15 de fevereiro de 2016

Nos capítulos anteriores

Depois de tanto tempo sem escrever, vou mandar tudo aqui numa só lapada, sem pensar muito.

O carnaval passou voando. Depois dos confetes, das fantasias de marinheiro, de capitão, de chinês, de guru, de Minnie, de bruxa e de outras que não me lembro, das horas no sol, das cervejas, do Suvaco da Asa, do Bloco do Amor (S2), do Maria Vai Casoutras, do Peleja, do Tutakasmona, do Móveis 90, do Divinas Tetas, do Aparelhinho, do Essa Boquinha eu Já Beijei, do Calango Careta, do Babydoll de Nylon, das catuabas, de dar perda total no pré-carnaval, da chuva, dos hambúrgueres, das caminhadas dos blocos até o Balaio, depois de rir, de ficar triste sem muito motivo, de cantar músicas antigas, de ver um show em homenagem à Tropicália em ritmo de carnaval, de ver um show de Axé dos anos 90 num lugar meio chato, depois de ganhar a quarta-feira de cinzas de folga, depois tudo isso, eu peguei uma infecção no ouvido junto com uma infecção na garganta. Uma baixa geral na imunidade. Uma tristeza gigantesca que me fez brigar sem motivo e ficar muito mais triste do que estava antes. Depois de quase esgotar meu corpo e ter chegado morto de ressaca e glitter na casa dos meus pais (que me deram chá de boldo e plasil e cuidaram de mim até meu fígado voltar a ser gente), depois de tudo isso e de ter ficado praticamente dentro das catacumbas no primeiro final de semana pós-carnaval, finalmente comecei a me recuperar.

Eu entendi que na verdade a vida é como uma dessas molas que a gente . As mesmas coisas se repetem com pequenas diferenças. As sensações se repetem, mas até quando? Até aprender a solução ou a vida é isso mesmo, um Dia da Marmota eterno?

Mas talvez toda essa tristeza meio sem motivo, todos esses perrengues repetidos são a vida. Fazem parte da minha história. Eu cansei de me comparar a outras pessoas da minha idade (aliás, algumas até bem mais novas!) que fizeram faculdade comigo ou trabalharam no escritório comigo. Ok, minha vida profissional não é exatamente uma beleza, mas eu pago minhas contas em dia (e até sobra um pouco de dinheiro na poupança), moro num lugar legal, tento ser uma pessoa boa e tenho um namoro tão longo e bacana (com brigas e mau humor, claro!). 

Aliás, decidi simplificar minha vida. Tenho comprado menos coisas, tenho economizado no que dá. Levo marmita pro trabalho, tenho buscado soluções mais simples aqui pra casa.

E por que eu faço o que eu faço? Por que estou no meu emprego, depois de um hiato de quase três anos em SP? Porque eu tenho medo de arriscar, porque eu preciso de um emprego certo, porque eu não estou preparado pra desafios, porque enxergo minha posição como um entreposto para o próximo trabalho (que ainda não descobri qual será), porque em geral eu consigo voltar cedo pra casa, porque eu penso que poderei descobrir um faculdade, um hobby, um curso que eu possa fazer de noite (mas ainda não sei qual é), porque tenho náuseas só de pensar em fazer um concurso desses de ensino superior ou mesmo um mestrado casca grossa em direito, porque eu me acho criativo e preciso saber onde colocar essa criatividade. Porque eu acho engraçado (e meio triste) que eu estudei direito numa das melhores faculdades do país, num dos vestibulares mais difíceis, e trabalho num emprego público que nem precisaria de faculdade, mas que paga o mesmo que eu recebia como advogado pleno no escritório de SP.

E por que eu não consigo descobrir uma faculdade, um curso, um hobby, um trabalho alternativo que eu possa fazer paralelamente? Porque eu tenho preguiça, porque eu tenho medo, porque eu simplesmente ainda não sei, porque eu preciso viver mais coisas ainda, ler mais coisas, conhecer mais pessoas.

E é isso. Preciso viver: a tristeza, a alegria, a chatura, a diversão, o terror, o medo, os gritos, os risos, os livros, os filmes. Tudo. Preciso viver tudo o que tiver pra viver. No meu rumo, do meu jeito.

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