21 de abril de 2013

(Conte a um desconhecido uma tradição de sua família)

Por morar longe dos meus pais e irmãos, de vez em quando sinto um saudosismo de pequenas memórias de infância e que marcaram minha vida. Outro dia estava sentado em café depois do almoço, tentando me distrair um pouco dos relatórios de auditoria e processos judiciais antes de voltar pra labuta e uma senhora começou a falar com a moça do caixa sobre sua família, de como sente falta de sua filha que foi morar no sul e abriu também um café e que sentia muita falta dela e contou algumas coisas que sempre faziam juntas.

Eu continuei calado em minha pequena mesa e com minha xícara de espresso já quase no final. Pensei na minha família na mesma hora. Lembrei dos costumes que carrego comigo, mas que parecem tão singelos. Minhas palavras nordestinas, apesar de nunca ter morado no nordeste, minhas leituras diárias, mesmo que apenas de algumas páginas, minha fixação em tomar sempre muita água e os conselhos sobre como evitar ou curar gripes e dores de garganta com remédios caseiros. Algumas outras, apesar de terem sido muito presentes, hoje parecem um passado distante, como a religiosidade do meu pai e as idas aos mais variados especialistas médicos que minha mãe até hoje pratica.

O engraçado de termos sido um núcleo familiar distante da maioria dos parentes talvez tenha nos privado de criarmos tradições. Não consigo me lembrar de algo típico da minha família. Talvez o fato de não sermos típicos. Nunca tivemos faz-de-conta com Papai Noel ou Coelho da Páscoa e isso desde sempre foi muito tranquilo. E não tivemos grandes festas ou comemorações. A nossa casa raramente ficava cheia de convidados.

Pensando bem, essas não-tradições também continuam na minha casa. Não comemoramos nenhum feriado religioso, não trocamos presentes de Natal ou Páscoa. Gosto mais dessas tradições que não são rígidas.

Não contei essas histórias para a senhora que falava sobre sua filha. Mas foi bom ter pensado na minha família e percebido essas características.

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