31 de março de 2013

Por lá

Não achei que queria ir, mas percebi o quanto me fez bem ter ido pra Brasília. Dias de descanso, de carinho, de presentes. Dias leves com chocolate, com risadas, com peixes e quibes. Cidade verde, passarinhos, chuva fina, memórias. No caminho para o avião parecia que tinha uns oito anos e meu pai me levava ao colégio. Ele dirigia tanto o carro que me levava ao aeroporto como o carro dos anos oitenta, passeando pelo Eixinho enquanto eu olhava tudo pela janela: prédios, carros, janelas, gente e cachorros. Alternava como um pisca-pisca de Natal o eu de agora com aquele eu-criança. E qual desses eus seria mais eu? De longe é mais fácil entender.

Um pouco antes de seguir para o aeroporto fui ao quintal de casa. Descalço, senti a grama, o sol, a enorme árvore. Estava ainda mais novo, uns três, quatro anos de idade. Mas já tenho quase trinta. Acordo, pego as malas e sigo para São Paulo.

23 de março de 2013

E se?

Uma frase martelou minha cabeça um dia voltando pra casa depois do trabalho: e se dinheiro não fosse importante? Quer dizer, não pensei em viver em uma sociedade sem moeda, mas sim o que eu queria realmente fazer se eu não focasse apenas no salário no fim do mês. Essa pergunta sempre está ali como a tal da pulga atrás da orelha (não que eu tenha pulga!), mas pela primeira vez eu consegui estruturar algo que seria ao me os possível.

Bem, eu teria um bistrô, esquema dois pratos por dia, alguns bolos, tortas, salgados, café tirado na hora, sucos naturais, chás a granel. Aliás, chá seria uma grande coisa, já que ando viciado. Eu aprenderia a fazer misturas, a entender de chá preto, chá verde, misturaria com umas ervas brasileiras, uns mates, infusões, plantas de norte a sul, colocaria chá nos bolos e até nas receitas dos pratos. Teria opções pra quem tem restrições alimentares, aliás eu teria de pesquisar mais sobre isso. Comida gostosa, saudável sem ser chata.

E o ambiente não seria arrogante ou pretensioso. Faria com cara de antigo, mas sem ser vintage-fofinho. Antigo com cara de feito pra durar. Faria um clima meio escuro, mas aconchegante, com cara de que sempre existiu naquele lugar,.

O mais importante é que não seria pretensioso. E eu não enganaria meus clientes servindo coisas que eles poderia facilmente fazer em casa. Eu só faria comidas e bebidas que surpreendessem as pessoas de alguma forma positiva. Estou cansado de pagar caro pra comer algo que eu faria melhor na minha casa. E, claro, não cobraria um preço exorbitante.

Venderia alguns livros legais, pouca coisa. Talvez eu aprendesse a fazer chocolate caseiro, sem ser essas barras cheias de açúcar e gordura hidrogenada. E teria umas cervejas gostosas, diferentes.

A linguagem gráfica com cara de carimbo, lambe-lambe, com aquelas falhas de impressão. Com muito papel cru, daqueles usados antigamente nos embrulhos. E cordinhas de sisal. E letra cursiva ou inspirada nas revistas antigas como Cruzeiro. E seria bem brasileiro e urbano, sem ser caricato. Algo meio samba antigo, meio música de rádio velho, meio no espírito de mesmo nas crises econômicas e planos furados as pessoas sempre deram um jeito de se virar e se divertir.

Talvez nunca saia do papel, mas pela primeira vez pensei nisso de uma forma mais estruturada, sem ficar tão com cara de impossível.



13 de março de 2013

Cafezin

Meus dias de semana são bem cinza, principalmente no horário de trabalho. Mas ultimamente tenho adorado sair para almoçar sozinho e depois passar em um café simpático, pedir um espresso e ficar tranquilo por alguns minutos, lendo um livro no meu celular, escrevendo algo.

Essas pausas têm me relaxado muito e acabaram virando um hábito, apesar de me isolar das pessoas do meu trabalho.

Tenho me tornado muito mais seletivo, já que sobram poucas horas do meu dia para fazer coisas que me dão prazer.

Então continuo com meu cafézinho, minhas leituras, meu recreio...

7 de março de 2013

A doida debaixo do branco

Eu finalmente entendi como enlouquecem as noivas com essa história de casamento, como no livro e na exposição da Fernanda Young.

Bom, a gente já mora junto há uns bons anos, mas do nada começamos a pensar em casamento civil.

Tranquilo, né? Não! Comecei a ter um milhão e meio de idéias sobre quem chamar, onde fazer, os preços, fotos, roupas e me vi completamente desesperado com esse monte de pressão que eu mesmo me coloquei.

Já tinha na minha cabeça que queria apenas chamar dois amigos para serem testemunhas, ir no cartório e depois sair para almoçar e de lá ir viajar para algum lugar.

Claro que eu acho bacana responder como "casado" nos status civil desses formulário. Afinal de contas, não me sinto solteiro. E também ia adorar ter minha carteira de dependente no SESC.

E então veio a melhor frase: "a gente não tem nem sofá, imagina pensar em casamento". Eu sei que sofá não tem nada a ver com casamento e por isso mesmo a frase fez tanto efeito e me fez repensar no porquê daquela loucura toda.

Eu amo o que a gente tem junto. E do jeito que é. Depois se formos nos casar que seja algo natural e sem pressão.

Ufa!

5 de março de 2013

Adultecer

Eu nunca me vi como um adulto, mas também não acho que eu seja adolescente. Talvez existam mais gradações entre essas duas categorias.

Bem, pago minhas contas, trabalho, moro a mais de mil quilômetros dos meus pais, divido um apartamento alugado com meu namorado. Mas isso não faz de mim um adulto. Aliás, para mim um adulto é alguém chato, sério e ocupado. Alguém que só fala de política, das cotações da bolsa, de concursos, de crimes e de futebol, do financiamento do apartamento, de trocar de carro e dos restaurantes e vinhos chics.

Eu tenho quase trinta anos e não me considero adulto. Eu sou outra coisa. Acho que não existe um marco no qual a partir daquele momento você não é mais isso, mas sim aquilo. Eu vejo meu amadurecimento, percebo como tenho atitudes diferentes das que eu tinha antes, mas mesmo assim não me sinto um adulto.

Mas ainda gosto de assistir besteiras na tv e na internet, ainda tenho ressacas, ainda saio para dançar, ainda uso tênis e camiseta, ainda escuto Smiths.

E talvez isso seja algo bom!

1 de março de 2013

Fashionismos

Eu sempre fui uma pessoa que não ligava muito pro jeito que me vestia. Pegava ali a primeira calça jeans, a primeira camiseta e aquele tênis velho. Até o cabelo era eu que (mal) cortava. Ou seja, uma desgraça.

Mas a idade vai chegando, alguns quilos de gordura vão saindo e de repente me vi alucinado em lojas de roupa. Quase uma versão individual desses programas de televisão que transforma o visual das pessoas. Arrumei umas roupas mais bacanas, cortei o cabelo num salão estiloso, comprei uns tênis e sapatos mais diferentes.

Não que tenha mudado muita coisa, mas eu prefiro o jeito que estou hoje. Sem essa de nostalgia com o passado. Gosto muito mais de mim na versão 2013 com quase trinta anos do que eu lá com vinte e poucos.

E o pior que descobri que gosto de coisas diferentes e que não necessariamente estão na moda, meio misturando coisas antigas e novas.

O lado bom de se trabalhar de terno e gravata é que não preciso esquentar com o que vestir durante a semana, mas daí chega o fim de semana e sinto essa vontade louca de vestir coisas diferentes.