3 de agosto de 2007

Safari urbano

Na cidade construida para motores, gosto de me aventurar em andanças. Descubro paisagens diferentes (invisíveis a quem está a 60km/h) e me pego reparando no rosto dos demais pedestres do centro. Alguns preocupados, outros fechados e, ainda, outros ausentes com seus óculos escuros e fones de ouvido. A maioria sorri, mesmo não tendo mais dinheiro do que o necessário para comprar o almoço naquele ambulante da esquina. Foco nas diferenças: o velhinho cego pedindo esmola, os homens com calculadoras comprando vales, os garotos vendendo frutas em carrinhos de mão e senhoras preparando quentinhas, além, é claro, das inúmeras bancas com músicas evangélicas, capas para celular, filmes que ainda nem estão no cinema e lingeries que já vem recheadas. O centro mistura tudo: engravatados, engraxates, estudantes, pedintes e turistas. Tudo quase invisível para quem está de dentro do carro.

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