28 de novembro de 2016

Trem

Tem dias que parece que o trem ja passou e eu fiquei pra trás. Dias em que não se dá vontade de fazer nada, absolutamente nada. Até mesmo não fazer nada parece ser muita coisa.

Mas é preciso vir ao trabalho. É preciso existir. É preciso...

Mesmo com a cabeça longe. O corpo aqui e a cabeça na praia. Nem o corpo parece estar aqui, muito menos a cabeça.

Ao menos não tem reunião, não tem prazo, não tem urgência. Não tem nada. Nem eu hoje.

O trem passou e eu fiquei na estação para tomar una xícara de café com leite.

11 de novembro de 2016

Pela cidade

Fui de metrô pra um evento de trabalho no centro da cidade. Vi a torre de TV assim que saí e decidi subir para o mirante. Tinha muito tempo que não subia lá, acho que mais de dez anos. Final de tarde, dia de semana, poucos turistas. A vista é incrível. Dá pra ver até o lago lá longe. De cima parece tudo tão silencioso na maquete da cidade.

Nem lembro direito o que eu pensei lá em cima. Lembrei das excursões com os colégios, os passeios com os parentes de longe. Tudo parece tão distante agora, já não sei se vivi aquilo. Mas a vista é linda.

Entrei no elevador e parece que eu havia descido de uma nave. Que cidade estranha, não tem quase ninguém a pé. Fui até a rodoviária pela ciclovia sem bicicletas.

Desviei de alguns ônibus e cheguei no terminal. Tem um verdurão lá dentro, lotado de gente que fazia compras antes de seguir pra casa. Andei mais um pouco, lojas de eletrônicos, salões, engraxates, fotos 3x4 na hora, pedintes, pessoas que vivem na rua. Pastel. Pedi um trio (dois pastéis e um caldo de cana). Delícia! Mas mais tarde uma azia danada. Tô velho pra comer na rodoviária.

Segui pro outro evento, mas agora da faculdade. Curador da Pinacoteca no museu nacional. O diálogo do velho com o novo, a resignificação dos monumentos com o passar do tempo.

Voltei com vários colegas para a rodoviária para pegar o metrô. Parece que nesse dia voltei a ter 18 anos. Metrô, palestras, caminhadas, conversas. Cheguei em casa já mais de 10 da noite. Mais de 15 horas depois do primeiro metrô do dia.

E de novo eu tinha 33 anos.

No dia seguinte segui de carro, de volta à rotina...

10 de novembro de 2016

Neném

Logo cedo recebi a notícia de que não havia mais batimentos cardíacos naquele neném que eu nem cheguei a conhecer, mas que eu já tinha um grande amor.

Não consigo nem imaginar o tamanho da dor que minha irmã tem sentido. Mas estamos juntos! Se depois houver outra gravidez, vamos todos torcer muito.

O mundo anda tão complicado ultimamente, quem sabe até lá melhora um pouco.