26 de fevereiro de 2013

Not getting any younger (e isso é bom!)

O mais engraçado é perceber que uma parte de você sempre sabe. Eu nunca achei que ia me dar bem como advogado, mas aqui estou trabalhando de terno e gravata todos os dias nesse calor. E ralando para defender gente que eu nem conheço. Eu já sabia de tudo isso, mas, bem, sempre fica aquela voz meio idiota que te faz acreditar no "e se...?".

Eu adoro aquela expressão americana "I'm not getting any younger". Não, não estou. Ela expressa exatamente essa sensação de pressa e ansiedade que tenho sentido. Na verdade os trinta já estou ali me dando um "oi". E eu não estou ficando mais jovem. E isso é bom!

E então hora de dar mais uma mexida na vida, né? Aproveitar que estou aqui nessa cidade maluca e que tenho de aproveitar para fazer mais coisas malucas.

Vamos lá, 2013. Seja legal comigo. Ou ao menos continue sendo interessante. Nada de me passar uma rasteira. Ou me passe uma rasteirona que me deixe sem chão, me mude de órbita e me faça deixar de ser tão medroso.

Parece que voltei a me sentir eu mesmo depois de tanto tempo.

14 de fevereiro de 2013

Carnavalia

Eu nunca fui muito de curtir o carnaval. Para mim era como um fim de semana bem grande em que eu não fazia nada de especial além de dormir até mais tarde, ir ao cinema e curtir alguma festa nada carnavalesca.

Mas de alguns anos para cá tenho curtido cada vez mais o pré, o pós e o carnaval em si. Blocos de rua, marchinhas, fantasias, músicas bregas, cerveja, whisky e gim tônica. Só depois de quase trinta anos fui realmente entender que o carnaval é uma época para extravasar, pra sair do eixo, curtir sem pensar muito.

Demorei para entender isso e agora só penso em curtir esse tal de carnaval, mas que nada! Foram carnavais maravilhosos!

O difícil mesmo é voltar pra realidade depois de tantos dias de folia.

11 de fevereiro de 2013

Familae

Tirei o dia para ficar com meus pais e foi a melhor coisa que poderia fazer. Almoço no restaurante natureba que minha mãe adora, sobremesa na sorveteria de frutos do cerrado, café e conversas sobre a vida, sobre o passado, sobre os bailes de carnaval antigos, as matinês que eles me levavam e eu não tenho a menor lembrança. E andar de carro na cidade semideserta, quase ninguém na rua.

Dormi assim que cheguei em casa. De repente parecia que eu tinha de novo uns doze anos. Não sonho, pois quase nunca sonho. Acordo com um cafuné da minha mãe me chamando para ir almoçar na casa da minha irmã. A vida é boa e simples aqui em Brasília.

E meus pais são mesmo meus maiores tesouros!

9 de fevereiro de 2013

Nem lá nem aqui

Chegar em Brasília é uma mistura de várias sensações e sentimentos. São lembranças de quase trinta anos vivendo aqui, memórias da família, amigos, festas, trabalhos, estudos, mas também é uma sensação estranha de não mais caber aqui. Não que eu ame morar em São Paulo, mas já não me sinto parte de nenhum lugar, nem lá nem aqui.

Chegar em Brasília, especialmente depois de quase seis fora é ter exata noção da passagem do tempo. É ver como meus pais envelheceram nesses meses, como eu envelheci. Como o tempo passa mais rápido do que se pode acompanhar.

Chegar em Brasília é perceber como eu mudei. Ver minhas coisas antigas e não ter vontade de trazê-las de volta para minha vida.

Tão bom estar de volta.



8 de fevereiro de 2013

Disfarce

Eu me lembrei de um filme antigo da Geena Davis (Despertar de um Pesadelo, 1996) em que ela interpreta uma dona de casa que descobre ter uma habilidade com facas e então se lembra que na verdade ela é uma espiã internacional que se disfarçou de dona de casa para uma missão, mas acabou perdendo a memória e se achou que o disfarce era sua vida real. Não que eu seja uma dona de casa ou uma espiã, mas e quando sua vida profissional parece um disfarce? E se eu tiver me disfarçado de advogado, mas na verdade eu sou, sei lá, um fotógrafo? Preciso logo descobrir se isso tudo é ou não um disfarce! Será que eu tenho que cortar cenouras muito rápido? E depois cortar meu cabelo no banheiro e descolorir e ser perseguido pela máfia? Na verdade acho que é ainda mais complicado que isso!

7 de fevereiro de 2013

Se vira nos trinta

Vou fazer trinta anos daqui a alguns meses. Tento levar numa boa o fato de estar caminhando para a zona dos tios, dos cabelos brancos, da falta de cabelo. Mas eu não me sinto velho e na verdade me acho melhor hoje. Aprendi a me vestir melhor, a me cuidar, aliás, meu corpo está melhor hoje do que nos meus vinte e poucos anos.

Mas a idade vem chegando e ao invés de me acomodar fico cada vez com mais questionamentos. Eu juro que achei que com trinta eu estaria em um emprego legal, não me preocuparia tanto com grana e, bem, acho que não pensei mais em nada.

Mas não, aos trinta eu ainda não me encontrei profissionalmente e ainda faço malabarismos para pagar todas as contas do mês.

Claro, me orgulho de ter mudado de cidade, de ramo, de emprego, mas preciso mudar mais coisas ainda, talvez mesmo antes de chegar nos trinta. E depois também.

Fico sempre pensando se o cara que eu fui lá com meus dez, quinze anos pudesse olhar pra mim hoje odar um murro? Ia ficar tranquilo que apesar de tudo as coisas deram certo? Não sei se seríamos melhores amigos, mas acho que a gente ia se divertir. Fico feliz com as decisões que eu tomei na vida.

1 de fevereiro de 2013

Tentativa e erro

Todo mundo tem um talento. Ou ao menos um talento, certo? Ainda não sei exatamente qual é o meu. Aliás, não tenho a menor ideia. E por não saber isso me sinto completamente inadequado em minha vida profissional. Não sei no que sou bom, mas sei que sou péssimo no que faço. Advogado, jura? De onde tirei isso? E o duro que não tenho um plano B. Sinto falta de mais arte e criatividade na minha vida, mas será que tenho talento pra isso. Gostar de ir a exposições de fotografia, pintura, escultura e grafitti não me qualifica para ser artista. E gostar de ler e escrever não me faz um escritor. E ir ao cinema e ao teatro não me torna um ator. E sinto que tenho me boicotado. Sério, um autoboicote. Tenho cometido uma série de pequenos erros em coisas simples no trabalho. Eu quero encontrar o MEU trabalho, quero saber para que tipo de trabalho eu sou bom. Enquanto isso vou fazendo minhas coisas e espero que um dia eu consiga ver qual é o meu trabalho. De repente o importante é não ficar parado. Meio tentativa e erro.