25 de março de 2021

Respirar

A pandemia está cada dia pior no país. Morrem três mil pessoas por dia e já mais de trezentos mil mortos. É um pesadelo, um filme de terror. Eu me sinto como se estivesse em um filme apocalíptico, como se o ar não fosse mais respirável. E talvez esteja irrespirável. Com certeza está. O ar está pesado, o clima está sempre tenso. Inimigos visíveis e invisíveis. A morte está sempre perto, em cada saída de casa, mesmo que seja para pegar algo na portaria. Mas uma hora vai passar...

23 de março de 2021

Vacinação



O cenário é terrível, milhares de mortes todos os dias, UTIs lotadas e ainda há muita gente sem máscaras. Mas nesse mar de notícias ruins é tão bom ter notícias boas. Meus pais já conseguiram tomar a primeira dose da vacina e logo minha irmã vai se vacinar também. Ufa! Não sei quando vou conseguir me vacinar, mas fico tão feliz que meus pais já se vacinaram. Uma hora essa pandemia vai passar...

19 de março de 2021

Sexta!



Os dias estão difíceis e eu sinto um cansaço o tempo todo. Acordo cansado, o dia passa arrastado e todos os dias são parecidos. Medo de sair, medo de tudo. É muito tempo para viver com medo e com estresse. E tenho emprego, uma vida confortável, mas mesmo assim está difícil. Não temos perspectiva de melhorar, não sabemos quando a pandemia vai passar. Morrem cada vez mais pessoas todos os dias em decorrência do vírus, mortes horríveis, falta de ar, filas de UTIs e ainda por cima as piadas e descaso do presidente. Uma hora vai passar, mas tem demorado muito. Mas o jeito é ter paciência.

11 de março de 2021

Rotina



Já nem consigo imaginar a rotina sem cachorro aqui em casa. Eu acordo sempre cedo, perto das seis, sem alarme. Assim que eu levanto ele já percebe e quando vou ao banheiro ele vem me dar oi. Alguns dias eu faço yoga e em outros só uma meditação. Ele fica na porta do escritório para me esperar terminar. Daí a gente passeia aqui por perto, demorei para descobrir um lugar que ele gostasse e ficasse mais tranquilo. Ficamos o mais longe possível das pessoas e cedinho não tem muita gente. Ele não reclama da guia, mas de vez em quando simplesmente deita no chão para me dizer que não quer ir para aquela direção. Mais ou menos uns quarenta minutos voltamos para casa, tem dias que ele não quer voltar. E então coloco a comida dele enquanto preparo o café da manhã. Ele come e fica me esperando dar algum pedaço de fruta. Depois começo a trabalhar e ele fica perto, nos meus pés ou perto da porta, em um estado meio de dormir, meio desperto. De tarde não tenho descido mais por causa do covid, então brinco com ele, jogo algum brinquedo, ele corre, pega, mas não me devolve, depois a comida dele. E então volta ao estado de dormir/acordado. É uma delícia ter cachorro em casa. Ele se adapta à rotina, a tudo. E aprende muito rápido tudo. Que bom que Tominhas veio morar com a gente, não tinha muita ideia de como seria ter um cachorro aqui em casa, mas agora não me imagino mais sem Tominhas.

10 de março de 2021

Guerra invisível



Os dias andam cinza, arrastados. A morte e a doença são cada vez mais cotidianas. Sair de casa é um risco. Não tem como a cabeça estar bem ao se viver com medo por tantos meses e sem saber até quando vamos conseguir. Eu me sinto em uma guerra silenciosa, sem bombas, sem barulho. Uma guerra invisível.

5 de março de 2021

Sexta!



Ufa, chegou a sexta! Ando bem cansado. São muitas mortes, muitas notícias ruins, muito desgoverno e nenhuma perspectiva pela frente. Mas o jeito é ir em frente. Ficar em casa. Tenho medo de tudo. Parece que estamos em uma guerra silenciosa, sem bombas, sem trincheiras. O número de mortes é maior do que em muitas guerras. É como se vários aviões de passageiros caíssem todos os dias. É desesperador.

3 de março de 2021

Relógios do avô



Meu tio me mandou dois relógios de algibeira que pertenceram ao meu avô. Ele morreu há mais de trinta anos e eu era pequeno, quase não convivi com ele. Não tenho memórias, não lembro de sua voz, não guardo nenhum conselho ou histórias dele. Ele foi um comerciante de sapatos e materiais de construção que se fez sozinho. No tempo que viveu tirou poucas férias, apenas para visitar minha mãe e meus irmãos antes do meu nascimento. De qualquer forma fiquei muito feliz com os relógios, é um presente e uma memória da minha ancestralidade. E um lembrete de que não somos eternos.