31 de janeiro de 2015

Círculos

Fui então reler os posts de janeiro de outros anos. Eu comecei a escrever aqui há mais de sete anos e desde lá já tinha essa inquietação sobre os rumos da vida, inadequação no trabalho e não saber o que fazer profissionalmente.

Eu realmente achava que depois dos 30 as coisas iam se encaixando, mas até aparece, né?

Devo estar me fazendo as perguntas erradas, pois até hoje não cheguei a nenhuma conclusão. E a mesma inquietação. Talvez até piorada.

Mas foi ótimo reencontrar esses outros eus do passado. Continuo (quase) o mesmo.

29 de janeiro de 2015

Fitness

Definitivamente não sou uma pessoa fitness. Até tento ir à academia e comer de forma saudável, mas chega uma hora que simplesmente desisto e volto a comer besteiras e a ficar de frente à TV ou ao computador.

Condicionamento físico zero, pancinha e preguiça.

Mas então resolvi deixar de marasmo e dar uma corridinha de leve perto de casa. Quase morri, mas gostei da sensação de correr na rua.

Engraçado como uma coisa vai puxando a outra. Preguiça, desânimo, vontade de comer besteira, assistir programas ruins na TV e assim por diante.

Apesar de me achar ridículo ao usar shorts de corrida e tênis, além da pancinha de cerveja, fui lá correr na rua. E a perna doeu, a barriga formigou, minha respiração parecia não ser suficiente e eu pensei que ia deitar no chão e pedir pra morrer, mas consegui terminar os quatro quilômetros que me propus, usando o aplicativo de corrida que estava ali perdido no meu celular.

E mesmo todo dolorido e cansado, me senti feliz. Esse negócio de endorfina de atividade física é verdade mesmo.

Quem sabe agora engreno numa vida mais saudável!

Chega de todo mundo falando que eu engordei! Porra!

28 de janeiro de 2015

Internete

Sempre gostei de internet, desde a época do modem discado dos anos 90 com aqueles barulhos estranhos. Em pouco tempo o ouvido ficava treinado para ver se a conexão ia ou não acontecer.

Criei blogs, fotologs, entrei em várias redes sociais, encontrava sites desconhecidos de designers noruegueses, fotógrafos espanhóis, artistas japoneses, acompanhava blogs de pessoas em várias partes do mundo e que depois viraram livros, filmes e não voltaram mais a ser blogs.

Ultimamente sinto que as coisas estão mais chatas. Antes eu procurava um assunto e uma página me puxava para outra até eu nem saber mais o que estava procurando até esbarrar em um site incrível que me enchesse de ideias.
Hoje assino feeds e toda vez que aparece alguma atualização eu já recebo automaticamente, então filtro o que me interessa, salvo para ler mais tarde (e às vezes nunca leio). Virou algo quase burocrático.

Eu me sentia em uma biblioteca enorme com um milhão de possibilidades na qual procurava por assuntos que me interessavam. Hoje tudo me chega ali sem muito esforço, direto na minha caixa. Como se todo dia chegassem artigos e panfletos lotando a caixa de correio do meu apartamento.

Eu mudei meu jeito de lidar com a internet e a internet mudou. Outro dia fui visitar uns links de blogs que eu adorava. A maioria está sem atualização há anos. Anos! Talvez não haja mais espaço para blogs, tudo foi substituído por textos enormes nas redes sociais.

E então pensei em largar a mão desse meu blog. Eu nunca escrevi para ninguém, apenas para meu próprio histórico, para saber como eu me sentia em determinada época da minha vida. E eu adoro isso! Adoro poder escrever aqui sem pensar muito, sem ligar para o público e adoro reler o histórico de anos anteriores para tentar me reencontrar ali, para me lembrar de como eu sou/era, já que com o tempo a gente vai se esquecendo e vira quase outra pessoa.

Mas não, nunca vou deixar de escrever aqui. Pensei então em criar um outro site, menos pessoal. Mas de que? Culinária? Cinema? Design? Literatura? Fotografia? Meio Ambiente? Música? Eu nem tento, pois na primeira semana já estaria de saco cheio. Não encontrei nada que me motivasse a escrever em um site específico. Que merda! Nada. Eu ando uma pessoa muito chata e sem graça, frustrado com a vida, sem ver coisas novas, sem ter ideias diferentes, sem criar nada.

Cara, eu não crio nada. Eu tiro umas fotos aleatórias de coisas que me chamam atenção e publico em um site que replica em outros lugares e então as pessoas vão lá e colocam um "curtir" quando gostam.

Eu não crio, não me desafio, não me conheço. Virei essa pessoa que enrola no trabalho, que conta os minuos para dar a hora de ir embora e que não faz quase nada do tempo livre.

De vez em quando cozinho algo para mim e acho incrível. Fiz um bolo de banana cheio de coisas saudáveis.

Mas no geral não crio nada. Vamos mudar isso, né? Hoje começo um projeto.

27 de janeiro de 2015

Vergonha na cara

Tentei pensar como seria a primeira vez que se toma consciência na vida, naquele estágio quase não humano. Será que é algo como acordar depois de um sono bem longo? Um sono pesado, sem sonhos, sem preocupações, sem sentir nada. E então começam barulhos, movimentos, luzes, cheiros. E então a consciência.

Aliás, são várias as vezes que se toma consciência na vida, geralmente após um baque. A tendência é se acomodar, acostumar, adaptar, até que a não se reconhecer mais. Mas a essência está ali: a bagunça, a desordem, o desconforto, a insatisfação, tudo ali escondido só esperando o baque, que sempre vem.

E vem de várias formas: falta de grana, falta de saúde, falta de tempo, falta de amor. Nem sempre por falta, pode ser por excesso também.

O meu dinheiro está acabando e não fui atrás de outro emprego no mesmo ramo. Decidi voltar para um emprego antigo, que saí há quase três anos. E voltei, apesar de sentir um nó nas minhas entranhas. Preciso do dinheiro e preciso de um emprego que me proporcione ter um horário fixo e uma grana certa. Afinal de contas, dívidas e necessidades básicas (e não tão básicas) é o que faz a gente parte da engrenagem gostosa do capitalismo.

Mas então vamos pensar que paguei minhas dívidas, usufruí da jornada fixa e ainda guardei um pouco de dinheiro. E agora? Frio na barriga. Não sei. Estudo para conseguir outro emprego (qual?)? Faço mestrado (em que?)? Abro minha empresa (de que?). Não faço nada e continuo aqui com meu nó nas entranhas?

Eu sei que não se deve atrelar a felicidade a um futuro incerto, o negócio é ser feliz agora e tudo mais. Vou ser feliz quando eu emagrecer/arranjar um emprego melhor/viajar para o exterior/sei lá. Mas quem disse que dá pra ser feliz hoje com todos esses perrengues e dúvidas?

Tem vezes que quero fazer ioga, viajar para um retiro espiriual, fazer uma massagem tântrica, tomar um chá espiritual. Mas não adianta ficar procurando coisas externas, O negócio está aqui na minha cabeça. Preciso decidir o que quero, seguir com esse plano e entender que as coisas levam um tempo mesmo, mas que é preciso curtir de hoje.

Sei. Minha vontade é chegar em casa, comer algo gostoso e ver um filme. E ler um livro. Até quando eu vou ficar de férias na minha cabeça?

11 de janeiro de 2015

Três meses de férias



Meu último dia de trabalho foi em 24/10/2014 em um dos maiores escritórios de advocacia de São Paulo, onde eu nunca sabia ao certo que horas eu voltaria e para a casa e se eu teria ou não de trabalhar no final de semana e onde eu nunca achei que fosse capaz de trabalhar. Mas foi lá que eu aprendi o que é trabalho, a ter responsabilidade e a amadurecer profissionalmente.

E então meus pais me chamaram para voltar para Brasília, me ajudaram com um apartamento lindo e eu me dei a chance de ficar quase três meses sem trabalhar, usando o dinheiro da demissão do antigo trabalho até que eu finalmente descobrisse o que eu queria fazer. Parecia tempo e dinheiro de sobra para eu poder fazer isso. E uma proposta irrecusável.

Bem, meu dinheiro já está no final e eu não pensei ao certo o que eu queria fazer da minha vida. Ao invés disso eu decidi descansar, algo que eu não sabia o que era nos três anos de vida paulista. Descansei, dormi muito, curti o apartamento e a cidade.

Redescobri a cidade e revisitei vários pontos que eu não ia há muito tempo. O parque de diversões, o zoológico, o planetário, o Cine Brasília, o Parque da Cidade, Igrejinha, Ermida. Tomei sol, nadei, li, revi vários amigos, fiz novos amigos, curti minha família. Vi que a cidade está diferente, mais vibrante e com mais eventos ao ar livre e com uma sensação de identidade própria. E o tempo e o dinheiro voaram.

Decidi voltar para o meu emprego brasiliense antigo, no serviço público. Amanhã vai ser o primeiro dia dessa volta. Frio na barriga, sensação de retrocesso, mas ao mesmo tempo uma possibilidade de ter um emprego mais tranquilo e com um horário de trabalho razoável em que eu posso chegar em casa antes das 18h quase todos os dias.

Mas ok, a curto prazo tudo parece tranquilo. E a longo prazo? Não posso ficar nesse emprego o resto da minha vida. Estudo para outros concursos? Faço um curso? Começo um site? Cozinho para fora? Invisto na fotografia. Não tenho ideia. Amanhã começo o emprego velho-novo e por enquanto só quero focar nessa volta, na readaptação, voltar a fazer academia, me alimentar direito, preparar minha marmita e lanches saudáveis.

Sábado eu quero fazer minha metas. Eu sei, sempre adiando. Mas vai, um passo de cada vez.

Esses três meses foram maravilhosos. Não sei quando (e se) eu vou ter a chance de fazer isso de novo, mas foi essencial para colocar minha cabeça no lugar depois de me sentir tão cinza, tão arrastado.

Amanhã começa uma nova fase e a volta para a realidade e isso tudo não precisa ser ruim e cheio de idealizações e frustrações.