30 de março de 2020

Bar virtual

Na quarentena a gente tem que ser criativo. Apesar de todo mundo ter celular, tablet ou notebook, a gente nunca pensa em juntar os amigos para fazer uma chamada, já que é mais fácil combinar um bar. Mas com tudo fechado, o jeito foi apelar para a tecnologia. Ajeitamos um horário, cada um comprou sua bebida e sua comida e ficamos algumas horas conversando, cada um de sua casa. Foi uma experiência muito boa para matar a saudade das amigas, colocar o papo em dia, rir um pouco. Não substitui a ida ao bar, mas agora isso é simplesmente impossível. Já deixamos pré-agendado para a próxima sexta mais um encontrinho.

29 de março de 2020

Novo normal


Eu nunca imaginei viver em um cenário desses de filme pós-apocalíptico. A gente fica em casa quase o tempo todo, mas como meu pai está no hospital, de vez em quando venho ficar com ele para minha mãe poder descansar um pouco. Apesar das maluquices do governo, as pessoas têm respeitado a quarentena. Hoje no caminho para o hospital não vi quase nenhum carro na rua, mas vi pessoas fazendo exercícios (caminhadas, corridas), mas nada de aglomerações.

Como que vai ser a vida pós essa epidemia? Acho que não vamos voltar para o que era antes, mas espero que seja um cenário melhor. A contaminação e as mortes têm avançado muito, ainda não chegamos no ápice. Sinceramente não sei o que esperar.

Mas é interessante ver a nossa capacidade de adaptação. Para mim já virou o novo normal trabalhar de casa, tirar a roupa toda na hora que entra em casa e tomar um banho de spray de álcool. Já me adaptei até ao hospital. Em poucos dias a gente se adapta. Eu sofri muito de ansiedade nos primeiros dias, mas aos poucos surge uma nova rotina. Espero mesmo que encontrem uma vacina e que as pessoas (e o governo) respeitem o isolamento.

25 de março de 2020

Teletrabalho


Acho engraçado esse nome teletrabalho, pois parece algo relacionado à trabalhar com telefone, sei lá. Mas com essa pandemia os chefes do meu escritório decidiram mandar a gente para casa para trabalhar remotamente. Engraçado que já havia todas as ferramentas: o VPN, o acesso remoto, a rede, os processos eletrônicos, tudo pronto, só faltava um grande cataclisma para colocar em prática.

Por enquanto tudo tem corrido bem, consigo fazer todas as atividades, consigo gerenciar meu tempo. E gosto muito de ficar em casa com meu marido. A casa tem um tamanho bom e a gente não tem brigado nenhuma vez. Fizemos umas duas compras grandes, enchemos o congelador, a geladeira e a despensa e temos feito comida em casa.

Tenho gostado da rotina de acordar, jogar um pouco de videogame, esperar meu marido acordar pra tomarmos juntos o café da manhã, dai olho os e-mails, processos e tudo mais, trabalho um pouco, coloco as coisas em dia, quando vejo já é hora do almoço. Dai a gente esquenta a comida, almoçamos e eu passo um café. Descanso um pouco e volto para o trabalho. E de repente já é final da tarde e pronto. Não tem que pegar carro, não tem estresse. E é ótimo estar o dia todo ao lado do meu marido. Geralmente a gente divide a mesa de jantar, cada um no seu notebook

Hoje rolou minha primeira videoconferência e foi estranho no começo. Orientaram a gente a deixar o microfone desligado e só habilitar quando for falar algo. Quem fala fica com a imagem grande. Correu tudo bem e foi interessante ver a casa das pessoas atrás.

Comprei um suporte para notebook e um teclado USB baratinho. Eu já tinha um mouse velhinho, mas que ainda funciona, pois quase não uso. De repente parece que estou trabalhando num computador tradicional. Tudo isso custou uns 80$ e chegou em quatro dias. Mudou minha forma de trabalhar. O notebook é ótimo, mas trabalhar o dia inteiro nele cansa muito. Coloquei uma almofada na cadeira de madeira também.

Alguns dias tenho ido para o hospital para ficar com meu pai, daí levo o notebook e o mouse e consigo trabalhar de lá também com o wifi. Tudo certo.

Não tem previsão de acabar essa pandemia, então vão ser algumas semanas assim. Espero que as pessoas em geral vejam que o home office é uma boa e pode ser usado alguns dias por semana.

22 de março de 2020

Quarentena

A vida não tem sido fácil depois da pandemia. Muito álcool e sabão. Lavar sempre as mãos, desinfetar tudo, tomar muito banho, trocar a roupa toda que foi pra rua, lavar mais as mãos, e de novo. Sair nas ruas vazias parece algo de Chernobil. As roupas da rua carregam um pouco dessa radioatividade, algo invisível que faz mal. 

Meu pai está no hospital há alguns dias, mas nada relacionado à pandemia. Foi uma isquemia, um passar mal, não sabemos ainda. Mas ele está melhor, temos conversado muito, apesar do meu medo de ter essa vírus e não ter sintomas. Tomei um banho de álcool antes de vir ao hospital ficar com ele. A alta vai ser só daqui a dois dias e ele me prometeu que não vai sair de casa. 

Momentos malucos nesse março. Parece um filme de ficção científica. Mas uma hora vai passar. 

17 de março de 2020

Pandemia


Muita gente achou que era só uma gripe, apesar de várias pessoas morrerem por gripe todos os anos. Mas gripes não fecham cinemas, festas, teatros, eventos esportivos, não fazem as pessoas ficarem em casa e nem impedem viagens de avião. Até as aulas foram suspensas. Eu nunca imaginei que nós todos passaríamos por algo parecido com essa pandemia e é muito difícil não ficar com ansiedade em relação a todas essas notícias.

No meu trabalho liberaram o trabalho remoto alguns dias por semana e tem sido muito bom não precisar pegar trânsito e ficar quieto em casa. Tenho aproveitado esses dias para pensar em mim e pensar em tudo o que tem acontecido.

Tenho lavado tanto as mãos, tenho evitado beijar ou abraçar pessoas. Por enquanto não tenho sintomas, mas qualquer espirro ou tosse já fico com receio. E a gente tem assistido muita coisa na televisão e jogado videogame. E tenho lido também.

Uma hora isso tudo vai passar e espero que a gente como um todo consiga aprender várias coisas com esse colapso do capitalismo, a necessidade de saúde pública e geral, esses governantes inaptos para lidar com crises e aprenda a ajudar mais os outros.

Vou já lavar minhas mãos de novo...

6 de março de 2020

Resumão


Tanta coisa aconteceu nesse período do carnaval. Pra começar bateram no meu carro. Eu paradinho no semáforo e um rapaz com cara de adolescente (hoje todo mundo com menos de 30 parece adolescente) bateu na traseira do meu carro. Ele não tinha seguro e parecia que não tinha acontecido nada. Claro que aconteceu: cheguei em casa e a porta do maleiro não abria. E depois abriu e não fechou mais. No dia seguinte, fui trabalhar e quase todos os motoristas me buzinaram para avisar que a porta do maleiro estava aberta. Sim, eu sabia. E assim que o carro parava em um semáforo ou engarrafamento eu descia e fechava, só para repetir essa mesma rotina alguns quilômetros pra frente. Se um dia eu estiver carente vou andar com a porta do maleiro aberta para receber muitas buzinadas e joinhas.

O carnaval foi bom, bloquinhos, cervejas, confetes. Sempre é divertido. Escolhemos bem os lugares, voltei com celular e sem nenhum estresse todos os dias. O melhor é ficar velho e se tornar precavido. Fizemos bastante comida em casa e tivemos almoço pré-bloco todos os dias (e comida pra larica da volta): arroz de pato e butter chicken, num encontro entre Pará e Índia, afinal é Carnaval e a gente precisa fazer algo diferente. E um arsenal de pães, queijo, presunto e tomate para o bauruzinho na chapa para o café da manhã. Aliás, descobri que não faço muitas coisas gostosas, mas o meu sanduíche na chapa é sensacional, tem até crosta de queijo na parte de fora do pão. Melhor que o de padaria.

A volta para o trabalho e o começo efetivo do ano foi bem doloroso. Ando me arrastando, mas talvez esse seja meu novo ritmo pós-36. Melhor me acostumar. Não está bom nem ruim, só é o que é.

Meu marido viajou a trabalho e eu estou há uma semana sozinho em casa. Não tenho feito quase nada, só jogado um pouco de videogame, assistido alguma besteira na TV, esquentado minha comida e dormido. Sinto muita falta dele, a casa fica gigante e silenciosa demais. E eu só faço o mínimo necessário para sobreviver. É legal ficar sozinho por um tempo, pensar na vida, ficar tranquilo, mas eu prefiro a vida com ele.

Ontem ou alguns dias atrás meu celular trincou o vidrinho da câmera. Já imaginei que teria que comprar um aparelho novo, que preciso ter uma câmera, mas o celular ainda está bom para redes sociais e livros. Levei numa loja de reparos perto de casa e deu trinta reais o conserto, mas a câmera tinha parado de focar. Pesquisei na internet e dei uma batidinha na lateral do celular, funcionou. Essa foto aí de cima foi tirada com o vidro quebrado. Gostei do efeito, parece uma câmera antiga com filme vencido.

Agora é sexta, não vou ter o nosso tradicional happy hour em que a gente faz drinks, ouve música e conversa. Vou ficar em casa e talvez jogue, leia, veja TV e durma. Domingo ele chega, amanhã vou fazer compras e faxina pra deixar a casa bem gostosa.

Semana que vem volta a faculdade, dessa vez sem minha amiga que me chamou para fazer o curso. Ainda não sei como vai ser e se estou empolgado, mas falta tão pouco para acabar o curso. Quem sabe as matérias me empolguem.

Eu sei que esse desânimo vai passar, o negócio é seguir em frente. Tenho achado bom ficar recolhido nesses último dias.