29 de novembro de 2022

Tantas coisas, vida e morte



Os últimos dias foram corridos no trabalho. Muitas tarefas que não precisavam de urgência de repente furaram a fila e viraram para ontem. Mas tudo bem, faz parte. Aliás, trabalho é trabalho, já estou conformado. Mas muitas coisas aconteceram nesses últimos vinte dias. Gal morreu. É das poucas cantoras que eu sinto como se fosse alguém da família, uma amiga próxima que não via há tempos. As músicas dela estão presentes em tantos momentos da minha vida, inclusive Dê um rolê foi o tema que escolhemos para abrir nossa cerimônia de casamento, não houve nem questionamento. Afinal, não há nada mais forte do que "eu sou, eu sou, eu sou amor da cabeça aos pés". Ouvimos muita Gal nesses últimos dias. É a artista que mais temos discos e a que mais fomos a shows. Inclusive o último show que vimos, em agosto desse ano, no COMA, foi absolutamente maravilhoso. Gal estava forte e bem humorada. Dancei muito, cantei todas as músicas. Parecia haver ainda muitos shows de Gal pela frente, mas não deu tempo. A vida é assim.

Tenho pensado muito nesses dias e acho que entendi alguns nós na minha vida. Engraçado como de repente algo que sempre estava bem na frente faz sentido, como se uma peça tivesse finalmente se encaixado ou como se a ficha da época dos orelhões antigos tivesse caído. Entendi um desconforto familiar. A vida está sempre em construção, até a hora que morremos. Mesmo o passado também é reconstruído pelo presente.

A vida tem sido solitária nos últimos tempos, mesmo que eu goste muito da solidão com livros, músicas, filmes e jogos. Eu amo ficar em casa. Amo a vida com nós dois e nosso cachorro. A pandemia me deixou com um pouco de fobia social, de vontade de não sair de casa. Eu acho que ainda não está fora de controle, mas sei que é um pulo para virar um distúrbio. Então sempre que aparece um convite a gente se força para ir, mas depois é bom interagir, conversar ao vivo. Não aparecem muitos convites, afinal amizade é uma via de mão dupla e sinto que não tenho cultivado as amizades, mesmo no online. Os poucos que aparecem nós vamos, mesmo que eu sinta uma vontade de desistir ou sinta um nervosismo desproporcional nos minutos que antecedem e chegada ao lugar. Enfim, é como um músculo, é preciso trabalhar essas interações sociais.

Tantas coisas...

9 de novembro de 2022

Chuva



Tenho trabalhado de casa nos últimos anos, desde o começo da pandemia. Minha qualidade de vida melhorou de uma forma que nem dá para comparar com a minha vida anterior. Recebi então o pedido de exames periódicos do meu trabalho e vi que era preciso imprimir o pedido e levar em uma rede de laboratórios que tem uma unidade aqui perto. Como quase não imprimo nada, a impressora está sem tinta, mas tem uma papelaria aqui perto que imprime por um real. Então comecei minha saga a pé: papelaria e laboratório para pegar um frasco para exame e tirar dúvidas sobre jejum. Eu adoro andar a pé aqui perto, mas no meio do caminho a chuva. Sorte que tenho sempre saquinhos de plástico no bolso por causa dos passeios com nosso cachorro, afinal de contas nunca sei quando ele vai querer fazer cocô no meio do passeio. Então embalei os papeis e o meu celular e fui na chuva mesmo. Não lembro da última vez que peguei chuva, mas foi libertador tomar banho de chuva sem me preocupar. Deu tudo certo, nada de importante se molhou e hoje fiz os exames normalmente, também a pé, carregando um frasco de xixi em uma sacolinha.

4 de novembro de 2022

Ufa!



Esses dias consegui respirar bem depois de quatro anos. É impressionante como política afeta tudo, inclusive a saúde mental. E é tudo tão frágil, todas as conquistas sociais, econômicas e políticas podem desaparecer em poucos anos. Mas é bom poder respirar, saber que em poucas semanas haverá uma pessoa não vai falar barbaridades, rir das desgraças e nem manipular as pessoas. Ufa! E ainda chegou uma frente fria que mudou completamente o tempo.

1 de novembro de 2022

Oito anos de casa



Há oito anos nos mudamos para o Guará. Nunca pensei em morar aqui, já que em Brasília quase todo mundo quer morar no Plano Piloto, o centro da cidade que tem uns 15 km de largura. Os prédios são mais caros, o paisagismo é mais bonito e o acesso é mais fácil. Mas de repente apareceu a possibilidade de morar no Guará logo que voltamos de São Paulo. Desde então estamos aqui no mesmo apartamento. Vamos a pé para a Feira do Guará, para as padarias aqui perto e depois de caminhar a pé por vários lugares tenho a sensação gostosa de vizinhança. O apartamento não é grande, mas eu adoro morar e trabalhar aqui. Somos só nós três: eu, meu marido e nosso cachorro, então está ótimo. E a vista é maravilhosa, todos os dias o por do sol é maravilhoso aqui, mesmo o sol batendo direto no final do dia. A única parte ruim é voltar para casa quando saímos de noite para alguma festa ou show, pois os carros de aplicativo em geral demoram para aceitar a corrida, então temos que pedir uma categoria mais cara. Mas mesmo assim amo morar aqui e não penso em me mudar. Já é o apartamento que moramos há mais tempo. Já é nossa casa.