26 de novembro de 2021

Sexta



Mais uma sexta, a última de novembro. Aliás, nem senti esse mês passar. O tempo tem corrido, mas tudo bem. Aos poucos a gente sobrevive. Daqui a pouco serão dois anos desde que a pandemia começou aqui no país. Acho que já faz dois anos desde as primeiras notícias. Agora uma nova variante, mais uma. Já estou acostumado com as máscaras e restrições, então acho que serão mais alguns meses. Não tenho planos para natal, ano novo ou carnaval, nada além de continuar a sobreviver. É o jeito. Mas enfim, chegou a sexta, aos poucos o ano chega ao fim. Mas ao menos tem as sextas e os finais de semana e logo logo minhas férias.

De qualquer forma as coisas em geral estão bem melhores do que no ano passado, então é bom ter esperança. No ano passado ainda não tinha Tominhas e que a vida é tão melhor quando se tem um cachorro. Tenho gostado cada vez mais de nossos passeios e de encontrar essas flores e plantas escondidas aqui perto de casa.

19 de novembro de 2021

Sexta



Finalmente chegou a sexta. Não sei se é o eclipse lunar, o clima chuvoso ou apenas reflexo de uma pandemia de quase dois anos que continua a matar pessoas no mundo todo, mas estou me sentindo sem energia hoje. Não chego a estar triste, mas sem energia para nada. Até minha voz sai fraca. Sinto um cansaço tão grande e nem tenho vontade de fazer nada, mesmo as coisas mais simples. Mas enfim, hoje é sexta e encontrei essa flor de maracujá no portão de um vizinho enquanto passeava com Tominhas. Uma flor estranha, bonita e diferente de tudo. Mesmo nos dias mais chatos e complicados há coisas bonitas e estranhas por aí. Enfim, é sexta.

12 de novembro de 2021

Nem sociável nem antissocial



Sempre que eu via em filmes pessoas que trabalhavam em casa eu pensava que eu gostaria de não precisar ir para a firma trabalhar. Geralmente os personagens eram escritores, artistas, programadores, artesãos, cozinheiros. Eu nunca pensei que poderia trabalhar de casa, mas então chegou a pandemia e meu trabalho foi para casa em março de 2020. O notebook e mouse eu já tinha, mas comprei teclado e suporte para deixar a tela mais alta. Transformei um notebook em um computador de mesa. A gente já tinha um escritório físico aqui em casa, um segundo quarto que usamos para quando alguém vem dormir, mas eu nunca tinha usado para trabalhar ou estudar. De repente eu estudava e trabalhava de casa. Foram três semestres da faculdade feitos em casa e foram ótimos, fiz até aula de fotografia.

Descobri que não sou muito sociável. Não chego a ser antissocial, mas não sinto falta das conversas perto do filtro de água ou da garrafa térmica de café. Não sinto falta das festas mensais de aniversariantes da superintendência. Não sinto falta das reuniões presenciais. Ainda não me sinto preparado para voltar a ter as interações sociais, tenho conversado com meus amigos apenas pela internet e telefone. Eu não consigo tirar a máscara, nem me imagino comer em um restaurante cheio, mesmo com as duas doses da vacina. E de repente convocaram arbitrariamente para metade das pessoas voltar ao trabalho presencial na semana que vem. Corri para fazer os preparativos da adesão ao trabalho remoto permanente.

Acho que ter tido covid me deixou com muito medo de ter novamente. É uma doença pesada. Foram muitos dias de febre, de transpiração, de fraqueza, de falta de olfato e paladar. Foi uma das poucas vezes que pensei que fosse morrer e que meu marido fosse morrer. Fiquei grudado no oxímetro e no termômetro. Não quero viver essa doença novamente. E mais de 600 mil pessoas faleceram desde o começo de 2020 aqui no país

Talvez apenas quando finalmente a pandemia acabar eu me sentirei seguro para ter interações sociais presenciais. Já vejo notícias de aumento de casos nos países do Norte e sinto um calafrio.

Das coisas que vivenciei com a pandemia acho que ficarei com o trabalho remoto, a higienização das compras e a máscara em algumas situações. Mas sinto que estou bem cabreiro e caseiro, depois vou encontrar um equilíbrio, mas aos poucos. De qualquer forma, tenho aprendido mais comigo e a me respeitar.

7 de novembro de 2021

Domingo e simplicidade

O final de semana começou com a queda de energia. Tomamos banho frio, acendemos velas e assamos alguns pães de queijo. Havia algumas músicas salvas no celular e escutamos enquanto conversávamos e bebiamos vinho, que já estavam na geladeira desde cedo. Parecia que estávamos em um acampamento, mas era nossa própria casa. Bom que a gente sempre consegue se adaptar. Três horas depois a energia voltou. Eu na estava com sono e meio bêbado. Acabei pedindo por engano uma meia garrafa, então tomei uma garrafa e meia de tinto e ele sempre com seus vinhos brancos e rosés com bastante gelo. Gosto da nossa rotina e da nossa vida juntos. Já são sete anos nessa casa. Agora é final de domingo. A casa está limpa, a comida da semana preparada, os lençóis trocados. Mais uma semana. Meu marido dorme lá no quarto, nosso cachorro dorme embaixo da mesa da sala e eu estou aqui no sofá. A casa em silêncio. Só o barulho da chuva, dos carros e de alguns pássaros que sempre voam no final da tarde. Não saí de casa hoje, tudo o que precisávamos já estava aqui. Tenho gostado da rotina que criamos, da nossa vida juntos, da tranquilidade. Talvez isso seja envelhecer. Tenho gostado de ficar cada vez mais em casa. Tenho gostado da simplicidade...

3 de novembro de 2021

Feriado para dentro


O feriado não teve nada demais, mas foi maravilhoso. Dias de não fazer nada. De comer besteiras, de beber no domingo em casa, de estar em casa com meu marido e nosso cachorro. Dias de macarrão com lulas, dias de sangria e clericot, dias de panzanella, dias de waffle de pão de queijo. Dias de não fazer nada. Mas ao mesmo tempo não tenho vontade de fazer nada a não ser sobreviver, descansar, recolher-me, virar-me para dentro. Não tenho vontade de olhar para além das janelas da nossa casa.