25 de fevereiro de 2014

Depois de pensar

Passei o dia todo em casa tentando descansar e me recuperar dessa dor de garganta e ouvido. Pensei então na minha vida e entendi que quero mesmo uma vida mais simples. Uma casa com jardim e quintal, quem sabe. Mais tempo pra minha vida pessoal. Fazer yoga, natação, stand up paddle, academia, meditação, relaxamento, massagem e tudo mais. Mais tempo pra ler, pra ouvir música, pra estudar. E um trabalho mais significativo, algo que tenha algum retorno para a sociedade, algo em que eu acredite. Mais natureza na minha vida. Cachoeira, praia, montanha, viagens. Menos trânsito, menos carro, mais bicicleta, mais patins, mais parque, mais céus. Menos dia inteiro no trabalho, menos almoçar em poucos minutos, menos não saber a hora de voltar pra casa. Mais saúde, mais bem-estar, mais chá verde, mais suco verde, mais frutas.

Uma vida mais tranquila com menos coisas, menos gastos, menos ostentação. Não preciso ganhar muito dinheiro.

Agora é colocar em prática pra começar essa mudança!


Real

Depois de quase dois anos de empresa tive minha primeira falta. Uma tosse de alguns dias, dor de garganta, dificuldade de respirar, moleza no corpo. Perguntei pra médica se eu poderia trabalhar no dia seguinte e ela me disse que o ar condicionado poderia acabar de vez com meu sistema imunológico. Fiquei meio culpado em faltar, mas aceitei a recomendação médica.

Ando completamente desconectado da minha vida e realmente um dia de folga para não fazer nada é uma boa pedida para tentar colocar o pensamento em ordem.

A casa está uma bagunça, assim como a vida e a cabeça. Medo de falhar, medo de voltar, medo de ficar, medo de adoecer, de enlouquecer, medo...

Não tenho vontades. Tudo é uma sequência de "tanto faz". Isso ou aquilo!? Pouco me importa. O resultado é o mesmo.

Voltar, ficar, mudar, parar. O problema todo é interno e pouca diferença faz o cenário externo. Basta então entender o que se quer, procurar uma conexão com o mundo. E qual é minha conexão? Qual o meu trabalho, minha meta? Não passar fome, não morar na rua e não ficar desempregado têm sido metas muito baixas.

Hoje vou tentar tirar o resto da tarde para ouvir música e ler. Como naqueles romances do século XVIII que a mocinha dormia, lia ou ouvia música para fugir da realidade. Bem, talvez o que eu esteja vivendo na vida real já¡ seja uma fuga da minha própria realidade. Uma outra realidade. Minha realidade.

16 de fevereiro de 2014

Lógica analógica

Ando numa vontade de reduzir o ritmo de várias coisas na minha vida com o objetivo de me reconectar comigo mesmo. Em algum momento desses últimos anos, principalmente depois de vir morar em S. Paulo, me perdi de mim. Mas talvez esteja na verdade conseguindo me reencontrar. 

Lembro dos vinis de quando era pequeno. Minha irmã tinha um desses enormes aparelhos de som com vitrola, rádios e tocadores de fica k7. Eu tinha alguns discos herdados e ganhados. Alguns da Xuxa, dos Simpsons, do Jive Bunny, do Balão Mágico. Adorava colocar a agulha em cima dos discos, brincar com a velocidade, ouvir a voz ficar mais aguda e rápida ou mais grossa e arrastada. Mas nunca me senti muito a vontade, pois a vitrola ficava no quarto da minha irmã. 

No começo da década de noventa meu irmão viajou para fora e trouxe um aparelho de CDs. O primeiro disco que vi na vida foi o do Dire Straights. E então ninguém mais queria os vinis. Vieram outros aparelhos de CDs e mais discos. E os vinis foram doados e vendidos por quase nada. 

Depois os mp3, discografias inteiras, discos vazados antes do lançamento. Depois o streaming, as playlists e tudo mais. 

Quase vinte depois, eu e meu marido resolvemos comprar uma vitrola, assim do nada. Quer dizer, fomos comprar uns vinis usados para o aniversário de um amigo. E saímos direto para uma busca de um vitrola com um preço acessível. Não existe. Então parcelamos em algumas vezes no cartão de crédito, mas voltamos pra casa com uma de madeira com visual meio tosco dos anos 40 que tem radio e fica k7. E de uma marca que nunca ouvi falar. Mas que toca discos que é uma beleza. 

Ouvir de novo discos de vinil ressignificou o meu jeito de ouvir música. Eu não comprava música havia muito tempo. E nem dava muito valor para os discos novos dos artistas que sempre gostei. Ouvia, gostava e deixava num eterno modo randômico no meu celular pra ouvir enquanto caminhava na rua ou ia pra academia. 

De repente nós vimos em casa com uma pilha de discos usados, alguns com dedicatórias de amigo secreto de 1986. Ouvir as faixas na ordem que o artista escolheu, trocar o lado do disco, colocar a agulha, ver arte da capa. Tudo isso eu havia esquecido. 

Esse retorno ao analógico me fez perceber que preciso dar um novo significado para vários outros aspectos da minha vida. Preciso simplificar, retomar, perceber, sentir e tocar as coisas. 

Essa vida digital em que nada mais tem forma física é realmente ótimo. Ler, ouvir, escrever, assistir tudo instantaneamente, sem se preocupar com peso, forma, data de validade. Mas é bom também não perder o parâmetro físico, analógico. 


2 de fevereiro de 2014

Sereia do mar

Hoje é dia de Iemanjá e apesar de não seguir nenhuma religião, gosto muito da Rainha do Mar. Não estou perto da praia, então resolvi acender uma vela azul e pensar em coisas boas. Pensar no mar.

Faxina em casa e no corpo, cabeça cada vez mais em ordem.

Ainda não sei bem como vai ser esse ano, mas sinto que vai ter muita coisa boa. Até o mapa astral foi bom.

Não mudei de emprego ou cidade, mas mudei um pouco minhas perspectivas. Melhorei a alimentação. E quem sabe consigo vencer a preguiça e voltar pra academia.

Fevereiro está começando e vai ser ótimo!