30 de julho de 2021

A vida segue



Mais um mês chega ao fim. Os dias têm passado rápido. Tenho sentido menos tristeza, mas ainda não sinto alegria. Tenho conseguido sobreviver com as pequenas alegrias. Os passeios com Tominhas de manhã cedo, pegar um pouco de sol, comer bem, mas comer umas besteiras de vez em quando. As aulas estão tranquilas, o trabalho está normal, tenho gostado de trabalhar de casa. A vida segue...

23 de julho de 2021

Finalmente a vacinação



De ontem para hoje eu tive dificuldade para dormir. Fiquei de olho nos sites de notícias para o começo da vacinação de 37 anos. Acordei tenso, pensei que alguma coisa poderia dar errado. Filas quilométricas, poucas doses disponíveis ou alguma outra dificuldade. Depois de quase um ano e meio do começo da pandemia finalmente consegui me vacinar. Tentamos ir em um posto aqui do bairro que vacinava dentro do carro. Filas enormes. Um funcionário da Secretaria de Saúde informou que no outro posto a vacinação estava tranquila, mas era de pedestres. Fomos lá e foi tudo bem tranquilo. Estava bem nervoso, alguma coisa ainda poderia dar errado. Muita ansiedade. Finalmente recebi a minha dose após cinco minutos da nossa chegada. Que felicidade. Que orgulho do SUS e do Butantã. Depois de tantos meses, tantas dificuldade impostas por esse presidente maluco, tanto descaso, tantas mortes. Mas vamos sobreviver. A pandemia vai passar. Esse governo vai passar. E vamos sobreviver.

22 de julho de 2021

Modo batalha



Quando as coisas estão tranquilos passo o dia a buscar coisas na internet. Nem sei o que busco. Atravesso as publicações das redes sociais e quase nunca encontro algo interessante. Passeio por infinitas publicações de fotos e textos, quase nada me interessa. Não lembro a última vez que chorei. Passei situações complicadas nesses últimos meses com a internação do meu pai e sua lenta recuperação, além de diagnósticos da minha mãe. Nem quando fui contaminado pelo COVID eu chorei, apenas pensava que eu e meu marido precisávamos sobreviver. E conseguimos. Li notícias tristes de amigos que perderam amores, amigos e parentes para o vírus, assisti a vários filmes e séries tristes na televisão, mas mesmo assim não consegui chorar. Eu fico triste e emocionado, mas não choro. Acho que uma boa chorada me faria bem, mas não consigo. Sinto como se estivesse em um modo batalha. Preciso ser forte, preciso sobreviver. Talvez quando eu consiga me vacinar eu me sinta autorizado a chorar. Ou então apenas ao final da pandemia. Não sei direito o que se passa. De qualquer forma esse modo batalha tem me ajudado a sobreviver.

20 de julho de 2021

Sobreviver



Se tudo der certo a partir da semana que vem poderei me vacinar. É uma sensação tão boa ver meus amigos se vacinarem e saber que meus pais e irmãos já se vacinaram. Não vejo a hora de finalmente me vacinar e ter um pouco de notícia boa desde o começo da pandemia. Desde março de 2020 estou no modo sobrevivência, não planejo e não faço praticamente mais nada que não seja sobreviver dia após dia. Peguei covid em janeiro e foi uma das piores experiências da minha vida. Após recebermos o diagnóstico pensei várias vezes que iríamos morrer, mas conseguimos nos curar. Foram dias terríveis.

Ainda não consigo nem imaginar como vai ser o mundo após a pandemia. Não sei o que farei. Tenho ideias vagas de poder abraçar meus pais, encontrar meus amigos, viajar com meu marido e nosso cachorro. Mas nada concreto e não sei quando finalmente a pandemia acabará. Talvez no primeiro semestre do ano que vem? Não sei mesmo. O mais importante mesmo é sobreviver... E vamos conseguir!



16 de julho de 2021

Sexta



Finalmente sexta. Um cansaço no corpo, uma tristeza entalada. Cansaço e tristeza. Desânimo. Ao menos é sexta. Ao menos tenho saúde. Mas o corpo e a cabeça estão cansados. Ao menos ainda estou aqui, ainda sobrevivo. Raiva do Brasil estar assim, raiva de não estar vacinado ainda, raiva de ter ainda tanta gente hipócrita e reacionária. Queria estar com o coração mais brando, mas não é possível. São muitas mortes, muita corrupção. Eu quero sobreviver, quero estar em um país melhor. Espero que melhore. Espero sobreviver. Vou sobreviver. Vamos sobreviver.

14 de julho de 2021

Encolhido



Tenho me sentido recolhido. Como se eu não quisesse nada de fora, nada de externo. Quero ficar apenas aqui dentro. Dentro de casa, dentro de mim. Tenho encolhido e hibernado. Tudo em câmera lenta, tudo devagar. Talvez seja uma fase, uma forma de resistir a tudo o que tem acontecido. Será que após o final da pandemia vou voltar ao mundo externo? Não sei. Acho que tudo vai ser uma adaptação. Mas ando pequeno, encolhido e seco. Não choro, não sorrio, não sofro. Eu me sinto anestesiado. Talvez seja uma forma de sobreviver. E tenho conseguido sobreviver.

9 de julho de 2021

Sexta

É sexta, mas já acordei cansado. Acordei cedo, escuro ainda, não consegui mais dormir. Tenho um cansaço que não sai de mim. E me sinto esgotado. São tantas atribuições, tantas obrigações. Estou cansado e esse cansaço não sai de mim. Não adianta não fazer nada, não adianta dormir. É um cansaço sem fim. Estou irritado com tudo. Queria conseguir relaxar, mas não consigo. Preciso relaxar.

8 de julho de 2021

Sobreviver



Ando em um cansaço sem tamanho. Os dias se passam iguais, até gosto da rotina. Mas são muitos dias em que o medo está presente o tempo todo, inclusive em sonhos. Algumas vezes sonhei que saía em um lugar público sem máscara e não entendia como fui parar ali. Os dias são quase iguais, mas não tem refresco e nem descanso. Claro, estar vivo e saudável é uma grande vitória, mas a vida segue no mínimo necessário. Não há planos, não há descanso, não há riso, não há nada além do mínimo necessário para sobreviver. É como viver em uma guerra silenciosa e sem prazo para acabar. Conto os dias para poder me vacinar, mas sei que a vacina não é o fim disso tudo. Só vai haver um alívio quando quase todo mundo vacinar. Mas quero sobreviver, acredito que o país vai melhorar, acredito que a vida vai melhorar. Vamos sobreviver...

2 de julho de 2021

Sexta!



Finalmente a sexta. Estou bem cansado, corpo e cabeça. Os dias estão iguais, mas ao menos estamos vivos ainda. É muita coisa, eu sei, mas não é fácil continuar assim. Não há opção, precisamos sobreviver. Precisamos pensar em um mundo após tudo isso. Quero envelhecer, quero viver muitas coisas. Quero sobreviver... Enfim, a sexta. Um respiro, um leve alívio, um pouco de entorpecimento do vinho e das conversas com meu marido. Algumas horas que esquecemos que estamos no Brasil de 2021.