22 de agosto de 2012

10%

São Paulo secou. Já nem me lembro a última vez que vi chuva por aqui. E, claro, todos os paulistanos reclamam da secura, dos lábios racharem, da pele esbranquiçar, das tonturas e dores de cabeça. Eu, por outro lado, convivo com seca desde que nasci.

Em Brasília é super comum nessa época ficarmos uns quatro meses sem uma gota sequer cair do céu. Ou seja, desenvolvi resistência e hoje em dia acho ótimo esses períodos de estiagem.

E olhar para o céu e não ver nenhuma nuvem me faz sentir ainda mais saudade de Brasilia. Só me faltam os ipês floridos, as árvores retorcidas, a grama cinza e aquele céu gigantesco e azul.

Sou completamente retirante do cerrado. Adoro morar e trabalhar aqui, mas quando penso em casa, penso no quadradinho de Goiás.

E se não vou até Brasilia, ela vem até mim na forma dessa secura do ar tão familiar pra mim.

21 de agosto de 2012

Continue caminhando

Quando eu quis mudar pra cá eu já sabia que seria difícil. Mas eu não sabia que seria tão difícil. Nunca fiquei tão sem grana, nunca trabalhei tanto, nunca me senti tão esmagado, tão sem possibilidades, tão cansado, tão desafiado, tão exigido. Tem horas que penso em voltar a ter uma vida mais tranquila, mas sei que aquela vida tranquila já não é mais pra mim. E sei também que ta foda agora, mas tem muita chance de melhorar, de ganhar mais dinheiro, de conhecer coisas legais, de mudar ainda mais minha vida. Enquanto isso não acontece, respiro fundo e continuo caminhando.

6 de agosto de 2012

Juju Karen

Resolvi desencanar, afinal de contas eu cansei de ficar esperando algo dos outros. Claro que eu queria receber uma ligação, uma mensagem, uma carta de tanta gente que estou com saudade por estar longe, mas sei que todo mundo tem sua vida, seus problemas.

E não quero mais ser o chato, o carente que sempre liga e escreve pra dizer que está com saudades.

A vida tem sido corrida, mas tem sido tão boa.

2 de agosto de 2012

Esporo

Cheguei na cidade e criei meu casulo, minha micro-cidade. Na verdade, menor ainda que isso. Lembro da época da escola, na aula de ciências ou biologia, quando um vírus, bactéria, planta ou fungo, não sei ao certo, chega em um ambiente inóspito, ele se reduz a um esporo ou algo assim, preservando apenas as necessidades básicas, aguardando condições mais favoráveis pra se desenvolver.

Bem, talvez eu ainda esteja um esporo. Mas já me sinto mais integrado a essa vida paulista. Ainda tem muito feijão com arroz pra comer, mas apesar de ainda me sentir bastante um rapaz do interior, consigo ver um pouco de amadurecimento.

Não estou mais na mini-SP que criei pra facilitar minha adaptação. Já estou numa SP-pequena. Será que chego na São Paulo de verdade!?