7 de dezembro de 2015

O mar

Não lembro direito como foi a primeira vez que vi o mar. Não sei se tive medo ou se gostei, mas pelas fotos tiradas pelos pais eu curtia muito. Com menos de três meses de idade vi o mar.

Minha mãe nasceu em uma cidade de praia do Nordeste e quase todo ano a gente ia visitar meus avós nessa mesma cidade. Eram três dias de viagem de carro, uns dois mil quilômetros de distância de Brasília.

Depois foram muitas viagens de carro, ônibus e de avião para o litoral do país e até para algumas praias fora do Brasil.

Nascer e morar em uma cidade tão longe do litoral me faz valorizar muito o mar. As ondas, o sal, o barulho, o cheiro de algas e peixes.

Cada vez que estou perto do mar, não importa se é uma praia feia, poluída ou se é paradisíaca, tento ficar alguns minutos olhando as ondas e me sinto tão pequeno e tão feliz ao mesmo tempo.

No tempo em que morei em São Paulo fui poucas vezes ao mar. Em menos de uma hora - se não for feriado - dá pra chegar pelo menos em Santos e ver o oceano, mas mesmo assim parecia tão longe. Sempre tinha algo mais importante para fazer.

E então vi um video de alguns idosos que moram em uma casa de repouso paulista e foram à praia pela primeira vez graças a uma parceria de algumas empresas. A maioria dos velhinhos vive há anos em São Paulo e todos ficaram encantados com o mar. 

Parece tão simples pegar um ônibus e ir para a praia. Dá pra ir e voltar no mesmo dia. Eles poderiam facilmente ter ido tomar um banho de mar em algum feriado ou final de semana. Mas a vida suga a gente e sempre adiamos tudo para depois. Para quando? Para depois que morrer?

E a praia pode ser muita coisa, até mesmo longe do litoral. Pode ser aquela viagem para o exterior, pode ser uma visita a algum amigo ou parente, pode ser uma ida a algum ponto turístico na própria cidade. Pode ser uma massagem, um curso, um espetáculo cultural, pode ser só um dia de folga.

A vida pode ser tão massacrante. E eu não quero ter que esperar até minha velhice para ir à praia pela primeira vez.