27 de março de 2014

A vida, essa doida

A vida sempre gosta de te lembrar que ela é uma doida. Você está lá confortável levando sua vida do jeito que você dá conta, esquece várias coisas importantes que você achava essencial há alguns anos, deixando de se alimentar direito ou cuidar da saúde, esquecendo seus amigos. E dai a vida já não é mais vida. Virou ali uma coisa estranha, cinza, sem graça. Aliás, você já nem consegue mais se diferenciar dessa coisa. Você fica cinza, estranho e sem graça.

E então BANG! A vida te dá um susto. Meus deus, o que eu estava fazendo isso? Por que deixei minha (não)vida ficar assim?

Esse BANG demora às vezes, mas sempre vem. E você repensa tudo. Mexe em tudo. Talvez a vida vire de novo estranha e cinza. Mas depois vem outro BANG. Até você acertar pode levar muitos BANG. Mas tudo bem. Uma hora a gente acerta.

Por isso que é bom lembrar que a vida é essa coisa louca. Nunca dá pra se apegar ao seu cotidiano. Nunca dá pra ficar confortável. Pensando bem, ficou confortável, vixi, espera o BANG.

Vida, essa louca.

Meu BANG ta chegando. Daqui a pouco mudo de novo. Não sei se acerto, mas quando chegar o outro BANG dai eu vejo.

14 de março de 2014

Mudar

Uma vida mais simples. Essa é a ideia que vem marcando meus pensamentos ultimamente. E fica até engraçado perceber que simplificar é muito mais difícil que levar a vida com esse monte de complicação.

Se pensar bem, minha vida é simples: não tenho filhos, não tenho animais de estimação, não tenho casa própria, não tenho carro. Meu trabalho tem uma rotina mais ou menos estável e conheço bem a região que moro e trabalho.

Mas nos últimos meses notei como minha saúde tem piorado. Uma infecção de garganta me derrubou e desde então tenho uma tosse seca que não me larga. Insônias, cansaço permanente, dores de cabeça, dificuldade de relaxar. Não vou ao dentista, só vou ao médico quando estou quase morrendo. Não faço atividade física, apesar de caminhar todos os dias para a estação do metrô. Não faço amigos novo. Não faço mais nada criativo, nem tenho ideias legais. A vida virou uma grande chatura.

Talvez eu não quero uma vida mais simples. Quero uma vida mais cheia. Quero cuidar da minha saúde, quero relaxar, quero criar coisas, quero sair dessa estagnação que me segue desde, sei lá, desde que eu me lembro.

Mudar talvez não resolva muita coisa (como não resolveu na última mudança). Mas mudar vem com toda aquela novidade e, claro, uma certa esperança de fazer as coisas diferentes. Mais ou menos como a véspera de ano novo que deixa a gente cheio de planos para o ano seguinte, mas que aos poucos vão ficando esquecidos na listinha de resoluções.

Bom, eu quero mesmo é mudar minha cabeça. Só isso!

12 de março de 2014

Não dá pra saber

Acostumei com a cadência do cotidiano. Pode não ser o dia-a-dia mais confortável, mas é previsível. Tudo ocorre mais ou menos como o esperado. Trabalho, casa, metrô, livro, tevê.

O estranho é que sempre pode acontecer algo inesperado. Em um dia posso ser atropelado. Outro dia posso encontrar um amigo na rua. No outro posso decidir não trabalhar e vou pro clube.

Hoje cheguei no trabalho como todo dia. "Você pode ir a Brasília fazer o protocolo de uma petição?". Claro, moleza. E ainda poderia passar a noite na casa dos meus pais.

Mas nada é de graça. Passei uma das piores tardes da minha vida reunindo documentos pra um trabalho que nem entendi direito. Ouvi gritos de pessoas que não trabalham comigo. Corri pra um órgão administrativo que nunca imaginei que existia. Fiz o protocolo faltando menos de um minuto pro prazo, depois de correr, cair, derrubar papeis e tudo que uma comédia pastelão pede.

Mas só pensava que dali a pouco veria meus pais. Abraçaria eles, jantaria uma comida gostosa feita pela minha mãe. Conversaria besteiras e iria dormir em Brasília, algo que nunca imaginaria possível na hora que acordei em São Paulo.

Então percebi que (01) a gente não tem quase nenhum controle sobre a vida. Tudo pode acontecer entre a hora que a gente acorda e a hora que se vai dormir.

E (02) nada é tão simples como parece.

E (03) apesar de acontecerem coisas péssimas, sempre é possível aproveitar algo de bom de tudo o que rolou.

Vou tentar não me arrastar tanto na vida. Tanta coisa pode acontecer entre a hora que a gente nasce ate a hora que o caixão se fecha. E não dá pra saber quando essa tampa vai fechar.

10 de março de 2014

Carnavalizar

Não tenho muitas lembranças de carnaval. Tirando uma ou outra foto com fantasia de Zorro ou com máscaras feitas nas aulas de arte do colégio. Bem, acho que o carnaval não foi algo tão presente na minha vida.

Não fui um adolescente carnavalesco. Aliás, acho que quando era mais novo não era legal gostar de carnaval em Brasília. Os dias de folia eram basicamente para jogar videogame até mais tarde, comendo pizza com refrigerante. Além de comer churrasco, tomar banho de piscina, essas coisas.

Depois lá pelos meus vinte e poucos anos, carnaval era para se curtir festas de rock e beber cerveja. Nada de folia.

De uns anos pra cá descobri que gosto de carnaval. Desses carnavais de bloquinho de rua, marchinhas, pessoas com fantasias toscas, latinhas de cerveja e mistura de pessoas. De ficar com as pernas doendo de dançar atrás do bloco, de ouvir um milhão de vezes as marchinhas de sempre, de encontrar gente na rua, de rir com as pessoas, tirar fotos com gente que nunca vi na vida, de dançar em lugares públicos.

Eu não sabia que carnaval era isso. Para mim era apenas aquele desfile de escolas de samba com carros alegóricos malucos, e mulheres sambando com muitas penas e pouca roupa, além de músicas intermináveis.

Carnaval é rua. É tosquice. É risada. São aquelas marchinhas antigas que o Silvio Santos cantava no SBT. É mistura. É gente beijando na boca no meio da rua. É ver que duas cangas viraram tantas fantasias diferentes nesse carnaval de São Paulo.

Depois de passar alguns carnavais de rua eu entendi o que faz a gente ser brasileiro. É se divertir assim com quase nada. É juntar gente que nunca se viu antes e curtir na rua. É se divertir assim sem se preocupar com o que vão pensar.

Eu quero é botar meu bloco na rua!