19 de janeiro de 2016

Caos

Tento ser uma pessoa calma, centrada, mas cada vez mais percebo que não sou nada disso. Quando menos percebo solto um comentário amargo, uma observação mesquinha e não entendo de onde vem esse chorume.

Eu sei que isso é ser humano. É o bom é o mal, o amargo e doce. Mas mesmo com tanta meditação, tanta leitura e tanta vivência, a gente é apenas o que é.

E a vida segue independente se a gente entende ou não o que ela quer nos mostrar. Amanhã vai ser outro dia e depois vai ser depois. Não dá pra tentar entender tudo. Viver é continuar, seguir, andar, mesmo que para trás. 

Mas viver é também tentar ser melhor. Não ser o melhor, mas apenas melhor do que antes. É pegar esses erros (será que realmente existe erro?) e buscar cometer outros, mas não de propósito. É errar sem querer errar. É errar, mas querer acertar. Até uma hora que daquele mar de erros vem um acerto. Pode demorar, é verdade, mas uma hora ele chega. Às vezes a gente nem percebe, só bem depois. É depois caga tudo. Mas é isso viver. Um caos.

15 de janeiro de 2016

Bowie

Eu acordei no dia 11 e vi várias fotos do David Bowie nas minhas redes sociais. Ainda com sono achei que era por causa do lançamento do disco no dia 08/01 e não dei muita bola. De repente um "RIP", umas caras tristes, vários "não acredito". Putz. O Bowie morreu. 

Na sexta passada eu tinha colocado o clipe Blackstar pra passar na TV enquanto a gente fazia o jantar. Achei o Bowie envelhecido, cabelos brancos, rugas, mas ainda bem charmoso. As pupilas diferentes, o sorriso, o charme, tudo estava lá. Uma bíblia com estrela preta na mão, uma caveira cravejada de diamantes, os olhos vendados com botões no lugar dos olhos, uma história meio louca no espaço ou no futuro (ou no passado). Não tinha ainda ouvido o disco novo, que eu sabia que ia gostar, afinal, até parece que o Bowie ia morrer dali a poucas horas.

Eu só tive coragem de assistir o Lazarus, o último clipe dele, ontem. Fiquei com aquela sensação agridoce. Feliz por ele ter conseguido fazer um clipe e uma música tão bonitas ("Oh I'll be free, just like that bluebird, oh I'll be free, ain't that just like me?"), mas triste porque o cara morreu. Eu não costumo ficar muito triste com a morte das pessoas famosas, mas o Bowie me deixou bem pra baixo.  

Eu não lembro quando foi a primeira vez que escutei uma música de Bowie, mas eu sempre me encantei pela imagem bonita e estranha dele. Será que foi no Fantástico?

Perdi as contas de quanto escutei "Space Odissey" e imaginava o Major Tom perdido no espaço. Até hoje fico arrepiado quando escuto os primeiros acordes e a contagem regressiva. Aliás, sou fascinado pelos discos dos anos 70 ("Alladin Sane", Hunky Dory e The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars são meus favoritos, não canso de escutar). 

Ai, o Ziggy. Só fui entender mesmo quando vi o Velvet Goldmine, mas mesmo assim já achava lindo aquele cabelo vermelho espetado, aquela coisa homem/mulher/alienígena. E a própria morte do Ziggy.

Quando comecei a sair, lá pro começo dos anos 2000, houve um revival de anos 80, então dancei muito ao som de "Let's dance", "Rebel, Rebel", "Ashes to Ashes", "Modern Love", "Life on Mars" e várias outras do Bowie. E lembro que numa das baladas que ia no começo dos meus vinte anos (Landscape, saudades...), sempre tinha a festa de aniversário do Bowie no final de semana perto do dia oito de janeiro. Talvez tenha rolado só duas ou três vezes, afinal o Lands não durou muito.

E o "Fome de Viver" com os vampiros modernos, chics e meio trash? E o "Labirinto" com aqueles bichinhos meio Muppets e aquela história maluca. E o show que rolou no meio de Cristiane F.? E os clipes maravilhosos?

Eu sempre gostei da estranheza do Bowie (acho que por isso sou tão fascinado pela Tilda Swinton e quase pirei no clipe de "The star are out tonight"). 

Mas só fui mesmo entender o tamanho da influência do Bowie no século XX quando vi a exposição dele no MIS. A gente morava em São Paulo na época e ficamos muito tempo na fila. Muito tempo mesmo. Mas entramos lá, colocamos os fones de ouvido e parecia que a gente tinha entrado na cabeça do Bowie. Os figurinos do Ziggy, do Thin White Duke, os ternos, as plataformas, as roupas malucas do Yamamoto, as fotos, meu deus, esse cara é incrível. E ele é incrível há muito tempo e para muita gente.

Depois de ver e ouvir Lazarus, comecei a fazer uma máquina do tempo pessoal e assisti alguns clipes do Bowie até chegar nos mais antigos até chegar no Space Oddity. Assim como o Major Tom, ele deve estar flutuando pelo espaço.

3 de janeiro de 2016

Já é 2016!


O ano de 2015 foi um ano complicado, mas não foi ruim. Voltei para o meu emprego antigo, voltei para Brasília, voltei para perto da minha família e dos meus amigos. Mas não foi simplesmente uma volta, afinal foram quase três anos ali por São Paulo. Não tem como voltar igual de lá.

Mas depois da temporada paulista eu quis simplificar minha vida. Comecei a me alimentar melhor, a fazer natação, vi várias palestras interessantes do Ossobuco no CCBB, fiz cursos para meditar, pintar aquarelas, aprender sobre café e li bastante (os doze livros no final do texto). Aliás, consegui ler bem mais do que ano passado graças aos aplicativos de ebooks no celular e no tablet.

Então terminei o ano um poucos mais magro (uns dez quilos), pousei pelado e fiquei e sabendo mais coisas do que no outro ano. Tudo bem que de questões profissionais não me aprimorei muito, pois não procurei mudar de emprego. Tirei esse ano para me conhecer mais e me reconectar e realmente consegui.

E consegui terminar o ano da melhor maneira, com trinta dias de férias, quase como nos tempos do colégio. Não planejei viagens e nem nada muito complicado. Arrumar a casa (reformar cadeiras, pintar uma parede de lousa na sala/cozinha, emoldurar quadros), arrumei o carro que já estava meio baqueado e descansei muito. Vi muitos filmes que estavam na minha lista do Netflix (vi os três filmes do Poderoso Chefão, que não sei porque não havia visto antes, além de vários outros filmes novos e antigos). E fiz vários programas legais na cidade, como ver o novo filme do Star Wars no Cine Drive In com meu amor e minhas amigas, fiz trilhas na Água Mineral, fui na Feira do Guará várias vezes, comprei mais alimentos orgânicos, cozinhei mais, fiz iogurte, vi concertos da Orquestra Sinfônica de Brasília, saí dia de semana, me acabei em algumas festa e acordei tarde quase todos os dias.

E terminei o ano (e comecei esse ano) com uma road trip maravilhosa com minhas amigas e meu amor para Alto Paraíso. Mais ou menos como o Poderoso Chefão, não sei porque demorei tanto para ir para a Chapada. E a viagem de carro foi maravilhosa do início ao fim. E curar a ressaca de reveillon na água gelada da cachoeira acho que limpou toda as "nhacas" do ano passado.

Nesse ano quero continuar a me conhecer e a me reconectar. Quero viajar mais, ler mais, fazer mais cursos e quem sabe delimitar mais um rumo profissional. Continuar no mesmo emprego? Estudar para concurso público? Montar um site? Abrir um negócio? Não sei, mas tenho aí um ano inteiro para entender.

E só de olhar a foto dessa cachoeira em Alto Paraíso já me deixa cheio de esperança de que esse ano vai ser ótimo!


 (* * *)
Livros de 2015
  • Não sou uma dessas - Lena Dunhan
  • Clarice - Benjamin Moser
  • Redoma de Vidro - Silvia Plath
  • Babas do Diabo - Julio Cortazar
  • Barba Ensopada de Sangue - Daniel Galera
  • MTV bota essa porra pra funcionar - Zico Goes
  • Caio Fernando Abreu - Morangos Mofados
  • Fim - Fernanda Torres
  • Sete Anos - Fernanda Torres
  • Put Some Farofa - Gregório Duvivier
  • Julie e Julia - Julie Powell
  • Pense como um Freak - Levitt e Dubner
  • Rua da padaria - Bruna Beber

Alguns dos filmes de 2015 que eu lembro (deu preguiça de encontrar o nome dos diretores)
  • Que horas ela volta
  • Only lovers left alive
  • Love
  • A colina escarlate
  • Preto Sai Branco Fica
  • Ata-me
  • Insubordinados
  • Descompensada
  • Ricky and The Flash
  • Divertida Mente
  • The Artist is Present
  • Mad Max - Fury Road
  • A história de Adeline
  • Teacher`s Pet (1958)
  • Cake
  • Iris
  • Cowspiracy
  • Mr. Angel
  • A vida privada dos hipopótamos
  • Advanced Style
  • Advantageous
  • De mal a pior
  • Para se divertir ligue
  • Interior Leather Bar
  • Uma secretária de futuro
  • O Lobo de Wallstreet
  • O poderoso chefão i, ii e iii
  • Tiros na broadway
  • Sociedade dos poetas mortos 

Algumas das séries que eu vi em 2015
  • Breaking Bad
  • Master of None
  • Jessica Jones
  • American Horror Story Hotel
  • Modern Family
  • Transparent
  • House of Cards
  • Grace and Frankie
  • Girls
  • Looking
  • Orange is the New Black

Exposições de arte
  • Cru - - Comida, Transformação e Arte - CCBB
  • Deitei para repousar e ele mexeu comigo - Fábio Baroli - CCBB
  • Sociedade Cavalieri - Caixa Cultura
  • Novos Talentos Fotografia Contemporânea no Brasil - Caixa Cultura
  • Brasília 12 Ateliês - Caixa Cultural
  • Brasília Utópica e Lírica - CCBB
  • Bracher - Pintura e Permanência - CCBB
  • Chão de Flores - CCBB
  • León Ferrari – Resistências e Transgressões - CCBB
  • Ciclo – Criar com o que Temos - CCBB
  • Fotografia Modernista - Museu Nacional
  • Raquel Nava - 205 Norte

Shows
  • Tom Zé
  • Rosa Passos
  • Céu
  • Morrissey
  • Dê Um Role
  • Tiê

Teatro e dança
  • Contrações
  • Cássia Eller - Musical
  • Contra o Vento - Musicaos
  • Ritmo em Forma Silenciosa
  • Fio a Fio