23 de novembro de 2023

Como nascem os livros



Eu sempre gostei de livros. Desde pequeno há muitas prateleiras com vários livros na casa dos meus pais. Livros técnicos, mas também coleções de romances. Livros sempre estiveram presente na minha vida e sempre fui estimulado a ler desde pequeno. Hoje em dia fico mais no livros digitais pela praticidade, mas os livros físicos são encantadores. Eu não sabia como era o processo de criação de um livro. Além da escrita em si, há um longo processo de releitura, discussão, diagramação, desenho da capa e a impressão. Meu marido lançou um livro maravilhoso em que reconta alguns episódios da infância misturados com fantasia. O livro nasceu em um curso de escrita criativa e na semana passada ocorreu o lançamento. Que alegria ver tanta gente querida se reunir em um jardim de uma livraria em um sábado de sol. E poder celebrar uma obra de arte que eu vi nascer desde os primeiros esboços. Agora já sei como os livros nascem e continuo cada vez mais encantado por eles.

10 de novembro de 2023

Besteiras



Tenho gostado das coisas inúteis. Nem tudo precisa ter uma necessidade ou importância. Uma panela em forma de abóbora? Claro! Um porta ovo cozido mole? Sim! Passei muito tempo em que sempre analisava a necessidade de algo antes de comprar ou fazer e percebi que nem tudo precisa ser importante e necessário. E então tenho tentado brincar mais, encontrar um pouco de leveza. Ainda carrego um pouco do pós-guerra que foi a pandemia, mas é importante balancear um pouco com o lúdico. Aliás, nem eu mesmo tenho importância, por que as outras coisas precisam ter?

3 de novembro de 2023

Um corte de cabelo



Desde a pandemia me acostumei a cortar meu cabelo em casa. Eu tenho cabelo ondulado e grosso, então ele não fica muito marcado. Não ficava um corte maravilhoso, mas quebrava um galho. Quebrar um galho? Minha vida estava cheia desses galhos quebrados espalhados pelo chão e eu precisava de um mimo. Tudo meio cinza, meio sem graça. Tudo meio igual. Finalmente marquei de ir em um cabelereiro meu amigo, o salão aqui perto de casa e que já tinha ido algumas vezes antes da pandemia. 

Um corte de cabelo parece algo simples, mas não é. É preciso arrumar um horário e cumprir o agendado. Eu tinha me esquecido como é bom se cuidar, tirar um tempo para si. Conversar sobre tudo, pegar dicas. Agendei no começo da semana, achei um bom horário. Meu amigo tem duas ajudantes caninas e que também me ajudaram muito. Eu não tinha ideia de como queria cortar, então falei que tirando a química e as linhas raspadas, o resto eu topo tudo. Meu cabelo estava cada parte de um tamanho, todo descuidado. Eu não enxergo de longe, então tirei meus óculos e me senti naqueles programas de televisão em que uma pessoa toda esculhambada passa por uma transformação em um período de meia hora, o tempo de um episódio. A vida não é um programa de TV e minha vida não foi transformada por uma equipe, mas o corte de cabelo já me ajudou muito.

Em uma hora já estava renovado. Conversas boas, corte de cabelo, dicas. Uma alegria ao recolocar meus óculos. Um respiro na hora do almoço de um dia normal de trabalho. Um corte de cabelo e já me sinto com vontade de colocar uma roupa legal, usar um bom perfume e sair para jantar com meu marido ao invés de pedir uma pizza e assistir de pijamas uma série na TV. Um corte de cabelo e uma pequena luz se acendeu dentro de mim. Um lampejo ainda e tudo bem, pois um corte de cabelo é apenas um corte de cabelo e não um milagre. É um passo e eu já me sinto melhor. Gosto do reflexo no espelho, gosto de me ver aos quarenta anos com um cabelo bem cortado.

2 de novembro de 2023

Memórias sensoriais e temporais



Um jeito de prolongar a viagem é comprar um chá ou uma bebida. Trouxe uma caixa de chá de coca lá de Cusco. Finalmente criei coragem para abrir. Tomei chá de coca assim que chegamos no hotel para ajudar com o mal de altitude. Mate de coca. Eu achei que era erva mate com coca, mas não, mate é um sinônimo para chá. E todos os dias no café da manhã tinha uma chaleira elétrica com mate de coca me ajudava a acordar. 

Preparei meu chá, deixei infusionar por três minutos e tomei. O chá de coca não tem um gosto muito específico, parece um pouco o chá verde. É um gosto herbal, mas que eu adoro. E já me lembrou na hora das alpacas, das ruínas incas e de tudo mais. Ainda não inventarem o teletransporte ou a viagem no tempo, mas um perfume, uma comida ou um simples chá me ajudam um pouco a viajar no espaço e no tempo.

O dia de finados me deixa um pouco pensativo, acho importante esse recolhimento. Um dia mais para dentro para pensar na própria mortalidade e também nos que já foram. É um dia que sempre fica nublado e chuvoso por aqui. E eu me senti assim também. O chá me deu um pequeno lampejo de alegria no meio da melancolia. Mas é importante sentir tudo, inclusive a melancolia.