30 de setembro de 2008

Le libre est sur la table


Nem sei bem porque estudo francês. Já faz uns quatro anos que eu me levanto às segundas e quartas às seis da matina, cruzo a cidade e vou falar com biquinho e erres bem marcados. Bem, não penso em morar na França, não preciso ler textos originais em fracês pra minha faculdade, não sonho em ser diplomata e nem freqüento restaurantes finos para pronunciar nomes de vinhos e pratos da terra da Jeanne Moreau. Eu simplesmente acho essa língua uma das mais suaves, bonitas e sonoras que eu já escutei. E sem contar charmosa, claro! Porque de charme aquele povo entende: a Torre Eiffel, a Côte d'Azur, o Quartier Latin e todos aqueles cafés e croissanteries. Hummm! Além daqueles filmes antigos cheios de beleza e ironia. E é por isso que eu me levanto quase de madruga alguns dias da semana.
O texto da foto é uma entrevista de dezembro de 1995 que Keanu Reeves deu para a revista francesa de cinema Studio Magazine.

29 de setembro de 2008

Das coisas esquecidas atrás da estante


A casa é antiga e estava toda tomada por cupins. Alguns litros de veneno malcheiroso, cinco dias e dois homenzinhos vestidos de azul e com máscara de gás depois, conseguimos nos livrar desses insetos malditos. O lado bom, se é que há, foi o de nos obrigar a reorganizar todas as quinquilharias: armários, estantes, prateleiras e gavetas tiveram de ser completamente esvaziados, pois para combinar com a casa antiga, praticamente todos os móveis são de madeira e já têm algumas décadas. No meio de toda essa bagunça alguns tesouros foram encontrados, como fotos perdidas, sapatos, discos e até esse cartucho do pac-man. Lembro tanto do come-come, ou melhor, a bolinha amarela que comia pontos e frutinhas e fugia de fantasmas coloridos! Muitas, mas muitas tardes de atari e vitamina de banana com neston.

26 de setembro de 2008

Corre-corre


Eu corro pra ler os textos dentro do prazo, pra terminar o relatório da semana, pra fazer o salário durar o mês inteiro, pra não chegar (tão) atrasado nos lugares e agora inventei de correr meia hora todos os dias na academia. Aliás, é maravilhosa a sensação de finalmente conseguir terminar esses trinta minutos sem precisar diminuir a velocidade ou achar que se está prester a ter um ataque cardíaco. E apesar do suor e da respiração ofegante, correr é viciante.

25 de setembro de 2008

Fleuma



Não gosto de falar de minhas coisas pessoais. Até deixo escapar algum perrengue ou alguma frustração para aquelas pessoas mais especiais, mas em geral costumo resolver tudo sozinho. Tudo bem que às vezes vem aquela tristeza que teimo em dizer que "me bateu um negócio ruim do nada, acredita?", mas o bode logo vai embora. Mentira, nem sempre tão logo, mas uma hora vai embora.

Só fui me dar conta do tamanho desse mecanismo de defesa há pouco tempo em uma reunião de trabalho que descambou mais para uma terapia de grupo. Não tenho problema nenhum em ouvir os outros ou mesmo dar alguma opinião quando me perguntam, o difícil mesmo foi o "e você?". Engasguei, gaguejei e acabei falando alguma memória de infância que tinha a ver com o assunto da vez: "conflitos de família". Isso gerou uma reação inusitada pra mim: "Nossa! Você é bem maduro pra sua idade! No seu lugar eu teria feito um escândalo!". Ok, esse sou eu desde pequeno: na minha, sempre tranqüilo, mesmo em situações malucas.

24 de setembro de 2008

Automóvel




Dirigir, apesar de todas as barbeiragens, falcatruas e engarrafamentos, ainda é um dos meus momentos mais relaxantes. E olha que é bem difícil equilibrar o pensamento, que sempre vai bem longe, com os movimentos e luzes dos carros ao redor.

Essas fotos foram tiradas no fim da tarde, sem flash e com muito tremelique do carro (sempre gosto do resultado).

23 de setembro de 2008

Mar de leite


O livro "Ensaio sobre a Cegueira" veio parar em minhas mãos por causa de uma aula de ética no começo da faculdade (tinha ouvido falar alguma coisa sobre José Saramago, mas nada muito contundente). E a leitura, apesar da densidade do texto e do estilo inusitado do autor (sem locações definidas, nomes próprios ou diferenciação entre diálogo e corpo de texto), me fisgou de um tanto que não queria nunca que acabasse aquela experiência sobre a condição humana e a inobservância ao outro. Imediatamente se tornou um dos meus livros favoritos e me puxou para ler outros textos dele, como o "Intermitência da Morte". Mais ou menos há um ano soube que já estavam filmando o projeto "Blindness" e comecei a acompanhar o blog do diretor. Claro, fiquei com um pouco de receio, afinal de contas o filme já estava todo feito em minha cabeça: os rostos dos personagens, as locações, a degradação e claro que eu me apeguei a essa versão pessoal. Finalmente enfrentei a fila do cinema de domingo e fui conferir, sem preconceitos, se a minha versão e a versão do diretor eram parecidas. Adorei a forma como ele retratou a cegueira branca, a música instrumental, a câmera meio tremida, a cidade devastada e a luz quase sempre estourada. E foi reconfortante reconhecer pedaços de São Paulo e até perceber uma ponta daquele estilista da estampas de caveiras que eu gosto tanto. Vale a pena experimentar de novo a angústia de compreender que a linha que separa a humanidade e a animalidade é muito tênue.

"Ensaio sobre a Cegueira" (2008, Brasil, Japão e Canadá). Dir. Fernando Meirelles. Com Julianne Moore, Alice Braga, Mark Ruffalo, Danny Glover e Gael Garcia. Foto: Alexandre Ermel.

22 de setembro de 2008

Cores


Num bazar cheio de sons e cores resolvi me dar de presente uma mochila, afinal de contas meu ombro já estava meio doído de carregar minhas tranqueiras em uma bolsa. E não podia ser mais primorosa! Fiquei apaixonado instantaneamente pela peça, mas não tinha como ser diferente, já que sou completamente louco pelas donas do jardim!

19 de setembro de 2008

Monô



Só defendo ano que vem, mas já não é de hoje o medo da monografia. Já tenho orientador, tema, uma idéia de quem pode compor a banca e li alguns livros. Falta só arranjar um título enorme com direito a dois pontos e um paradigma bem moderno. Nem acredito que já já acaba essa tal de faculdade!

18 de setembro de 2008

Neve


Nunca vi neve a não ser aquela que aparece no congelador. Vixi, snowboard então só vi nos Winter X-Games. Mas o moço aí com a indumentária digna de astronauta anda cada vez mais expert nos esportes de inverno. As saudades estão cada vez maiores, maior que o tanto de fuso horário entre a terra do samba e a terra dos cangurus. Quando você vier, não esquece de me trazer uma caixinha de tim tams! E parabéns pro meu irmão!

17 de setembro de 2008

Florzinha



Hibisco me lembra praia. Não por causa da estampa em bermudas e cangas, mas porque em toda casa de praia, pousadinha ou camping que já fui tem pelo menos um pézinho dessa flor dando sopa. Uma pena que a muda de hibisco laranja que eu comprei não foi muito com minha cara e teima em não crescer. Esse da foto fica na cerca de um vizinho, claro, afinal de contas a grama (e o hibisco) é sempre mais verde do outro lado do muro!

16 de setembro de 2008

Ziquizira



Depois de bater o carro menos de dez dias antes do aniversário, resolvi apelar ainda mais para as mandingas: fitinhas do senhor do bonfim, passarinho da sorte, adesivo de santuário e, claro, agora dirijo mais devagar que uma senhora de oitenta anos, afinal de contas é um tanto inusitado ganhar de presente uma franquia de seguro, quatro pneus novos, alinhamento, balanceamento e uma revisão geral.

15 de setembro de 2008

Terracota



Peguei aqueles seus óculos estilosos e fui tirar uma foto me achando o próprio cara de "Negócio Arriscado" ou então a moça de "Bonequinha de Luxo". O grande problema é que o fim de semana passa rápido demais. Tão rápido que parece que logo após sexta-feira já vai se acordar na segunda, pronto para ir para a aula. Mas ficam os sorrisos, o rock, as risadas, os beijos. Bom é que logo mais é sexta de novo. Aliás, parece que há somente dois dias na semana: um bem longo (também conhecido como segunda) e outro, mais curto, a sexta.

14 de setembro de 2008

Caralho, 25!





O aniversário era de vinte e cinco, mas parecia ser bem menos. Foi uma tarde gostosa com muita balinha, amendoim colorido, batatinha frita, salgadinhos, chocolate e cerveja, muita cerveja. E, claro, muita música dos anos oitenta (e as feitas hoje, mas com a cara daquela época). Rolou um carteado e até pic-esconde, quem diria! E os anos vão passando, mas as amigui são sempre amigui!

12 de setembro de 2008

Prainha






Pouco dinheiro no bolso, férias deslocadas por causa de uma greve da faculdade e mais ou menos vinte e quatro horas dentro de um ônibus para chegarmos numa cidadezinha lá da Bahia. Pra falar a verdade ela não é assim tão pequena, mas eu nunca tinha ouvido falar de Itacaré. Como o dinheiro era direcionado para as batidas de frutas com vodka e passeios para as praias ali perto, resolvemos ficar num albergue. Mas calma, dividir o quarto com pessoas estranhas pode ser uma experiência maravilhosa! Conhecemos mochileiros americanos, alemães, suecos, irlandeses e até, quem diria, brasileiros! Saudades da Bahia...

11 de setembro de 2008

Tudo em seu lugar




Fazia muito tempo que não tinha uma tarde só para mim. Clima perfeito, brisa leve. Sentei num banquinho daquele centro cultural e fiquei pensando no que rola. Sim, aniversários sempre me deixam meio melancólico e saudoso, mas ontem resolvi aceitar as ligações, abraços e desejos sem colocar muitas barreiras. E sem planejar muito fui parar numa embaixada, num boteco, numa colação e terminei numa pizzaria com os melhores amigos. E ainda por cima ganhei presentes cheirosos!

10 de setembro de 2008

Cobertura (quase) ao vivo

[00h00] meia-noite em ponto e já começam as comemorações. Bolinhos e bombons surpresa para uma mini-festinha deliciosa. ´
[06h00] acordo. Não, não vou pra aula e volto a dormir.
[07h00] minha mãe entra no quarto para me dar aquele abraço gostoso e já sinto o cheiro de bolo de chocolate em seu cabelo. Mais tarde entra meu pai, um abraço apertado e ele descobre que na verdade eu sou três anos mais velho do que ele achava. Minha irmã entra apressada, pois tem de correr para a aula e me dá um abraço e um monte de beijos.
[08h00] o telefone já toca cedo, mas lá eram oito e pouco, só que da noite. Saudades desse meu irmão que foi viver do outro lado do mundo.
[08h30] troco de roupa e o telefone toca de novo, o telefonema mais especial do dia! Infelizmente só vamos nos ver de noite, mas essa é a vida!
[09h00] muitos abraços do povo do estágio
[10h00] melhor começar a trabalhar
[10h01] preguiça
[10h43] mais preguiça
[11h45] vou sair mais cedo hoje!
[11h50] ok, cansei desse negócio de cobertura ao vivo. Vou é ficar longe de computador o resto do dia! Pensei em tirar a tarde livre e visitar algumas exposições, curtir um fim de tarde no parque e relaxar.

9 de setembro de 2008

C'est la vie!


Últimas horas dos vinte-e-quatro. Essa idade foi realmente boa sem que precise fazer balanços ou enumerar as coisas interessantes que me aconteceram nos últimos trezentos e sessenta e quatro dias. Agora nesses tais de vinte-e-cinco só sei de uma coisa: termino a faculdade e arrumo um emprego de verdade.

8 de setembro de 2008

Bete


Dois tacos, uma bolinha e duas latinhas vazias. E eu corri, bati o taco, cruzei e ri muito. Nossa, tanto tempo que eu não jogava bete. E de pensar que ali todo mundo tinha mais de vinte e três anos. Uma delícia relembrar dessas coisas... E, claro, as fotos só poderiam mesmo sair bem tremidas:

5 de setembro de 2008

Cloro

Ando viciado em cloro. Essa semana a piscina do clube ficou interditada por uma pane no sistema de filtragem e eu, pela primeira vez, senti forte minha crise de abstinência. Já não sei mais viver sem natação!

4 de setembro de 2008

(Suspiro)

Detesto acordar com essa tristeza. Nem ligar a tv e ver que estavam passando clipes dos anos oitenta ajudaram a melhorar meu humor. Nem uma cumbuquinha de granola com iogurte. Nem sua voz ao telefone logo cedo. Nem nada. E para completar meu dia, uma maravilhosa oitiva das testumunhas de um assassinato que ocorreu há três anos, ou seja, nem terei almoço.

3 de setembro de 2008

Lino

Desde pequeno todo computador da minha casa tinha o sistema das janelinhas da Microsoft. Sempre achei aquilo normal, afinal de contas eu só uso o pc para escrever textos e para internet, além de um ou outro joguinho. Daí me aparece um mini-notebook que já vem instalado um tal de Linux, um sistema gratuito em que todo mundo pode mexer e dar seus pitacos pra melhorar. Tudo bem, é estranho não ter o botão "iniciar", nem o monte de gerúndio ("seu computador está sendo inicializado"), além de não existir a versão em linux de alguns programas, mas mesmo assim gostei! É tudo muito mais rápido e simples, sem muita frescura. E, claro, continuo escrevendo meus textos e usando a internet tranqüilamente.

2 de setembro de 2008

Pinguscaim

Acordei cedo demais para um domingo. Mas pensando bem, sempre é cedo demais em um domingo. Silêncio. Fui lá fora pegar o jornal quando sinto aquele cheiro gostoso de que a chuva havia passado há pouco. Claro, tudo isso seria muito normal se eu não morasse em uma cidade que fica mais de cem dias por ano sem cair uma gotinha de água. Fiquei então lá fora aproveitando aquela sensação de terra molhada e lembrei: porra, é só chuva!

1 de setembro de 2008

Batida de que?

Olha os barquinhos ali! O quê? Uma regata? Uau! E aquela cruz é do que? Mesquita? E muçulmano tem cruz? Um minuto depois meu carro estava impedindo a circulação de uma das faixas da ponte do comecinho da Asa Sul. E depois disso, uma horinha na delegacia ali perto. "Fui ver os barquinhos e puf!". Eu sei, isso não é algo que se diga para um policial de plantão e para o senhor que acabou de ter seu carro amassado. Mas para que mentir? Depois disso um fim de tarde gostoso na beira do lago, pois não é qualquer batida que iria estragar aquela tarde de sábado cheia de risadas.