26 de fevereiro de 2018

Cinza


Não o importa o quão divertido foram os últimos dias, a tristeza e a meloncolia estão ali só esperando pra tocar levemente no meu ombro como quem diz "estou aqui!". Elas nunca vão embora de vez.

Domingo de noite é um dos momentos favoritos em que elas fazem isso. 

Mas uma hora elas cansam e voltam a se esconder...

21 de fevereiro de 2018

Começou o ano...

Eu não estava animado para o carnaval. Mas é carnaval... e foi ótimo! Blocos de rua (Essa boquinha eu já beijei, Tuthakasmona, Divinas Tetas, Aparelhinho, Calango Careta, Montadas, Prazeres), carrinho de cerveja, fantasias, a gente tudo junto.

Esse ano foi tudo muito sossegado, mas sempre acontece algo, afinal é carnaval. Perdi o cartão do banco, o cartão de transporte, a carteirinha do plano de saúde e o comprovante da carteirinha de estudante. Então foi boletim de ocorrência, taxas de segunda via, filas. Até hoje não peguei tudo, mas está tudo encaminhado.

Passou o carnaval e veio a realidade. Um desânimo tão grande com tudo, um cansaço. Precisei de um final de semana enfurnado em casa para poder me recuperar. Sozinho, no silêncio, com poucas coisas para comer e sem muita luz. Foi bom descansar, ficar quieto.

Já estou melhor. Eu me sinto com mais energia, menos desanimado. O ano está começando e vai ser bom. Vou ajeitar o dente, os documentos, marcar médicos, me cuidar. Aos poucos tudo se encaixa.

O carnaval deixou uma saudade gostosa. Mas bom que sábado ainda tem ressaca do Suvaco!

6 de fevereiro de 2018

Realidade


A vida anda cada vez mais violenta, mas é melhor não pensar muito nisso. Tem carnaval, tem festa. Mas então a gente baixa a guarda um pouco e na hora de sair de uma festa de carnaval levam o celular em um rápido puxão. Claro que eu deveria ter ficado parado, é só um celular e, além do mais, ele já tinha alguns anos de uso e estava com alguns problemas. Mas depois de algumas cervejas eu não consegui pensar direito e saí correndo atrás do menino que puxou o celular. Quando vi já estava com meu marido junto de várias pessoas marginalizadas. E então recebi alguns socos, dei outros, virou uma briga, meu óculos quebrou, mas não conseguiram roubar mais nada depois do tanto que Iran gritou pedindo socorro (apesar de ninguém aparecer).

A desigualdade, a exclusão social e a violência estão ali juntas, especialmente no centro abandonado da cidade. É difícil não ficar com raiva de ser roubado, ter o óculos quebrado e ficar meio dolorido. E mais difícil ainda não ficar paranoico, com medo de sair de casa, de usar o celular na rua, com medo de beber um pouco mais além da conta, de se divertir numa região degradada.

Mas tudo tem um lado positivo. Isso me fez pensar em como a classe média vive numa bolha, tentando se afastar de toda a degradação social que existe na cidade, de como a gente busca ter uma ilusão de segurança. Eu já estou com um celular novo, todos os dados restaurados, estou com meus óculos antigos e só restam algumas dores no corpo. Mas a gente poderia ter morrido, poderia ter apanhado mais. Poderia não ter ido corrido atrás do menino que roubou o celular. Poderia ter pedido o transporte pra casa de dentro da festa. Poderia ter pedido para um segurança acompanhar a gente. Tudo fica de aprendizado, tudo isso amadurece a gente e trás de volta para a realidade, para a desigualdade social, a miséria e o descaso do (des)governo.