15 de maio de 2008

Bolseta

Usar bolsa é uma merda, ainda mais se for daquelas vagabundas de pano. É uma merda porque você se acostuma a carregar milhares de coisas que não precisa. É o carregador do celular, a pasta e escova de dente, o crachá e os óculos escuros, além de milhares de outros badulaques. Aliás, já nem me lembro mais como era minha vida sem essas porcarias, quando eu tinha somente os quatro bolsos da calça jeans. O pior é que por serem vagabundas e ordinárias, essas bolsas têm um tempo útil um pouco curto (ainda mais se usadas diariamente e carregadas para todos os cantos). Agora o pior de tudo é conseguir outra pra substituir a antiga. Eu sei, fazê-las é muito fácil, mas eu não tenho tempo ou talento para confeccioná-las. Vou então naquela loja bacana de coisas de design, já esperando pra levar um tapa na cara. Tapa mesmo não levei, mas sim um soco no olho direito: $150 por uma merda de uma bolsa? Ok, ela era linda e imitava um toca-discos. Acabei indo numa livraria infantil e comprando uma bolsa simpática e ecológica pela bagatela de $10. Bolsa é uma merda.

14 de maio de 2008

La Dolce Vita

Crise. Aliás, sempre estou em crise: o futuro que não combina com o passado, o presente desconexo e tudo mais bagunçado. Mas é nessa bagunça que encontro o que preciso: o clique. Ele aparece quando tudo está como uma tela surrealista de mal gosto, daquelas pintadas sobre o efeito dos ácidos mais fortes. Desespero total, mas é aí que se ouve aquele barulinho que parece o tic tac de um relógio. O tempo pára, a boca seca e os olhos se fixam no nada. E grito dentro da minha cabeça: "Mas é claro!". E vem aquela onda gostosa de certeza em todas as loucuras que se quer fazer e o futuro que aparece como um filme italiano dos anos sessenta. E la vita volta a ser dolce!

2 de maio de 2008

Neandertal

Uma das coisas mais ingratas que já se inventou é a gordura. Tudo bem que ela serve de reserva de energia e até mesmo como isolante térmico, mas para mim ela é simplesmente uma porcaria que fica na minha barriga e teima em não sair. Tudo isso só deve confirmar que meus ancestrais devem ter sido ótimos neandertais...

Meu histórico de brigas com a tal da gordura vem de longe. Nunca fui muito gordo, mas sempre tive aquela pancinha ingrata. Natação, karatê, dança contemporânea, yoga, nenhuma dessas aí foram muito eficiente. Resolvi intensificar e, apesar de meu grande desgosto, entrei para a academia. Faço corridas na esteira, bicicleta ergométrica, elíptico e todos aqueles aparelhos da inquisição espanhola. Dois meses depois e a diferença não foi assim tão gritante. Ou melhor, que diferença? Minhas pernas ficaram mais grossas, mas a pança? Ok, longo prazo, eu sei. Meses, anos, décadas? Não sei.

O ticket alimentação é outro culpado. É dinheiro, mas não é, então bora comer! E lá se vão várias refeições gordurosas em lanchonetes, sobremesas gigantescas naquela torteria bacana e todas aquelas coisas deliciosas e que viram imediatamente gordura.

E a danada da gordura continua aqui. Ando meio resignado, mas vou continuar nessa vida de pessoa saudável. Vou lá correr sem sair do lugar, suar bicas, lutar com a minha preguiça e, claro, perder todo o meu prazer em comer. Todo. Todinho. Nada de refrigerantes, sorvetes, lanchonetes ou qualquer coisa que pareça minimamente deliciosa. E não, não venha me falar que soja ou qualquer comida não-gordurosa é gostosa. Ela é comestível, faz bem, engorda menos, mas daí a ser gostosa?

E depois de tudo isso eu possa, quem sabe, perder um centímetro. Ou dois. E meio quilinho, será? Gordura ingrata. Quando eu perco essa pança toda? Eu não quero ficar forte, não quero ficar definido, só quero perder a pança. Aliás, não me incomodo de ter sempre a carga mínima em todas as máquinas de tortura e nem de ter de correr todos os dias por meia hora. Eu detesto esse biotipo neandertal.