29 de maio de 2020

Plantas


Hoje meu marido tirou o dia de folga do trabalho e resolveu cuidar e adubar todas as plantas da casa. E eu descobri que quase matei todas as plantas afogadas. Eu adoro colocar água nas plantas, mas exagerei. Por muito tempo. As plantas estavam com muita água, cinco dias após o dia de rega. Vou prestar mais atenção agora, tentar colocar só o tanto de água que for adequado.

Foi tão lindo ver meu marido pegar cada vaso, revolver a terra, colocar adubo, tirar folhas secas e devolver. Acho que tem alguma coisa primitiva de quando a gente mexe na terra, mesmo que sejam vasos de planta dentro de um apartamento. Esse ato de cuidar é enraizado em nós. Talvez venha antes da nossa civilização.

Enfim, agora temos plantas cuidadas, alimentadas e que vão viver. É tão bom ter tanto verde dentro de casa.

28 de maio de 2020

Dias cinzas


Tem dias que não acontece nada demais, mas vem uma nuvem cinza e paira no ar. O dia hoje não teve nada demais. Não teve uma grande briga, não teve algo extraordinário. Mas estou em um desânimo enorme. Quase que me paralisa. Claro, estamos em um momento de quarentena e com várias pessoas mortas todos os dias. Vários dias eu consigo ter uma atitude positiva em relação a tudo isso, mas hoje bateu forte. Acho que uma hora a conta vem, não tem jeito. Vou deixar esse sentimento fluir, tentar fazer só o mínimo.

26 de maio de 2020

Meu amor

Parabéns, meu amor! De repente ele chegou e mudou toda a minha vida. E deixa minha quarentena mais leve, compartilha tudo comigo dentro dessa nave espacial ou submarino que a gente tem dividido durante o isolamento social. Te amo muito, Iranzito! Parabéns pelo seu aniversário! Eu te desejo só coisas boas! Muitas risadas, muitas viagens, muitos perfumes!

[essa foto é do Popload Festival de 2019, rolou show da Patti Smith e CSS]

25 de maio de 2020

Festa online


Eu nunca tinha pensado nas festas pela internet, mas agora com a quarentena e o isolamento social, tenho gostado muito das festas pelo Zoom. A gente se arruma um pouco, prepara as bebidas, entra na sala da festa e liga a caixa de som. Ficam várias janelinhas com as pessoas que também estão na festa, mas de vez em quando passa em tela cheia algumas das telas. Quando chega a nossa vez dá uma vergonha, mas é legal. Então a gente dança um pouco, bebe. E o quarto já está logo ali. Não substitui a festa normal, mas ao menos a gente consegue se divertir um pouco nesses tempos tão malucos.

21 de maio de 2020

Sol e casa


Hoje acordei às seis da manhã. Ainda estava escuro. Fui no banheiro, tomei minha água e peguei meu caderno. O céu ainda estava escuro e enquanto escrevia o sol começava a aparecer. Agora ao trabalhar de casa, da mesma mesa, virado para a mesma janela, sinto todo o percurso do sol. De manhã cedo o sol não chega aqui diretamente, vejo só o reflexo nos prédios que ficam no horizonte. De tarde o sol vem diretamente aqui, umas três da tarde o sol está bem no rosto e tem achado uma delícia. Mais ou menos como um cachorro ou um gato percorre o caminho do sol dentro de casa para tomar fazer um pouco de fotossíntese. Tenho passado meus dias aqui nessa mesa com o computador, mas tem a janela logo atrás. O sol se pôs quase agora. Antes da quarentena eu praticamente só vinha para casa para dormir, não vivia a minha casa. Agora tenho outra relação de viver aqui. Não me sinto refém da casa, nem preso aqui. Na verdade me sinto bem aqui, em casa mesmo. E tenho gostado de ver o sol. Às vezes quando estou em alguma videoconferência do trabalho paro de olhar para a tela do computador e olho para fora da janela. Imediatamente me sinto melhor. Olho para as plantas, as casas, os prédios. O sol me faz bem. E minha casa também. Vai passar essa fase e espero conseguir continuar em casa.

20 de maio de 2020

Ioga

Tenho entendido mais a ioga agora que voltei a praticar. Ela não é simplesmente um exercício, mas sim uma forma de alinhar o corpo como um todo, o corpo e a mente. Tudo está junto. A respiração, as poses que mexem em partes específicas, a tensão e o relaxamento. Tenho gostado bastante de finalmente entender isso. E agora que meu corpo está mais velho tenho mais consciência disso tudo. E é muito bom já ver pequenos progressos na elasticidade do meu corpo, tudo com calma e entendimento. Tenho outra relação com meu corpo. A aula em vídeo tem sido um bom substituto, sei que não é o mesmo que estar em um estúdio e com professores, mas ao menos é uma forma de mexer meu corpo sem sair de casa nessa quarentena. Já estou na minha terceira semana com a mesma aula, mas toda vez que faço parecer ter algo novo que eu não tinha captado. Não sei que mágica é essa. É fico com uma sensação de que conheço o professor e os dois instrutores. A voz dele e as imagens se tornam cada vez mais familiares. Ioga é um negócio estranho, completamente fora do meu padrão, mas que tem me feito tão bem. Nunca ia imaginar que voltaria a fazer ioga e que ia gostar tanto.

18 de maio de 2020

Passarinhos



Acordei cedo e vim me preparar para a yoga no escritório aqui de casa. Abri a janela e encontro dois passarinhos no suporte do ar condicionado. Acho que são andorinhas. Moro no décimo terceiro andar e sempre me surpreendo com os pássaros que aparecem por aqui. O dia já começou um pouco mais leve só por causa desses passarinhos.

O final de semana foi de tensão. Minha mãe teve febre e foi ao hospital. O resultado do exame foi dengue e é tão maluco estarmos em um momento no mundo em que é um alívio um diagnóstico de dengue. Ela já está melhor, mas estou bem tenso, ainda mais por ter saído de casa e ido ao hospital ficar com ela. Eu não saía de casa desde a páscoa e só de sair já voltei com medo de ter me infectado.

Foi bom ver esses passarinhos logo que acordei. Na hora que fui tirar a foto um deles já tinha voado.


14 de maio de 2020

Solzinho


Sem sair de casa há semanas virei um caçador de sol. Sempre que o sol chega aqui dentro de casa tento sentir o calor e a luz. Lembrei que os gatos e cachorros sempre fazem isso e eles estão certo. Imediatamente me sinto melhor, só de sentir o calor e a luz do sol. Algumas vezes estou em alguma videoconferência de tarde e o sol está bem na minha cara, tenho até que fechar um pouco os olhos, mas me sinto bem. Aqui em casa só pega sol direto no final da tarde, então já sei a hora que tenho que prestar atenção.

13 de maio de 2020

Natação


Eu comecei a nadar quando tinha uns quinze anos por causa de um problema na coluna e sempre gostei muito. Nadei até terminar o colégio, aprendi os quatro estilos, participei de alguns campeonatos. E então voltei a nadar por períodos curtos durante a faculdade. Quando voltamos a morar em Brasília voltei a nadar e não parei desde então. Quer dizer, parei agora por causa da pandemia. Já tem dois meses que não entro na piscina e tenho sentido muita falta. Vai ser ótimo quando essa pandemia passar e eu puder de novo nadar. Já imagino a sensação de entrar na piscina e dar as braçadas.

12 de maio de 2020

Latinidade


Eu sempre me enxerguei como latino. Desde as aulas de geografia do colégio eu via a divisão das Américas em Norte, Central e Sul. E a América Latina como tudo do México para o sul. Nós temos muito mais relações de semelhança com os nosso vizinhos: quase todos passaram por uma ditadura militar durante a Guerra Fria, com o apoio dos EUA. Todos nós fomos colônias de exploração, nossas comidas são parecidas com muitos preparos com milho, cacau e tomate (os três de origem latino-americana). Destilados feitas com cana de açúcar. As músicas são dançantes, alegres e tristes. Não tem como o brasileiro não se ver como latino. Nossa língua é muito parecida com o espanhol, com várias palavras idênticas.

Mas é sempre um choque perceber que muitos brasileiros se sentem muito mais próximos dos EUA e da Europa do que dos países que fazem divisa com o Brasil. Os brasileiros nunca vão ser equiparados aos europeus e norte-americanos. Para eles, todos somos "brown" aqui. Os brancos são eles. Os inteligentes, os cientistas, os artistas; a cultura e a ciência, para eles, é sempre feita no Norte.

Eu queria que os Brasil entendesse a importância de se enxergar como um latino-americano. A potência que tem aqui, tanto cultural quanto política. A gente não precisaria importar modelos que só funcionam por lá. E tem tanta coisa boa feita aqui na nossa região. Vamos todos ser latinos, abraçar essa latinidade.

Tenho gostado de ver mais filmes e séries feitas aqui na América Latina. E de ler autores latinos (o Cortázar e o Bolaño são dois dos meus autores favoritos de qualquer lista). Tem tanta coisa boa. A gente não é europeu aqui, mesmo que seus avós tenham vindo da Itália. A nossa vivência é brasileira, é latina. Eu tenho orgulho da minha latinidade, da minha origem miscigenada com tanta coisa que eu não tenho nem ideia.

11 de maio de 2020

Espaço sideral


Nesse tempo de quarentena me sinto em uma nave espacial que percorre o espaço. A gente até pode sair da nave em casos essenciais, mas é preciso colocar a roupa de astronauta e o capacete, mas esse uniforme todo é são os sapatos, a roupa de sair e a máscara. A gente evita ao máximo sair, pois ao voltar à nave é preciso esterilizar tudo para não trazer nenhuma contaminação e nenhum organismo alienígena. A nave flutua pelo espaço e é preciso cuidar de todos os equipamentos dela, além da limpeza. A tripulação da minha nave são de dois astronautas, mas tem muita nave com um só tripulante. Há plantas, comida, livros, filmes. E tudo é divido, todo mundo faz tudo. E para falar com as pessoas nas outra naves é preciso usar as ligações de vídeo, da mesma forma que nos filmes de ficção científica dos anos sessenta e setenta. Quem iria imaginar que essas videochamadas seriam algo tão simples hoje de fazer pelos celulares e pelos computadores. E tem um simulador de gravidade para ficar com a mesma sensação de estar no planeta (se bem que seria ótimo poder flutuar um pouco pelo ar). Eu não sei quando a nave vai poder aterrissar, mas uma hora ela volta para a Terra.

10 de maio de 2020

Mãe

Eu tenho uma mãe maravilhosa. Ela sempre me ajuda, sempre se preocupa. Nem sempre a gente concorda, mas hoje em dia entendo mais o ponto de vista dela sobre algumas coisas. É uma relação muito complexa essa de pais e filhos, a gente passa a vida toda para entender. Mas acho que cheguei em um ponto bom em que a gente entende os defeitos um do outro e sente amor. Fiz esse desenho com base em uma foto de quando minha mãe era pequena. Nessa foto ela está triste, aliás ela me disse que a infância dela foi meio triste, mais em casa com livros. Era outra época e hoje tento entender todo o contexto da vida da minha mãe ao invés de buscar um embate. Hoje não vou conseguir ir visitá-la, apesar de estarmos a poucos quilômetros. Preferi nos resguardar por causa dessa pandemia. Eu posso ter o vírus sem sintomas e acabar por transmitir para as pessoas da casa dela. Temos nos falado todos os dias por telefone e por mensagens e acho que isso tudo nos aproximou. Te amo, mãe.

8 de maio de 2020

Morning pages


Há algum tempo escutei um podcast com a Julia Cameron em que ela falava sobre seu livro the Artist's Way e fiquei bastante curioso. Ainda não li o livro, mas procurei saber mais sobre as páginas matinais e comecei a fazer. É um exercício trabalhoso, mas faz a gente entrar em contato consigo mesmo e tenho gostado. Aproveitei um caderno que eu já tinha em casa e comecei. É estranho não ter mais o costume de escrever à mão e escrever três páginas causa um pouco de dor. Vou tentar fazer mais vezes.

7 de maio de 2020

Desenhos


Nem lembro quando foi a última vez que desenhei. Engraçado isso, criança desenha todo o tempo e em todo lugar, então a gente cresce e deixa pra lá. Foi bom pegar o tablet e a caneta e desenhar sem se preocupar. Bom que não faz sujeira e dá para apertar o botão voltar. Eu gosto desse efeito de aquarela. Mas quem sabe um dia eu volte para o papel e para as tintas. De qualquer forma, é bom poder fazer algo criativo. E estou apaixonado por esse lírio do amazonas que floresceu há alguns dias e continua florido

6 de maio de 2020

Aula online


O semestre da faculdade foi suspenso por causa da quarentena, mas estou participando de dois mini cursos gratuitos pela internet e tem sido uma boa experiência por poder acompanhar em meu ritmo. Essas aulas têm sido um bom respiro para que o computador não seja só de trabalho. Aliás, o computador é usado para tudo: os videos de yoga, as aulas online, as compras de comida e produtos, compras de presentes e, claro, para trabalhar.

Eu gosto muito de fazer aulas e isso me faz um bem danado. E essas aulas online sempre trazem muitas coisas interessantes que eu não sabia.

5 de maio de 2020

Flores na quarentena


Aqui em casa só pega sol no final do dia, então as plantas que sobrevivem são todas de sombra. Várias plantas morreram até chegarmos nessas guerreiras. A última planta que chegou aqui em casa é o lírio do Amazonas em janeiro. E agora começou a florescer. É uma sensação maravilhosa poder acompanhar o desenvolvimento dos botões e a abertura da flor, ainda mais nessa época de quarentena. Cuidar delas tem sido uma ótima distração para o cérebro. A natureza está aqui também dentro do apartamento, mesmo que todos nós estejamos isolados do lá de fora, mas ao mesmo conectados. A gente faz parte da natureza também.

Agora toda vez que vou para a sala fico um tempo para ver os detalhes dessas flores e tudo mais.

4 de maio de 2020

Yoga na quarentena


Com essa pandemia eu não consegui fazer nenhuma atividade física desde a metade de março, quando foi minha última aula de natação. Olhei algumas aulas na internet, mas nada me motivou. Tentei usar as escadas do prédio, descer e subir os treze andares, mas não rolou, pois não é sempre que preciso descer para pegar algo na portaria ou na sala de correio e acabo me expondo ao vírus ao fazer isso.

Há muitos anos eu vi um vídeo de uma aula de Yoga (ou ioga ou yôga, sei lá) no YouTube e salvei no "assistir mais tarde". Eu vi que o vídeo já tem sete anos e eu nunca tinha parado para prestar atenção. Aquelas coisas de pensar que depois a gente olha e esse depois nunca chega. Então resolvi arriscar, deixei o tapetinho preparado e uma faixa no final de semana. Hoje acordei e segui todas as instruções. O bom é que são dois instrutores, um que fica de frente e o outro de lado, assim dá pra ter uma boa noção das posições. E o sotaque neozelandês é muito bom!

Eu fiz aulas de ioga há mais de dez anos, quando tinha acabado de ir morar junto com meu marido. A gente morava no final da Asa Norte e pertinho tinha um estúdio na comercial. Fiz por um ano e foi uma ótima experiência, acabei parando por preguiça mesmo. A aula do vídeo é bem parecida com a que eu fazia, mas estou bem enferrujado. Antigamente eu conseguia fazer até a inversão sobre a cabeça, agora vou pegar bem leve, pois não consegui fazer algumas poses no tempo que era necessário. Cada dia um pouquinho.

Foi bom esticar o corpo, respirar, suar um pouco e ver que é possível se adaptar nessa quarentena. Eu sempre acordo cedo e é bom aproveitar para fazer algo bom para o meu corpo. No final tem uma meditação de uns dez minutos que me ajudou muito. Depois é ajeitar as coisas, tomar o café da manhã com meu marido e começar o dia.

1 de maio de 2020

Jogos


Os videogames têm me ajudado muito nessa quarentena. Todos os dias acordo muito cedo e jogo um pouco antes do Iran acordar pra tomarmos nosso café da manhã juntos. Tenho jogado vários antigos. Terminei todos os Metroid e os Castlevania clássicos. Agora estou nos RPG, nunca tinha jogado o Final Fantasy VII, apesar de todo o sucesso que ele teve no final da década de 90. E ele é ótimo e enorme, tenho gostado muito da história. E tem os mais recentes também que daí jogamos juntos de noite: Horizon e Uncharted. Tem sido uma meditação pra mim e uma forma de sair um pouco de casa sem sair.