas no auditório havia pouco mais de dez pessoas. Fernanda não ficou muito abalada, apenas disse que nós que estávamos lá éramos foda. Eu e Iran corremos na livraria do MIS e compramos o livro e ainda emprestamos a caneta para ela autografar o nosso livro e dos demais. Ela escreveu apenas "Iran e Vinicius, muito obrigada!".
E hoje eu que agradeço toda a genialidade, os palavrões, a libertação e tudo o que ela produziu.
Comecei esses dias a ler mais um livro dela (o "Pós-F") e é tão trágico saber que ela morreu. Sua escrita é tão vibrante, tão visceral. São poucas as pessoas que me fazem sentir assim quando morrem...
13 de agosto de 2019
Volta às aulas
Volta às aula e o clima não é dos melhores em razão desse monte de cortes do governo aos repasses à universidade. A perspectiva é péssima e já ocorreram a suspensão de várias bolsas de pesquisa. Por todos os lados há cartazes e pixações sobre a necessidade de lutar contra isso.
É realmente uma sensação muito boa estudar artes em uma faculdade pública, sem precisar pagar um boleto.
Mas eu já tenho meu emprego e a faculdade é um hobbie. Imagino como está a situação para quem é jovem e passa por tudo isso. Quando fiz minha primeira faculdade houve um boom na universidade com a construção de novos prédios, aumentos das vagas, estímulo para estudo no exterior, bolsas de estudo. Em pouco mais de dez a situação só piora...
5 de agosto de 2019
Festival CoMA
Depois de dois dias de festival meu corpo inteiro dói e eu estou quase sem voz. Dormi super pouco e perdi a conta de quantas cerveja tomei. Mas foi apenas maravilhoso. Terceira edição do festival e sempre maravilhoso. Nessa edição os melhores shows foram do Ney Matogrosso, da Liniker, da Luedji Luna, da Gadu e do Baiana System. E é sempre bom poder conhecer novas bandas, como a Joe Silhueta, que teve participação de Odair José. O final de semana foi perfeito, mas hoje só quero que o dia de trabalho acabe para eu poder voltar pra casa...
1 de agosto de 2019
Cervejinha
Tão bom encontrar as amigas no bar, tomar cerveja, comer besteiras e colocar a conversa em dia. Tem coisas que só mesmo no bar a gente consegue entender e conversar. E, claro, como a gente está ficando velho, vamos quase sempre no mesmo bar. Bom que já somos conhecidos e até ganhamos mimos. O garçon disse que reconhece a gente de muito tempo e que não tem coisa melhor do que uma amizade antiga. E realmente é algo simplesmente maravilhoso. Tudo está um caos no país, mas tem dias que a vida é boa...
24 de julho de 2019
Meditação
Eu gosto muito de meditar. Inspirar, expirar, focar na respiração. Depois de fazer alguns cursos eu tinha começado a meditar todos os dias quando acordava, mas então comecei a ficar com ansiedade para chegar logo no trabalho, pois o transito começa a piorar.
Comecei então a meditar alguns minutos quando chego no trabalho. Vou ao banheiro de deficientes, fecho a porta e medito por alguns segundos. É impressionante como alguns minutos de meditação já me faz perceber uma melhora imediata no humor, na minha ansiedade e em tudo mais.
Por enquanto tenho conseguido meditar alguns minutos todos os dias e já nem tenho mais usado o timer do celular. Uma meditação silenciosa, focada na respiração.
18 de julho de 2019
Massagem
Às vezes acabo no automático. Todos os dias iguais. Mas de vez em quando chamamos um massagista para ir lá em casa e é sempre tão bom. Duas horas para não pensar em nada e sentir todos os músculos e ossos do corpo serem realinhados. Respiração, óleos essenciais, música e luz baixa. De repente me transporto para outro lugar, que não sei bem qual, mas que me deixa completamente relaxado. Uma pena que fazemos tão pouco, pois não é barato. Mas vale cada real.
11 de julho de 2019
Férias (só da faculdade)
Nessa semana entrei de férias da faculdade, mesmo com poucas matérias foi puxado o ritmo de leituras, mas eu gostei muito de ler textos tão atuais e escritos há quase 50 anos. Mesmo sem tirar férias do trabalho, já está tudo mais tranquilo por enquanto. Preciso descansar a cabeça um pouco. E o corpo também, já que peguei uma gripe super forte nessa semana, que quase me derrubou. E é ótimo voltar pra casa logo após o trabalho...
27 de junho de 2019
Inverno
Eu adoro o inverno, minha estação favorita. Ainda mais o inverno daqui, que chega no máximo a uns 10 graus na madrugada, mas sempre faz calor na hora do almoço. Aliás, adoro essa variação de quinze graus em um mesmo dia. E adoro poder dormir com muitos cobertores, meias e tudo mais, além de comer comidas gordas de festa junina. Melhor época do ano! Ainda mais quando se mora em um apartamento em que o sol do final da tarde falta esturricar tudo, menos nessa época do ano. E sem contar que nessa época os ipês começam a florescer e a seca vem com força.
17 de junho de 2019
Robô chato
De repente uma pecinha se desencaixou das engrenagens da minha cabeça. Eu me percebi então um chato cheio de manias e que consegue implicar com as coisas mais bestas. E me percebi também um robô com uma rotina automática e sem liberdade. Um robô chato.
Passei um dia inteiro refletindo sobre isso e me batendo cada vez mais. Apesar de sofrido, foi bom buscar sair do automatismo.
E perceber também que o próprio automatismo é uma forma de defesa do organismo. Uma forma de sobreviver nesse mundo tão maluco de crises econômicas, políticas e sociais.
Envelhecer não tem sido fácil, mas é inevitável. E quero viver muito tempo ainda.
3 de junho de 2019
Não fazer nada
Tenho a impressão de que sempre preciso fazer algo. Preciso ler mais, preciso arrumar os armários, preciso fazer mais exercício físico, preciso me alimentar melhor, preciso ver mais filmes, preciso... E então cheguei em casa depois do trabalho. A casa estava bagunçada, havia roupas para dobrar, outras para lavar, os armários estão quase todos bagunçados, com certeza tem alguns alimentos vencidos na despensa e na geladeira, há textos para ler da faculdade (e dois artigos para fazer), tem livros para ler, e várias séries de TV que ainda não comecei. Decidi então não fazer nada. Coloquei algumas músicas para tocar e deitei no sofá. Respirei fundo. Escutei a música, olhei lá pra fora, olhei para as plantas ali perto, admirei minha casinha. É cansativo sempre dever algo. E essa sensação de culpa parece não ter fim. Mas então percebi como é importante não fazer nada. Aliás, como é necessário ter uma pausa de vez em quando. Amanhã eu volto para a lista de afazeres.
28 de maio de 2019
Antigo
Tinha quase uma década que a gente não ficava em Pirenópolis. E dessa vez fomos comemorar o aniversário do Iran em uma casa alugada. Mas não era qualquer casa. Era quase um monumento, pois para quem está acostumado com Brasília, qualquer coisa feita antes da década de 60 já é um museu.
Essa casa parece ter mais de 120 anos. É o que a gente imagina de uma casa de fazenda na época da Colônia. Madeira por todos os lados, samambaia e avencas que nascem em qualquer brecha, piso barulhento, portas pesadas.
É uma experiência diferente, ainda mais pra quem é acostumado com o modernismo.
E o aniversário foi uma delícia. Um final de semana com os amigos todos na casa. E do lado do centro histórico.
Já estou com vontade de voltar!
12 de maio de 2019
Mãe
Acho que um dos maiores benefícios de amadurecer é perceber que ninguém é só uma coisa. Todo mundo é complexo e cheio de nuances. Amo e admiro muito minha mãe em vários aspectos, mas tenho muita dificuldade em outros. Admiro a força de vontade, o planejamento, a coragem dela, mas tenho dificuldade com os seu posicionamentos políticos. E sei que ela me ama muito, mas sei também que ela gostaria que eu fosse diferente em várias questões. Mas é isso. Não existe relação perfeita e é ótimo poder ver os pais como pessoas, que fazem coisas certas e também erradas. E é muito bom ter mãe. É tão forte essa palavra, carrega tanta responsabilidade. É bom ter uma mãe e poder dizer "mãe!". Hoje é uma data comercial, mas vale a pena refletir sobre tudo o que significa mãe.
5 de maio de 2019
Comprinhas
A gente acordou, pegou a estrada e fomos para o outlet dar uma passeada. Resultado, oito horas de compras, mas tudo valeu a pena. Camisetas, calças, cosméticos, tênis e até travesseiros. Melhor nem fazer as contas, quase tudo está parcelado em muitas vezes. É besteira e tal, mas é bom se cuidar. Parece que a gente está nesses programas de TV de transformação. É bom se cuidar...
Assinar:
Postagens (Atom)