29 de abril de 2015

Chá chá chá

Um bom chá sempre me ajuda quando estou com algum problema. Acho que ferver a água, colocar o sachê ou a peneirinha na xícara e esperar o sabor de todas aquelas ervas se diluir no calor e nos vapores. E tomar com calma.

Quando eu era pequeno nunca fui fã de chás, pois era quase um sinônimo de remédio. Chá de boldo para dor de barriga, chá de limão para gripe, chá de gengibre para dor de garganta. Dessa época, o único que gostava era o chá de cidreira, porque não é remédio para nada e até hoje tem um arbusto enorme na casa dos meus pais.

Quando fiquei mais velho virei fã de chá mate gelado com limão. Depois fazia em casa e deixava em garrafas enormes na geladeira.

Um pouco depois disso virei o doido do chá. Sempre tinha uma caixinha em casa. E então fui para Buenos Aires e entrei na loja mais incrível de chás, a Tealosophy. Era quase como entrar em uma loja de brinquedos, só que de chá. Várias latas enormes com folhinhas e cascas secas e com nomes e aromas maravilhosos. O vendedor abriu muitas latas com toda a paciência. Acabamos com todos! Ainda bem que minha mãe foi há pouco para lá e me trouxe muitas latas, então ainda tenho um estoque. Sem dúvida naquele dia entendi realmente o que é fazer um chá, misturar sabores e a importância de preparar uma xícara de chá com calma, beber e relaxar.

Mas comecei a escrever porque estava naqueles dias em que tudo parece escuro e sem graça. Abri minha gaveta aqui no escritório e lembrei que tinha uma caixa de chá de gengibre com limão. Preparei uma xícara e as coisas continuavam escuras e sem graça, mas ao menos eu tomava algo saboroso e um pouco mais aquecido. Aos poucos foram surgindo ideias e inspirações.

Eu passo tanto tempo no trabalho e em casa e tenho produzido tão pouco. Leio alguns textos interessantes entre uma tarefa e outra, mas não coloco muito em prática. Um blog sobre Brasília e coisas do cerrado? Um blog com palestras do TED e de outros sites? Um blog sobre criatividade, inspiração?

Aos poucos tenho tentado fazer algumas coisas para melhorar minha criatividade. Tenho brincado com jogos de videogames antigos no celular, tenho lido todos os dias um livro sobre a Clarice Lispector e, bem, tenho tentado não enlouquecer. E tomado chás. E até meditei outro dia.

Então as coisas não estão assim tão ruins. O trabalho não me consome, ganho um salário razoável e tenho tempo para ler, pensar e ver besteiras na tv. Está pouco, eu sei. Mas aos poucos as coisas vão se encaixando. O importante é fazer, escrever, sem pensar muito.

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