26 de junho de 2020

Faca


Tenho gostado muito de cozinhar durante esse período de quarentena. Comprei algumas coisas novas de cozinha pela internet e uma delas foi uma faca de chef de oito polegadas. Ela tem uns 30 centímetros, é enorme, bem afiada e de um peso bom, nem muito leve nem muito pesada. Tenho gostado muito de usar essa faca para cortar os legumes e tudo mais e me sinto muito experiente na cozinha com ela, apesar de estar longe disso. Ela é bem maior do que as outras facas que temos aqui e acho que foi uma ótima aquisição. Cozinhar é experiência, então espero melhorar cada vez mais.

25 de junho de 2020

Pai


Passei a tarde com meus pais, tinha tempo que não ia lá, daí levei o notebook e trabalhei de lá. Aproveitei e fiz mercado e fui na farmácia para eles. Meu pai está bem debilitado, mas está estável e lúcido. Tinha dois dias que nem minha mãe e nem meu pai dormiram, daí fui lá pra minha mãe descansar um pouco. Ele está com dificuldade de caminhar mesmo no andador, às vezes do nada ele perde o controle das pernas e fica um pouco nervoso, mas passa uns 5 minutos e ele volta a controlar as pernas. Compramos uma cadeira de rodas pela internet, mas enquanto não chega minha irmã alugou uma. Ruim que não passa em todas as portas da casa, mas já é um alívio. Como ele está com dificuldade de caminhar e ir no banheiro, ele agora está na plenitude. Ajudei a dar banho nele, colocar a fralda. Ele disse que não quer cuidador, mas acho que daqui a pouco vamos precisar, pois mesmo eu sozinho não dei conta. Está muito pesado pra minha mãe e pra Vila. Ontem conversei bastante com ele, ele está bem, não está triste. Mas já tem aquele clima de despedida. Ontem minha irmã agendou um eletroencefalograma para fazer na casa deles, daí fiquei lá enquanto faziam os exames, cheguei em casa já era quase 21h. Várias vezes durante o tempo que estava lá meus olhos encheram d'água, mas não chorei. E no carro de volta pra casa achei que fosse chorar, mas nem consegui.Até hoje ninguém sabe o que meu pai tem, fizeram vários exames no hospital e nada, tomara que esse exame detecte algo. Hoje ele está bem melhor, dormiu a noite toda e minha mãe também. Ufa!

24 de junho de 2020

Placebo


Hoje me deu vontade de escutar Placebo. Tinha anos que eu não escutava nada deles e não acompanho a banda desde 2005 quando rolou um show aqui em Brasília chamado Claro Q É Rock. O show foi um dos melhores da minha vida e eu não parava de escutar a coletânea "Once More With Feeling" com os singles de de 1996 a 2004. Escutei sem parar durante vários meses antes do show e depois. Fui escutar hoje e ainda sei cantar quase todas as músicas. É engraçado como a música nos transporta para outra época. Eu tinha 21 anos e me achava tão adulto. Dei uma olhada nos meus arquivos de fotos e encontrei uma montagem com a roupa que fui para o show. Lembro que me senti tão moderno, tão revolucionário. Estava tão feliz! Achei até a foto do post do blog que tinha na época (pena que apaguei, queria ler os textos daquela época). Lembro que fiquei completamente fascinado pelo Brian Molko (vocalista da banda), assistia aos clipes em um DVD, via o Velvet Goldmine em que a banda faz uma pontinha e escutava o disco sem parar. O show foi maravilhoso, bem daqueles shows de juventude que nos marcam para sempre. Eles tocaram quase todas as músicas desse disco e praticamente na ordem. Depois ainda fui para o mesmo show só que no Rio de Janeiro, numa viagem louca de ônibus com o namorado da época, que era mega fã da banda. Dei a desculpa para os meus pais de que ia para um congresso de Direito (claro que não colou), mas consegui ir. Lembrei muito desse meu eu de vinte e um anos hoje. Enquanto escrevo o texto escuto uma playlist com as músicas desse disco e parece que estou de novo em 2005. Já tem quinze anos. O tempo passa muito depressa. É bom parar um pouco para lembrar.

23 de junho de 2020

Céu azul


Eu adoro o céu nesta época do ano. Um céu azul de uma cor só, sem nuvens. Só o azul no horizonte. Parece até um grande painel, uma tela esticada. Um azul gigante, para todos os lados que se olha. Só o azul até setembro.

22 de junho de 2020

Sapatos


Desde março a gente quase não tem saído de casa. Só vamos na portaria pegar alguma encomenda ou colocar o carro para funcionar. Então só tenho usado um par de sapatos, que já ficam ali perto da porta. Os outros sapatos não têm uso. Nem as calças jeans e as roupas sociais. Só tenho usado bermudas e camisetas. E pijamas. Ainda não sinto falta nenhuma de usar sapatos e acho que vai ser bem estranho o dia que eu precisar me vestir com alguma roupa mais formal. Mas enquanto isso, fico aqui com roupas confortáveis e um par de meias.

19 de junho de 2020

Alimentação brasileira


Tenho cozinhado bem mais durante esse período de quarentena. Trabalhar em casa, cozinhar em casa. De vez em quando pedimos algo para entregar aqui, mas em geral somos nós que preparamos. E tem sido uma experiência boa lidar com os alimentos, ver o que vai estragar, o que precisa ser preparado logo e o que pode esperar. E criar mais intimidade com a faca, com as panelas. Nessa semana fiz um arroz com linguiça e tomate confitado. Tanto a linguiça quanto o tomate tinham sobrado, daí piquei tudo e coloquei no arroz. Ontem fiz um estrogonofre de frango, mais ou menos como se fazia na minha infância: creme de leite de lata, cogumelo em conserva e ketchup. Os dois pratos ficaram tão gostosos e foram muito fáceis, levei mais ou menos uma hora em cada um. Cozinhar é hábito e acho realmente que todos deveriam ao menos ter uma noção de como se virar na cozinha. Bom que hoje já há muitos programas e canais de TV e de internet sobre culinária. Aprendi quase tudo por eles, por livros e por observação de quem está cozinhando. É uma independência muito grande saber fazer alguns pratos.

E depois de ver uma série sobre alimentação brasileira com base na pesquisa do Câmara Cascudo percebi o quando é maravilhosa a nossa tradição culinária. Milho, mandioca, goiaba, banana e vários outros alimentos feitos com base em tradições indígenas, africanas e portuguesas. Nossa comida é muito boa e temos uma oferta tão grande de produtos daqui, frescos e saborosos. Depois de ver a série percebi como é linda nossa tradição de comer cuscuz, tapioca, pamonha.

18 de junho de 2020

Caderninho


Acabei hoje meu primeiro caderno de páginas matinais (ou morning pages). Escrevi quase todos os dias depois de acordar, ir ao banheiro e tomar uma água. E tem sido uma experiência muito interessante para me entender mais, colocar para fora meus pensamentos, minhas ideias. E virou meu hábito, principalmente agora na quarentena que não preciso acordar, tomar café da manhã depressa e sair o mais rápido possível para não pegar tanto engarrafamento para o trabalho. E tenho gostado de escrever à mão, ouvir o barulho do grafite que risca o papel, ver as palavras que se formam quase que ao mesmo tempo que as penso. Gosto também de ser um exercício livre, sem pensar em reler, sem pensar que alguém vá ler, apenas para colocar aquele fluxo de pensamentos para fora. Descobri várias coisas sobre mim, entendi outras. E sempre termino de escrever a terceira página mais leve e com o humor melhor. Não sei explicar direito, mas é uma sensação muito boa, quase como uma meditação. Espero continuar. Amanhã começo o segundo caderno.

16 de junho de 2020

Yogue


Tem um mês e pouco que tenho feito yoga três vezes por semana. O mesmo vídeo, a mesma série. Eu criei um mp3 com base no vídeo e coloquei no celular, pois já sei mais ou menos os movimentos, então uso só a voz do instrutor para me guiar. E tem me feito muito bem. É uma série simples, mas com poses sentado, em pé e deitado, além de focar no corpo todo, na respiração, na postura. Eu só tive melhoras. Noto que não sinto mais dores nas costas de ficar o dia na frente do computador. E minha postura e minha forma de andar melhoraram também, além da respiração. E nessas poucas semanas já noto uma diferença na minha elasticidade. Ontem fiquei estressado com alguma coisa no trabalho, mas então de tarde resolvi fazer minha aula de yoga e sempre me sinto melhor, ainda mais por ter um pequeno relaxamento no final. Espero levar essa prática para a vida!

15 de junho de 2020

Dias dos namorados


A gente não liga muito para os dias dos namorados, isso bem antes de saber que é uma invenção do pai do Dória. Mas enfim, a gente comemorou de forma bem simples, nada muito elaborado. Fizemos drinks, assamos uma linguiça e comemos com pão, mostarda e queijo, tudo de lugares aqui de Brasília e que já tínhamos em casa. Foi uma delícia. Tão bom nós dois juntos.

10 de junho de 2020

Soneca


Um dos melhores pontos de trabalhar de casa é poder tirar uma soneca depois do almoço. Vinte minutos já me renovam. Tenho gostado muito da experiência de trabalhar de casa. E essa soneca tem feito toda a diferença na minha vida.

9 de junho de 2020

Saudades


Sinto falta de caminhar na rua até a feira. Sinto falta de ir na padaria para comer misto. Sinto falta de ir no bar com meu marido e nossas amigas. Sinto falta de ir passear. De andar de bicicleta. De abraçar meus pais e almoçar com eles. Sinto falta de planejar viagens, mesmo que sejam aqui por perto. Sinto falta de ir a restaurantes com meu marido. Sinto falta de não me sentir com ansiedade o tempo todo. Sinto falta das aulas. Sinto falta de acordar disposto. Sinto falta de sentir tranquilidade. Sinto falta de nadar. Que saudades da vida antes da pandemia.

8 de junho de 2020

Carro


Desde o começo da epidemia tenho usado muito pouco o carro. Só mesmo para ir no mercado e ir ao hospital quando meu pai esteve internado. A última vez que abasteci o tanque foi no final de março e desde então tento dar partida uma vez por semana por alguns minutos.

Não sinto falta do carro, não tenho essa vaidade automobilística. Meu carro é usado e já tem sete anos. Pra mim é só uma ferramenta para chegar nos lugares, especialmente numa cidade com transporte público ruim para quem não mora nas áreas nobres. Mas é essencial aqui na cidade, ainda mais nesse contexto de epidemia.

De qualquer forma, não sinto falta nenhuma de dirigir, mas não penso em me desfazer do carro, mesmo que o home office seja mantido após o final da quarentena.

5 de junho de 2020

Flores


Os dias com a quarentena têm sido tão malucos, mas como foi aniversário do meu marido encomendamos algumas flores para deixar a casa mais alegre e também cheirosa. Ligamos no mercado das flores e conseguimos encomendar tudo pelo WhatsApp e com transferência bancária. E foi ótimo ter flores frescas em casa, ainda mais essas tão cheirosas como as angélicas (ou tuberosas). De vez em quando é preciso enfeitar a casa e a vida. É bom estarmos vivos (e ir além um pouco do "modo sobrevivência").

4 de junho de 2020

Comida


Durante a quarentena eu tenho cozinhado muito mais e tenho gostado de encomendar as frutas, verduras, carnes e tudo mais pela internet. Hortaliças, queijos e carnes pelo WhatsApp; pães pelo aplicativo de celular; e mercado pelo computador. Nós fomos só duas vezes ao mercado desde que começou a quarentena, ainda no começo de março, desde então todas as compras são feitas por encomenda pela internet.

A cozinha é feita pela prática também. Eu sou muito demorado para cozinhar, gosto de picar e separar tudo antes de ligar o fogo, mas tenho conseguido ficar cada vez mais rápido. E tenho aprendido a usar mais os temperos e o sal. E me guio menos receitas e mais a intuição. Aprendi alguns preparados pelos programas de culinária na televisão e algumas receitas em livros e na internet. Tenho gostado de fazer os básicos: arroz, feijão, farofa, couve, galinhada. Nada muito incrementado. Fiz outro dia panquecas americanas para o café da manhã, pois o pão tinha acabado e me achei muito dona de casa que se vira com o que tem. Aliás, o café da manhã sempre é feito por mim também, geralmente sanduíche ou torrada para nós dois (e frutas e iogurte com granola para mim).

Tenho usado o programa de anotações do celular para já atualizar a lista de compras e para colocar algum ingrediente assim que tenho ideia de algo para preparar. Esse planejamento é essencial. Tem alimentos que precisam começar o preparo na véspera (como o feijão, o grão de bico, a canjica).

Meu marido tem trabalhado demais e a cozinha que geralmente ficava com ele acabou que eu assumi. E tem sido uma boa experiência. Comer algo gostoso que a gente mesmo que preparou é uma sensação maravilhosa. Ou aprender cada vez mais e ver como o corte da cebola tem melhorado ou como os pratos são preparados mais rapidamente.

Saber preparar alimentos é uma liberdade e acho que todo mundo deveria saber ao menos o básico.

3 de junho de 2020

Friozinho


O clima começou a esfriar. Aqui em casa é sempre quente, pois só pega o sol do final da tarde, então quando a gente coloca o edredom na cama é uma alegria. Essa época é muito boa para dormir e tenho dormido super bem.

1 de junho de 2020

O mundo em ebulição


O mundo está em ebulição. Vários séculos de racismo, de preconceito contra mulheres, contra LGBTQI+, contra minorias étnicas fervem nesse caldeirão. E bastava uma ignição, como foi o assassinato de George Floyd nos EUA, documentado por câmeras e transmitido ao mundo todo. No Brasil diariamente vários homens e meninos negros são assassinados pela polícia em operações nas favelas.  São anos de opressão, anos de assassinatos contínuos. E finalmente chegou essa ebulição, como aconteceu também nos anos 60. Aliás, parece mesmo um túnel do tempo. Sinto como se estivéssemos numa viagem temporal ao passado. Talvez quando algo não é devidamente resolvido sempre volta até que seja devidamente vivido e digerido. São séculos de opressão. Foram séculos de escravidão nas Américas. Anos de crimes, de sufocamento. Quem sabe agora a humanidade como um todo consiga dar um basta nessa quantidade absurda de assassinatos, nesse racismo e preconceito. Em momentos críticos como o que passamos agora tudo fica mais visível. Essa pandemia tornou tudo mais concreto. Toda a desigualdade social, toda a opressão se torna hoje mais visível. A falsidade e a mentira são difíceis de esconder. Mas sinto que toda essa luta que ocorre desde a semana passada não vai ser em vão. Todas as coisas horríveis que os governantes de extrema direita têm falado não vão ficar impunes. Acho mesmo que vamos conseguir colocar novamente a desigualdade social e o preconceito racial e contra minorias em pauta. E vai ser possível discutir e chegar em alguma solução, em especial com as eleições já tão próximas. O momento atual é histórico.