15 de janeiro de 2016

Bowie

Eu acordei no dia 11 e vi várias fotos do David Bowie nas minhas redes sociais. Ainda com sono achei que era por causa do lançamento do disco no dia 08/01 e não dei muita bola. De repente um "RIP", umas caras tristes, vários "não acredito". Putz. O Bowie morreu. 

Na sexta passada eu tinha colocado o clipe Blackstar pra passar na TV enquanto a gente fazia o jantar. Achei o Bowie envelhecido, cabelos brancos, rugas, mas ainda bem charmoso. As pupilas diferentes, o sorriso, o charme, tudo estava lá. Uma bíblia com estrela preta na mão, uma caveira cravejada de diamantes, os olhos vendados com botões no lugar dos olhos, uma história meio louca no espaço ou no futuro (ou no passado). Não tinha ainda ouvido o disco novo, que eu sabia que ia gostar, afinal, até parece que o Bowie ia morrer dali a poucas horas.

Eu só tive coragem de assistir o Lazarus, o último clipe dele, ontem. Fiquei com aquela sensação agridoce. Feliz por ele ter conseguido fazer um clipe e uma música tão bonitas ("Oh I'll be free, just like that bluebird, oh I'll be free, ain't that just like me?"), mas triste porque o cara morreu. Eu não costumo ficar muito triste com a morte das pessoas famosas, mas o Bowie me deixou bem pra baixo.  

Eu não lembro quando foi a primeira vez que escutei uma música de Bowie, mas eu sempre me encantei pela imagem bonita e estranha dele. Será que foi no Fantástico?

Perdi as contas de quanto escutei "Space Odissey" e imaginava o Major Tom perdido no espaço. Até hoje fico arrepiado quando escuto os primeiros acordes e a contagem regressiva. Aliás, sou fascinado pelos discos dos anos 70 ("Alladin Sane", Hunky Dory e The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars são meus favoritos, não canso de escutar). 

Ai, o Ziggy. Só fui entender mesmo quando vi o Velvet Goldmine, mas mesmo assim já achava lindo aquele cabelo vermelho espetado, aquela coisa homem/mulher/alienígena. E a própria morte do Ziggy.

Quando comecei a sair, lá pro começo dos anos 2000, houve um revival de anos 80, então dancei muito ao som de "Let's dance", "Rebel, Rebel", "Ashes to Ashes", "Modern Love", "Life on Mars" e várias outras do Bowie. E lembro que numa das baladas que ia no começo dos meus vinte anos (Landscape, saudades...), sempre tinha a festa de aniversário do Bowie no final de semana perto do dia oito de janeiro. Talvez tenha rolado só duas ou três vezes, afinal o Lands não durou muito.

E o "Fome de Viver" com os vampiros modernos, chics e meio trash? E o "Labirinto" com aqueles bichinhos meio Muppets e aquela história maluca. E o show que rolou no meio de Cristiane F.? E os clipes maravilhosos?

Eu sempre gostei da estranheza do Bowie (acho que por isso sou tão fascinado pela Tilda Swinton e quase pirei no clipe de "The star are out tonight"). 

Mas só fui mesmo entender o tamanho da influência do Bowie no século XX quando vi a exposição dele no MIS. A gente morava em São Paulo na época e ficamos muito tempo na fila. Muito tempo mesmo. Mas entramos lá, colocamos os fones de ouvido e parecia que a gente tinha entrado na cabeça do Bowie. Os figurinos do Ziggy, do Thin White Duke, os ternos, as plataformas, as roupas malucas do Yamamoto, as fotos, meu deus, esse cara é incrível. E ele é incrível há muito tempo e para muita gente.

Depois de ver e ouvir Lazarus, comecei a fazer uma máquina do tempo pessoal e assisti alguns clipes do Bowie até chegar nos mais antigos até chegar no Space Oddity. Assim como o Major Tom, ele deve estar flutuando pelo espaço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário