28 de maio de 2016

Essepê no frio

Voltar aqui depois de tantos meses me fez perceber como gosto de São Paulo. Várias coisas mudaram, mas a cidade que eu conheço ainda está por aqui. Quase um ano e meio depois eu mudei e a cidade também. Mas é maravilhoso encontrar tantos rostos conhecidos! Até o frio que tem feito tem me deixado em outra atmosfera, longe da secura do planalto e o calor do sol do planalto e do deserto que começa a aparecer nessa época do ano.

E tem sido ótimo me desligar das notícias, sair um pouco de Brasília, não pensar no trabalho e em mais nada. Só pensar em curtir essa São Paulo que amo tanto, junto do meu marido.

Ainda tem muita coisa pra fazer aqui antes de voltar. E quero deixar muita coisa que já não me serve mais.

22 de maio de 2016

Dorcorpo

O meu corpo não está feliz e fez questão de não me esconder isso. Eu sinto dores no pescoço e nas costas. Fiz exames, fui a médicos. Resultado: dor emocional. Eu já sabia. Minha cabeça não está feliz também, não tem como o corpo estar. Eu sou um só. Mas eu não conhecia esse lado do corpo. Dores no pescoço, torcicolo, costas travadas, dores na cabeça, machucados na boca e na língua. Minha imunidade baixou tanto. Minha autoestima também. Tudo está em baixa. Acho que até a situação política tem contribuído. A situação profissional então, nem precisa dizer nada. Tudo está complicado, aliás, tem poucas coisas boas em que posso me segurar. Meu namorado sempre ajuda, meus amigos, minha família, meu terapeuta. Mas essa guerra é minha e somente eu posso sair dessa. Mas cada dia me sinto melhor. Eu vou conseguir!

12 de maio de 2016

Meu corpo de novo veio me lembrar que preciso prestar atenção em mim. Um torcicolo de quatro dias com dores de cabeça pulsantes. A médica sugeriu dois dias de repouso e era justamente o que eu precisava, junto com um comprimido que relaxa os músculos tudo e começa a fazer efeito em 15 minutos. Mas aí acontece uma dor gigante no meu peito, provavelmente gases (podia ser infarto, mas arrotei e melhorou bastante!).

Pra que viver nessa prisão? Até quando preciso cumprir minha pena? A vida pode ser bem mais leve! Dá pra ter uns dias de folga sem que musculatura do pescoço esteja toda travada, sem parecer um robô de filme dos anos sessenta.

A gente é tudo. É o corpo, é a cabeça, é o pescoço, é o que a gente lê, come, vê, bebe, do que a gente ri, os beijos que a gente recebe, os carinhos, o que a gente odeia, as tarefas chatas. A gente é tudo isso.

10 de maio de 2016

Cisne

Eu estava me sentindo mal com tudo o que sempre passa pela minha cabeça. E então passamos na beira do lago, descemos no pier e ele sugeriu de andarmos no pedalinho. Escolhi aquele com formato de cisne, colocamos os coletes e entramos no lago. Quando percebi, eu devia ter de novo uns 5 ou 6 anos e os problemas ali fora do lago já não pareciam tão grandes. Eu só queria curtir meu namorado, o lago, o por do sol e o cisne gigantesco em que a gente cortava as águas do lago.

5 de maio de 2016

Psique

Entrei, sentei na poltrona e comecei a escutar músicas aleatórias de uma rádio misturadas com as vozes de duas pessoas do outro lado da outra porta.

Eu sou o próximo. Já tem quase um mês que venho aqui para falar dos meus problemas internos, das minhas inadequações, das minhas angústias.

Tem dias que o psicólogo usa astrologia e em outros, cartas de tarot. Gosto dessas coisas esotéricas, vai que ajudam, né? Afinal, estão aí há tantos séculos.

De qualquer forma, é bom ter um tempo pra tentar entender o que acontece comigo e para onde quero ir.

Resolvi procurar um psicólogo porque me senti completamente paralisado em um emprego que não gosto e sem saber para onde quero ir e com mais de trinta anos nas costas. Ainda não sei e ainda tô no mesmo emprego, mas já penso em mais algumas possibilidades pra minha vida.

A paralisia foi umas das piores sensações que já senti. Chorei na frente dos meus pais. Com quase trinta e três anos eu não conseguia parar de chorar na frente das duas pessoas que me criaram e que me olhavam completamente assustadas.

Eu entendi que meu ritmo é mais devagar mesmo. O ritmo pra tudo: pra amadurecer, pra mudar de caminho, pra tudo. Mas ao mesmo tempo tenho momentos de coragem e de rapidez que nem eu consigo entender.

As coisas ainda não estão boas, mas ao menos estão melhores do que antes. E eu comecei a me entender um pouco melhor. Ufa!

3 de maio de 2016

Talvez seja isso

Acordo quase todos os dias com um enjôo e uma náusea. Não tem nenhum dia que eu realmente queira levantar da cama pra começar o dia. Aliás, queria morar nesse não-tempo que ocorre antes do dia amanhecer e não há melhor lugar pra vivê-lo do que na cama.

Meu corpo dói da falta de sono. Meus olhos ardem. O enjôo e a náusea já fazem parte de mim.

Eu tentava ser uma pessoa com ideias, com vontade de mudar, de viver novas experiências, de ser mais leve. Mas o peso da vida, do trabalho, do trânsito, o peso tudo me esmaga de uma forma que apenas consigo me arrastar do carro para o trabalho e depois pra casa.

Quero mudar, é claro. Não tem conforto nessa zona de conforto. Não tem como viver aqui. Mas o medo de não conseguir sair daqui me prende mais do que se tivesse uma corrente no meu pescoço.

Acho que daqui a pouco eu consigo gritar. Eu consigo ser o louco que larga tudo isso. Eu ando tão cínico. Eu parei de ligar para o que pensam de mim. Talvez seja isso.