28 de janeiro de 2020

Verão?


O verão daqui nunca é muito verão. Chove bastante e até faz um pouco de frio. Aliás, as estações em Brasília são só duas: chuvosa e seca. Mas é engraçado ver o resto do país na praia e piscina e a gente aqui de casaco.

14 de janeiro de 2020

Rép


Uma das melhores decisões que a gente tomou foi instituir nosso happy hour semanal. Só nós dois em casa, compramos vinho e cerveja, queijos e alguma comidinha leve. Colocamos uma som para tocar e até estabelecemos algum tema para as próximas músicas na fila (em geral cada um coloca duas músicas por vez) e conversamos sobre tudo: nós, o país, nossa família, nossa casa, planos. É um momento só nosso pra que a gente se conecte e se conheça mais, para sabermos o que tem passado com o outro e para falarmos besteiras. Um ritual só nosso de quase todas as sextas. O final de semana ganhou um novo tom, já com a preparação do nosso encontro.

E é tão simples, talvez por isso mesmo tenha vingado. Não é um peso. Eu não lembro bem como começamos a fazer, mas já tem alguns meses. Parece até que é algo que sempre foi feito, desde os tempos antigos, desde antes de nós.

Mal posso esperar para o próximo!

13 de janeiro de 2020

Sentir-se em casa


É a primeira vez que a gente mora há tanto tempo em um mesmo apartamento, já faz mais de cinco anos que estamos no Guará. No final do ano começamos a reformar algumas coisas e só agora terminou tudo. Eu chego em casa e me dá uma sensação tão boa de casa, de aconchego. E é interessante ver o quanto a gente mudou nesses anos. Há mais plantas e menos coisas. E não vejo a gente morando em outro lugar tão cedo. Tão bom sentir-se em casa.

Essa parede foi pintada por nós mesmos, deu um super trabalho, mas adorei o resultado. Eu gostei também da estante de quadros, fica mais fácil mudar os quadros e objetos, sem precisar furar a parede. A melhor aquisição dos últimos tempos foi a parafusadeira e que também é furadeira.

E acho que quando envelhecemos ficamos com mais vontade de ficar em casa. Tomar um vinho, ver filme, ler, ouvir música.

6 de janeiro de 2020

Livros de 2019


Ano passado foi o que eu mais li na minha vida toda. Acho que finalmente engrenei nesse negócio de leitura. Eu sempre tento ler dois ao mesmo tempo, um de ficção e outro de não-ficção, mas às vezes o de ficção acaba se sobressaindo. Praticamente todos os livros foram lidos pelo celular, somente nas férias de dezembro que consegui ler alguns de papel. Claro que o de papel é bem melhor de ler, mas a praticidade de estar sempre com vários livros no bolso é imbatível. Ainda mais quando se quer escapar das rolagens eternas nas redes sociais. Aprendi muita coisa com os livros desse ano, não teve nenhum que não gostei, mas outros me surpreenderam. Não tenho muito critério para a escolha dos livros, alguns vieram de indicação de amigos outros de sites. Os livros estão na ordem em que terminei a leitura.

[Sapiens - Yuval Noah Harari]
Ouvi uma entrevista com Yuval em um podcast do James Altucher e gostei muito do que ele falou sobre o ser humano. Nesse livro ele se baseia em diversas pesquisas e remonta a trajetória do homo sapiens, passando pela caça e coleta, a agricultura, a colonização, a industrialização e a atualidade. É ótimo poder rememorar as aulas de história e entender de forma mais cadenciada. Muito bom de ler e com várias teorias interessantes (como a do trigo ter domesticado o ser humano e não o contrário).

[Contos completos - Caio Fernando Abreu]
Eu adoro Caio Fernando desde a adolescência. Um dos primeiros livros dele que li foi o Morangos Mofados e virei fã. Ler todos os contos em ordem cronológica foi ótimo. Os primeiros, claro, são mais simples e juvenis, mas é muito bom poder ver a trajetória do escritor no decorrer do tempo. E me fez voltar para esse Vinicius da adolescência.

[A obscena Senhora D - Hilda Hilst]
Eu adoro tudo o que li sobre Hilda Hilst, mas nunca tinha lido nada que ela escreveu. Comecei com um dos mais famosos e fiquei completamente sugado pela escrita fluida, simples e complexa ao mesmo tempo. Não consigo nem explicar direito, é preciso ler. A escrita é maravilhosa.

[Você tem fome de quê? - Deepak Chopra]
Um ótimo livro sobre alimentação com base em filosofia indiana, mas que é um pouco difícil de colocar em prática. Há algumas receitas no final, mas não fiz nenhuma.

[Dance dance dance - Haruki Murakami]
Eu já sou fã do Murakami, então peguei esse aqui pelo título. Maravilhoso e que já fisga nas primeiras páginas. Depois que li descobri que ele é a continuação do livro abaixo, mas que podem ser lidos como livros independentes. Como em vários livros dele, há um pouco de sobrenatural.

[Caçando carneiros - Haruki Murakami]
Murakami, né? Nunca me deixa na mão. A primeira parte do livro acima, mas que funciona como história independente. Explica mais do personagem Rato, que é mencionado no Dance dance dance.

[Um coração ardente - Lygia Fagundes Telles]
Eu adoro a relação da Lygia com a Hilda. O único livro que tinha lido de Lygia foi o As meninas, talvez o único livro que li obrigado na escola e que realmente gostei. Um coração ardente são de contos e todos são ótimos.

[Me poupe - Nathalia Arcuri]
Livro de finanças de um jeito bem fácil e descontraído. Eu li após ver alguns vídeos da Nathalia no YouTube. Bem simples, mas não coloquei muita coisa em prática.

[Não me abandone jamais - Kazuo Ishiguro]
Kuzuo ganhou um Nobel há alguns anos e nunca tinha lido nada dele. O livro é bem tocante, lento e distópico e fala bastante sobre humanidade. Depois descobri que foi adaptado ao cinema, mas não vi o filme. Muito bom, depois quero ler outros livros dele. Mas gosto mais de Murakami.

[A mágica da arrumação - Marie Kondo]
Isso me traz alegria? O livro me surpreendeu e coloquei em prática alguns ensinamentos, principalmente a forma de dobrar camisetas na gaveta. A série da Kondo na televisão me incomodou um pouco pelo modo infantilizado em que ela foi retratada, mas o livro mostra sua verdadeira voz, bem mais engraçada e adulta.

[Variações enigma - André Aciman]
Depois de me apaixonar por Me chame pelo seu nome quis ler outro livro de Aciman. É muito bom, mas não tão bom quanto o Me chame. Muitos amores de um homem que se apaixona por homens e mulheres, mas que os troca constantemente, sempre buscando estar apaixonado.

[As águas vivas não sabem de si - Aline Valek]
Sou fã de Aline há algum tempo, leio seus textos em blogs e newsletters e agora escuto também seu podcast. O livro é muito bom. Uma expedição ao fundo do mar, mas que poderia ser a outro planeta.

[Pós-F - Fernanda Young]
Ainda chocado com a morte de Fernanda Young, que li muito na adolescência. O livro é ótimo e polêmico, seu último lançamento. Ela discute o feminismo.

[Akira - Katsuhiro Otomo]
Eu vi o anime do Akira quando era pequeno e não entendi nada. Revi há pouco tempo e fiquei com vontade de ler o mangá, que é bem diferente. Adorei.

[Tudo o que você não soube - Fernanda Young]
Outro livro de Fernanda Young. Bem ácido. Uma filha que nunca se relacionou bem com seu pai escreve um livro para que ele leia antes de morrer numa cama de hospital. Mas muito mais para que ela consiga entender mais de sua própria vida. O livro é delicioso.

[Quarto de despejo - Carolina Maria de Jesus]
Eu nunca tinha ouvido falar de Carolina, uma das primeiras escritoras negras a ter destaque. O livro é um diário, escrito em um português real e narra a fome e as dificuldade de uma mulher que cria três filhos e mora em uma favela de SP na década de 1950. Um dos livros que mais me impactou no ano.

[Vozes de Tchernóbil: A história oral do desastre nuclear - Svetlana Aleksiévitch]
Depois de terminar a série de TV, quis saber mais e ler o livro em que ela é baseada. O livro é dificílimo de ler, não pela escrita, mas sim pelos relatos de pessoas que viveram tudo aquilo. Várias vezes precisei parar e respirar. Também me impactou muito.

[My year of rest and relaxation - Odessa Moshfegh]
Eu adorei esse livro. Uma moça rica e linda decide ir numa psiquiatra mequetrefe para conseguir vários calmantes e passar o ano meio desligada da realidade e poder processar o luto e vários perrengues que ela havia passado. O livro se passa entre 1999 e 2001, na explosão das torres gêmeas. É muito doido sentir raiva e empatia por essa personagem. A escrita é muito fluída e é bem fácil de ler.

[Sobre o autoritarismo brasileiro - Lilia Moritz Schwarcz]
Livro essencial para entender mais o país. Descobri que o país foi cagado desde o começo. As raízes de tudo o que a gente passa hoje vem desde o século XVI. Que beleza. Adoro o trabalho da Lilia e esse livro é essencial para todos.

[Patti Smith - Devotion]
Sou devoto de Patti. O show dela ano passado foi sensacional. No aquecimento li o Devotion, sobre o processo de escrita, criatividade e tem um conto bem interessante sobre uma patinadora. É um livro curto e bem fluído. Não é meu favorito da Patti, mas é um livro muito bom. E aprendi muitas palavras novas em inglês, pois tive que pesquisar várias.

[Ricardo e Vania - Chico Felitti]
Eu já tinha lido a reportagem do Chico Felliti que saiu no Buzzfeed sobre o Ricardo, mais conhecido como Fofão da Augusta. Quando morava em SP (entre 2012 e 2014) eu vi algumas vezes na rua o Ricardo e sempre me questionei se o seu rosto era uma doença ou se foi congênito, mas lendo a reportagem entendi que foram várias aplicações caseiras de silicone industrial. O livro retoma a reportagem e dá andamento também à vida de Vânia. Muito bem escrito e um soco no estômago.

[Eu, travesti - Luísa Marilac e Nana Queiroz]
Comprei o livro do Chico Felitti junto com o da Luísa Marilac e acabei lendo um seguido do outro. Há muitos paralelos entre as vidas de Luísa, Ricardo e Vânia, personagens sempre à margem da sociedade e que vivenciam diariamente o preconceito. O livro da Luísa e da Nana é muito bom. É narrado em primeira pessoa, num misto entre Luísa e Nana.

[Patti Smith - Year of the monkey]
Apenas maravilhoso esse livro! Uma mistura de sonho e realidade do que foi o ano de 2016, com a eleição do presidente dos EUA. Uma delícia de ler. E me lembrou um pouco o Linha M, um livro anterior da Patti.

[Fernanda Montenegro - prólogo, ato e epílogo]
Devorei esse livro que conta a vida de Fernanda Montenegro. E as fotos são lindas também. Não é à toa que ela é a atriz brasileira mais famosa.

[Albert Camus - o estrangeiro]
Sempre fiquei curioso com o livro que inspirou a música "killing an arab" do The Cure. Eu li quando estava na praia ainda e a primeira metade do livro se passa no litoral da Argélia, com vários banhos de mar. A segunda parte é só a prisão e o julgamento. O livro é muito bom e realmente um clássico. Depois eu vi que o The Cure tem cantado "kissing an arab" para evitar essa fobia que as pessoas ocidentais têm dos árabes.

[Me encontre - André Aciman]
Eu amei o Me chame pelo seu nome e desde que soube que teria uma continuação fiquei com vontade de ler. O livro é muito, mas frusta e surpreende bastante. Metade do livro é sobre o pai do Elio, mas depois de passar essa ansiedade por Elio e Oliver, curti bastante saber mais sobre o pai. Não é o que eu esperava e isso é ótimo. O encontro de Elio e Oliver é narrado em umas dez páginas e acho que se conclui bem. No capítulo dedicado ao Elio e gostei muito do novo romance dele e do mistério (que não é resolvido no livro). 

2 de janeiro de 2020

Começou


A volta para a realidade não é fácil, mas está menos complicada do que nos outros anos, talvez seja o amadurecimento. De qualquer forma, uma hora a gente precisa voltar. Hoje não paro de lembrar das nossas tardes tomando vinho, escutando música e conversando na varanda daquela casinha. E isso me enche de alegria por ter vivido tanta coisa boa nessas férias. Agora quero trazer um pouco da maresia para cá, buscar ser mais leve e me estressar menos. Bom que a semana já começa numa quinta.

A festa de final de ano foi uma delícia. Apesar do cansaço da viagem de volta, organizamos uma festinha com alguns amigos lá em casa. Festa pequena só com gente que gostamos. E meia noite um dos vizinhos das casas perto do prédio fez um super show pirotécnico, os fogos explodiam quase que na nossa janela e durou mais de 20 minutos. Foi lindo! Todo mundo dormiu lá em casa e ainda almoçamos o que havia sobrado da ceia (e ainda trouxe para comer aqui no trabalho hoje e amanhã).

O ano vai ser bom. A gente amadurece todos os dias, aprende a viver. Tenho gostado bastante de envelhecer.