5 de novembro de 2013

Australianas

O vôo para chegar até aqui, como era de se esperar, foi bem complicado. Muita gente, pouco espaço, longas horas. Mas chegar em Sydney vale a pena todo o esforço. Tranquilidade, conforto, pessoas diferentes, comida gostosa.

É legal ver a vida que meu irmão escolheu. Ele sai bem cedo de casa, deixa o carro na estação de trem e em 10 minutos chega no centro. Em geral às quatro da tarde já está de volta. Depois vai para academia ou uma corrida. E dieta com muita proteína e legumes, quase nenhum carboidrato e nada de leite ou derivados.

Eu larguei a dieta e os exercícios. Saio de casa cedo, levo quase uma hora pra chegar ao escritório e volto, no mínimo, às oito da noite. Mal tenho tempo de ler ou fazer algo depois do trabalho.

Ainda não sei o caminho que quero seguir ou qual vai ser meu futuro.

Morar aqui? Claro que sinto vontade. Mas não sei o que poderia fazer. E não tenho dinheiro para a mudança. De qualquer forma sempre sou atraído pelo botão "reset". Começar tudo de novo do zero. Fiz isso em 2012. Quem sabe trabalho com ciclos de dois ou três anos...

Enquanto não defino meu caminho, curto essas férias tranquilas com minha mãe. Sou de novo um adolescente. Ela paga tudo pra mim, me mima e sempre diz que é ótimo viajar comigo. A gente se dá bem. Saímos de trem, passeamos por lojas e pontos turísticos, voltamos cedo pra casa, tomamos um café ou chá, ficamos um pouco na internet (ela está apaixonada pelo novo iPad!), depois jantamos com meu irmão e minha cunhada em casa, vemos um pouco de tevê e dormimos.

Como já viemos outra vez, agora não fazemos tantas coisas turísticas. Não acho ruim, na verdade. Estava precisando descansar depois de tantos meses de muito trabalho.

Agora estou aqui em um avião para Melbourne. Dizem que é a São Paulo daqui. Sydney é o Rio de Janeiro. Acho que todo país tem uma cidade equivalente a RJ, SP e BSB.

Não sei direito o que vamos fazer por lá, mas vai ser legal. Férias até mesmo quando não acontece nada é legal.

Sydney está toda roxa com as árvores de jacarandá floridas. Me lembra um pouco Brasília com os ipês. Iran até me disse que as duas árvores são da mesma família. Gosto tanto dessas árvores quando estão floridas.

Em Melbourne está acontecendo um grande evento de corrida de cavalos. A cidade para e todo mundo de arruma de um jeito meio brega. As mulheres usam chapéus que não são chapéus (chamam-se "fascinators"). É basicamente um mini chapéu grudado na cabeça. Às vezes é um pedaço de tecido e arame. E dai vão beber, apostar em cavalos e usar roupas chiques. Vai entender. Eles devem achar estranho também a gente usar fantasias, sair na rua, encher a cara e torcer pra desfiles de carros enfeitados e mulheres nuas. E velhinhas com roupas de 40 quilos girando com bandeiras.

Sinto saudades de Brasília e de São Paulo. Incrivelmente sinto mais saudade de SP. Até mesmo meu caminho da estação até casa, passando pela Augusta até o centro. Queria que lá fosse tão segura quanto aqui. Não ter paranóia com assaltos é tão bom. E não ter tanta gente desconfiando da gente é maravilhoso. Tem máquinas de "self check in" para tudo: supermercado, tíquetes, aeroporto.

Bem, esse texto não tem tema e não segue nenhuma ordem. Vou apenas escrevendo o que me passa na cabeça. E do lado de fora da janela do avião não tem nada. Não tem casas, não tem estradas, não tem árvores. Só terra. Engraçado como não tem nada no miolo da Austrália, só nas bordinhas do país.

Será que eu vou achar meu caminho nessa viagem? De repente tenho de me perder para me achar...

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