31 de janeiro de 2012

Querer

Eu tive a sensação de ter perdido meu caminho há alguns anos. Ainda não sei pra onde ir, sei que quero chegar em um ponto em que eu tenha um emprego interessante, talvez na área de direito ambiental, talvez direito de família. Não preciso ganhar muito dinheiro, o suficiente para pagar o aluguel de um pequeno apartamento em uma parte tranqüila de uma cidade que não seja a minha. Quero me sentir livre, sem tantas amarras a uma cidade ou a um emprego. Quero morar um tempo no exterior, por mais que seja sofrido, mas também viajar de férias ou a trabalho para diversos lugares. Quem sabe em um país da América Latina, da Europa ou mesmo na Oceania? Quero uma vida mais saudável com menos carro, mais comida natural e mais exercícios físicos. Quero mais tranquilidade para tomar minhas decisões. E principalmente, não quero desistir se todo esse querer, por mais difícil que seja seguir nesse direcionamento, por mais que seja mais prático e cômodo continuar no modelo de vida que já levo. Quero mudar, mas não quero deixar minha essência.

30 de janeiro de 2012

Hasta luego, Argentina

Engraçado como um país tão perto pode ser tão diferente e tão distante. Não sei porque demorei tanto tempo para vir para cá, mas de qualquer forma, agora que conheci, quero voltar muitas vezes! É um país com tantas coisas parecidas com o Brasil, como a desorganização (os voos quase sempre atrasam), a descontração e a mistura. Mas também muita diferença, como a limpeza das ruas, a segurança para andar a pé de noite, a facilidade de transporte. Nas baladas se tocam muita música em espanhol, as quais quase nunca chegam ao Brasil. Outra coisa que achei interessante é como os argentinos são mais despojados no jeito de se vestir, além de não se preocuparem se estão ou não um pouco acima do peso. Isso se reflete também no modo de ser dos portenhos, o que poder ser visto a princípio como falta de educação para nós brasileiros, pois somos às vezes excessivamente corteses (aquele velho "complexo de vira-latas"?). Mas não se trata de falta de educação, mas sim uma maneira mais simples de se comunicar, utilizando menos palavras, sem tanta leitura extratextual, isto é, sem muito conteúdo subentendido como. E adorei ouvir em todos os lugares um "chao, chicos!" (tenho quase trinta anos e ainda sou "chico"?). Adorei la Argentina! Além disso tudo, há muitos pontos de wifi gratuitos, o que me facilitou muito atualizar o blog. O ruim são os intermináveis atrasos nos aeroportos da Argentina e do Uruguai.

29 de janeiro de 2012

Perrón

Tenho a impressão de que cada portenho tem um cachorro. Há cães em tudo quando é lugar: passeando pelas calçadas, sentados perto das mesas dos donos que tomam café, correndo pelos parques. E, claro, tem cocô de cachorro em todo lugar. Caminhar pela calçada é quase um jogo de escapar doa montinhos!

Verdes Aires

Eu nasci em uma cidade cheia de parques e árvores, mas Buenos Aires chega a ser ainda mais verde. Há parques em quase todas as ruas, desde pequenas praças até bosques e parques enormes e bem cuidados. E as pessoa por aqui sabem curti-los. Sempre tem gente fazendo picnics, tomando sol como se estivesse na praia, correndo, passeando com os cachorros ou apenas lendo o jornal. Isso deixa a cidade mais arejada, sem tanto cimento e concreto por todas as direções. E é legal perceber como não precisa de muito para fazer um parque. E mais fácil ainda aproveitar os parques!

Caminito

Muita gente acha que não vale a pena, mas para mim, El Caminito é um dos passeios mais legais. Eu sei que é apenas uma rua cenográfica num bairro pobre, mas por isso mesmo é interessante. E, claro, as cores, os dançarinos de tango, os souvenirs e o caminho para chegar lá.

La panza

A comida em Buenos Aires é uma delícia. Pedaços enormes, grossos e suculentos de carne por todos os lados! Bife de chorizo, bife ancho, ojo de bife. Tudo incrivelmente macio, mal passado e com pouco tempero. Aliás, acho que usam apenas um pouco de sal grosso. E de acompanhamento, muita batata! Há também diversas padarias e lanchonetes que vendem as famosas empanadas, algo como um pastel assado, geralmente com massa folheada, recheado com carne picante. E, claro, as "medialunas" (croissants). Outra delícia é ter em praticamente toda esquina uma sorveteria. Os "helados" são absolutamente deliciosos, sendo que os mais tradicionais são os de doce de leite granizado. Não tem como não engordar numa viagem pra cá!

Brasil novo rico

A Argentina vivencia uma crise há algum tempo. Mas antes disso era quase a Europa na América. Aliás, uma Itália na América. É um país antigo, com prédios centenários, ruas com muitos anos. É um povo que por mais que viva uma crise, vivenciou uma época de muita bonança. E o Brasil é o novo rico. Aquele que gasta com besteiras depois de tanto minguar na vida. Pra mim essa é a principal diferença entre o Brasil e a Argentina.

Chá argentino

Uma lojinha escondida aqui em Palermo. Centenas de latas enormes de chá, cada um melhor que o outro. E colheres de chá. E tudo no mais tradicional modo de se fazer chá. Essa é a Tealosophy, comandado por Inés Berton. Por mim, comprava um saquinho de cada um. Mas estou feliz com meus dois saquinhos, fora os vários que comprei pra dar de presente! Eu quero um chá gostoso assim no Brasil!

28 de janeiro de 2012

Orquestra Tipica Fernando Fierro

Um pianista, quatro violonistas, um violoncelo, um contrabaixo e um cantor. Tudo isso em um tango sujo, visceral. Um tango que se conecta com o interior de cada um. O melhor tango da minha vida!!!

Cemitério da Recoleta

O cemitério da Recoleta é para mim o mais próximo de uma necrópole. Vários mausoléus, cada um do lado do outro, com caixões visíveis e muitas estátuas mórbidas. E lá está Evita Perón! Quase um labirinto para encontrar esse túmulo, o mais famoso de cemitério. E comparado com os outros mausoléus, Evita está em uma morada muito simples!

El Ateneu

Um teatro antigo, mais ou menos do começo do século passado acabou falindo e os novos donos resolveram manter toda a arquitetura com as abóbadas, as cortinas pesadas de veludo, os camarotes e tudo mais, retirando as cadeiras e colocando estantes cheias de livros em seu lugar. Esse é o El Ateneu Grand Splendid (Santa Fé, 1860), uma das livrarias mais interessantes que eu já fui, provando que é possível inovar sem perder a essência original do lugar. Infelizmente isso é uma raridade, já que é tão comum os antigos cinemas e teatros de rua virarem igrejas, academias, lojas.

A vida chic em Buenos

Assim como o Brasil, a Argentina tem muito contrastes sócioeconômicos. Desde regiões extremamente pobres, até a alta gastronomia. Esses mundos são separados, mas interligados. E é estranho transitar entre esses dois pólos. Por exemplo ir em um restaurante muito chic, desses de menu fechado, sem saber nada, apenas uma dica de uma amiga de amigo. Eu sinceramente prefiro mil vezes uma boa e velha parrilla ou um bife ancho com chimichurri! As coisas mais simples em geral são as mais gostosas!

27 de janeiro de 2012

Antiga

Buenos Aires é muito velha. Eu não sei de quando, mas parece ser muito antiga. Os prédios, os monumentos, as ruas. Se bem que pra mim que fui criado em uma cidade em que a construção mais antiga tem cinqüenta anos, não é preciso ter muitas décadas para que eu ache antigo. De qualquer forma, adoro essa sensação de história, de séculos, de gerações, de gente que construiu sua vida naquelas casas, nas ruas.

26 de janeiro de 2012

Desvios

Meu pai morou aqui na Argentina por alguns anos na década de sessenta. Imagino como seriam as coisas se ele tivesse decidido morar em Buenos Aires. Será que nossa vida seria muito diferente? Os planos econômicos teriam nos afetado muito? Eu leria mais Cortázar? Comeria mais empanadas? Gostaria de futebol? Teria seguido a mesma faculdade e a Pós que fiz? Ia ser ótimo se acontecesse como nos filmes e fosse possível ter uma idéia de como eu seria se tivesse nascido portenho!

25 de janeiro de 2012

Solo

Depois de morar algum tempo sozinho, me acostumei a ter momentos só para mim. Viajando em grupo e ficando quase todos no mesmo apartamento fica difícil me acostumar com tanta gente o tempo todo. Cada um de um jeito, cada um com seu passado, suas necessidades e aspirações. Mas entro no quarto de banho (aqui a privada e o chuveiro ficam em cômodos diferentes), coloco uma música e esqueço de tudo ao meu redor enquanto tomo banho e me arrumo.

Bons Ares

Ainda não dá pra dizer muito de Buenos Aires, mas pelo pouco que vi achei a cidade muito bonita, misturando São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e até Manaus! E o verão faz um calorão de dia, mas de noite venta muito e dá aquele friozinho! Ainda não comi uma parrilla, mas já já ela me aguarda. Ah, o apartamento é ótimo, parece uma casa de praia. Tem até um terraço!

24 de janeiro de 2012

Presos

Ficar mais de oito horas dentro do aeroporto e sem previsão de embarcar pra Buenos Aires! Ay, que horror! Só quero chegar logo...

Uruguayos

Não dá pra dizer muito de um país só pelo aeroporto, mas esse tal de Carazco é um dos mais legais que já vi. Pelo avião o Uruguai parece ser feito de grandes fazendas, muita plantação e gados, mas poucas pessoas. O aeroporto é mais ou menos assim, amplo, claro e com quase nada ao redor. Poucas pessoas e aviões, mas um freeshop gigantesco que aceita reais, dólares, euros, pesos argentinos e uruguaios. Quero chegar logo nessa tal de Argentina!

Arrentina!

As férias estavam naquele esquema de acordar tarde, pensar no que fazer no dia, sem muita pretensão. Férias sem viagem, revisitando vários lugares da cidade, aproveitando a falta de rotina, como uma boa "staycation". É uma delícia poder descansar! Mas surgiu um convite para Buenos Aires, ficar em um apartamento alugado, enorme e em uma região bacana da cidade. Por que não? E aquela companhia aérea desconhecida estava com preço bacana. Vamos? E o voo já é daqui a pouco. E quero ver aquelas coisas bem clichê de viagens portenhas, além de comer muito churrasco argentino, doce de leite, ojo de bife, chorizo, chimichurri. Quero logo chegar!

23 de janeiro de 2012

Velocidade

Claro que eu gosto de velocidade. Por mim eu clicava nas coisas e tudo já abriria no mesmo segundo. Mas tanto meu computador quanto meu celular têm três, quase quatro anos e já não estão assim essa maravilha de tecnologia. Mas isso não quer dizer que estejam ruins. Aliás, muito pelo contrário. Aprendi a conviver com esse atraso de alguns segundo e relaxar com esse negócio de querer sempre estar com o último modelo.

22 de janeiro de 2012

Eu já nem me lembrava como era dormir sem a boa e velha dor nas costas. Ela veio assim de mansinho e quando percebi já estava ali toda instalada, morando comigo, indo para todos os lugares, pro bar, pro mercado. Uma companhia bem incômoda e que não me deixava prestar atenção em mais nada. Era como se eu estivesse ali, mas minha cabeça bem longe, na terra das máquinas de dentista e das outras dores agudas, daquelas que não doem tanto, mas não passam. Dor muscular? Será? O Dr. passou um relaxante para os músculos. Será? De repente não tinha mais nada lá, apenas eu e meu corpo. Engraçado como só se dá valor a essa sensação de não sentir nada depois de um tempo sentindo dores. E então me vi como um viciado em morfina do começo do século passado. Ok, uma morfina light, aliás, uma não-morfina, no máximo um paracetamol, mas o importante era finalmente sentir-me relaxado. Até sorri assim sem motivo.

15 de janeiro de 2012

Conic

O Conic é um conjunto de prédios no centro de Brasília e é um dos lugares que mais tem cara de cidade, fugindo de toda aquela cara de planejamento estatal dos anos sessenta, comum a todo o restante do Plano Piloto. São prédios antigos, quer dizer, dos anos 60 e 70, o que é bem antigo por aqui. Esse conjunto de prédios abriga igrejas evangélicas (a maioria no lugar de cinemas antigos), lojas de skate, de quadrinhos, de instrumentos musicais, saunas gays, cinemas pornôs, teatro, faculdade de artes. Tudo misturado e convivendo relativamente bem, pertinho dos Ministérios e do Congresso Nacional. Sempre vale a pena dar uma volta ali, nunca se sabe o que se pode encontrar.

6 de janeiro de 2012

Amigdale

E da noite pro dia acordo sem garganta. Uma bola de pus e dor no seu lugar. E sem conseguir tomar nem água ou respirar. E podendo fritar um ovo na testa. Me senti instantaneamente transformado em um velhinho de 102 anos. Sorte que eu não estava sozinho! E fui cuidado, paparicado e medicado com antibiótico, antiinflamatório, antipirético e mais outros vários "anti". Eu só quero minha voz de volta. E minha garganta do jeito que ela era!

4 de janeiro de 2012

Seguir

Acordar, arrumar tudo, lavar os lençóis, as roupas e tudo, aproveitar o sol que depois de tanto tempo resolveu aparecer. Tenho dias que me sinto uma dona-de-casa daquelas de antigamente, só me falta colocar um lenço na cabeça, um avental e sair limpando tudo pelo caminho!

3 de janeiro de 2012

Caminho

Eu nunca me senti tão maduro. Nesse último ano escolhi fazer algumas coisas para o meu bem-estar. Nutricionista, terapeuta, academia, Pós-graduação. Foi a primeira vez que morei sozinho, que fiz minha comida, tive meus horários. Foi a única vez que tirei um dia inteiro pra ficar triste e não fazer nada. Aprendi a conviver com meu silêncio, com minhas vontades, com minha bagunça (e com a arrumação dessa bagunça). E tudo isso me serviu para me preparar para a grande mudança da minha vida até agora: a mudança de cidade, de trabalho, o desapego e o amadurecimento. Tem dias que acordo morrendo de medo. Mas tem outros que sinto que esse é o passo mais certo que devo tomar. De qualquer forma o frio na barriga é uma constante nesses dias, mesmo nessas férias tranquilas em que dormimos até mais tarde, assistimos filmes, tiramos cochilos de tarde, passeamos pela cidade. O frio na barriga talvez nunca passe, talvez seja o que me faça querer mudar sempre...

1 de janeiro de 2012

Recomeço

Como começar? O ano ainda está em seu primeiro dia e resolvi não fazer nada, nem abri a porta. Tudo o que vi do novo ano foi o sol, as pessoas lá embaixo, uma chuva leve. Havíamos preparado algumas coisas para comer hoje, já que tudo estava fechado. Dormi, dormi muito. E amanhã quero recomeçar minha vida saudável.